A estação espacial Salyut-7 (I)

A estação espacial Salyut-7 surgiu como o veículo suplente da estação espacial Salyut-6. Designada 11F715 (ou 17KS nº 126), a Salyut-7 foi colocada em órbita por um foguetão 8K82K Proton-K (306-02) às 1945:00UTC do dia 19 de Abril de 1982, a partir da Plataforma de Lançamento PU-40 do Complexo de Lançamento LC200 do Cosmódromo NIIP-5 Baikonur (Nauchno-Issledovatelskiy Ispytatelnyy Poligon Polígono Estatual de Pesquisa Científica).

A Salyut-7 tinha uma massa de 18.900 kg, um comprimento de 14,40 metros, um diâmetro máximo de 4,15 metros e uma envergadura. Com a adição de novos painéis solares a estação atingiu um peso de 19.824 kg. Equipada com um motor principal KRD-79 (com uma força máxima de 400 kgf e que consumia N2O4 e UDMH), a estação possuía também 14 pequenos motores do sistema de controlo de reacção com uma força de 10 kg cada e 18 motores para ajuste fino com uma força de 1 kgf.

A estação permaneceu numa órbita circular média com uma altitude de 281 km e uma inclinação orbital de 51,5.º em relação ao equador terrestre.

Estava equipada com um sistema de encontro e acoplagem ‘Kurs’ que lhe permitia receber veículos de carga Progress e veículos tripulados Soyuz T. No conjunto do seu material experimental contava-se uma fornalha de processamento de materiais ‘Kristal’, um electrofotómetro estelar EFO-7, uma unidade de crescimento de plantas ‘Oasis’, uma unidade de diagnóstico cardiovascular ‘Aelita’, um sistema médico de ecografia ultra sónica e um forno de materiais semicondutores ‘Korund’. Os cosmonautas a bordo possuíam também água quente 24 horas por dia e um frigorífico para os alimentos. A Salyut-7 foi também utilizada para a realização de experiências e observações militares nomeadamente a observação de aerossóis, intercepção de mísseis balísticos (ABM), exercícios navais militares e testes de detecção e orientação de feixes laser.

As alterações realizadas ao exterior da estação incluíam a adição de coberturas em algumas janelas que poderiam ser abertas ou fechadas pelos cosmonautas para ajudar a proteger as janelas dos efeitos do ambiente espacial ao longo dos anos. Os painéis solares foram também modificados de forma a permitirem a adição de painéis adicionais durante actividades extraveículares e permitirem a utilização de células solares mais eficientes que aumentaram a produção de energia em 10% em relação aos painéis da Salyut-6. O porto de acoplagem frontal foi fortalecido para ser utilizado por módulos mais pesados ao se adicionar um anel de acoplagem com 8 pinos em torno do anel. O anel de acoplagem tinha um diâmetro de 1,7 metros e estava posicionado 10 cm atrás do colar de acoplagem.

No interior da Salyut-7 foi adicionado um frigorífico com uma capacidade de 50 litros, havendo a possibilidade de os cosmonautas terem água quente durante 24 horas. O sistema de controlo ambiental foi também melhorado e os níveis de ruído reduzidos. Os cartuchos de regeneração de ar e os filtros foram fabricados de forma mais compacta para melhor manuseamento e transporte. Alguns componentes do sistema de regulação térmico e do sistema de comunicação por rádio foram feitos mais acessíveis de forma a melhorar as condições de reparação em órbita. Algumas linhas hidráulicas foram equipadas com sistemas de ligação especiais que preveniam a fuga em caso de terem de ser substituídos durante alguma missão. Foram incluídos pontos de adição de fluidos em caso de fuga.

Ao lado: A Salyut-7 no edifício de integração e montagem no Cosmódromo NIIP-5 Baikonur. Na imagem é visível a ogiva de protecção na qual será colocada a estação espacial. Imagem: Corporação RKK Energiya

Foram instalados na secção despressurizada do motor da estação dois tanques com uma capacidade de 400 litros de forma a permitir mais espaço no interior do veículo. O sistema de navegação ‘Delta’, que havia sido testado na Salyut-6, foi colocado em operacionalidade e permitia a detecção automática da posição da estação na órbita terrestre. Este sistema imprimia todas as janelas de comunicação, passagens equatoriais e horas do nascer pôr-do-sol para cada dia. O sistema poderia ligar e desligar automaticamente o sistema de comunicações quando se encontrasse fora do alcance das estações terrestres.

Após a sua colocação numa órbita inicial com um apogeu de 261 km de altitude, perigeu de 213 km de altitude e inclinação orbital de 51,6.º, a Salyut-7 (13138 1982-033A) entrou num período de preparação para receber a sua primeira tripulação. A 5 de Maio a estação encontra-se na sua órbita operacional com um apogeu de 347 km de altitude, um perigeu de 346 km de altitude e uma inclinação orbital de 51,6.º.

