Dois satélites de navegação Beidou-3MEO lançados desde Xichang

Dois novos satélites de navegação Beidou-3MEO foram lançados a 26 de Dezembro de 2023, sendo este o primeiro par de veículos suplentes na parte orbital a média altitude da sua constelação de geoposicionamento global.

O lançamento dos satélites Beidou-3MEO26 (北斗三号MEO26星) ‘Beidou-57’ e Beidou-3MEO28 (北斗三号MEO28星) ‘Beidou-58’, teve lugar às 0326UTC a partir do Complexo de Lançamento LC2 do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang, província de Shichuan, utilizando um foguetão Chang Zheng-3B/YZ-1.

Todas as fases do lançamento decorreram sem problemas e a separação dos satélites decorreu da forma prevista.

 

Os dois satélites de navegação Beidou agora lançados foram desenvolvidos pela Quinta Academia da Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China. São dois satélites suplentes e após a conclusão da fase de comissionamento e testes, serão ligados ao sistema de navegação por satélite Beidou. Os satélites de reserva reduzem ainda mais os riscos operacionais do sistema Beidou-3 e garantem a continuidade e estabilidade dos vários serviços do sistema.

Em comparação com os anteriores satélites da rede MEO, o desempenho funcional deste grupo de satélites foi ainda melhorado em termos de capacidade global de comunicação de mensagens curtas, tecnologia de relógio atómico espacial e inteligência de carga útil.

Os novos satélites são parte da terceira fase do sistema de navegação Beidou (Compass) da China, sendo parte da frota que expandiu o sistema para uma cobertura global. Os satélites Beidou-3MEO são a componente em órbitas intermédias desta terceira fase do sistema de navegação da China.

O serviço de navegação aberto (Fase II) B1 utiliza um sinal QPSK com modulação com uma largura de banda de 4,092 MHz centrada em 1561,098 MHz.

A Fase III do sistema Beidou incluiu a migração do sinal civil Beidou-1, ou B1, dos 1561,098MHz para uma frequência centrada em 1575,42 MHz – a mesma que é utilizada pelos sinais civis GPS L1 e Galileo E1 – e a sua transformação de uma modulação denominada quadrature phase shift keying (QPSK) para uma modulação multiplexed binary offset carrier (MBOC) similar ao futuro sinal GPS L1C e Galileo E1.

 

O denominado Compass Navigation Satellite System (CNSS) é o sistema de navegação por satélite da China que foi autorizado pelo governo Chinês em 2004, sendo capaz de fornecer um serviço contínuo e em tempo real de dados de geoposicionamento tridimensionais e de velocidade.

O objectivo inicial a longo termo foi o desenvolvimento de uma rede de navegação global similar ao sistema GPS e GLONASS por volta do ano 2020, consistindo numa constelação de 35 veículos, incluindo 27 satélites MEO (órbitas de 21.500 km de altitude), 3 satélites IGSO (em órbitas geostacionárias inclinadas a 55º) e 5 satélites GSO.

Beidou-3-I2S 2

Breve história do sistema Beidou/Compass

O sistema Beidou / Compass é o componente em órbita de um sistema de navegação e de posicionamento global independente por parte da China. Originalmente, o sistema seria desenvolvido ao se lançar uma constelação de satélites em vários estágios entre 2000 e 2010, desenvolvendo-se no mesmo período os sistemas de aplicações necessários. Este desenvolvimento resultaria numa indústria chinesa de navegação e posicionamento global.

Beidou_navigation_satellite_systemO desenvolvimento do sistema Beidou foi iniciado em 1983 com uma proposta por parte de Chen Fangyun para desenvolver um sistema regional de navegação utilizando dois satélites geostacionários, o Twinsat. Este conceito foi testado em 1989 utilizando dois satélites de comunicações DFH-2/2A. Este teste mostrou que a precisão do sistema Twinsat seria comparável ao sistema GPS norte-americano. Em 1993, o programa Beidou foi oficialmente iniciado.

Os satélites Beidou utilizam o modelo DFH-3 e têm uma performance básica similar. Em 2000 dava-se o lançamento dos satélites experimentais da série e a constelação final iria consistir em quatro satélites em órbitas geossíncronas, sendo dois operacionais e dois suplentes.

O sistema de dois satélites era baseado numa determinação interactiva da altitude do utilizador. Cada um dos satélites emitia sinais de forma contínua para todas as zonas da Terra que lhe eram visíveis. A estação do utilizador faria a recepção dos sinais e transmitia-os de volta para o satélite. Por seu lado, o satélite enviava o sinal recebido para o centro de controlo do sistema. Os computadores no centro de controlo do sistema determinavam então a distância entre o utilizador e o satélite a partir do tempo que o sinal fora originalmente emitido, referenciado com o tempo de emissão, e a altura em que o sinal do utilizador havia chegado ao centro de controlo.

O centro de controlo combinava a estimativa inicial da altitude do utilizador (e por consequência a distância ao centro da Terra), a partir da última referência de altitude do utilizador ou utilizando uma estimativa arbitrária tal como o nível do mar, com as distâncias a partir destes dois satélites para obter três estimativas de distâncias para a posição do utilizador. Isto determinava a primeira estimativa da latitude e da longitude do utilizador. Um mapa da região do utilizador (possivelmente armazenado de forma digital) era então utilizado para se fazer uma estimativa melhorada da altitude do utilizador, que podia então ser associada ao cálculo da latitude e longitude para se fazer uma melhor estimativa desses valores.

Apesar do sistema ser capaz de conseguir precisões semelhantes à do sistema GPS (exceptuando em terrenos muito inclinados), tinha sérios problemas operacionais. O utilizador tinha de emitir um sinal de forma a obter uma localização e por seu lado, o centro de controlo fornecia um único alvo que poderia desactivar o sistema. Porém, era uma forma de obter, com somente dois satélites, um sistema militar de navegação próprio, independente e de grande precisão que poderia funcionar num período de guerra. Por comparação, os sistemas Navstar, GLONASS ou Galileo, requerem o lançamento de dezenas de satélites.

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos estimou que o sistema Beidou tinha uma precisão de 20 metros em território chinês e nas áreas em redor. Foi também referido que o sistema Beidou possuía uma capacidade de comunicações activa, permitindo aos líderes nacionais o envio em segurança de ordens e receber confirmações e relatórios.

Porém, uma companhia privada, a BDStar Navigation, foi fundada para desenvolver o segmento de solo do sistema Beidou e para comercializar os receptores para os operadores comerciais. A companhia surgiu como um consórcio com a Canada Novatel em Outubro de 2000 para desenvolver e comercializar os receptores GPS. Um ano mais tarde foi finalizado um projecto para o Sistema de Serviço de Informações Beidou-1, que proporcionava a base para aplicações abertas do sistema de navegação Beidou. Um comité industrial conjunto aprovou o plano final em Janeiro de 2003.

O financiamento por parte do Ministério da Ciência e Tecnologia da China levou ao início dos trabalhos no Serviço Integrado de Aplicações de Informação de Satélite Beidou como parte do Plano de Desenvolvimento Nacional Chinês 863. O sistema passou nos testes de aceitação em Dezembro de 2005, levando a potenciais aplicações dos receptores Beidou para os navios de pesca oceânica chineses. Em Junho de 2006 foi iniciado o projecto de demonstração comercial para um Serviço de Informação de Transacções e de Produção Segura de Pesca Oceânica.

No entanto, os projectos mais lucrativos da BDStar ainda utilizavam os sinais GPS da Navstar para aplicações tais como a gestão de portos de contentores. Dado as restrições operacionais do sistema Beidou geostacionário, foi sem surpresa que a China anunciou uma constelação suplementar colocada em órbitas médias em 2006. O sistema operacional Beidou-2 era então definido como uma constelação de 35 satélites dois quais cinco operavam em órbita geossíncrona e trinta em órbitas médias (a 21.000 km de altitude e período orbital de 12 horas). Os satélites nas órbitas médias utilizariam o mesmo princípio de navegação que os sistemas Navstar, GLONASS e Galileo, com relógios internos de alta precisão e um sistema orbital de informação a enviar a posição precisa do satélite para os receptores passivos dos utilizadores. A combinação de sinais de múltiplos satélites permite ao utilizador o cálculo da sua posição na Terra com alta precisão.

