A Força Aérea dos Estados Unidos deu início a uma nova missão do mini-vaivém espacial X-37B que foi colocado em órbita pelo foguetão Atlas-V/501 (AV-054) operado pela United Launch Alliance tendo sido lançado desde o Complexo de Lançamento SLC-41 do Cabo Canaveral AFS. Esta é a missão OTV-4 (Orbiting Test Vehicle-4) que presumivelmente é realizada pelo veículo X-37B-2 na sua segunda missão orbital. O lançamento teve lugar às 1505:05UTC do dia 20 de Maio de 2015.
Esta missão conta com a colaboração de várias agências, entre as quais a agência espacial NASA com uma experiência que vai testar materiais avançados que no futuro poderão ser utilizados na construção de novos veículos espaciais. Entre outras experiências, a missão OTV-4 irá testar um sistema de propulsão experimental desenvolvido pelo Air Force Research Laboratory e pelo Space and Missile Systems Center.
Segundo a Força Aérea dos Estados Unidos, o X-37B é um programa de teste experimental destinado a demonstrar as tecnologias para o desenvolvimento de uma plataforma de teste espacial fiável, reutilizável e não tripulada. Os principais objectivos do programa são a demonstração de tecnologias reutilizáveis para o futuro programa espacial dos Estados Unidos e a realização de experiências que podem ser recuperadas e examinadas na Terra.
Baseado num desenho da NASA, o X-37B é o mais recente e mais avançado veículo espacial capaz de regressar da órbita terrestre. O veículo é desenhado para ser lançado na vertical para uma órbita terrestre baixa onde pode levar a cabo experimentação e teste espacial de longa duração. Após receber comandos enviados do solo, o OTV reentra na atmosfera terrestre de forma autónoma, descendo e aterrando de forma horizontal numa pista de aterragem. Assim, o X-37B é o primeiro veículo desde o vaivém espacial da NASA com a capacidade de trazer de volta para a Terra para posterior inspecção e análise, mas tendo um tempo de vida em órbita de até 270 dias, o X-37B pode permanecer no espaço por muito mais tempo.
As tecnologias que estão a ser testadas neste programa incluem sistemas avançados de orientação, navegação e controlo, bem como sistemas de protecção térmica, aviónicos, selos e estruturas capazes de resistir a altas temperaturas, sistemas isoladores reutilizáveis, sistemas de voo electromecânicos ultra-leves, e o voo orbital, reentrada e aterragem autónomos.
O Air Force Rapid Capabilities Office lidera o programa do OTV para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, estando na direcção do Subsecretário da Defesa para a Aquisição, Tecnologia e Logística do Secretário da Força Aérea. O esforço do OTV utiliza vastos investimentos de empresas e do governo no programa X-37 por parte da Força Aérea dos Estados Unidos, da NASA e da agência DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency) para continuar o desenvolvimento deste veículo.
O programa original do X-37 da NASA teve início em 1999 e prolongou-se até Setembro de 2004 quando a NASA transferiu o programa para a DARPA. A NASA tinha como objectivo a construção de dois veículos, um veículo ALTV (Approach and Landing Test Vehicle), para testar os sistemas na aterragem e o seu comportamento em voo atmosférico, e um veículo orbital OV. O ALTV validou a dinâmica de voo e prolongou o voo para lá dos testes a baixa velocidade e altitude conduzidos pela NASA entre 1998 e 2001 com o X-40A, uma versão de menor escala do X-37 desenvolvido pelo Air Force Research Labs. A DARPA finalizou a porção do programa do X-37 em Setembro de 2006 ao executar com sucesso uma série de voos rebocados e livres. O X-37 OV da NASA nunca foi construído, mas o seu desenho serviu como ponto de partida para o programa do X-37B.
O primeiro X-37B, OTV-1, foi lançado desde o cabo Canaveral AFB a 22 de Abril de 2010 e levou a cabo com sucesso uma aterragem autónoma na Base Aérea de Vandenberg a 3 de Dezembro de 2010, após permanecer 224 dias, 8 horas e 24 minutos em órbita. A missão OTV-2 teve início a 5 de Março de 2011 e permaneceu em órbita durante 469 dias, mais do que duplicando a duração da primeira missão. A missão OTV-3 foi lançada a 11 de Dezembro de 2012 e teve uma duração de 675 dias.