As primeiras tripulações para a Salyut-7

Em 1981 formaram-se as primeiras tripulações que deveriam voar a bordo da Salyut-7 no novo veículo Soyuz T. A forma como as tripulações foram seleccionadas e treinadas foi alterada em relação ao que era prática até então e nomeadamente durante as missões para a estação espacial Salyut-6. As tripulações começaram a ser nomeadas em sequência com alguns meses de intervalo. As tripulações inicialmente seleccionadas sofreram algumas alterações devido a vários factores, mas em Setembro de 1981 as três tripulações principais em treino eram constituídas pelos cosmonautas Anatoli Nikolayevich Berezovoi e Valentin Vitalievich Lebedev (Missão 1), Vladimir Georgievich Titov e Gennady Mikhailovich Strekalov (Missão 2), e Vladimir Alexandrovich Dzhanibekov e Alexander Pavlovich Alexandrov (Missão 3).

Estas missões deveriam permanecer por vários meses a bordo da Salyut-7 e como tal seria necessário levar a cabo algumas missões de visita para entregar um novo veículo Soyuz T para a tripulação permanente devido ao limite de permanência destes veículos em órbita terrestre. Assim, a primeira missão de longa duração deveria receber duas visitas, sendo a primeira composta pelos cosmonautas Yuri Vasilievich Malyshev e Alexander Sergeievich Ivanchenkov, sendo a tripulação suplente composta pelos cosmonautas Leonid Denisovich Kizim e Vladimir Alexeievich Solovyov, enquanto que a tripulação principal da segunda missão visitante seria composta pelos cosmonautas Leonid Ivanovich Popov e Alexander Alexandrovich Serebrov, tendo como suplentes Vladimir Vladimirovich Vasyutin e Viktor Petrovich Savinykh.

Como os veículos Soyuz T possuíam a capacidade para transportar três tripulantes a União Soviética assinou um acordo de colaboração com a França para o transporte de um espaçonauta francês na primeira missão visitante. Para a segunda missão foi seleccionado um grupo de três cosmonautas femininas (Svetlana Yevgenyevna Savitskaya, Irina Rudolphovna Pronina e Natalia Dmitryevna Kuleshova). No entanto estas tripulações foram alteradas antes da realização de qualquer missão: Yuri V. Malyshev foi substituído por Vladimir A. Dzhanibekov quando não foi aprovado num exame médico; em Dezembro de 1981 Natalia D. Kuleshova, que era a cosmonauta suplente original na missão Soyuz T-7, foi substituída por Irina R. Pronina; e em Janeiro de 1982 Vladimir Afanasyevich Lyakhov substitui Vladimir Dzhanibekov na Missão 3.

Soyuz T-5 – a primeira tripulação permanente da Salyut-7

Às 0958UTC do dia 13 de Maio é lançada desde a Plataforma de Lançamento PU-5 do Complexo de Lançamento LC1 (17P32-5) do Cosmódromo NIIP-5 Baikonur por um foguetão 11A511U Soyuz-U, o veículo Soyuz 7K-ST nº 11L que recebe a designação Soyuz T-5 (13173 1982-042A) após entrar em órbita terrestre. A bordo da Soyuz T-5 seguem os cosmonautas Anatoli Nikolayevich Berezovoi – Comandante – (107URSS51) e Valentin Vitalievich Lebedev – Engenheiro de Voo – (69URSS28, 2URSS26-44) que formariam a primeira tripulação permanente (EO-1) da Salyut-7. Berezovoi e Lebedev utilizavam o nome de código “Elbrus”. A tripulação suplente da Soyuz T-5 era composta pelos cosmonautas Vladimir Georgievich Titov e Gennady Mikhailovich Strekalov.

A Soyuz T-5 é colocada numa órbita inicial com um apogeu de 231 km de altitude e um perigeu de 192 km de altitude, iniciando uma perseguição de 24 horas à nova estação espacial. Os dois cosmonautas despem os seus fatos espaciais Sokol e colocam-nos ‘pendurados’ na parede do Módulo Orbital para que os fatos sequem, pois estavam húmidos devido à transpiração.

O primeiro período de descanso em órbita é passado a bordo da Soyuz T-5, mas os dois homens encontram algumas dificuldades para descansarem. Berezovoi acha que o veículo é demasiado frio e volta a envergar o seu fato Sokol. Por seu lado Lebedev tenta dormir no Módulo de Regresso, mas tem dificuldade em manter uma posição confortável primeiro sobre o seu assento e depois no seu assento. O descanso era essencial para as tripulações das Soyuz T mesmo com os melhoramentos introduzidos nos veículos pois a pressão para se conseguir a acoplagem com a Salyut-7 era grande.