A designação COMPASS aplica-se aos satélites Beidou-2 sendo estes diferenciados entre os satélites em órbita geossíncrona (COMPASS-G), em órbitas geossíncronas inclinadas (COMPASS-I) e em órbitas médias (COMPASS-M).

Os satélites iriam transmitir sinais nas frequências 1195,14 – 1219,14 MHz, 1256,52 – 1280,52 MHz, 1559,05 – 1563,15 MHz e 1587,69 – 1591,79 MHz. É interessante referir que alguns dos sinais se sobrepõem aos sinais da rede Galileu e do código GPS. Segundo Dan Levin em “Chinese Square Off With Europe in Space” (The New York Times, 23 de Março de 2009), “segundo a política da ITU (International Telecommunications Union), o primeiro país a utilizar uma frequência específica tem prioridade sobre a mesma, e os fornecedores de serviços a transmitir na mesma frequência devem garantir que as suas transmissões não interferem com o sinal autorizado previamente.”

O Sistema de Satélites de Navegação Compass (SSNC) é o sistema de navegação por satélite de segunda geração da China capaz de proporcionar um sinal contínuo de geoposicionamento tridimensional global, além de medição de velocidade. O sistema será inicialmente utilizado para fornecer serviços de posicionamento de alta precisão para os utilizadores na China e nas regiões vizinhas, cobrindo uma área  de cerca de 120 graus de latitude no Hemisfério Norte. O objectivo a longo termo é o de desenvolver uma rede de navegação por satélite similar ao GPS norte-americano e ao GLONASS russo.

Dois níveis de serviço são fornecidos pelo sistema Beidou. O serviço público para utilização civil é grátis para os utilizadores chineses e tem uma precisão de 10 metros no posicionamento do utilizador, proporcionando sinais de sincronização de tempo com uma precisão de 50 ns e medição de velocidade com uma precisão de 0,2 m/s. O serviço militar é mais preciso, fornecendo informação de estado e uma capacidade de comunicação militar.

Os satélites têm uma massa média de 2.200 kg, sendo 1.100 kg a massa correspondente ao propolente. Os satélites são estabilizados nos seus três eixos espaciais. Os satélites Beidou são desenvolvidos pelo Instituto de Pesquisa de Tecnologia Espacial do Grupo de Ciência e Tecnologia Espacial da China.

Em Janeiro de 2009 a China anunciava que o seu sistema independente de posicionamento e navegação deverá estar completo em 2015 com um total de trinta satélites, dez dos quais deveriam ser lançados entre 2009 e 2010. No entanto estes planos tiveram de ser alterados devido a problemas técnicos registados no satélite Compass-G2 bem como devido ao problemas com o foguetão lançador Chang Zheng-3B que a 31 de Agosto de 2009 registava um problema a quando do lançamento do satélite de comunicações indonésio Palapa-D. De salientar que existem inúmeros sistemas comuns entre o CZ-3B e o Chang Zheng-3C.

Cronologia dos lançamentos dos satélites Beidou

O primeiro satélite do sistema foi lançado às 1602UTC do dia 30 de Outubro de 2000. O Beidou-1A foi colocado em órbita pelo foguetão Chang Zheng-3A (Y5) a partir do Complexo de Lançamento LC2 do Centro de Lançamento de Satélites Xichang. O satélite foi colocado numa órbita inicial de transferência para a órbita geossíncrona com um apogeu a 41.889 km, perigeu a 195 km e inclinação orbital de 25,0.º, antes de ficar colocado na sua órbita definitiva a 6 de Novembro, ficando estacionado a 140.º longitude Este.

O Beidou-1B era lançado às 1620UTC do dia 20 de Dezembro de 2000 pelo foguetão Chang Zheng-3A (Y6) a partir do Complexo de Lançamento LC2 de Satélites Xichang. O satélite foi colocado numa órbita inicial de transferência para a órbita geossíncrona com um apogeu a 41.870 km, perigeu a 190 km e inclinação orbital de 25,0.º. O lançamento deste satélite completou o sistema protótipo de dois satélites que deveria fornecer a informação de posicionamento para os serviços de transporte de caminho-de-ferro, auto-estradas e de navegação marítima. O satélite foi posteriormente posicionado na órbita geossíncrona a 80.º longitude Este.

O satélite Beidou-1C foi lançado às 1634:04UTC do dia 24 de Maio de 2003 pelo foguetão Chang Zheng-3A (Y7) a partir do Complexo de Lançamento LC2 de Xichang. O Beidou-1C foi colocado na órbita geossíncrona a 110.º longitude Este. Às 1828UTC de 2 de Fevereiro de 2007 era lançado o Beidou-1D pelo foguetão Chang Zheng-3A (Y12) a partir do Complexo de Lançamento LC2 de Xichang. Este satélite não atingiu a órbita geossíncrona até Abril do mesmo ano devido a problemas na abertura dos seus painéis solares. Fontes militares norte-americanas referiram também a existência de uma nuvem de detritos na altura em que o satélite deveria operar o seu motor de impulso para o apogeu.

Assim, os quatro primeiros satélites foram como um sistema de navegação regional experimental com três satélites operacionais e um satélite suplente. Os satélites Beidou-2 foram o passo seguinte no estabelecimento do sistema de navegação por satélite da China. O novo sistema usou satélites em órbita geoestacionária para compatibilidade retroactiva com os satélites lançados anteriormente e satélites não geoestacionários (satélites em órbita média da Terra e em órbita geossíncrona inclinada) para oferecer a cobertura completa do planeta. Os satélites, denominados genericamente Beidou-2M e Beidou-2I, foram baseados na plataforma DFH-3 e tinham uma vida útil operacional de 8 anos.

O satélite Beidou-2 M1 (ou Beidou-1) foi lançado às 2011:08UTC do dia 13 de Abril de 2007, usando utilizando o foguetão Chang Zheng-3A (Y13) a partir do Complexo de Lançamento LC3. O primeiro satélite da órbita geossíncrona do sistema Beidou-2 – Beidou-2G2 ‘Beidou-2’ – foi lançado a 14 de abril de 2009, às 1616:03UTC, utilizando o foguetão Chang Zheng-3C (Y3) a partir do Complexo de Lançamento LC2. Este lançamento foi seguido por outros dois satélites geossíncronos – Beidou-2G1 ‘Beidou-3’ e Beidou-2G3 ‘Beidou-4’ – lançados a 16 de Janeiro (1612:04,391UTC) e 2 de Junho de 2010 (1553:04,524UTC), usando os foguetões Chang Zheng-3C (Y2) e Chang Zheng-3C (Y4), respectivamente.

O satélite Beidou-5, o primeiro satélite do sistema a ser colocado numa órbita geossíncrona inclinada (Beidou-2 I1) foi lançado às 2130:04,278UTC do dia 31 de Junho utilizando o foguetão Chang Zheng-3A (Y16) a partir do Complexo de Lançamento LC3.

2010 viu outros dois lançamentos de satélites Beidou-2 a 31 de Outubro, às 1626:03,956UTC, (Beidou-2G4 ‘Beidou-6’) e a 17 de Dezembro, às 2020:04,378UTC, (Beidou-2 I2 ‘Beidou-7’). O satélite Beidou-6 foi orbitado pelo foguetão Chang Zheng-3C (Y5) a partir do Complexo de Lançamento LC2 e o satélite Beidou-7 foi orbitado pelo foguetão Chang Zheng-3A (Y18) a partir do Complexo de Lançamento LC3.

Os próximos três satélites da série serão direccionados para órbitas geossíncronas inclinadas e os três serão lançados por veículos de lançamento Chang Zheng-3A em 2011. O satélite Beidou-2 I3 ‘Beidou-8’ foi lançado às 2047:04,570UTC do dia 9 de Abril a partir do Complexo de Lançamento LC3 pelo foguetão CZ-3A (Y19), o satélite Beidou-2 I4 ‘Beidou-9’ foi lançado às 2144:28,206UTC do dia 26 de Julho a partir do Complexo de Lançamento LC2 pelo foguetão CZ-3A (Y17) e o satélite Beidou-2 I5 ‘Beidou-10’ foi lançado às 2107:04,189UTC do dia 1 de Dezembro a partir do Complexo de Lançamento LC3 pelo foguetão CZ-3A (Y23).

