A China realizou o lançamento de um novo satélite de detecção remota equipado com um radar SAR de banda-C que lhe permite realizar observações em quaisquer condições meteorológicas. O novo satélite irá operar em conjunto com os dois satélites Gaofen-3 lançados anteriormente.
O lançamento do Gaofen-3 (03) ‘高分三号03星’ teve lugar às 2347UTC do dia 7 de Abril de 2022 e foi levado a cabo pelo foguetão Chang Zheng-4C (Y38) a partir do Complexo de Lançamento LC43/94 do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, Mongólia Interior.
Desenvolvido pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial, os satélites Gaofen-3 são baseados na plataforma CS-L3000B, tendo uma massa de 2.950 kg no lançamento e estão equipados com um radar SAR de banda-C multi-polarizado com uma resolução de 1 metro. Os satélites têm uma vida operacional de oito anos e são principalmente utilizados pela Administração Oceânica Estatal da China.
O radar a bordo tem uma resolução máxima de 1 metro e obtém imagens com uma largura de 650 km, tendo vinte modos de imagems. Pode monitorizar alvos oceânicos em movimento e medir campos de fluxo oceânicos em alta resolução. Quando a constelação estiver operacional terá um período de revisitação de 12 horas e um período médio de 4,8 horas.
O desenvolvimento dos Gaofen-3 foi iniciado em Dezembro de 2010, com o desenvolvimento ao nível de engenharia a ter início em Setembro de 2013.
O primeiro Gaofen-3 foi lançado a 9 de Agosto de 2016, enquanto o Gaofen-3 02 foi lançado a 22 de Novembro de 2021.
Gaofen em Mandarim significa ‘Alta resolução’.
Em Maio de 2010, a China iniciou oficialmente o desenvolvimento do China High-Resolution Earth Observation System (CHEOS), que foi estabelecido como um dos maiores projectos científicos e tecnológicos. O Earth Observation System and Data Center of China National Space Administration (EOSDC-CNSA) é responsável pela organização do CHEOS.
Em Março de 2010 é estabelecido o Earth Observation System and Data Center que é principalmente responsável pela organização e implementação, bem como da gestão do CHEOS. É também responsável pela aplicação de serviços de observação da Terra, desenvolvimento comercial, consultoria tecnológica e cooperação internacional na área.
Ao seguir um arranjo de observação integral a partir do espaço, do ar e do solo, o CHEOS desenvolve um sistema espacial, um sistema quase espacial, um sistema aéreo, um sistema no solo e um sistema de aplicação como um todo para assim materializar a observação da Terra em altas resoluções temporais, espaciais e espectrais. Assim, são cumpridas as demandas estratégicas do desenvolvimento económico nacional da China e do seu progresso social.
O plano inicial previa o lançamento de cinco satélites. O Gaofen-1 foi baseado na plataforma CAST2000 e está configurado para a obtenção de imagens com uma resolução pancromática de 2 metros e uma resolução multi-espectral de 8 metros, tendo também uma câmara de resolução médio multi-espectral de 16 metros. O satélite permite a integração de imagens com uma resolução espacial média e elevada, com uma grande área de varrimento. O seu tempo de vida é de cinco anos, tendo sido colocado em órbita a 26 de Abril de 2013.
O satélite Gaofen-2 é baseado na plataforma CS-L3000A e está equipado com uma câmara com uma resolução pancromática de 1 metro e uma resolução multi-espectral de 4 metros. O seu tempo de vida útil é de cinco anos e foi colocado em órbita a 19 de Agosto de 2014.