A aproximação final à Salyut-7 tem lugar às primeiras horas do doa 14 de Maio. Apesar do computador de bordo indicar uma separação de 457 km, o sistema de aproximação ‘Mera’ não é activado até à última órbita de transferência final a 250 km. O sistema não consegue detectar a estação e os dois cosmonautas decidem testá-lo. Eventualmente o sistema ‘Mera’ detecta a Salyut-7 a 30 km de distância quando os dois veículos se aproximavam a uma velocidade de 45 m/s. Nesta altura o sistema de encontro e acoplagem Igla detecta a estação, iniciando o controlo automático pelo computador ‘Argon’. Quando a Soyuz T-5 se encontrava a 200 metros de distância é dada autorização para a acoplagem que tem lugar às 1135UTC (no porto frontal) quando os dois veículos se encontram numa órbita com um apogeu de 346 km de altitude e um perigeu de 343 km de altitude.

Ao lado: Anatoli N. Berezovoi e Valentin V. Lebedev constituíram a primeira tripulação permanente da Salyut-7. Imagem: Arquivo fotográfico do autor

Após entrarem na Salyut-7 (com alguma dificuldade em abrir a escotilha de acesso à estação) os dois homens estabeleceram uma rotina diária que os levou até ao final da sua missão acabando por estabelecer um recorde de permanência em órbita de 211 dias. No dia 17 de Maio Berezovoi e Lebedev lançaram um pequeno satélite para comunicações de rádio amador a partir da escotilha de despejo de lixo. O Iskra-2 (13176 1982-033C) fica colocado numa órbita com um apogeu de 345 km e um perigeu de 336 km, e os soviéticos anunciam que este teria sido o primeiro lançamento de um satélite de comunicações a partir de um veículo tripulado numa jogada de propaganda antes do lançamento de dois satélites de comunicações pelo vaivém espacial americano OV-102 na missão STS-5 que teve lugar entre os dias 11 e 16 de Novembro de 1982.

Tal como havia já acontecido com as tripulações que viveram a bordo da Salyut-6, também as tripulações da Salyut-7 receberam visitas regulares por parte dos cargueiros Progress. Às 0558:49UTC do dia 23 de Maio é lançado desde a Plataforma de Lançamento PU-5 do Complexo de Lançamento LC1 (17P32-5) pelo foguetão 11A511U Soyuz-U (Ts15000-283), o veículo Progress 7K-TG n.º 114 que receberia a designação Progress-13 (13210 1982-047A) após entrar em órbita terrestre. O Progress-13 fica colocado numa órbita inicial com um apogeu de 240 km de altitude e um perigeu de 175 km de altitude. A acoplagem com a Salyut-7 (porto posterior) tem lugar às 0757UTC do dia 25 de Maio quando os dois veículos se encontram numa órbita com um apogeu de 343 km de altitude e um perigeu de 338 km de altitude.

Durante a manobra de acoplagem do Progress-13 os dois cosmonautas cometeram uma violação dos procedimentos de acoplagem. A escotilha entre o compartimento de trabalho e o compartimento intermédio da Salyut-7 deveria permanecer fechada durante a acoplagem de um cargueiro Progress, porém Berezovoi e Lebedev queriam observar a aproximação final do veículo à Salyut-7 através de uma pequena janela existente no compartimento intermédio. Os dois cosmonautas resolveram simular o encerramento da escotilha para que o Controlo de Voo TsUP pensasse que esta estava realmente fechada. Os dois cosmonautas foram então capazes de observar a aproximação final do Progress-13, no entanto esqueceram-se de remover os dispositivos que simulavam o encerramento da escotilha e o TsUP continuou a receber indicações de que esta se encontrava encerrada mesmo quando os dois cosmonautas se moviam entre a estação e o cargueiro.

Ainda a 25 de Maio a Salyut-7 foi orientada de forma a colocar o cargueiro Progress-13 voltado para a Terra, colocando a estação num estado de estabilização por gradiente de gravidade. No dia 26 de Maio a estação foi reabastecida automaticamente a partir do Progress-13, com a tripulação a monitorizar a operação a partir do interior a estação mas não desempenhando qualquer papel relevante. Os dois cosmonautas procederam á organização e inventariação dos materiais e mantimentos fornecidos pelo cargueiro, ao mesmo tempo que colocavam o lixo produzido na Salyut-7 no interior do veículo de carga. A 31 de Maio foram bombeados 300 litros de água para os tanques da Salyut-7 e a 2 de Junho a órbita do complexo é baixada em preparação para a chegada da Soyuz T-6. A Salyut-7 fica colocada numa órbita com um apogeu de 321 km de altitude e um perigeu de 291 km de altitude.

O cargueiro Progress-13 permanece acoplado à Salyut-7 durante 9 d 22 h 33 m 36 s (o Progress-13 passa um total de 3 dias 19 horas 26 minutos e 24 segundos em voo livre). O Progress-13 separa-se da Salyut-7 às 0631UTC do dia 4 de Junho e permanece em órbita até às 0005UTC do dia 6 de Junho, altura em que os seus motores são activados para iniciar a reentrada atmosférica. Às 0050UTC o cargueiro entra na atmosfera e é destruído por influência da fricção com as diferentes camadas atmosféricas.