Lançamento do satélite Beidou-2 I3 ‘Beidou-8’ a 9 de Abril de 2011

O satélite Beidou-2G5 ‘Beidou-11’ foi lançado às 1612:04,289UTC do dia 24 de Fevereiro de 2012, usando o foguetão Chang Zheng-3C (Y6) lançado a partir do Complexo de Lançamento LC2.

O primeiro lançamento simultâneo de dois satélites Beidou ocorreu às 2050:03,968UTC do dia 29 de Abril, quando os satélites Beidou-2M3 ‘Beidou-12’ e Beidou-2M4 ‘Beidou-13’ foram colocados em órbita pelo foguetão Chang Zheng-3B/G3 (Y14) a partir do Complexo de Lançamento LC2. Os satélites foram seguidos por outro par a 18 de Setembro (1910:04,179UTC) com o foguetão Chang Zheng-3B/G3 (Y15) a colocar em órbita os satélites Beidou-2M5 ‘Beidou-15’ e Beidou-2M6 ‘Beidou-14’ (imagem a seguir).

O satélite Beidou-2G6 ‘Beidou-16’ foi lançado às 1533:04,198UTC do dia 25 de Outubro de 2012, utilizando o foguetão Chang Zheng-3C (Y10) a partir do Complexo de Lançamento LC2.

Não ocorreram lançamentos do sistema Beidou em 2013 e 2014, e o próximo satélite da série seria lançado a 30 de Março de 2015, às 1352:30,598UTC. O satélite Beidou-3 I1-S (Beidou-17) foi o primeiro satélite de validação da terceira geração de satélites de navegação da China. Foi lançado a partir do Complexo de Lançamento LC2 usando o foguetão Chang Zheng-3C/YZ-1 (Y11/Y1) – imagem ao lado.

Os próximos lançamentos também veriam a colocação em órbita de satélites de validação para a próxima fase do sistema de navegação Beidou. O foguetão Chang Zheng-3B/YZ-1 (Y26/Y2) colocaria em órbita os satélites Beidou-3 M1-S (Beidou-18) e Beidou-3 M2-S (Beidou-19) a 25 de Julho (1229:04,411UTC) a partir do Complexo de Lançamento LC2, seguido pelo Beidou-3 I2-S (Beidou-20) às 2313:04,225UTC do dia 29 de Setembro, lançado pelo foguetão Chang Zheng-3B/G2 (Y33) a partir do Complexo de Lançamento LC3.

O último satélite de validação da terceira geração – Beidou-3 M3-S (Beidou-21) – foi lançado às 0729,04UTC do dia 1 de Fevereiro de 2016, usando o foguetão Chang Zheng-3C/YZ-1 (Y14/??) a partir do Complexo de Lançamento LC2.

Os satélites de validação de terceira geração abriram as portas para a próxima fase do sistema de navegação chinês. A terceira fase contou com três satélites em órbita geossíncrona, três satélites em órbita geossíncrona inclinada e vinte e quatro satélites em órbitas de altitude média, também introduzindo novas frequências de sinal.

Dois novos satélites para a fase Beidou-2 seriam lançados em 2016: o satélite Beidou-2 I6 (Beidou-22) foi lançado às 2011:04,682UTC do dia 29 de Março usando o foguetão Chang Zheng-3A (Y26) a partir do Complexo de Lançamento LC2 e o satélite Beidou-2G7 (Beidou-23) foi lançado às 1530:04,361UTC do dia 12 de Junho usando o foguetão Chang Zheng-3C/G2 (Y15) a partir do Complexo de Lançamento LC3.

O ano de 2017 viu apenas um lançamento de satélites Beidou com o foguetão Chang Zheng-3B/YZ-1 (Y46/Y4) a colocar em órbita os satélites Beidou-3MEO1 (Beidou-24) e Beidou-3MEO2 (Beidou-25) às 1145:04,244UTC do dia 5 de Novembro e a partir do Complexo de Lançamento LC2.

2018 assistiria a dez lançamentos de vários tipos de satélites Beidou. Os primeiros satélites foram lançados em 11 de Janeiro às 2318:04,434UTC com o foguetão Chang Zheng-3B/YZ-1 (Y45/Y5) orbitando os satélites Beidou-3MEO7 (Beidou-26) e Beidou-3MEO8 (Beidou-27) a partir do Complexo de Lançamento LC2, seguidos pelos satélites Beidou-3MEO3 (Beidou-28) e Beidou-3MEO4 (Beidou-29) às 0503:04,218UTC do dia 12 de Fevereiro, usando o foguetão Chang Zheng-3B/YZ-1 (Y47/Y6) também lançado do LC2 – imagem em baixo. Os satélites Beidou-3MEO9 (Beidou-30) e Beidou-3MEO10 (Beidou-31) seguiram a 29 de Março às 1756:04,130UTC usando o foguetão Chang Zheng-3B/YZ-1 (Y48/Y7) a partir do Complexo de Lançamento LC2.

O foguetão Chang Zheng-3A (Y27) lançado a partir do Complexo LC2 orbitou o satélite Beidou-2 I7 (Beidou-32) às 2058:04,524UTC a 9 de Julho e outro par (Beidou-3MEO5 ‘Beidou-33’ e Beidou-3MEO6 ‘Beidou-34’) seguiu a 29 de Julho às 0148:04,708UTC usando o foguetão Chang Zheng-3B/YZ-1 (Y49/Y8) lançado a partir do Complexo de Lançamento LC3.

Os próximos três lançamentos da série seriam lançamentos duplos a 24 de Agosto – 2352:04,550UTC (Beidou-3MEO11 ‘Beidou-35’ e Beidou-3MEO12 ‘Beidou-36’), 19 de Setembro – 1407:03,902UTC (Beidou-3MEO13 ‘Beidou-37’ e Beidou-3MEO14 ‘ Beidou-38 ‘) e 15 de Outubro – 0423:04,381UTC (Beidou-3MEO15’ Beidou-39 ‘e Beidou-3MEO16’ Beidou-40 ‘). Os três lançamentos usaram veículos de lançamento Chang Zheng-3B/YZ-1 (Y50/Y9, Y51/Y10 e Y52/Y11, respectivamente).

A 1 de Novembro (1557:04,708UTC) foi lançado o satélite Beidou-41 (Beidou-3GEO1 – Beidou-3G1Q) usando o foguetão Chang Zheng-3B/G2 (Y41) a partir do complexo de lançamentos LC2 – imagem ao lado – e o último lançamento de um satélite Beidou em 2018 foi um lançamento duplo orbitando os satélites Beidou-3MEO17 ‘Beidou- 42 ‘e Beidou-3MEO18 ‘Beidou-43’ a 18 de Novembro usando o foguetão Chang Zheng-3B/YZ-1 (Y53/Y12) a partir do Complexo de Lançamento LC3.

O primeiro lançamento Beidou em 2019 ocorreu a 20 de Abril às 1441:04,210UTC, quando o foguetão Chang Zheng-3B/G3 (Y59) lançado a partir do Complexo de Lançamento LC3 orbitou o satélite Beidou-3IGSO-1 (Beidou-44). Este lançamento foi seguido pelo lançamento do Beidou-2G8 (Beidou-45) a 17 de Maio às 1748:05,333UTC usando o foguetão Chang Zheng-3C/G2 (Y16) a partir do Complexo de Lançamento LC2 e do Beidou-3IGSO-2 (Beidou-46) a 24 de Junho (1809:04,518UTC) usando o foguetão Chang Zheng-3B/G3 (Y60) lançado a partir do Complexo de Lançamento LC3.

Outro lançamento duplo orbitando os satélites Beidou-3MEO23 ‘Beidou-47’ e Beidou-3MEO24 ‘Beidou-48’ seguiu-se a 22 de Setembro às 2110:04,639UTC usando o foguetão Chang Zheng-3BGZ/YZ-1 (Y65/Y13) a partir do Complexo de Lançamento LC2.