O Gaofen-3 é baseado na plataforma CS-L3000B e está equipado com um radar SAR multi-polarizado em banda-C com uma resolução inferior a 1 metro. O seu tempo de vida útil é de 8 anos e foi colocado em órbita a 9 de Agosto de 2016, tal como o satélite GF-5 Gaofen-5 que é baseado na plataforma SAST5000B. Este satélite está configurado com cinco cargas de observação, incluindo uma câmara de luz visível e de onda custa hiper-espectral, um sistema de observação espectral, um detector de gases causadores do efeito de estufa, um detector infravermelho de ambiente atmosférico com uma resolução espectral muito elevada, um espectrómetro de absorção diferencial para a detecção de gases atmosféricos e um detector polarizador de multi-ângulo.
O Gaofen-4 foi o primeiro satélite chinês de detecção remota a ser colocado na órbita geoestacionária e está equipado com um sistema de observação óptica e infravermelho com um sistema óptico comum. O satélite está estacionário a 105,6.º longitude Oeste. A resolução óptica é superior a 50 metros, enquanto a resolução em infravermelho é superior a 400 metros. O GF-4 pode fornecer imagens com uma área de 7.000 km × 7.000 km com imagens detalhadas com uma área de 400 km x 400 km, e uma capacidade para alta resolução temporal de detecção remota ao nível do minuto. No lançamento, o satélite tinha uma massa de 4.600 kg e deverá estar operacional durante 8 anos. O satélite combina a capacidade de uma resolução temporal extremamente elevada com uma alta resolução espacial, características óptimas que têm várias aplicações tais como monitorização de desastres, observação meteorológica, agricultura, segurança nacional, etc. O seu lançamento teve lugar a 28 de Dezembro de 2015.
Para além destes satélites, a China lançou outros dois satélites na série Gaofen. O satélite GF-8 Gaofen-8 foi colocado em órbita a 26 de Junho de 2015, enquanto que o GF-9 Gaofen-9 foi colocado em órbita a 14 de Setembro de 2015. O GF-8 foi desenvolvido pela China Aerospace Science and Technology Corporation (CASC) e faz parte do um programa civil cujo objectivo é facilitar a observação do clima, proporcionar uma melhor resposta a desastres naturais e humanos, facilitar a precisão no mapeamento de agricultura, planeamento urbano e desenho de redes. O GF-9 é possivelmente uma versão civil do satélite Yaogan Weixing-2 (Jianbing-6), proporcionando imagens com uma resolução óptica inferior a 1 metro que serão utilizadas para o planeamento urbano, desenho de vias de comunicação, determinação do uso de terras, etc.
Três novos satélites da série Gaofen-1 foram lançados a 31 de Março de 2018.
O lançamento do satélite GF-10 Gaofen-10 não foi bem sucedido a 31 de Agosto de 2016.
O satélite Gaofen-6 foi lançado a 2 de Junho de 2018 . O satélite Gaofen-10, um novo satélite que recebeu a mesma designação do veículo perdido a 31 de Agosto de 2016, foi lançado a 4 de Outubro de 2019. O satélite Gaofen-7 foi lançado a 3 de Novembro de 2019, seguindo-se o satélite Gaofen-9 (02) lançado a 31 de Maio de 2020, o Gaofen-9 (03) a 17 de Junho de 2020, o Gaofen Duomo a 3 de Julho de 2020, o Gaofen-9 (04) a 6 de Agosto de 2020 e o Gaofen-9 (05) a 23 de Agosto de 2020. Seguiram-se o Gaofen-11 (02) a 7 de Setembro de 2020, o Gaofen-13 a 11 de Outubro de 2020 e o Gaofen-14 a 6 de Dezembro de 2020.
A 30 de Março de 2021 dá-se o lançamento do satélite Gaofen-12 (02).