O X-37B foi construído pela Boeing e tem um comprimento de 8,9 metros, 2,9 metros de altura e uma envergadura de 4,5 metros. No lançamento tem um peso de 4.990 kg. A sua energia é fornecida por painéis solares compostos por células de gálio e arsénio, e por baterias de lítio.
Outras cargas a bordo
Para além do X-37B, a bordo do foguetão Atlas-V/501 seguiam outros sete pequenos satélites: o LightSail-A, o USS Langley, Optical CubeSat-1 (O/C-1), Optical CubeSat-2 (O/C-2), Optical CubeSat-3 (O/C-3), o AeroCube-A (IMPACT-A), o AeroCube-B (IMPACT-B), o BRICSat-P, o PSat-A (ParkinsonSAT-A) e o GEARRSAT-2 (GEARRS-2).
O Projecto LightSail foi desenvolvido pela Planetary Society, que é o maior grupo mundial de promoção da exploração espacial. O projecto é financiado pelos cidadãos e consiste em dois pequenos satélites que transportam grandes velas solares com uma área de 32 m2. A primeira missão, LightSail-A, é um voo de demonstração que irá abrir caminho para a demonstração de uma vela solar em 2016.
As velas solares utilizam a energia do Sol como método de propulsão – de facto é um voo utilizando a luz do Sol. A luz é composta por é composta por pacotes de energia chamados ‘fotões’. Enquanto que os fotos não têm massa, um fotão viajando como um pacote de luz tem energia e momento.
Os veículos espaciais equipados com uma vela solar capturam o momento com grandes superfícies ultra-leves espelhadas e reflectoras – as velas solares. À medida que a luz se reflecte na vela, a maior parte do seu momento é transferido , empurrando a vela. A aceleração resultante é pequena, mas contínua. Ao contrário dos foguetões químicos que fornecem curtos impulsos de força, a força nas velas solares é contínua e pode atingir velocidades elevadas com o passar do tempo.
O LightSail-A é um satélite do tipo CubeSat-3U e tem uma massa de 5 kg. Este tipo de satélites, na maior parte das vezes lançados como cargas secundárias, têm unidades standard com um tamanho de 0,10 metros por aresta que podem ser compostos em conjuntos. No caso da LightSail, será um CubeSat-3U, isto é, composto de três unidades CubeSat.
Uma vez em órbita, os conjuntos solares irão se abrir, revelando o interior do pequeno satélite. Quatro mastros mecânicos abrir-se-ão lentamente a partir da posição de armazenamento, abrindo as velas solares de forma triangular fabricadas em Mylar. Cada vela tem uma espessura de 4,5 microns – um quarto da espessura de um vulgar saco de lixo.
Três bastões de torque electromagnético a bordo da LightSail-A irão interagir com o campo magnético terrestre, orientando assim o pequeno satélite. Laser emitidos a partir do solo irão medir o efeito da luz solar nas velas e à medida que o satélite orbita o nosso planeta, as suas velas brilhantes serão visíveis a partir do solo.
O USS Langley (Unix-Space-Server Langley) é um nanossatélite desenvolvido pela Academia Naval dos Estados Unidos. O satélite tem como missão experimentar o denominado Unix-Space-Server (USS), um servidor da Amateur Experimentation, e continuar as experiências utilizando o repetidor de multi-utilizador PSK-31 que foi anteriormente utilizado no PCSAT2 a bordo da ISS e no satélite RAFT.
O satélite terá uma missão de cerca de 30 dias. É baseado na arquitectura CubeSat, sendo um CubeSat-3U e tendo uma massa de 5 kg. O satélite está equipado com quatro painéis solares que se colocam em posição após a separação. A energia gerada é armazenada em baterias internas.
Os três satélites Optical CubeSat (O/C) são baseados nos modelos CubeSat-3U e foram desenvolvidos pela Cal Poly Picosatellite Project (PolySat). Os satélites têm como missão funcionar como alvos orbitais para calibração de sensores para estudos de detritos orbitais e melhoramentos no seguimento de pequenos objectos em órbita. Os satélites estão equipados com células solares e baterias para o armazenamento interno de energia.