O satélite Beidou-3IGSO-3 (Beidou-49) foi lançado a 4 de Novembro às 1743:04,482UTC usando o foguetão Chang Zheng-3B/G3 (Y61) a partir do complexo LC2 – imagem ao lado – e outro par de satélites MEO (Beidou-3MEO21 ‘Beidou-50’ e Beidou-3MEO22 ‘Beidou-51 ‘) foi lançado em 23 de Novembro às 0055:54,831UTC usando o foguetão Chang Zheng-3BGZ/YZ-1 (Y66/Y14) a partir do LC2.

O último lançamento Beidou em 2019 viu a colocação em órbita de outro par MEO a 16 de Dezembro às 0722:04,839UTC com o foguetão Chang Zheng-3BGZ/YZ-1 (Y67/Y15) lançado a partir do Complexo de Lançamento LC3, orbitando os satélites Beidou-3MEO19 ‘Beidou-52’ e Beidou-3MEO20 ‘Beidou-53’.

O satélite Beidou-54 (Beidou-3GEO2 – Beidou-3G2Q) foi lançado pelo foguetão Chang Zheng-3B/G3 (Y69) a partir do Complexo de Lançamento LC2 a 9 de Março de 2020, às 1155:06,080UTC.

Sequência de voo

A sequência típica de voo do foguetão Chang Zheng-3B vê o lançador a manobrar para o seu azimute de voo 10 segundos após abandonar a plataforma de lançamento. Os propulsores laterais de combustível líquidos terminam a sua queima 2 minutos e 7 segundos após a ignição, separando-se do primeiro estágio 1 segundo mais tarde. O final da ignição do primeiro estágio ocorre a 1 minuto e 25 segundos de voo.

A separação entre o primeiro e o segundo estágio tem lugar a 1 minuto e 26 segundos de voo, seguindo-se a separação das duas metades da carenagem de protecção a T+13m 35s. O final da queima do segundo estágio ocorre a 326 segundos de voo, seguindo-se o final da queima dos motores vernier (ou de estabilização) 15 segundos mais tarde.

A separação entre o segundo e o terceiro estágio e a ignição do terceiro estágio ocorrem 1 segundos após o final da queima dos motores vernier do segundo estágio. A primeira queima do terceiro estágio tem uma duração de 4 minutos e 44 segundos.

Após o final da primeira do terceiro estágio, segue-se uma fase não propulsiva numa órbita de parqueamento que termina a T+20m 58s com o terceiro estágio a iniciar a sua segunda queima. Esta terá uma duração de 179 segundos. No final da segunda queima do terceiro estágio, o lançador inicia uma manobra de ajustamento de velocidade após analisar os parâmetros de voo. A separação do satélite usualmente ocorre a T+25m 38s, utilizando posteriormente os seus próprios meios de propulsão para atingir a sua órbita operacional.

Na versão CZ-3B/YZ-1, o quarto estágio realiza uma série de manobras antes de proceder à separação da sua carga.

O foguetão lançador Chang Zheng-3B/YZ-1

O foguetão Chang Zheng-3B (长征三号乙火箭) representa uma evolução em relação ao lançador orbital Chang Zheng-3A (长征三号甲火箭), sendo um dos veículos mais potentes disponíveis pela China. É um lançador a três estágios auxiliados por quatro propulsores laterais de combustível hipergólico, possuindo uma grande capacidade de carga para a órbita de transferência para a órbita geossíncrona utilizando para tal tanques de propolente mais largos e uma maior ogiva. Na versão CZ-3B/G3, o lançador tem os seus propulsores laterais bem como o primeiro estágios alongados, permitindo o transporte de uma maior quantidade de propelentes.

A versão G3 tem uma carenagem com um diâmetro de 4,2 metros, enquanto que na versão G2 a carenagem tem um diâmetro de 4,0 metros. Por seu lado, a versão CZ-3B/YZ-1 é melhorada com a carenagem 4200Z de 4,2 m de diâmetro e um estágio superior de inserção direta para a órbita geossincronizada.

 

A seguinte tabela mostra os últimos dez lançamentos realizados por foguetões Chang Zheng-3B nas diferentes versões.

Lançamento Lançador Data

Hora (UTC)

Plt Carga
2021-135 Y84 29/Dez/21

16:43:03

LC2 Tongxin Jishu Shiyan Weixing-9
2022-078 Y85 12/Jul/22

16:34

LC2 Tianlian-2 03
2022-148 Y91 05/Nov/22

11:50

LC2 Zhongxing-19
2022-178 Y88 29/Dez/22

04:43

LC2 Shiyan-10 02
2023-023 Y93 23/Fev/23

11:49

LC2 Zhongxing-26
2023-036 Y90 17/Mar/23

08:33

LC2 Gaofen-13 02
2023-066 Y87 17/Mai/23

02:49

LC2 Beidou-3G4 ‘Beidou-56’
2023-120 Y92 12/Ago/23

17:26

LC2 Ludi Tance-4 01
2023-172 Y94 09/Nov/23

11:23

LC2 Zhongxing-6E
2023-207 Y75/Y16 26/Dez/23

03:26

LC2 Beidou-3MEO26 ‘Beidou-57’

Beidou-3MEO28 ‘Beidou-58’

A Academia Chinesa de Tecnologia de Veículos Lançadores (CALT) iniciou o desenho do Chang Zheng-3A em meados dos anos 80. O CZ-3A é um veículo lançador a três estágios com uma capacidade de 2.600 kg para a órbita de transferência para a órbita geossíncrona. O seu terceiro estágio utiliza propelentes criogénicos, isto é hidrogénio e oxigénio líquido. A capacidade do CZ-3B para a órbita de transferência para a órbita geossíncrona atinge os 5.100 kg ao utilizar quatro propulsores laterais e um segundo estágio mais alongado. O CZ-3B proporciona quatro tipos de carenagens de protecção e quatro tipos distintos de interfaces de carga que proporcionam assim aos utilizadores mais flexibilidade. As principais características do CZ-3B estão assinaladas na seguinte tabela.

CZ-3BEmOrbita 1

O sistema do CZ-3B é composto pela estrutura do foguetão lançador, sistema de propulsão, sistema de controlo, sistema de telemetria, sistema de rastreio e segurança, sistema de controlo de atitude e de gestão de propolente na fase orbital não propulsiva, sistema de utilização de propolente criogénico, sistema de separação e sistema auxiliar.

A estrutura do foguetão actua de forma a suportar as várias cargas internas e externas no lançador durante o transporte, elevação (colocação na plataforma de lançamento) e voo. A estrutura do foguetão também combina todos os subsistemas em conjunto. A estrutura do foguetão é composta pelos propulsores, primeiro estágio, segundo estágio, terceiro estágio e carenagem de protecção. A figura na página seguinte mostra a configuração do foguetão Chang Zheng-3B.

CZ-3BEmOrbita 2

Cada propulsor lateral é composto pela zona frontal, tanque de oxidante, zona inter-tanque, tanque de combustível, secção posterior, secção de cauda, estabilizador, válvulas e condutas, etc. O primeiro estágio é composto pela secção inter-estágio, tanque de oxidante, inter-tanque, tanque de combustível, secção posterior, secção de cauda, válvulas e condutas, etc. O segundo estágio é composto pelo tanque de oxidante, inter-tanque, tanque de combustível, válvulas e condutas, etc.

O terceiro estágio contém o adaptador de carga, secção de equipamento e tanque de propolente criogénico. O adaptador de carga faz a ligação física entre a carga e o foguetão CZ-3B e reparte as cargas entre ambos. O anel da interface no topo do adaptador pode ser uma das interfaces standard internacionais 937B, 1194, 1194A ou 1666. A secção de equipamento para o método de introdução da carga na plataforma de lançamento (Encapsulation-on-pad) é uma placa circular fabricada numa estrutura metálica em favos de mel onde estão montados os sistemas aviónicos do lançador. Se a carenagem é montada no método BS3, a secção de equipamento será uma estrutura cilíndrica com uma altura de 0,9 metros apoiada no terceiro estágio (As duas figuras seguintes mostram os diferentes tipos de secção de equipamento). O tanque de propolente do terceiro estágio é termicamente isolado com um anteparo comum, tendo uma forma convexa superior no meio. O hidrogénio líquido é abastecido na parte superior do tanque e o oxigénio líquido é armazenado na parte inferior.