[🔴China’s 9th launch in 2022] At UTC 23:47 April 6, Gaofen(高分/HighRes)-3-03 1m-C-SAR-02 remote sensing satellite was successfully launched by #CZ4C-Y38 rocket at Jiuquan Launch Center, Inner Mongolia. This is the 414th launch of Long March family. HD: https://t.co/gWfebOW8ws pic.twitter.com/pJtn8Z6ywU
— CNSA Watcher (@CNSAWatcher) April 7, 2022
O foguetão Chang Zheng-4C
O desenvolvimento do foguetão Chang Zheng-4C (Longa Marcha-4C) de três estágios tem como base o foguetão Chang Zheng-4B e surge pela necessidade de se desenvolver um lançador cujo estágio superior tivesse a capacidade de múltiplas ignições em órbita com o motor YF-40A. Para além desta capacidade, o CZ-4C possui anéis estruturais na base do primeiro e do segundo estágio, uma cobertura climatérica na secção inter-estágio (ejectada no lançamento) e uma carenagem de maiores dimensões (que foi pela primeira vez introduzida com o CZ-4B).
Outras características incluem um sistema de gestão de propelente no terceiro estágio, um sistema de controlo de lançamento automatizado e controlado de forma remota, novos procedimentos no teste dos sistemas do lançador, transmissão de dados e de telemetria melhorada, e um novo sistema de fornecimento de energia, para além de um novo computador de voo com uma melhor desempenho de cálculo e um sistema de fornecimento de energia menor, porém mais eficaz, e um novo sistema de orientação com obtenção de dados de GPS. Assim, todas estas características permitem que o CZ-4C Chang Zheng-4C consiga colocar em órbita cargas de maiores dimensões e com uma maior precisão em relação ao CZ-4B Chang Zheng-4B.
O lançador adopta também um novo procedimento de verificação e em vez de ser testado numa posição horizontal antes de ser erigido na plataforma de lançamento, o veículo pode ser montado e testado na plataforma em simultâneo, reduzindo num terço assim o tempo de preparação para o lançamento.
O CZ-4C consegue colocar uma carga de 4.200 kg numa órbita terrestre baixa, 2.800 kg numa órbita sincronizada com o Sol a 900 km de altitude ou 1.900 kg numa órbita de transferência para a órbita geossíncrona.
No lançamento desenvolve uma força de 2.960.000 kN e a sua massa total é de cerca de 250.000 kg. Tem um comprimento total de 48,50 metros e um diâmetro de 3,35 metros.
O CZ-4C é desenvolvido pela Academia de Tecnologia de Voo Espacial de Xangai (Shanghai Academy of Spaceflight Technology – SAST) subordinada ao CASC, sendo referida como ‘Oitava Academia do CASC’. Foi criada em Agosto de 1961 como o Segundo Serviço de Indústria Electromagnética de Xangai, sendo em 1993 renomeado Academia de Tecnologia de Voo Espacial de Xangai in 1993.
Lançamento | Veículo | Data | Hora (UTC) | Local Lançamento | Carga |
2021-026 | Y36 | 30/Mar/21 | 22:45 | Jiuquan, LC43/94 | Gaofen-12 (02) |
2021-037 | Y34 | 30/Abr/21 | 07:27 | Jiuquan, LC43/94 | Yaogan Weixing-34 |
2021-062 | Y43 | 04/Jul/21 | 23:28 | Jiuquan, LC43/94 | Fengyun-3E |
2021-079 | Y40 | 07/Set/21 | 03:01 | Taiyuan, LC9 | Gaofen-5 (02) |
2021-109 | Y37 | 22/Nov/21 | 23:45 | Jiuquan, LC43/94 | Gaofen-3 (02) |
2021-131 | Y39 | 26/Dez/21 | 03:11:31 | Taiyuan, LC9 | Ziyuan-1 2E
Xiwang-3 (CAS-9) |
2022-007 | Y29 | 25/Jan/22 | 23:44 | Jiuquan, LC43/94 | Ludi Tance-1 01A |
2022-018 | Y30 | 26/Fev/22 | 23:44 | Jiuquan, LC43/94 | Ludi Tance-1 01B |
2022-027 | Y47 | 17/Mar/22 | 07:09 | Jiuquan, LC43/94 | Yaogan Weiximg-34-02 |
2022-035 | Y38 | 06/Abr/22 | 23:47 | Jiuquan, LC43/94 | Gaofen-3 (03) |
O Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan
Criado em 1960, no alvorecer da Era Espacial, o Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan (酒泉卫星发射中心 – Jiǔquán Wèixīng Fāshè Zhōngxīn) está localizado no noroeste da China, a cerca de 150 km a Sul da fronteira entre a China e a Mongólia.