Os satélites o AeroCube-A (IMPACT-A) e AeroCube-B (IMPACT-B) foram desenvolvidos pela Aerospace Corporation, El Segundo – Califórnia, e são baseados nos modelos CubeSat-1.5. O objectivo da missão é o de demonstrar um pequeno sistema de propulsão iónico à escala dos satélites, além de proceder à medição das curvas de infravermelho para as células solares de 4 junções IMM e para as células solares de 5 junções SBT. O satélites têm uma massa de 3 kg e a missão deverá ter uma duração de 3 meses.
O BRICSat-P (Ballistic Reinforced Communication Satellite) é um satélite CubeSat-1.5 que irá fazer a demonstração em órbita de um sistema de propulsão eléctrico Micro-Cathode Arc Thruster (µCAT) além de transportar uma carga de rádio amador. O satélite foi desenvolvido pelo Laboratório de Satélites da Academia Naval dos Estados Unidos. O sistema de propulsão está colocado numa das arestas do satélite e será utilizado para controlar o veículo a +artir do seu movimento errático inicial, demonstrando o controlo rotacional em dois eixos e levar a cabo uma demonstração de alteração de velocidade em final de vida do satélite. O satélite está equipado com células solares e baterias para o armazenamento interno de energia. a sua massa será de cerca de 3 kg.
O satélite PSat-A (ParkinsonSat-A) foi desenvolvido por estudantes do Laboratório de Satélites da Academia Naval dos Estados Unidos e é basicamente um repetidor de comunicação em dias vias que será utilizado para o envio de telemetria de detecção remota, dados experimentais de sensores e dados a partir de experiências remotas, além de outros dados para os responsáveis dessas experiências através de uma rede global de Internet ligada a estações terrestres voluntárias. O satélite é baseado no modelo CubeSat-1.5 e está equipado com quatro painéis solares que se abrem após a separação e com baterias internas para o armazenamento de energia.
Construído pela NearSpace Launch, o GEARRSAT-2 (GEARRS-2 – Globalstar Experiment And Risk Reduction Satellite-2) é um CubeSat-3U que ten por missão investigar se a utilização da rede de satélites de comunicações Globalstar é uma opção fiável para o comando e controlo de pequenos satélites e CubeSats.
O foguetão Atlas-V
A 2 de Maio de 2005 a Boeing Company e a Lockheed Martin Corporation anunciaram a intenção de formar uma empresa conjunta denominada United Launch Alliance (ULA) que juntava assim duas das mais experientes e bem sucedidas companhias que suportaram a presença americana no espaço por 50 anos. Em conjunto os lançadores Atlas (Lockheed Martin) e Delta (Boeing) transportaram mais de 850 cargas para a órbita terrestre e não só, desde satélite meteorológicos, de telecomunicações, veículos militares, satélites científicos e sondas interplanetárias que alargaram o nosso conhecimento do Universo.
A ULA proporciona assim dois veículos capazes de proporcionar um acesso seguro, económico, fiável e eficiente ao espaço para as missões governamentais americanas, continuando assim uma tradição de apoio às iniciativas espaciais estratégicas norte-americanas com soluções de lançamento avançadas e robustas.
A equipa da ULA engloba mais de 3800 funcionários que trabalham em locais espalhados pelos Estados Unidos. A sede da empresa está situada em Denver, Colorado, com a maior parte das actividades de engenharia e administrativas consolidadas nas instalações da Lockheed Martin Space Systems Company. As operações de integração e montagem estão localizadas nas instalações de fabrico e montagem da Boeing em Decatur, Alabama. As estruturas mecânicas do Atlas-V, fabrico da ogiva de protecção, do sistema de adaptação e montagem são levadas a cabo em Harlingen, Texas.
As instalações de lançamento utilizadas pela ULA são o SLC-17 (Plataformas A e B), SLC-37 (foguetões Delta-2 e Delta-4, respectivamente) e o SLC-41 (Atlas) no Cabo Canaveral, e SLC-2W (Delta-2), SLC-6 (Delta-4) e o SLC-3E (Atlas-V) na Base Aérea de Vandenberg.