O primeiro banho mensal da tripulação teve lugar a 12 de Junho e a 15 de Junho Lebedev referia que um resíduo acastanhado se havia depositado entre as placas das escotilhas transparentes aos raios ultravioleta. Aparentemente o resíduo teria sido produzido quando a radiação ultravioleta atingia as gaxetas de borracha que rodeavam as placas.

Soyuz T-6

As primeiras visitas que Berezovoi e Lebedev receberam a bordo da Salyut-7 foram os três membros da tripulação da Soyuz T-6. A missão Soyuz T-6 foi lançada às 1629:47UTC do dia 24 de Junho de 1982. A cápsula Soyuz 7K-ST nº 9L, que posteriormente recebeu a designação Soyuz T-6, foi lançada por um foguetão 11A511U Soyuz-U a partir da Plataforma de Lançamento PU-5 do Complexo de Lançamento LC1 (17P32-5) do Cosmódromo NIIP-5 Baikonur.

A bordo da Soyuz T-6 (13292 1982-063A) encontrava-se o cosmonauta Vladimir Alexandrovich Dzhanibekov – Comandante – (86URSS43, 2URSS24-41, 3URSS11-18), o cosmonauta Alexander Sergeievich Ivanchenkov – Engenheiro de Voo – (88URSS44, 2URSS27-45) e o espaçonauta Jean-Loup Jacques Marie Chrétien – Cosmonauta Pesquisa (108FRA1), utilizando os três homens o nome de código “Pamir” (esta missão recebeu também a designação EP-1). A tripulação suplente era composta por Leonid Denisovich Kizim, Vladimir Alexeievich Solovyov e Patrick Pierre Roger Baudry.

A Soyuz T-6, com uma massa de 6.850 kg, foi colocada numa órbita inicial com um apogeu a 233 km de altitude e um perigeu a 189 km de altitude, iniciando uma perseguição de 24 horas à estação espacial Salyut-7. A acoplagem com a Salyut-7 teria lugar às 1746UTC do dia 25 de Junho, utilizando o porto de acoplagem posterior da estação. A acoplagem ocorre 14 minutos antes do previsto devido a um problema com o computador da Soyuz T-6 quando esta se encontrava a 900 metros da estação. A esta distância e quando o veículo se encontrava fora da zona de cobertura das estações de rastreio soviéticas, o computador de bordo inicia uma manobra na qual a Soyuz T-6 executa uma volta de 180.º colocando os seus motores na direcção do movimento, iniciando uma travagem. Esta travagem diminui a velocidade de aproximação à Salyut-7. Posteriormente o computador inicia a rotação para a posição normal de aproximação à estação. Nesta fase o sistema giroscópico de estabilização detecta que o veículo se aproxima do estado de bloqueio dos giroscópios e anula a manobra, colocando o veículo numa rotação à medida que a aproximação é cancelada. Os sistemas de bordo indicam o erro ao Comandante Dzhanibekov que imediatamente retoma o controlo da cápsula e inicia os procedimentos para eliminar a rotação da Soyuz. Incapaz de localizar a Salyut-7 de forma visual, Dzhanibekov estabiliza a cápsula em todos os seus eixos espaciais para determinar a sua posição e a sua orientação em relação à estação.

Ao lado: Fotografia oficial da tripulação da missão Soyuz T-6. Da esquerda para a direita: Alexander Sergeievich Ivanchenkov, Vladimir Alexandrovich Dzhanibekov e Jean-Loup Jacques Marie Chrétien. Imagem: Arquivo fotográfico do autor

A bordo da Salyut-7 Berezovoi e Lebedev observavam a aproximação da Soyuz T-6, podendo observar ocasionalmente o brilho dos pequenos motores de orientação da cápsula. Nesta fase a Soyuz T-6 já se encontrava na zona de cobertura das estações soviéticas e após relatar o acontecido obteve autorização para levar a cabo a acoplagem com a Salyut-7. Na altura da acoplagem os dois veículos percorriam uma órbita com um apogeu de 306 km de altitude e um perigeu de 283 km de altitude.

Durante a sua permanência a bordo da Salyut-7 o espaçonauta francês levou a cabo uma série de experiências científicas, em especial na área da Medicina e Astronomia (“«Saliut-7» parte hoje”, in ‘O Comércio do Porto’ edição de 24 de Junho de 1982), em conjunto com os restantes tripulantes soviéticos tendo também a ‘honra’ e ejectar através da escotilha de descarga de lixo, a descarga semanal de lixo da estação espacial. Segundo as palavras de Chrétien, que também participaria nos treinos para uma missão no vaivém espacial americano na qual seria suplente de Patrick P. R. Baudry, a Salyut-7 era uma estação simples, mas fiável apesar de não parecer impressionante.

Uma das experiências levadas a cabo por Jean-Loup Chrétien foi a realização de experiências com um sistema de monitorização do sistema cardiovascular utilizando ecografia. Chrétien utilizou os seus companheiros de missão e os membros da tripulação permanente da Salyut-7 como cobaias humanas, estudando assim os sinais e efeitos da adaptação a um ambiente de microgravidade em órbita terrestre.