O centro foi construído para apoiar o teste de mísseis balísticos da China e em Abril de 1970, um míssil balístico de alcance intermediário modificado lançado a partir de Jiuquan colocou em órbita o primeiro satélite artificial da China, o Dongfanghong-1. Desde então, Jiuquan tem sido usado para lançamentos orbitais da China para a órbita terrestre baixa, principalmente para satélites de observação da Terra e de reconhecimento militar.
O centro consiste numa série de plataformas de lançamento na Mongólia Interior e várias zonas de impacto alvo nas províncias vizinhas de Gansu e Xinjiang, cobrindo uma área total de 2.800 km2. A área de lançamentos, localizada no Condado de Ejin-Banner, parte da Liga de Alashan da Região Autónoma da Mongólia Interior, inclui uma base residencial principal (Zona 10), vários complexos de lançamento, áreas técnicas e instalações de instrumentação espalhadas por de 50 km ao longo do rio Ruoshui, na borda ocidental do deserto de Badain Jaran. A região tem um clima tipicamente interior, principalmente seco e ensolarado, mas frio no Inverno, com uma temperatura média anual de 8,7 ° C. Existem cerca de 260 a 300 dias por ano adequados para actividades de lançamento espacial.
Durante a Guerra Fria, a Base 20 foi identificada pelos serviços secretos Ocidentais como o “Centro Espacial e de Testes de Mísseis Shuang Cheng Tzu”. Nos anos 80, o centro foi parcialmente desclassificado e abriu sua porta para visitantes estrangeiros. Como resultado, tornou-se oficialmente conhecido como o Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, em homenagem a uma pequena cidade a 200 km de distância, na vizinha Província de Gansu. Isto, e tal como aconteceu com Baikonur, causou alguma confusão, já que o centro de lançamento não está realmente situado dentro da jurisdição da cidade de Jiuquan. É possível que esse engano tenha sido uma tentativa deliberada de disfarçar sua verdadeira localização. O centro continua a ser uma instalação militar, conhecida como a 20.ª Base de Testes e Treino na sua designação militar.
O centro de lançamento operou um único local de lançamento conhecido como “Complexo de Lançamento 3” até 1966, quando o novo “Complexo de Lançamento 2” (Zona de Lançamentos Norte) ficou operacional. O local de lançamento tornou-se o principal centro de lançamento de mísseis e espaciais da China desde o início dos anos 70, tendo levado a cabo uma série de testes de mísseis balísticos intercontinentais e actividades de lançamento de satélites. Este local de lançamento foi desactivado em 1996 após 30 anos de serviço e três anos depois, um novo local de lançamento (Zona de Lançamentos Sul) foi comissionado em 1999 para apoiar os lançamentos dos veículos tripulados Shenzhou. Uma segunda plataforma de lançamento para missões de lançamento de satélites não tripulados foi adicionada em 2003. Mais instalações de lançamento para lançadores de combustível sólido foram adicionadas por volta de 2012.
O Complexo de Lançamento 3 (三号 发射 阵地) foi a primeira instalação de lançamento permanente em Jiuquan. O complexo de lançamento consistia em duas plataformas de lançamento de betão armado, com uma escala no solo para medir a quantidade de propulsor adicionado ao míssil. Não havia torre umbilical nas plataformas de lançamento. Os mísseis eram transportados para a sua posição de lançamento em veículos rebocados por camiões, que também servia como suporte de lançamento. O complexo de lançamento tornou-se operacional em 1960 para apoiar o teste de mísseis balísticos de curto e médio alcance, e foi desactivado no final dos anos 1960.