O míssil balístico Atlas teve a sua origem requisição feita pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em Outubro de 1945, que conduziu ao desenvolvimento durante a década de 50 dos mísseis Atlas, Navaho, Snark, Matador e Mace. Em 10 de Janeiro de 1946 foram submetidas duas propostas para a construção de mísseis com um alcance de 11.100 km, sendo uma das proposta a de um míssil alado e propulsionado a jacto e a outra proposta e de um míssil supersónico, de trajectória balística e propulsionado por foguetão. A proposta do míssil balístico incluía o aparecimento de novas tecnologias, tal como o desenho de uma estrutura de peso reduzido através do uso de tanques de combustível de parede única e incluídos numa única estrutura monocoque que seria mantida rígida através da pressão interna. A performance deste míssil era quase do tipo “single-stage-to-orbit” ao se dar a separação dos motores de ignição inicial durante a ascensão.
A 19 de Abril de 1946 a Consolidated Vultee Aircraft Corporation (Convair) foi incumbida de construir e testar dez mísseis MX-774 Hiroc de forma a verificar e validar as propostas do novo míssil. Os testes do MX-774 iniciaram-se em San Diego em 1947, mas em Junho desse ano a Convair, empresa que propusera as duas propostas iniciais à USAF era informada que havia perdido o concurso para o novo míssil, sendo os contratos atribuídos às empresas Northrop e Martin que deveriam desenvolver a tecnologia dos mísseis alados e sub-sónicos.
Os cortes no orçamento para a defesa dos Estados Unidos forçaram a USAF a terminar o contrato com a Convair em Julho de 1947, e isto a apenas três meses da data prevista para o primeiro voo. Porém, os fundos ainda disponíveis permitiram a realização de três testes do MX-774 no White Sands Proving Ground entre Julho e Dezembro de 1947. Posteriormente, a Convair prosseguiu estudos auto-financiados do projecto.
Porém, o início da Guerra da Coreia e o surgimento da Guerra Fria fizeram com que se desse um aumento nos fundos para a defesa e a Convair recebeu um novo contrato em Setembro de 1951 para desenvolver o MX-1593, por forma a iniciar o desenho de um míssil balístico incorporando as características já validadas pelo MX-774. Em 1953 a General Dynamics, uma nova divisão da Convair, apresenta à USAF um programa acelerado de desenvolvimento do novo míssil. O anúncio público do desenvolvimento do Atlas só surge a 16 de Dezembro de 1954.
Nos primeiros anos da década de 50 um problema que atrasava o desenvolvimento da tecnologia era a baixa fiabilidade dos motores de combustível líquido. Este problema conduziu posteriormente ao conceito de «um estágio e meio» no qual todos os motores entram em ignição antes da decolagem e os motores principais são separados numa determinada fase do voo, sendo este mantido por motores de sustentação. Este método permitia a verificação do bom funcionamento de todos os motores antes do veículo deixar a plataforma de lançamento.
A ordem para o desenvolvimento em grande escala do Atlas surge em Janeiro de 1955, sendo designado WS107A-L (Weapons System 107A-L). Na Convair o projecto era designado Modelo-7, curiosamente o mesmo número que, na União Soviética, Korolev dava ao seu míssil. Em Setembro de 1955 o projecto de desenvolvimento do Atlas recebe a classificação de prioridade nacional quando os relatórios dos serviços secretos indicam que a União Soviética está adiantada no desenvolvimento da tecnologia dos mísseis balísticos intercontinentais. O projecto torna-se num dos programas mais complexos de desenvolvimento, produção e teste jamais levados a cabo nos Estados Unidos e em certa parte comparável ao Projecto Manhatan.
O primeiro teste do sistema de propulsão tem lugar a 21 Junho de 1956 na Base Aérea de Edwards e resulta num fracasso. Um novo teste realizado no dia seguinte, no qual o motor teve uma ignição de 4s, é coroado de sucesso. Os primeiros veículos de teste são terminados no final desse ano. O primeiro voo do Atlas-A (Atlas-A 4A) tem lugar a 11 de Junho de 1957 e o veículo é destruído devido a uma falha no sistema de abastecimento de combustível. Um segundo teste (Atlas-A 6A) tem lugar a 25 de Setembro de 1957 e o veículo é novamente destruído, desta vez aos três minutos de voo devido novamente a uma falha no sistema de abastecimento de combustível. O primeiro voo com sucesso do Atlas-A (Atlas-A 12A) ocorre a 17 de Dezembro de 1957 com o míssil a atingir o alvo localizado a 965 km.