A missão Soyuz T-6 teve uma duração de 7 dias 21 horas 50 minutos e 52 segundos, terminando com uma aterragem a 65 km da cidade de Arkalyk (51ºN – 67ºE), às 1420:39UTC do dia 2 de Julho (a Soyuz T-6 separara-se da Salyut-7 às 1103UTC do mesmo dia).

Berezovoi e Lebedev continuaram a sua permanência na Salyut-7 após o regresso de Dzhanibekov, Ivachenkov e Chrétien, mantendo-se na sua rotina diária e aguardando a visita de mais um cargueiro Progress em meados de Julho. Entretanto, a 9 de Julho, o satélite Iskra-2, que havia sido lançado a partir da Salyut-7, reentrava na atmosfera terrestre devido ao resultado do decaimento natural provocado pela gravidade terrestre. O satélite acaba por ser destruído na reentrada.

Às 0957:44UTC do dia 10 de Julho é lançado desde a Plataforma de Lançamento PU-5 do Complexo de Lançamento LC1 (17P32-5) pelo foguetão 11A511U Soyuz-U (Shch15000-318), o veículo Progress 7K-TG n.º 117 que receberia a designação Progress-14 (13361 1982-070A) após entrar em órbita terrestre. O Progress-14, com um peso de 7.020 kg, fica colocado numa órbita inicial com um apogeu de 242 km de altitude e um perigeu de 186 km de altitude. A acoplagem com a Salyut-7 (porto posterior) tem lugar às 1141UTC do dia 12 de Julho quando os dois veículos se encontram numa órbita com um apogeu de 325 km de altitude e um perigeu de 301 km de altitude. O Progress-14 transportou mantimentos, ar, combustível, equipamento pessoal para os cosmonautas, equipamento científico e equipamento para a próxima tripulação que visitaria os dois membros da primeira expedição permanente na Salyut-7.

No dia 15 de Julho, Lebedev descrevia que, enquanto havia acordado a meio do seu período normal de descanso para utilizar as instalações sanitárias da Salyut-7, descobriria que a luz que indicava a capacidade da sanita da estação se encontrava acesa indicando uma sobrecarga. Lebedev escreveu no sei diário que “se nos encontrássemos em casa seria fácil sairmos para o exterior, mas na estação não havia essa opção e como tal tive de aguentar a minha vontade cerca de uma hora enquanto bombeava a urina para o exterior do sistema sanitário”. Nesse mesmo dia, Lebedev acabou por ter outros problemas com o sistema de água e por alguns momentos chegou a temer o facto de poder ter contaminado todo o abastecimento de água da Salyut-7 (500 litros) ao bombear água imprópria para o tanque de água limpa. Porém tal não aconteceu.

Apear de rotineira, a vida na estação espacial Salyut-7 tornava-se por vezes um pouco complicada. Os dois homens chegaram a descrever como as poeiras, lixo, restos de comida e gotas de sumo, café e chá, flutuavam no ar da estação. Estes detritos acabavam na sua maioria nos filtros dos ventiladores de ar da estação. A tripulação era obrigada a descartar muitos dos filtros e a substituí-los por outras unidades novas e limpas. Uma vez por semana os dois homens procediam à limpeza total da estação utilizando toalhas húmidas com um detergente para limpar os painéis, manípulos, escotilhas, as superfícies dos painéis de controlo e a mesa da Salyut-7. Os dois cosmonautas faziam também a limpeza das zonas por debaixo dos painéis de parede da estação, limpando pacotes de cabos, tubagens e grelhas dos ventiladores.

Entretanto, Berezovoi e Lebedev encontravam-se a preparar activamente uma saída para o exterior da Salyut-7 a partir do dia 23 de Julho. A única actividade extraveícular levada a cabo por Berezovoi e Lebedev tem início às 0239UTC do dia 30 de Julho. O principal objectivo desta saída para o exterior da estação espacial era o de avaliar a capacidade de se proceder à montagem e desmontagem de estruturas no exterior de forma a avaliar a fiabilidade da colocação de extensões nos painéis solares pela próxima tripulação. A abertura da escotilha de acesso ao exterior da estação Salyut-7 foi acompanhada por uma chuva de detritos provenientes do interior da estação, nomeadamente porcas e parafusos, uma caneta e muito pó. O primeiro a sair para o exterior da estação foi Lebedev (envergando o fato extraveícular Orlan-D nº 46 enquanto que Berezovoi envergava o fato extraveícular Orlan-D nº 45) que começou por instalar um projector de luz e uma câmara para registar os movimentos dos dois cosmonautas. De seguida procedeu à substituição de amostras na plataforma de exposição Etalon que tem por objectivo expor ao ambiente espacial amostras de diferentes materiais. De seguida Lebedev ancurou-se pelos pés à plataforma Yakor, passando um tempo considerável na observação da superfície terrestre e na inspecção da Salyut-7. Lebedev teve a oportunidade de constatar que a camada isoladora de cor verde do exterior da Salyut-7 encontrava-se esbatida, tendo-se tornado acinzentada sem no entanto se encontrar danificada.