A Zona de Lançamentos Norte, também conhecida como Complexo de Lançamento 2 (二号发射 阵地), foi construída na década de 1960 para apoiar o teste de mísseis balísticos de alcance intermédio a intercontinental e lançamento de satélites. O complexo de lançamento consistia em duas plataformas de lançamento (“5020” e “138”), uma torre de serviço móvel e uma sala de controlo subterrânea. O processamento de veículos e a sua verificação eram levados a cabo na área técnica norte (Zona 7) localizada a 22 quilómetros a Sul do complexo de lançamento. O local de lançamento foi desactivado em 1996 e desde então tornou-se uma atracção turística.
A Plataforma de Lançamento 5020 (também designada LC2A) foi activada em Dezembro de 1966 para ser utilizada pelo míssil balístico de alcance intermédio DF-4 Dongfeng-4 e pelo foguetão CZ-1 Chang Zheng-1. A plataforma tem uma torre umbilical fixa com seis pares de braços oscilantes, que serviram como plataformas operacionais para permitir o acesso ao veículo lançador, e também forneciam energia, gases e propelentes para o veículo e para a carga útil. Os braços oscilantes eram recolhidos segundos antes do lançamento. O lançador era montado numa mesa de lançamento de aço, abaixo da qual existia buraco de terra arredondado que levava ao deflector de chamas de cimento armado. Durante o lançamento, a exaustão dos gases do veículo de lançamento era conduzida para o deflector que se encontrava cheio de água e era direccionada para longe do veículo para o ar livre. O primeiro lançamento desta plataforma foi realizado a 26 de Dezembro de 1966 e o último lançamento em 21 de Maio de 1980.
A Plataforma de Lançamento 138 (LC2B) foi adicionada ao Complexo e Lançamento 2 em 1970 para suportar os veículos de lançamento mais pesados DF-5 Dongfang-5, CZ-2C Chang Zheng-2C e CZ-2D Chang Zheng-2. A torre umbilical tinha 45 metros de altura e 7,8 metros de largura. A torre era equipada com um elevador com capacidade de carga de 1 tonelada e possuía 5 andares de plataformas rotativas, além de 2 andares de plataformas móveis que permitiam o acesso ao lançador. Estava equipada com um sistema de verificação do lançador semiautomático e um sistema de abastecimento de propelente totalmente automatizado. O primeiro lançamento desta plataforma foi realizado a 10 de Setembro de 1971 e o último lançamento em 20 de Outubro de 1996.
A torre de serviço móvel fornece uma plataforma operacional para montagem de foguetões e integração dos satélites. O corpo da torre é uma estrutura de aço de 11 andares com 55,23 metros de altura, 30,52 metros de comprimento e 20,9 metros de largura. A torre está equipada com uma ponte rolante com capacidade de elevação de 15 toneladas no gancho primário e 5 toneladas no gancho secundário. Existiam dois elevadores com capacidade de elevação de 500 kg nos dois lados da torre. Existiam seis andares na plataforma operacional no corpo da torre. O processamento de satélites era feito numa “sala limpa” localizada de 29 metros a 42 metros dentro do corpo da torre.
O centro de controle de lançamento subterrâneo era responsável por monitorizar e controlar remotamente a montagem do veículo de lançamento e dos satélites, coordenando as comunicações entre o complexo de lançamento e a área técnica, a previsão do tempo e a assistência médica. Consistia numa sala de tiro, três salas de teste de satélites e duas salas de teste de veículos lançadores, apoiadas por fonte de alimentação, sistema de ar condicionado e sistema de comunicação.
O Centro Técnico Norte (Zona 7), localizado a 22 quilómetros a Sul do local de lançamento, era a área de lançamento e processamento de foguetes e satélites. Os veículos lançadores e satélites eram transportados a partir dos seus locais de fabrico para o centro técnico via caminho-de-ferro. Depois de concluído o processamento inicial, os diferentes estágios dos lançadores eram transportadas em reboques rebocados por camião até à plataforma de lançamento, onde eram içadas para a posição na plataforma de lançamento, verificados e abastecidas.