O primeiro míssil operacional, o Atlas-D, constituiu a base do lançador das cápsulas tripuladas do Programa Mercury. Utilizando os estágios superiores Agena e Centaur, o Atlas tornou-se no lançador médio por excelência dos Estados Unidos sendo utilizado para lançar veículos para a órbita geossíncrona e sondas planetárias.
A família de lançadores Atlas-V oferece diferentes versões do mesmo veículo que podem ser utilizadas para colocar em órbita todo o tipo de cargas. O Atlas-V foi desenvolvido de forma a satisfazer as necessidades da USAF ao abrigo do programa EELV (Evolved Expendable Lauch Vehicle) e da demanda internacional por parte da ILS (International Launch Services) para satisfazer os seus clientes comerciais e governamentais.
Tendo como base o denominado CCB (Common Core Booster), o Atlas-V divide-se em duas versões: o Atlas-V 400 e o Atlas-V 500. Estas versões podem ser facilmente distinguidas pela utilização da ogiva normal utilizada em anteriores Atlas e este será a versão 400. Por seu lado a versão 500 utiliza uma ogiva muito maior e com um diâmetro de 5,0 metros, sendo baseada na ogiva utilizada pelo lançador europeu Ariane-5. A versão Atlas-V 500 pode ainda incorporar até cinco propulsores laterais de combustível sólido, aumentado assim a sua capacidade de carga útil.
Tanto a versão 400 como a versão 500 utilizam como segundo estágio uma versão alongada do estágio Centaur (CIII). O CIII pode ser utilizado com somente um motor (Single-Engine Centaur) ou então com dois motores (Dual- Engine Centaur).
O Atlas-V pode ser lançado a partir do SLC-41 (Space Launch Complex-41) do Cape Canaveral Air Force Station ou então do SLC-3W (Space Launch Complex-3W) da Vandenberg Air Force Base.
De forma geral o Atlas-V é um lançador a dois estágios podendo ser auxiliado por um máximo de cinco propulsores sólidos acoplados ao primeiro estágio. Pode colocar 12.500 kg numa órbita terrestre baixa a 185 km de altitude ou então 5000 kg numa órbita de transferência para a órbita geossíncrona. Durante o lançamento é capaz de desenvolver 875.000 kgf, tendo um peso de 546.700 kg. O seu comprimento total é de 58,3 metros e o seu diâmetro base atinge os 5,4 metros.
O primeiro estágio do Atlas-V, o CCB, tem um comprimento de 32,5 metros e um diâmetro de 3,8 metros, tendo um peso bruto de 306.914 kg e um peso sem combustível de 22.461 kg. No lançamento desenvolve uma força de 423.286 kgf, tendo um Ies de 338 s e um Ies-nm de 311 s, o seu Tq é de 253 s. O CCB está equipado com um motor RD-180 de fabrico russo que consome oxigénio líquido (LOX) e querosene. O RD-180 tem duas câmaras de combustão, tendo um comprimento de 3,6 metros e um diâmetro de 3,0 metros, tendo um peso de 5.393 kg. No lançamento desenvolve uma força de 423.050 kgf, tendo um Ies de 338 s e um Ies-nm de 311 s, o seu Tq é de 150 s.
O RD-180 é o único motor que tem a capacidade de aumentar e diminuir a sua potência durante o voo e que é utilizado em lançadores americanos (não tendo em conta o SSME utilizado nos vaivéns espaciais). Durante o primeiro voo do Atlas-3 (no qual o RD-180 também foi utilizado), o motor utilizou somente 74% do máximo de 423.286 kgf que pode desenvolver na fase inicial do lançamento e nos três minutos seguintes aumentou a potência até 92% do total, voltou a diminuir para 65% e a aumentar para 87%. Assim, a capacidade de aumentar e diminuir a potência do motor significa uma viagem mais suave tanto para o foguetão como para a carga que transporta, permitindo também uma utilização mais eficiente do combustível. O RD-150 foi certificado para a utilização no Atlas-V através de uma série intensiva de testes levados a cabo pela NPO Energomash, Khimky, e sob a direcção da Lockheed Martin.