A carenagem é composta por uma abóbada, secção bicónica, secção cilíndrica e secção cónica invertida.

CZ-3BEmOrbita 3

CZ-3BEmOrbita 4

O sistema de rastreio e de segurança mede os dados da trajectória e parâmetros de injecção orbital finais. O sistema também fornece informação para meios de segurança. A auto-destruição do foguetão lançador seria levada a cabo de forma remota caso ocorresse alguma anomalia em voo. O desenho da medição de trajectória e de segurança são integrados em conjunto.

O sistema de controlo de atitude e de gestão de propolente na fase de voo não propulsionada leva a cabo o controlo de atitude e gestão de propolente em órbita e reorienta o lançador antes da separação da carga. Um motor alimentado por hidrazina em pressão trabalha de forma intermitente neste sistema que pode ser accionado repetidamente segundo os comandos recebidos.

O sistema de utilização dos propolentes criogénicos mede em tempo real o nível de propolentes no interior dos tanques do terceiro estágio e ajusta o nível de consumo de oxigénio líquido para tornar os propolentes residuais numa proporção óptima. O ajustamento é utilizado para compensar o desvio da performance do motor, estrutura da massa, carga de propolente, etc., para o propósito de se obter uma maior capacidade de lançamento. O sistema contém um processador, sensores de nível de propolente e válvulas de ajustamento.

Os seguintes esquemas representam a estrutura dos sistemas de propulsão do primeiro, segundo e terceiro estágios.

CZ-3BEmOrbita 5CZ-3BEmOrbita 6CZ-3BEmOrbita 7

Durante a fase de voo do Chang Zheng-3B existem cinco eventos de separação: a separação dos quatro propulsores laterais, a separação entre o segundo e o primeiro estágio, a separação entre o segundo e o terceiro estágio, a separação da carenagem e a separação entre a carga e o terceiro estágio: 1) Separação dos propulsores – os propulsores laterais estão acoplados ao primeiro estágio por três piromecanismos localizados na secção frontal e por mecanismos de separação na secção posterior. Quatro pequenos foguetões geram forças de separação para o exterior após a abertura simultânea dos mecanismos de separação; 2) Separação entre o primeiro e o segundo estágio – a CZ-3BEmOrbita 8separação entre o primeiro e o segundo estágio é uma separação a quente, isto é o segundo estágio entra em ignição em primeiro lugar e depois o primeiro estágio é separado com a força dos gases de exaustão após o accionamento de 14 parafusos explosivos; 3) Separação entre o segundo e o terceiro estágio – a separação entre o segundo e o terceiro estágio é uma separação a frio. Os parafusos explosivos são accionados em primeiro lugar e depois pequenos retro-foguetões no segundo estágio são accionados para gerar a força de separação; 4) Separação da carenagem – durante a separação da carenagem, os parafusos explosivos que ligam a carenagem e o terceiro estágio são accionados em primeiro lugar e depois todos os dispositivos pirotécnicos que ligam as duas metades da carenagem são accionados, com a carenagem a ser separada longitudinalmente. A carenagem volta-se para fora apoiada em dobradiças devido à força exercida por molas; 5) Separação entre a carga e o terceiro estágio – a carga está fixa com o lançador ao longo de uma banda de fixação. Após a separação, a carga é empurrada pela acção de molas.

O sistema de coordenadas do foguetão lançador (OXYZ) tem origem no centro de massa instantâneo do veículo, isto é no centro de massa integrado da combinação carga / veículo lançador, incluindo o adaptador, propolentes e carenagem, etc., caso seja aplicável. O eixo OX coincide com o eixo longitudinal do foguetão. O eixo OY é perpendicular ao eixo OX e estão no interior do plano de lançamento 180º para lá do azimute de lançamento. Os eixos OX, OY e OZ formam um sistema ortogonal que segue a regra da mão direita.

A atitude de voo do eixo do veículo lançador está definida na figura ao lado. O fabricante do satélite define o sistema de coordenadas do satélite. A relação ou orientação entre o veículo lançador e os sistemas do satélite serão determinados ao longo da coordenação técnica para projectos específicos.

Missões que podem ser realizadas pelo CZ-3B

O foguetão Chang Zheng-3B é um veículo potente e versátil que é capaz de levar a cabo as seguintes missões: Transportar cargas para órbitas de transferência para a órbita geossíncrona (GTO). Esta será a função primária do CZ-3B e o objectivo da sua concepção. Após a separação do CZ-3B, o satélite irá transferir-se da órbita GTO para a órbita geossíncrona GEO). Esta é a órbita operacional na qual o período orbital do satélite coincide com o período de rotação da Terra, 24 horas, e o plano orbital coincide com o plano do equador (ver figura em baixo); Injectar cargas numa órbita terrestre baixa (LEO) localizada abaixo de uma altitude média de 2.000 km; Injectar cargas em órbitas sincronizadas com o Sol (SSO). O plano destas órbitas encontra-se ao longo da direcção de rotação do eixo de rotação da Terra ou aponta para a rotação da Terra em torno do Sol. A velocidade angular do satélite é igual à velocidade angular média da Terra em torno do Sol; Lançar sondas espaciais para lá do campo gravitacional da Terra.

CZ-3BEmOrbita 9

Performance do CZ-3B Chang Zheng-3B

O primeiro lançamento do CZ-3B teve lugar a 14 de Fevereiro de 1996 (1901UTC) quando o veículo Y1 tentou colocar em órbita o satélite Intelsat-708. Infelizmente o lançamento levado a cabo desde o Centro de Lançamento de Satélites de Xichang não foi bem sucedido devido a um problema no sistema de orientação do lançador que acabou por se despenhar 22 segundos após abandonar a plataforma de lançamento LC2, matando ou ferindo 59 pessoas.

Mais recentemente foi introduzida uma versão melhorada do CZ-3B com capacidade de carga GTO para os 5.500 kg. O CZ-3B/G2 (também designado CZ-3B/E) tem basicamente a mesma configuração do CZ-3B exceptuando um estágio central mais alargado. O primeiro voo do CZ-3B/G2 teve lugar a 13 de Maio de 2007 e agora é a versão standard do lançador em utilização.

Descrição da missão do CZ-3B

O CZ-3B é principalmente utilizado para missões para a órbita GTO, sendo a GTO standard recomendada ao utilizador do veículo. O CZ-3B coloca a carga numa GTO standard com os seguintes parâmetros a partir de Xichang: altitude do perigeu – 200 km; altitude do apogeu – 35.954 km, inclinação 28,5º; argumento do perigeu – 178º (estes parâmetros representam a órbita instantânea a quando da separação do satélite do terceiro estágio; A altitude do perigeu é equivalente a uma altitude real de 35.786 km na passagem do primeiro perigeu devido a perturbações causadas pela forma oblatada da Terra). Os quadros seguintes mostram a sequência de voo típica do CZ-3B Chang Zheng-3B.

A discussão da performance do foguetão CZ-3B Chang Zheng-3B é baseada na assumpção de que o veículo é lançado desde o Centro de Lançamento de Satélites de Xichang tendo em conta as limitações relevantes no que diz respeito à segurança e requerimentos de rastreio a partir do solo; tem-se em conta que o azimute de lançamento é de 97,5º; a massa do adaptador de carga e do sistema de separação não estão incluídas na massa da carga; o terceiro estágio do CZ-3B transporta a quantidade suficiente de propolente para atingir a órbita pretendida com uma probabilidade superior a 99,73%; por altura da separação da carenagem de protecção o fluxo aerodinâmico é inferior a 1.135 W/m2; e os valores das altitudes orbitais são determinados em relação a uma Terra esférica com um raio de 6.378 km.

CZ-3BEmOrbita 10CZ-3BEmOrbita 11

As carenagens do CZ-3B

A carga está protegida por uma carenagem que a isola de várias interferências da atmosfera, que inclui correntes de ar de alta velocidade, cargas aerodinâmicas, aquecimento aerodinâmico e ruídos acústicos, etc., enquanto que o lançador ascende através da atmosfera. A carenagem proporciona assim à carga um bom meio ambiente.

O aquecimento aerodinâmico é absorvido ou isolado pela carenagem. A temperatura no interior da carenagem é controlada dentro dos limites estabelecidos. Os ruídos acústicos gerados por correntes de ar e pelos motores do lançador são reduzidos para níveis permitidos para a respectiva carga.