Os dois cosmonautas procederam também à substituição de painéis que continham placas de captação de micrometeoritos, amostras de um biopolímero (Medusa) e amostras de um termo-isolador (Elast). Lebedev também trabalhou com um painel (Istok) que testou a sua capacidade de apertar parafusos com uma chave de fendas especial.

Os dois cosmonautas referiram que quando a Salyut-7 entrava na parte diurna da sua órbita sentia os manípulos na fuselagem da estação a tornarem-se mais quentes.

A saída para o exterior da Salyut-7 terminou às 0512UTC do dia 30 de Julho com os dois homens a passarem um total de 2 horas e 33 minutos no exterior da estação. Berezovoi e Lebedev passaram o dia seguinte a arrumarem os seus fatos espaciais Orlan e foi durante este período que Lebedev notou uma pequena fissura de 20 mm no seu capacete possivelmente produzida quando embateu num objecto no compartimento de transferência. Lebedev foi salvo pela dupla camada de metal que compõe o capacete, caso contrário as consequências poderiam ter sido mais gravosas.

O cargueiro Progress-14 permanece acoplado à Salyut-7 durante 29 d 10 h 33 m 36 s (o Progress-14 passa um total de 4 dias 5 horas 2 minutos e 24 segundos em voo livre). O cargueiro separou-se da Salyut-7 às 2211UTC do dia 10 de Agosto tendo permanecido em órbita até às 0129UTC do dia 13 de Agosto, altura em que os seus motores são activados dando início à reentrada atmosférica que ocorre pelas 0215UTC do dia 13 de Agosto.

Soyuz T-7

A segunda missão espacial tripulada (EP-2) a visitar Berezovoi e Lebedev foi a Soyuz T-7 lançada às 1711:52UTC do dia 19 de Agosto de 1982. A cápsula Soyuz 7K-ST nº 12L, que posteriormente recebeu a designação Soyuz T-7, foi lançada por um foguetão 11A511U Soyuz-U a partir da Plataforma de Lançamento PU-5 do Complexo de Lançamento LC1 (17P32-5) do Cosmódromo NIIP-5 Baikonur.

Ao lado: Os três membros da tripulação da Soyuz T-7. Da esquerda para a direita: Svetlana Yevgenievna Savitskaya, Leonid Ivanovich Popov e Alexander Alexandrovich Serebrov. Imagem: Arquivo fotográfico do autor

A bordo da Soyuz T-7 (13425 1982-080A) encontrava-se o cosmonauta Leonid Ivanovich Popov – Comandante – (93URSS46, 2URSS25-42, 3URSS12-19), o cosmonauta Alexander Alexandrovich Serebrov – Engenheiro de Voo – (110URSS52) e a cosmonauta Svetlana Yevgenievna Savitskaya – Cosmonauta Pesquisa (110URSS52), utilizando os três homens o nome de código “Dnepr”. A tripulação suplente era composta por Yuri Viktorovich Romanenko, Viktor Petrovich Savinykh e Irina Rudolphovna Pronina.

Após a separação do último estágio Block-I do foguetão lançador 11A511U Soyuz-U, a cápsula Soyuz T-7 ficou colocada numa órbita com um apogeu a 280 km de altitude e um perigeu a 228 km de altitude. A acoplagem com a estação espacial Salyut-7 tem lugar às 1832UTC do dia 20 de Agosto quando os dois veículos se encontram numa órbita com um apogeu a 332 km de altitude e um perigeu a 308 km de altitude.

O primeiro a entrar a bordo da Salyut-7 foi o Comandante Leonid Popov, seguido por Alexander Serebrov e posteriormente por Svetlana Savitskaya (que teve o cuidado de escovar o seu cabelo antes de entrar na Salyut-7, pois estas actividades estavam a ser transmitidas em directo pela televisão soviética). Após o épico voo de Valentina Vladimirovna Tereshkova a bordo da Vostok-6, o mundo teve de esperar 20 anos pela seguinte missão de uma mulher no espaço. No entanto o voo de Svetlana Savitskaya não deixa de ser marcado por razões políticas e devido ao lançamento da primeira astronauta americana, Sally Kristen Ride, na missão STS-7 do vaivém espacial OV-099 Challenger que teve lugar entre 18 e 24 de Junho de 1983.

Durante a permanência em órbita a bordo da Salyut-7, Popov, Serebrov e Savitskaya levaram a cabo várias experiências científicas e de pesquisa tecnológica, além de transportarem outras experiências para Berezovoi e Lebedev, e correio. A Savitskaya foi oferecido o módulo orbital da Soyuz T-7 para dormir por questões de privacidade, no entanto a cosmonauta decidiu permanecer no compartimento principal da estação espacial com a restante tripulação.