Podendo usar até cinco propulsores laterais de combustível sólido, pesando cada um 40.824 kg e tendo um comprimento de 17,7 metros e um diâmetro de 1,6 metros. Desenvolvidos pela Aerojet, cada propulsor desenvolve no lançamento uma força de 130.000 lgf, tendo um Ies de 275 s e um Ies-nm de 245 s e um Tq de 94 s.
O segundo estágio do Atlas-V, Centaur V1, tem um comprimento de 12,7 metros e um diâmetro de 3,1 metros, tendo um peso bruto de 22825 kg e um peso sem combustível de 2.026 kg. Desenvolve uma força de 10.115 kgf, tendo um Ies de 451 s e um Tq de 894 s. O Centaur V1 está originalmente equipado com um motor RL-10C-1 fabricado pela Aerojet Rocketdyne, consumindo LOX e LH2. O RL-10A-4-2 tem uma câmara de combustão, tendo um peso de 167 kg. No lançamento desenvolve uma força de 10.110 lgf, tendo um Ies de 451 s e um Tq de 740 s.
O motor RL-10C-1 vem substituir a variante RL10A-4 no estágio Centaur e que foi utilizado nos lançadores Atlas durante mais de 20 anos.
A designação que é dada a cada versão do lançador é composta por uma numeração em três dígitos. O primeiro dígito indica o diâmetro da ogiva utilizada pelo lançador (em metros). Assim, por exemplo quando temo um veículo Atlas-V/400, significa que estamos na presença de uma ogiva com 4 metros de diâmetro. O segundo dígito indica o número de propulsores sólidos utilizados no lançador e pode variar entre 0 (zero) e 5 (de salientar que a versão Atlas-V/400 não usa propulsores laterais de combustível sólido e por isso só veremos este número na versão Atlas-V/500). Finalmente, o terceiro dígito indica o número de motores presentes no estágio Centaur e que pode variar entre 1 ou 2 motores.
A construção do SLC-41 foi iniciada em Abril de 1965 e terminada nesse mesmo ano. Foram necessários mais de 6,5 milhões de metros cúbicos de terra provenientes do Rio Banana, para se fazerem as fundações do complexo, composto por uma torre de serviço móvel MST (Mobile Service Tower) e por uma torre umbilical UT (Umbilical Tower) que faziam parte das instalações de lançamento dos foguetões Titan. A MST tinha uma altura de 80,7 metros e pesava mais de 2.268 t. Por seu lado a UT atingia os 53,3 metros de altura e pesava 907,2 t.
A USAF aceitou o complexo a 12 de Dezembro de 1965 e utilizou-o pela primeira vez no dia 21 de Dezembro de 1965 para lançar um foguetão Titan-IIIC . Nos anos seguintes o complexo e a plataforma foram utilizados como ponto de partida para várias missões históricas como a Voyager-1, Voyager-2, Viking-1 e a Mars Pathfinder.
Em 1986 o complexo sofreu uma renovação para albergar o lançamento dos foguetões Titan-IV. O primeiro lançamento desta nova versão do Titan deu-se a 14 de Junho de 1989 e o último a 9 de Abril de 1999 .
De forma a compreender a natureza do SLC-41 ajudará visualizando o tamanho do foguetão Titan-IV. Atingindo mais de 34 metros de altura, 10 metros de diâmetro, pesando mais de 861,8 t e gerando mais de 635 t de força no lançamento, o Titan-IV equipado com um estágio superior Centaur era capaz de colocar uma carga de 5,4 t numa órbita geossíncrona. Cargas ainda mais pesadas poderiam ser colocadas em órbitas mais baixas ou em órbitas polares.
A evolução da tecnologia levou a que o Titan-IV fosse considerado obsoleto, tendo a USAF contratado a Lockheed Martin para desenvolver um novo sistema de lançamento que é agora o Atlas-V. Os engenheiros da Lockheed foram encarregues de desenvolver não só o novo lançador, mas também as instalações de lançamento do novo veículo. Assim, o SLC-41 teve de sofrer uma transformação para albergar o seu novo vector de lançamento. A primeira fase da transformação do complexo passou pela remoção das velhas torres para que as novas torres pudessem ser construídas. A empresa Olshan Demolishing Management foi contratada par desmantelar e demolir o velho complexo. O plano inicial previa que as torres fossem desmontadas peça por peça, porém devido ao facto que o calendário dos trabalhos foi progressivamente atrasado devido às investigações relacionadas com acidentes com o Titan-IV, a Olshan optou por contratar a empresa Dykon, Inc., para demolir as torres utilizando explosivos. Nesta fase colocava-se o receio das explosões danificarem de qualquer de uma maneira ou de outra o Complexo de Lançamento 39 utilizado pelos vaivéns espaciais, pois estas estruturas localizam-se muito perto do SLC-41.