A carenagem é separado e ejectada quando o foguetão lançador voa fora da atmosfera. A altura exacta da separação da carenagem é determinada pelo requisito de que o fluxo de calor aerodinâmico na separação da carenagem seja inferior a 1.135 W/m2.

Vinte e dois tipos de testes foram levados a cabo no desenvolvimento da carenagem do CZ-3B, incluindo testes em túneis de voo, testes térmicos, testes acústicos, testes de separação, testes de análise de modelos, testes de resistência, etc.

O CZ-3B Chang Zheng-3B proporciona quatro tipos distintos de carenagens: 4000F, 4000Z, 4200F e 4200Z, conforme referidas no seguinte quadro:

CZ-3BEmOrbita 12

A carenagem 4000F tem uma altura de 9,561 metros e suporta as interfaces de carga 937B, 1194, 1194A e 1666. A carenagem 4200F tem uma altura de 9.777 metros e suporta as interfaces de carga 1194A e 1666, tal como a carenagem 4200F que tem uma altura de 9,381 metros. A carenagem 3700Z tem um diâmetro externo de 3,700 metros, uma altura de 10,796 metros e é utilizada para os lançamentos duplos no CZ-3B, suportando os suporta as interfaces de carga 1194 e 1194A.

CZ-3BEmOrbita 13

O volume estático da carenagem é a limitação física das dimensões máximas da configuração da carga a transportar. O volume estático é determinado pela consideração das deformações estimadas a nível dinâmico e estático do conjunto carenagem / carga por uma variedade de interferências durante o voo. Os volumes variam com diferentes tipos de carenagem e adaptadores de carga. Pode-se permitir que algumas saliências na carga possam exceder o volume estático máximo (F3650 ou F3850) da secção cilíndrica da carenagem.

As estruturas das carenagens referidas são muito similares. Consistem numa abóbada, secção bicónica, secção cilíndrica e uma secção cónica invertida. A abóbada é um corpo semi-esférico com um raio de 1 metros, uma altura de 0,661 metros e um diâmetro de base de 1,890 metros. Consiste numa concha abobadada, um anel de base, um anel em encapsulamento e reforços.

A concha abobadada é uma estrutura em fibra de vidro com uma espessura de 8 mm. O anel de base, anel de encapsulamento e reforço são fabricados em ligas de alumínio de alta resistência. Uma cintura à base de borracha de sílica cobre o exterior da linha de divisão e um cinturão de borracha está comprimido entre as duas metades. Os cinturões de isolamento exterior e interior impedem a corrente de ar de entrar na carenagem durante o voo.

A parte superior da secção bicónica é um cone de 25º com uma altura de 1,400 metros e a parte inferior é um cone de 15º com uma altura de 1,500 metros. A parte superior e a parte inferior estão interligadas. O diâmetro do anel superior é de 1,890 metros e o diâmetro do anel inferior é de 4,000 metros.

A estrutura da secção cilíndrica é idêntica à da secção bicónica, isto é tem uma constituição em favos de mel de alumínio. Existem duas entradas de ar condicionado na parte superior da secção cilíndrica e 10 saídas de exaustão com uma área total de 191 cm2 na parte inferior.

A secção cónica invertida é uma estrutura reforçada monocoque. É composta por um anel superior, um anel intermédio, reforços inferiores longitudinais e cobertura com tratamento químico. Para as carenagens 4000F e 4200F, estão disponíveis portas de acesso nesta secção. Para as carenagens 4000Z e 4200Z não existem portas de acesso.

A superfície exterior da carenagem, especialmente a superfície da abóbada e da secção bicónica, sofre um aquecimento devido à corrente de ar a alta velocidade durante o lançamento. Deste modo, são adoptadas medidas que evitam o aquecimento para garantir que a temperatura na superfície interior seja inferior a 80ºC.

A superfície exterior da secção bicónica e da secção cilíndrica são cobertas por um painel de cortiça especial. O painel na secção bicónica tem uma espessura de 1,2 mm e na secção cilíndrica tem uma espessura de 1,0 mm.

O mecanismo de separação e ejecção da carenagem consiste em mecanismos de abertura laterais, mecanismo de abertura longitudinal e mecanismo de separação. Para as carenagens 4000F e 4200F o anel na base da carenagem está ligado com a secção curta dianteira do tanque criogénico do terceiro estágio por doze parafusos explosivos não contaminantes. Para as carenagens 4000Z e 4200Z a base do anel na carenagem está ligado com o topo da secção de equipamento por parafusos explosivos não contaminantes. A fiabilidade de um parafuso explosivo é de 0,9999.

O plane de separação longitudinal da carenagem é o quadrante II-IV (XOZ). O mecanismo de abertura longitudinal consiste em parafusos entalhados, mangueiras, mangueiras com cordas explosivas e detonadores, suportes dos detonadores e dois parafusos explosivos. Duas mangueiras de aço percorrem a linha de separação da carenagem. Dois detonadores não sensíveis estão fixados a cada extremidade das cordas explosivas. A quando da separação, os dois parafusos não contaminantes são detonados e cortados. Os detonadores fazem as cordas explosivas entrar em ignição, gerando-se gás a alta pressão o que leva à expansão das mangueiras de aço e à quebra dos parafusos entalhados. Nesta sequência, a carenagem separa-se em duas metades. O gás gerado fica selado nas mangueiras de aço, não havendo assim contaminação da carga.

Separação carenagemUma das duas cordas explosivas pode ser detonada apenas se um dos quatro detonadores é accionado. Se uma das cordas explosivas é accionada, todos os parafusos entalhados podem ser quebrados, isto é a carenagem pode separar-se. Assim, a fiabilidade da separação longitudinal é muito elevada.

O mecanismo de separação da carenagem é composto por dobradiças e molas. Cada metade da carenagem é suportada por duas dobradiças que se localizam no quadrante I e III. Existem seis molas de separação colocadas em cada metade da carenagem; o máximo de força exercida por cada mola é de 37,8 kN. Após a abertura da carenagem, cada metade roda em torno de uma dobradiça. Quando a taxe de rotação da metade da carenagem é superior a 18º/s, a carenagem é ejectada. O processo cinemático é exemplificado na figura.

Podem ser incorporadas na secção bicónica da carenagem e na secção cilíndrica janelas transparentes às radiofrequências RF para fornecer ao satélite a capacidade de transmissão através da carenagem de acordo com as necessidades do utilizador. As janelas transparentes RF são fabricadas em fibra de vidro na qual a taxa de transparência é indicada na tabela em baixo.

Podem ser proporcionadas portas de acesso à secção cilíndrica para permitir um acesso limitado ao satélite após a colocação da carenagem. Algumas áreas da carenagem não podem ser seleccionadas para a localização das janelas de radiofrequência RF.

Untitled-21

O Complexo de Lançamento

O complexo de lançamento LC2 para o foguetão Chang Zheng-3B no Centro de Lançamento de Satélites em Xichang, inclui a plataforma de lançamento, torre de serviço, torre umbilical, centro de controlo de lançamento, sistemas de abastecimento, sistemas de fornecimento de gás, sistemas de fornecimento de energia, torres de protecção contra relâmpagos, etc. Um desenho esquemático do complexo de lançamento em Xichang é apresentado na figura seguinte.

CZ-3BEmOrbita 14

A torre de serviço é composta pela torre do guindaste, equipamento movível, plataformas, elevadores, sistema de distribuição e fornecimento de energia, condutas de abastecimento para armazenamento do propolente, detectores de incêndio e extintores. Esta torre tem uma altura de 90,60 metros. No topo da torre existem dois guindastes. A altura de levantamento efectiva é de 85 metros. A capacidade de carga é de 20.000 kg (guincho principal) e 10.000 kg (guincho suplente). Existem dois elevadores (com uma capacidade de 2.000 kg) para a elevação de pessoal e equipamentos. A torre tem plataformas para operações de verificação e operações de teste do foguetão lançador e da sua carga. A parte superior da torre é uma área limpa com ambiente controlado. O nível de limpeza é de Classe 100.000 e as temperaturas na área de operação do satélite encontram-se entre os 15 ºC e os 25 ºC. A acoplagem entre a carga e o veículo lançador, teste do satélite, encapsulamento da carenagem e outras actividades são levadas a cabo nesta área. Um guindaste superior telescópico está equipado para levar a cabo estas operações. Este guindaste pode rodar num ângulo de 180º e a sua capacidade é de 8.000 kg.