A estrutura central do centro técnico era o complexo de processamento de veículos de lançamento e de cargas espaciais. O edifício consistia numa sala de processamento de 90 x 8 metros para preparação dos foguetões e satélites e uma sala de processamento de 24 x 8 metros para abastecimento de satélites. Havia também uma sala limpa para testes dos satélites. Os estágios dos lançadores e os satélites eram transportados para o edifício através de uma linha férrea dedicada. Um segundo edifício no centro era o Edifício de Verificação e Processamento de Motores de Propulsão Sólida, onde os motores de prepolente sólido nos satélites eram preparados.
A Zona de Lançamentos Sul é actualmente o único complexo de lançamento activo em Jiuquan. É composto por duas plataformas de lançamento (“921” e “603”) no Complexo de Lançamento LC43 e um centro técnico para processamento e verificação.
A Plataforma de Lançamento 91 (SLS-1), também conhecida como “Plataforma Shenzhou”, ou Plataforma 921, (Longitude: 100 ° 17.4’E; Latitude: 40 ° 57.4’N; Elevação acima do nível do mar: 1.073 m) é a principal plataforma de lançamento. A plataforma de lançamento é dedicada ao lançamento das missões do programa espacial tripulado utilizando o veículo de lançamento CZ-2F Chang Zheng-2F. As instalações da plataforma de lançamento incluem uma torre umbilical, uma plataforma de lançamento móvel, um par de condutas de chamas, uma sala de equipamentos subterrâneos, armazéns de propulsores e oxidantes, sistema de abastecimento de foguetes, fonte de alimentação, fornecimento de gás e sistema de comunicação.
A torre umbilical é uma estrutura de aço com 11 andares e 75 metros de altura, projectada para fornecer a carga de propelente e drenagem, gás, energia e ligações de comunicação para o veículo lançador e para a sua carga. Na torre existem instalações para verificações antes do lançamento, entrada da tripulação e saída de emergência. A torre está equipada com um guindaste de carga, um elevador de carga e um elevador à prova de explosão para a tripulação em caso de emergência. Em caso de emergência, um sistema de escape de lona está disponível para os astronautas saírem da plataforma de lançamento. A fonte de alimentação e outros equipamentos de suporte estão localizados dentro de uma sala subterrânea por debaixo da torre umbilical.
A torre umbilical é composta por uma estrutura fixa e um par de plataformas giratórias de seis andares. Uma vez chegado à plataforma de lançamento, as plataformas giratórias são deslocadas para “abraçar” o foguetão e assim permitir que os procedimentos de abastecimento e verificações finais sejam conduzidas. A torre também contém uma área ambientalmente controlada e protegida para os astronautas entrarem na cápsula espacial. As plataformas rotativas são abertas uma hora antes do lançamento. Quatro braços oscilantes fornecem conexões para electricidade, gases e fluidos ao lançador e são recolhidos alguns minutos antes do lançamento.
Durante o lançamento, as chamas e a exaustão de alta temperatura dos motores do foguetão são direccionadas para a vala de chamas de betão armado através de um grande buraco redondo sob a plataforma de lançamento móvel. As chamas e gases são então desviados do veículo de lançamento através de dois canais de chama rectangulares localizados em ambos os lados da plataforma de lançamento.
A plataforma de lançamento móvel transporta o foguetão desde o edifício de integração e montagem de veículos situado na área técnica até a torre umbilical. A plataforma tem 24,4 metros de comprimento, 21,7 metros de largura e 8,34 metros de altura, e pesa 750 t. Move-se em carris de 20 metros de largura a uma velocidade máxima de 25 m/min, com uma taxa de aceleração inferior a 0,2 m/s. A plataforma demora 60 minutos para completar a viagem de 1.500 metros entre o edifício de montagem e a plataforma de lançamento.