Depois de serem asseguradas todas as medidas de segurança, a USAF deu luz verde para a demolição das torres que veio a acontecer a 14 de Outubro de 1999. Depois das torres serem abatidas, a Olshan iniciou um processo de reciclagem. Durou mais de oito semanas para cortar a torre em pedaços que pudessem ser manejáveis e posteriormente transportados para um edifício situado em Port Canaveral, onde foram recicladas.
Actualmente o SLC-41 é um dos mais sofisticados existentes no planeta e representa a maior alteração na filosofia da indústria de foguetões dos Estados Unidos nos últimos anos. O SLC-41 foi transformado na primeira “clean pad” a ser utilizada pelos americanos. Este conceito passa por montar o foguetão num edifício de montagem em vez de se montar o lançador por estágios na própria plataforma de lançamento como se fazia desde os primórdios do programa espacial americano. Sendo montado no edifício de montagem, o lançador é posteriormente transportado para a plataforma de lançamento algumas horas antes da ignição. A “clean pad” significa também que a utilização de grandes torres de serviço na plataforma de lançamento deixam de ser necessárias. Da mesma forma, o espaço de tempo gasto na preparação dos lançadores fica mais reduzido e deixam de existir problemas relacionados com as convencionais plataformas de lançamento que podem atrasar o início de uma missão por vários meses.
O centro nevrálgico do SLC-41 é o denominado Atlas-V Spaceflight Operations Center (ASOC), combinando num só lugar o que anteriormente estava espalhado por diversos locais. O edifício onde está localizado o ASOC era anteriormente utilizado para processar os propulsores laterais de combustível sólido utilizados pelo Titan-IV, sendo completamente reformulado e expandido pela Lockheed. Situado a 6,6 km da plataforma de lançamento, é neste edifício multiusos para onde o estágio Atlas-V e o estágio superior Centaur são transportados logo após a chagada ao Cabo Canaveral e vindos das oficinas em Denver, Colorado. Aí, os técnicos da Lockheed podem realizar vários testes nos estágios e depois armazená-los temporariamente até ser altura de serem transportados para o edifício de montagem para serem preparados para o lançamento. No interior do ASOC também está situado o centro de controlo de lançamento que alberga os técnicos oficiais da missão, as equipas de engenheiros da Lockheed, clientes e os técnicos que controlam a contagem decrescente.
O centro de controlo possui doze consolas de controlo no primeiro andar destinadas à equipa que dirige o lançamento. Entre estas consolas encontra-se a posição do Director de Lançamento, do Assistente do Director do Lançamento, as posições de controlo e monitorização dos propolentes do Atlas e do Centaur, a posição do controlo de voo e de sistemas eléctricos do lançador, a posição de controlo do software no solo, a posição de controlo das instalações eléctricas, posição de controlo ambiental, de segurança e do monitor que controla os limites de emergência que podem ser atingidos. Ainda no primeiro andar do edifício existem duas salas, situadas à direita da equipa que controla o lançamento, onde está localizada a rede de informática do computador principal e uma estação de controlo operacional por satélite.
No segundo andar do edifício existem três salas que albergam a equipa de engenheiros responsáveis pelo lançador, a equipa que controla a carga transportada e a equipa principal de directores do lançamento. É nesta sala que se toma a decisão final de lançar ou não lançar o Atlas-V. Ainda neste piso existem duas salas com lugares sentados e pontos de observação para engenheiros e clientes observarem o decorrer da contagem decrescente e do lançamento.
A parede frontal da sala do centro de controlo está equipada com vários relógios, mostradores da contagem regressiva, emblemas e um ecrã de vídeo que mostra várias imagens da plataforma de lançamento recolhidas de diferentes ângulos, além de vários gráficos de diferentes dados.