No dia 21 de Agosto os assentos utilizados pelos membros da tripulação da Soyuz T-7 foram retirados deste veículo e trocados com os assentos dos membros da tripulação da Soyuz T-5. Popov, Serebrov e Savitskaya regressaram às Terra a bordo da Soyuz T-5 separando-se da Salyut-7 às 1143UTC do dia 27 de Agosto. A aterragem teria lugar às 1504:16UTC do mesmo dia a 70 km (47º N – 75ºE) a Nordeste da cidade de Arkalyk. A missão Soyuz T-7 teve uma duração de 7 dias 21 horas e 52 minutos. No total o veículo Soyuz T-5 levou a cabo uma viagem com uma duração de 106 dias 5 horas 6 minutos e 12 segundos. Esta foi a primeira vez que um veículo Soyuz T foi tripulado por uma segunda tripulação, que não a tripulação com a qual havia sido lançada, no regresso à Terra.

Após a partida da tripulação da Soyuz T-7 na Soyuz T-5 era necessário recolocar a cápsula Soyuz T-7 no porto de acoplagem frontal da Salyut-7. A 29 de Agosto, Berezovoi e Lebedev entraram na Soyuz T-7 e separaram a cápsula da estação espacial 1447UTC. Após ter atingido uma distância de segurança a Soyuz T-7 permanecer estacionária em relação à Salyut-7 enquanto esta executava de forma automática uma rotação de 180.º para que cápsula tripulada pudesse acoplar no porto de acoplagem frontal. A operação tem uma duração de 20 minutos e a Soyuz T-7 volta a acoplar com a Salyut-7 às 1507UTC.

A 7 de Setembro os dois cosmonautas levam a cabo simulações de procedimentos em caso de despressurização da estação espacial. Os dois homens utilizam um dispositivo de medição do grau de despressurização denominado ‘Diusa’ para calcular o tempo que leva a atingir um nível de despressurização inferior a 500 mmHg. Este cálculo permite aos cosmonautas determinar o tempo que teriam para desactivar a estação, recolher os resultados e dados experimentais, envergar os seus fatos espaciais e entrar a bordo da cápsula disponível. Os cosmonautas chegaram à conclusão que um cenário no qual o tempo disponível para abandonar a estação seria de 5 minutos resultaria na perda total da estação. Uma baixa de pressão que resultasse num período de 60 minutos até se atingir o nível crítico, permitia aos cosmonautas tempo suficiente para localizar e reparar a fuga. Esta localização seria levada a cabo de forma metódica isolando os diferentes compartimentos da estação espacial até se conseguir identificar o compartimento onde se localizaria a fuga. No mesmo exercício os dois homens praticaram os procedimentos a executar em caso de fuga no veículo Soyuz T. Nesta situação os cosmonautas teriam de fechar a escotilha de acesso ao veículo e aguardariam a chegada de uma nova cápsula. No caso da ocorrência de um incêndio a bordo da Salyut-7 os cosmonautas deveriam desligar todo o equipamento eléctrico, envergar os fatos de protecção e mascaras de respiração e utilizar os extintores para apagar o incêndio.

Durante esta fase do programa espacial soviético os cosmonautas tinham autorização para levar a cabo uma aterragem de emergência em qualquer parte do globo terrestre. Apesar de os cosmonautas certamente fazerem todos os possíveis para aterrar em território soviético, estes possuíam áreas de aterragem de contingência localizadas no Midwest dos Estados Unidos (entre 90º O e 105º O – 42º N e 49º N), no sul de França e no Mar de Okhostk. Durante a permanência em órbita os tripulantes da Salyut-7 possuíam sempre um saco contendo o resultado das suas experiências junto da escotilha de acesso ao veículo Soyuz T.

A permanência em órbita de Berezovoi e Lebedev é prolongada por mais dois meses a 14 de Setembro, para um voo de 225 dias. No entanto em princípios de Novembro, Berezovoi adoece e nesta altura chega-se a preparar um possível regresso antecipado à Terra. Porém, a condição de Berezovoi melhora e a missão prosseguirá até à data prevista.

Às 0458:54UTC do dia 18 de Setembro é lançado desde a Plataforma de Lançamento PU-5 do Complexo de Lançamento LC1 (17P32-5) pelo foguetão 11A511U Soyuz-U (Ts15000-292), o veículo Progress 7K-TG nº 112 que receberia a designação Progress-15 (13558 1982-094A) após entrar em órbita terrestre. O Progress-15, com um peso de 7.020 kg, fica colocado numa órbita inicial com um apogeu de 230 km de altitude e um perigeu de 190 km de altitude. A acoplagem com a Salyut-7 (porto posterior) tem lugar às 0612UTC do dia 20 de Setembro quando os dois veículos se encontram numa órbita com um apogeu de 333 km de altitude e um perigeu de 314 km de altitude. O Progress-15 transportou mantimentos, ar, combustível, equipamento pessoal para os cosmonautas e equipamento científico. O cargueiro permanece acoplado à Salyut-7 durante 24 dias 7 horas 48 minutos e 48 segundos (o Progress-15 passa um total de 4 dias 4 horas 33 minutos e 36 segundos em voo livre). A separação da Salyut-7 tem lugar às 1346UTC do dia 14 de Outubro e os seus motores são activados às 1718UTC do dia 16 de Outubro para iniciar a reentrada atmosférica que ocorre às 1805UTC do mesmo dia.