A Plataforma de Lançamento 94 (SLS-2), também conhecido como “Plataforma Jianbing” (ou Plataforma 603), foi comissionada em 2003 para suportar lançamentos de satélites não tripulados para a órbita terrestre baixa usando os veículos de lançamento CZ-2C, CZ-2D e CZ-4B Chang Zheng-4B. As instalações da plataforma incluem uma torre umbilical de betão armado e um único canal de chamas. A plataforma adoptou um método de lançamento tradicional, onde o veículo de lançamento é montado verticalmente usando um guindaste para içar cada estágio. O veículo de lançamento é verificado na vertical, abastecido e, posteriormente, lançado.
As instalações de apoio da Zona de Lançamentos Sul, colectivamente conhecidas como Centro Técnico Sul, incluem o Edifício de Processamento Horizontal de Veículos de Lançamento (BL1), o Edifício de Montagem Vertical de Veículos de Lançamento (BLS), o Edifício de Operações Não Perigosas (BS2), o Edifício de Operações Perigosas de Veículos Tripulados (BS3) , Edifício de Verificação e Processamento de Motores de Propelente Sólido (BM), o Edifício de Processamento e Armazenamento de Pirotecnia (BP1, BP2) e o Centro de Controle de Lançamento (LCC). A instalação foi projectada para receber o foguetão lançador e a sua carga útil para montagem e testes, antes de serem movidos para a plataforma de lançamento.
Para uma missão dos veículos tripulados Shenzhou, a campanha de lançamento geralmente começa aproximadamente dois meses antes do lançamento. O veículo de lançamento CZ-2F é transportado em segmentos separados desde as Instalações 211 em Pequim até o Centro Técnico Sul via caminho-de-ferro. Após a sua chegada, o veículo é mantido no Edifício de Processamento Horizontal do Veículo de Lançamento para testes iniciais e preparação. O núcleo do veículo e os propulsores laterais são então montados dentro do BLS (o Edifício de Montagem Vertical).
A cápsula Shenzhou é transportada de Pequim para a Base Aérea de Dingxin por um avião de carga, e depois transportada por estrada até o local de lançamento, a 76 km de distância. A cápsula espacial é então integrada e testada no Edifício de Operação Não Perigosa de Naves Espaciais (BS2) e, em seguida, movida para o Edifício de Operação Perigosa de Veículos Tripulados (BS3) para abastecimento de combustível. O próximo passo é integrar a cápsula com a carenagem de carga e instalar a torre de escape emergência. A cápsula é então transportada para o BLS, onde é integrada no seu foguetão.
O edifício de integração vertical, oficialmente conhecido como o Edifício de Montagem Vertical do Veículo de Lançamento (BLS) serve como uma plataforma para a integração e montagem dos lançadores e da sua carga útil. O edifício é composto por duas salas de processamento vertical de 26,8 x 28 x 81,6 metros, cada uma equipada com uma plataforma móvel de 13 andares e uma grua de carga de 50 t. As duas salas permitem o processamento simultâneo de dois veículos lançadores. Na época da construção, dizia-se ser o edifício de betão armado de piso único mais alto do mundo, com o tecto de betão armado mais alto do mundo (86,1 metros acima do solo) e mais pesado (13.000 t).
O Centro de Controle de Lançamento (LCC) localizado ao lado do BLS monitoriza e coordena a campanha de lançamento. O centro é dividido em quatro salas funcionais: a Sala de Controle do Veículo de Lançamento, a Sala de Controle da Cápsula Espacial, a Sala de Comando de Exame e Lançamento e o Centro de Comunicações.
Lançamento | Veículo | Missão Plataforma | Data | Hora (UTC) | Carga |
2021-112 | Kuaizhou-1A (Y13) | 01-139 (?)
LC43/95 |
24/Nov/21 | 23:41 | Shiyan-11 |
2021-117 | Gushenxing-1 (Y2) | 01-140 (?)