Sendo controlados a partir do ASOC, o Atlas-V é montado no interior do VIF (Vertical Integration Facility). Este edifício, que começou a ser construído em Janeiro de 1999, tem uma altura máxima de 90 metros e está localizado a 550 metros da plataforma de lançamento. No seu interior está situado um guindaste de 60 t com uma capacidade de levantar os diferentes segmentos do Atlas-V e colocá-los na plataforma móvel de lançamento. Após a verificação dos diferentes estágios no ASOC, estes são transportados na horizontal para o VIF. O CCB segue em primeiro lugar, seguido pela secção cilíndrica que compõe o inter-estágio e do estágio Centaur. A última peça deste lego é a secção “boat-tail”. As missões futuras serão também aqui colocados os propulsores laterais de combustível sólido.
Após a montagem, o lançador passa por mais uma série de testes antes da carga a transportar ser entregue no VIF para montagem. O satélite é processado e abastecido do seu combustível de manobra num local separado do VIF e que tanto pode ser as instalações comerciais da Astrotech localizadas em Titusville, a 35 km de distância, ou então num edifício governamental caso se tratem de cargas militares ou da NASA. Após o processamento o satélite é colocado no interior de um contentor de segurança e protecção antes de deixar o e edifício de processamento e de iniciar a sua viagem até ao SLC-41. No SLC-41 é levantado até ao nível superior do estágio Centaur e colocado no seu topo. Segue-se um teste IST (Integration Systems Test) entre o foguetão lançador e a sua carga para confirmar uma boa ligação entre os dois e que ambos estão prontos para o lançamento. Segue-se o transporte até à plataforma de lançamento.
O VIF foi construído de forma a suportar ventos de furacão até uma velocidade de 225 km/h. Possui várias plataformas móveis que possibilitam o acesso às diferentes zonas do foguetão e está equipado com uma porta reforçada com uma largura de 12,5 metros e uma altura de 84 metros que se recolhe na vertical, permitindo o transporte dos vários estágios do Atlas-V para o interior do edifício e a posterior saída do lançador para a plataforma de lançamento. Na construção do VIF foram utilizados 200 camiões de cimento (que equivaleram a 1.376 m3 de cimento) para a construção das suas fundações e 3.250 t de aço para a construção das suas paredes.
Dados Estatísticos e próximos lançamentos
– Lançamento orbital: 5453
– Lançamento orbital com sucesso: 5013
– Lançamento orbital EUA: 1586
– Lançamento orbital EUA com sucesso: 1457
– Lançamento orbital desde Cabo Canaveral AFS: 706
– Lançamento orbital desde Cabo Canaveral AFS com sucesso: 650
– Lançamento orbital desde Cabo Canaveral AFS em 2015: 9
Ao se referir a ‘lançamentos com sucesso’ significa um lançamento no qual algo atingiu a órbita terrestre, o que por si só pode não implicar o sucesso do lançamento ou da missão em causa (como foi o caso do recente lançamento do Progress M-27M).
A seguinte tabela mostra os totais de lançamentos executados este ano em relação aos previstos para cada polígono à data deste lançamento (os valores referentes ao lançamentos por parte da China não são precisos).
Dos lançamentos bem sucedidos levados a cabo: 30,8% foram realizados pela Rússia; 38,5% pelos Estados Unidos (incluindo ULA, SpaceX e Orbital SC); 3,8% pela China; 11,5% pela Arianespace; 7,7% pelo Japão, 3,8% pela Índia e 3,8% pelo Irão.
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
27 Maio (2116:00) – Ariane-5ECA (L578?/VA223) – CSG Kourou, ELA3 – DirecTV-15; SKY MEXICO-1
5 Junho (????:??) – 14A14-1B Soyuz-2-1B (156) – GIK-1 Plesetsk, LC43/4 – Persona n.º 3
22 Junho (0151:58) – Vega (VV05) – CSG Kourou, ZLV – Sentinel-2A
25 Junho (????:??) – PSLV-C28 (PSLV-XL); Satish Dawan SHAR Ilha de Sriharikota, FLP – DMC-3A; DMC-3B; DMC-3C; SkySat (x3); MicroSat
26 Junho (????:??) – Falcon-9 v1.1R – Cabo Canaveral AFS, SLC-40 – Dragon SpX-7 (CRS7); IDA; AggieSat-4; Bevo-2