CZ-3BEmOrbita 15Na torre de serviço, a Sala 812 é exclusivamente preparada para a carga. No seu interior é fornecida uma corrente eléctrica de 60Hz UPS (Fase 120V, 5kW). A resistência é menos de 1W. A área desta sala é de 8 m2. Para além de um sistema de hidratação, a torre de serviço está também equipada com pó extintor e extintores 1211.

A torre umbilical serve para fornecer ligações eléctricas, condutas de gás, condutas líquidas, bem como as ligações para o satélite e para o foguetão lançador. A torre tem um sistema de braço amovível, plataformas e condutas de abastecimento criogénico. O abastecimento do lançador é levado a cabo através das condutas criogénicas. A torre umbilical também está equipada com sistemas de ar condicionado para a carga e carenagem, um sistema RF, sistemas de comunicações, plataformas rotativas, sistemas de extinção de incêndios, etc. Os cabos de fornecimento de energia são conectados ao satélite e ao lançador através desta torre umbilical. As condutas do ar condicionado são ligadas à carenagem também através desta torre para fornecer ar limpo. A limpeza do ar condicionado é de Classe 100.000 e a temperatura encontra-se entre os 15ºC e os 25ºC, com uma humidade entre 35% e 55%. A Sala 722 da torre umbilical é exclusivamente preparada para a carga. A sua área é de 8m2 e no seu interior é fornecida uma corrente eléctrica de 60Hz/50Hz UPS (Fase 120V/220V/15A). A resistência é menos de 1W.

Centro de Controlo de Lançamento

O Centro de Controlo de Lançamento (CCL) é uma estrutura em fortim capaz de resistir a uma explosão violenta. As operações levadas a cabo na torre (tais como testes antes do lançamento, abastecimento, operações de lançamento) do foguetão lançador são controladas desde o CCL. O controlo de lançamento do satélite também pode ser levado a cabo no CCL. A sua área de construção é de 1.000 m2.

O CCL inclui as salas de teste do veículo lançador, salas de teste dos satélites, sala de controlo de abastecimento, sala de controlo de lançamento, sala de informação para o director de missão, sistema de ar condicionado, passagens de evacuação, etc. Todo o CCL recebe ar condicionado.

Existem duas salas para o teste dos satélites e cada uma tem uma área de 48,6 m2. a temperatura no interior das salas é de 20ºC com variação máxima e mínima de 5ºC. A humidade relativa é de 75%. Em cada sala existem painéis de distribuição de energia 380V/220V, 50Hz e 120V/220V, 60Hz. A resistência é menos de 1W. O satélite é conectado com o equipamento de controlo no interior da sala de teste através de cabos umbilicais.

Estão disponíveis no interior das salas sistemas de telefone e de monitorização, bem como na torre e nos restantes locais.

Centro de Controlo e Comando da Missão

O Centro de Controlo e Comando da Missão (CCCM) está localizado a 7 km do local de lançamento. Todo o edifício inclui duas partes: uma é a zona de comando e controlo e a outra é a zona de computação. A zona de comando e controlo consiste em duas áreas: a área de comando e a área de segurança. Em torno da primeira zona encontram-se salas de operação e escritórios. Existem uma sala de visitas no segundo andar e os visitantes podem observar o lançamento em ecrãs de televisão. Existem sistemas de televisão por cabo parta os visitantes.

O CCCM possui um sistema de computadores a funcionar em tempo real; um sistema de comando e controlo; levar a cabo a monitorização e fornecimento de controlo, computadores sistemas de conversão D/A e A/D, sistemas de televisão, sistemas de gravação de dados e sistemas de telecomando; sistemas de comunicação, sistemas de temporização e transmissão de dados, e equipamento de impressão e revelação de filme. O CCCM tem como funções comandar todas as operações das estações de rastreio e monitorizar a performance e estado do equipamento, levar a cabo o controlo de segurança após o lançamento, obter informações sobre os parâmetros de localização do lançador a partir de estações e processar estes dados em tempo real, fornecer a aquisição e obter dados para as estações de rastreio e para o Centro de Controlo de Satélites em Xi’an, fornecer informações à equipa de controlo e levar a cabo o processamento de dados após a missão.

Centro de Controlo, Telemetria e Detecção

O Centro de Controlo, Telemetria e Detecção (CCTD) do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang e o CCTD do Centro de Controlo de Satélites de Xi’an, formam uma rede de Controlo, Telemetria e Detecção para cada missão. O CCTD do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang consiste na estação de rastreio de Xichang, na estação de rastreio de Yibin e na estação de rastreio de Guiyang. O CCTD do Centro de Controlo de Satélites de Xi’an consiste na estação de rastreio de Weinan, na estação de rastreio de Xiamen e nos navios de instrumentação.

O Centro de rastreio de Xichang inclui equipamentos ópticos, radar, telemetria e telecomando. É responsável pela medição e processamento dos dados de voo do foguetão lançador e também pelo controlo da zona de segurança. Os dados recebidos e gravados pelo sistema do CCTD são utilizados para o processamento e análise após a missão.

As principais funções do CCTD são o registo dos dados iniciais de voo em tempo real, medição da trajectória do veículo lançador; recepção, gravação, transmissão e processamento dos dados e telemetria do foguetão lançador e do satélite; tomar decisões relativas à segurança; e computar o estado de separação entre o satélite e o lançador e respectivos parâmetros de injecção.

Após o lançamento o foguetão é imediatamente seguido pelo equipamento óptico, de telemetria e por radares em torno do local de lançamento. Os dados recebidos são enviado para CCCM. Estes dados serão inicialmente processados e enviados para as estações respectivas. Os computadores das estações recebem estes dados e levam a cabo a conversão de coordenadas, utilizando esses dados como dados para orientar o sistema do CCTD para obter e seguir o alvo.

Após a detecção do alvo, os dados medidos são enviados para os computadores na estação e para o CCCM para serem processados. Estes dados processados são utilizados para o controlo da segurança do voo. Os resultados das computações são enviados para o Centro de Lançamento de Satélites de Xichang e para o Centro de Controlo de Satélites de Xi’an em tempo real através de linhas de transmissão de dados.

Em caso de falha durante as fases de voo do primeiro ou segundo estágio, o oficial de segurança tomará uma decisão tendo por base os critérios de segurança.

A injecção orbital da carga é detectada pelos navios de rastreio e enviada para o Centro de Controlo de Satélites de Xi’an. Os resultados são enviados para o CCCM de Xichang para processamento e monitorização.

O Centro de Lançamento de Satélites de Xichang

O Centro de Lançamento de Satélites de Xichang é um dos polígonos de lançamentos espaciais da China para missões de lançamento geoestacionário e exploração lunar. Estando operacional desde Abril de 1984, o centro de lançamento foi utilizado desde então pela família de lançadores CZ-3, e pelos lançadores CZ-2C e CZ-2E nas suas duas plataformas de lançamento. Como outros locais de lançamento espacial na China, Xichang também está sob a jurisdição militar, conhecida como a Base de Treino e Teste Exército de Libertação do Povo n.º 27 na sua designação militar.

O centro de lançamento está localizado a 28° 14 ‘N – 102° 02’ E, num vale a aproximadamente 85 km a noroeste da cidade de Xichang, na província de Sichuan. É de clima subtropical típico, com temperatura média anual de 16 °C e vento suave. O complexo de lançamento é composto por duas plataformas de lançamento, uma torre de serviço móvel e uma área técnica para abastecimento e verificação de veículos. Outras instalações incluem a sede, o centro de comunicações, o centro de controlo de lançamento e três estações de rastreio.

O Aeroporto de Xichang está localizado nos subúrbios ao norte de Xichang, com uma pista de 3.600 m capaz de aceitar grandes aeronaves de carga, como Boeing 747 e An-124. Existe uma linha férrea dedicada e estradas que ligam o centro de lançamentos com a ferrovia Chengdu-Kunming e a autoestrada Sichuan-Yunnan. Os lançadores são transportados em segmentos através da linha ferroviária directamente para as instalações de processamento de veículos na área técnica. O edifício de processamento tem a capacidade de montar e testar um veículo de lançamento enquanto armazena outro em simultâneo.