LC43/95 |
07/Dez/21 | 04:12 | Tianjin Daxue-1
Baoyun Lize-1 Jinzijing-5 Jinzijing-1 03 |
2021-122 | Chang Zheng-4B (Y47) | 01-141
LC43/94 |
10/Dez/21 | 00:11 | Shijian-6 Grupo-05 (Shijian-6I)
Shijian-6 Grupo-05 (Shijian-6J) |
2021-F09 | Kuaizhou-1A (Y16) | 01-142 (?)
LC43/95 |
15/Dez/21 | 02:00 | GeeSAT-1A
GeeSAT-1B |
2021-134 | Chang Zheng-2D (Y41) | 01-143 (?)
LC43/94 |
29/Dez/21 | 11:13 | Tianhui-4A/B |
2022-007 | Chang Zheng-4C (Y29) | 01-144 (?)
LC43/94 |
25/Jan/22 | 23:44 | Ludi Tance-1 01A |
2022-018 | Chang Zheng-4C (Y30) | 01-145 (?)
LC43/94 |
26/Fev/22 | 23:44 | Ludi Tance-1 01B |
2022-027 | Chang Zheng-4C (Y47) | 01-146 (?)
LC43/94 |
17/Mar/22 | 07:09 | Yaogan-34-02 |
2022-032 | Chang Zheng-11 (Y10) | 01-147 (?)
LC43/95B |
30/Mar/22 | 02:29 | Tianping-2A
Tianping-2B Tianping-2C |
2022-035 | Chang Zheng-4C (Y38) | 01-148 (?)
LC43/94 |
06/Abr/22 | 23:47 | Gaofen-3 (03) |
Imagens: Internet Chinesa e arquivo fotográfico do autor (quando não assinaladas)
Dados estatísticos e próximos lançamentos
– Lançamento orbital: 6201
– Lançamento orbital China: 451 (7,27%)
– Lançamento orbital desde Jiuquan: 162 (2,61% – 35,92%)
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
6202 – 07 Abr (10:30:??) – GIK-1 Plesetsk, LC43 PU-? – 14A14-1B Soyuz-2.1b – Lotus-S (806 (?))
6203 – 08 Abr (1517:??) – CE Kennedy, LC-39A – Falcon 9-147 (B1061.7) – AX-1: Crew Dragon Endeavour (C206.3)
6204 – 10 Abr (1100:??) – Xichang, LC? – Chang Zheng-3B/G2 – Zhongxing-6D (?)
6205 – 15 Abr (1630:??) – Taiyuan, LC? – ?? – ??
6206 – 15 Abr (????:??) – Vandenberg SFB, SLC-4E/LZ-4 – Falcon 9-148 (B1071.2) – NROL-85 (Intruder-13A, Intruder-13B)
6207 – 19 Abr (????:??) – Onenui (Máhia) LC-1? – Electron/Curie (F26 “There and Back Again”) – ??
6208 – 21 Abr (????:??) – CE Kennedy, LC-39A – Falcon 9-149 (B1067.4) – Crew Dragon Freedom (USCV-4 Crew-4)
6209 – 23 Abr (????:??) – Falcon-9 – Cabo Canaveral SFS, SLC-40 – Starlink G4-14 (x48) F42 [v1.5 L13]
6210 – 27 Abr (????:??) – GIK-1 Plesetsk, LC35/1 – Angara-A1.2/AM (71602/x) – MKA-R №1
6211 – 30 Abr (????:??) – Falcon-9 – Cabo Canaveral SFS, SLC-40 – Nilesat-301
6212 – 03 Mai (????:??) – Onenui (Máhia), LC-1A – Electron – CAPSTONE
6213 – 10 Mai (????:??) – Wenchang, LC201 – Chang Zheng-7 (Y5) – Tianzhou-4
6214 – 19 Mai (????:??) – Naro, LC-2 – Nuri – NEXTSat-2, ??