Às 1120:36UTC do dia 31 de Outubro é lançado desde a Plataforma de Lançamento PU-5 do Complexo de Lançamento LC1 (17P32-5) por um foguetão 11A511U Soyuz-U (Shch15000-335), o veículo Progress 7K-TG n.º 115 que receberia a designação Progress-16 (13638 1982-107A) após entrar em órbita terrestre. O Progress-16, com um peso de 7.020 kg, fica colocado numa órbita inicial com um apogeu de 286 km de altitude e um perigeu de 245 km de altitude. A acoplagem com a Salyut-7 (porto posterior) tem lugar às 1322UTC do dia 2 de Novembro quando os dois veículos se encontram numa órbita com um apogeu de 364 km de altitude e um perigeu de 355 km de altitude. O Progress-16 transportou mantimentos, ar, combustível, equipamento pessoal para os cosmonautas, equipamento científico e o pequeno satélite de comunicações Iskra-3 (13663 1982-033AD) que seria lançado desde a escotilha de despejo de lixo da estação às 1120UTC do dia 18 de Novembro. O Iskra-3 ficaria colocado numa órbita com um apogeu de 356 km de altitude e um perigeu de 349 km de altitude, uma inclinação orbital de 51,6.º e um período orbital de 91,6 minutos, a partir da qual levaria a cabo experiências no campo das comunicações entre radio-amadores. O satélite acabaria por reentrar na atmosfera terrestre 16 de Dezembro de 1982.

Por esta altura o sistema ‘Delta’ de navegação automático da Salyut-7 apresenta alguns problemas que se tornam mais sérios e que levam a uma falha completa em princípios de Dezembro. É então decidido que a tripulação deverá regressar à Terra antes da data prevista quase duas semanas antes do previsto. A aterragem terá lugar à noite, sem o normal programa de medicação e sem o esquema crescente de exercícios físicos que todas as tripulações devem executar para uma pré-adaptação à gravidade terrestre. A longa maratona de Anatoli Berezovoi e Valentin Lebedev a bordo da Salyut-7 terminaria às 1545UTC do dia 10 de Dezembro quando a Soyuz T-7 se separou da estação orbital com os dois cosmonautas a bordo.

As previsões meteorológicas para a zona de aterragem previam a ocorrência de ventos na ordem dos 21 km/h, com uma visibilidade de 10 km e uma temperatura de 15ºC. Na realidade as condições encontradas foram muito piores, com nuvens baixas, tempestades de neve e uma temperatura de -9ºC. À medida que a cápsula seguia a sua trajectória normal de descida, as condições atmosféricas causavam problemas e após a aterragem, que teve lugar às 1902:36UTC de 10 de Dezembro a 118 km a Este de Dzhezkazgan, o Módulo de Regresso foi arrastado para uma pequena colina a qual começou a descer. As equipas de resgate tiveram muitas dificuldades em encontrar a cápsula, pois os helicópteros voavam quase «às cegas». As equipas de socorro tiveram de aterrar a quase 150 km de distância pois a zona não era segura. Como os dois cosmonautas ainda se encontravam em contacto via rádio com o Controlo da Missão, o cosmonauta Vladimir Shatalov informou Berezovoi e Lebedev para permanecerem no interior da cápsula envergando os seus fatos espaciais e que só abrissem a escotilha quando as equipas de socorro chegassem ao local. As equipas de socorro chegaram ao local de aterragem às 1942UTC utilizando veículos terrestres. A temperatura no exterior do Módulo de Regresso era de -15ºC e a primeira noite de Berezovoi e Lebedev na Terra após a sua maratona espacial, foi passada no interior de um dos veículos de recolha, sendo posteriormente recolhidos para Dzhezkazgan e depois para Baikonur.

Berezovoi e Lebedev realizaram 3.344 órbitas em torno da Terra num voo espacial com uma duração de 211 dias 9 horas 7 minutos e 12 segundos, estabelecendo assim um novo recorde de permanência no espaço. No total a cápsula Soyuz T-7 realizou um voo espacial de 113 dias 1 hora 50 minutos e 44 segundos, percorrendo mais de 75.400.000 km.

O cargueiro Progress-16 permanece acoplado à Salyut-7 durante 41 dias 2 horas 9 minutos e 36 segundos (passando um total de 3 dias 3 horas 50 minutos e 24 segundos em voo livre). A separação da Salyut-7 tem lugar às 1532UTC do dia 13 de Dezembro e os seus motores são activados às 1717UTC do dia 14 de Dezembro para iniciar a reentrada atmosférica que ocorre às 1800UTC do mesmo dia.

A Salyut-7 permanece em órbita em modo automático aguardando a chagada da sua próxima tripulação de longa duração que deveria ocorrer em Abril de 1983, porém nem tudo corre bem com a Soyuz T-8.

(Continua)