A ideia de um local de lançamento espacial dedicado no sul da China nasceu no final dos anos 60, no contexto do agravamento das relações e de uma guerra iminente com a União Soviética. Preocupados com a segurança dos mísseis existentes e das instalações de lançamento espacial na Mongólia Interior (Jiuquan), que fica a apenas algumas centenas de quilómetros das fronteiras do Norte, os projectistas militares chineses decidiram construir um novo local de lançamento para as missões espaciais tripuladas e não tripuladas em montanhas profundas do Sul da China. Após o levantamento de 81 locais localizados em 25 regiões de nove províncias foram examinados, a equipa de pesquisa finalmente seleccionou um vale de montanha chamado Songlin, perto de Xichang.

A construção do novo local de lançamento começou no Inverno de 1970 sob o nome de código “Projecto 7210”. Parte das instalações, incluindo os armazéns de propulsores, foram construídas em cavernas subterrâneas e montanhosas para evitar a detecção pelos inimigos. Originalmente, um único complexo de lançamento (LC1) foi planeado para suportar o lançamento da cápsula tripulada Shuguang-1 (Projecto 714). A construção do local de lançamento parou em meados da década de 1970, após o cancelamento do programa tripulado, e só foi retomada em 1978, quando foi tomada a decisão de lançar o satélite de comunicações geoestacionário DFH-2 (Projecto 331) a partir de Xichang.

Lançamento Veículo  Plataforma Data Hora (UTC) Carga
2023-120 Chang Zheng-3B/G3 (Y92) LC2 12/Ago/23 17:26 Ludi Tance-4 01
2023-121 Kuaizhou-1A (Y21) LC4 14/Ago/23 05:32 Jiaotong-6 ‘Hede-3A’

Jiaotong-7 ‘Hede-3B’

Jiaotong-8 ‘Hede-3C’

Jiaotong-9 ‘Hede-3D’

Jiaotong-10 ‘Hede-3E’

2023-130 Chang Zheng-2D (Y82) LC3 31/Ago/23 07:36 Yaogan-39 Grupo-01A

Yaogan-39 Grupo-01B

Yaogan-39 Grupo-01C

2023-145 Chang Zheng-2D (Y83) LC3 17/Set/23 04:13 Yaogan-39 Grupo-02A

Yaogan-39 Grupo-02B

Yaogan-39 Grupo-02C

2023-152 Chang Zheng-2D (Y84) LC3 05/Out/23 00:24 Yaogan-39 Grupo-03A

Yaogan-39 Grupo-03B

Yaogan-39 Grupo-03C 

2023-163 Chang Zheng-2D (Y85) LC3 23/Out/23 20:03 Yaogan-39 Grupo-04A

Yaogan-39 Grupo-04B

Yaogan-39 Grupo-04C

2023-172 Chang Zheng-3B/G (Y94) LC2 09/Nov/23 11:23 Zhongxing-6E
2023-181 Chang Zheng-2D/YZ-3 LC3 23/Nov/23 10:00:04 Xingwang Qinxie Guidao-2A

Xingwang Qinxie Guidao-2B

Xingwang Qinxie Guidao-2C

2023-194 Chang Zheng-2D (Y86) LC3 10/Dez/23 01:58 Yaogan-39 Grupo-05A

Yaogan-39 Grupo-05B

Yaogan-39 Grupo-05C

2023-207 Chang Zheng-3B/YZ-1 (Y75/Y16) LC2 26/Dez/23 03:26 Beidou-3MEO26 ‘Beidou-57’

Beidou-3MEO28 ‘Beidou-58’

O Complexo de Lançamento 3 (LC3) entrou em operação em 1983 e o primeiro lançamento com um foguetão CZ-3 ocorreu a 8 de Abril de 1984. Um total de quatro satélites DFH-2 foram colocados com sucesso na órbita geoestacionária entre 1986 e 1990. Para apoiar o lançamento de veículos de lançamento mais pesados, o Complexo de Lançamento 2 (LC2) foi adicionado em 1990, com o primeiro lançamento usando um veículo de lançamento CZ-2E em 16 de Julho de 1990.

O centro de lançamento de Xichang foi desclassificado em termos militares em 1984 e foi usado para fornecer serviços de lançamento comerciais para clientes estrangeiros usando foguetões chineses durante os anos 90. No entanto, esses lançamentos sofreram várias falhas de alto perfil. O acidente mais fatal ocorreu a 15 de Fevereiro de 1996, quando um veículo de lançamento CZ-3B se desviou da trajectória e atingiu uma colina a 1.200 metros da plataforma de lançamento logo após a descolagem, destruindo a sua carga (o satélite Intelsat-708). A violenta explosão do foguetão matou seis pessoas e feriu outras 57 e também destruiu mais de 80 prédios numa aldeia próxima.

Em 2004, Xichang recebeu uma revisão de modernização que incluiu 25 modificações nos seus sistemas de lançamento, telemetria e rastreio, comunicações, meteorologia e suporte logístico, de modo a apoiar o programa robótico lunar. A LC3 foi completamente demolida e reconstruída.

Em 2010, a China anunciou o seu plano para construir um novo polígono de lançamentos para missões geoestacionárias e planetárias na ilha de Hainan. Depois do Centro de Lançamento Espacial de Wenchang se tornar operacional, as actividades de lançamento desde Xichang diminuirão gradualmente, e o centro tornar-se-à um centro de apoio e será apenas utilizado para missões militares.

Os Complexos de Lançamento

No Centro de Lançamento de Satélites de Xichang existem dois complexos de lançamento designados LC2 e LC3.

O Complexo de Lançamento 3 é composto por uma torre umbilical fixa com braços oscilantes, uma mesa de lançamento de aço e um orifício de aterramento de formato arredondado que leva a um único deflector de chamas em cimento armado. O veículo de lançamento é montado verticalmente no bloco, usando um guindaste no topo da torre umbilical para içar cada estágio e a carga no local. O veículo de lançamento é verificado na vertical no bloco, abastecido e depois lançado. O complexo é capaz de suportar todas as variantes da família de veículos de lançamento CZ-3.

O Complexo de Lançamento 2 possui uma torre umbilical estruturada em aço que fornece suprimento de gás, líquido e electricidade para o lançador durante o procedimento final de verificação. O ar limpo com ar condicionado do nível de limpeza classe 100.000 é continuamente alimentado na carga útil até 30 segundos antes do lançamento. A torre possui plataformas giratórias e braços oscilantes para permitir o acesso ao lançador. Uma “sala limpa” com ar condicionado está localizada no topo da torre para operações de check-out por satélite. O veículo de lançamento fica numa plataforma de lançador fixa, abaixo da qual existe orifício redondo que leva a um único deflector de chamas em cimento armado.

Dados estatísticos e próximos lançamentos

– Lançamento orbital: 6567

– Lançamento orbital China: 572 (8,71%)

– Lançamento orbital Xichang: 198 (3,01% – 34,61%)

Próximos lançamentos orbitais

Data

Hora (UTC)

Lançador Local Lançamento

Plt. Lançamento

(Recuperação)

Carga / Missão
6568 27 Dezembro

05:00:??

Kuaizhou-1A Jiuquan

LC43/95A

Tianmu-1 15 (?)

Tianmu-1 16 (?)

Tianmu-1 17 (?)

Tianmu-1 18 (?)

6569 27 Dezembro

05:00:??

Soyuz-2.1v GIK-1 Plesetsk

LC43 PU-3

Nivelir (?)
6570 29 Dezembro

00:00:??

Falcon Heavy-09

B1064.5

B1084.1

B1065.5

CE Kennedy

LC-39A

(LZ-1/X/LZ-2)

USSF-52 (OTV-7)
6571 29 Dezembro

04:00:??

Falcon-9 Cabo Canaveral SFS

SLC-40

(ASOG)

Starlink G6-36
6572 30 Dezembro

00:00:??

Kuaizhou-1A

ou

Chang Zheng-11

Jiuquan

LC43

Chaodigui (?)