Teia de filamentos caótica num berço estelar da Via Láctea

O plano da Via Láctea é rico em regiões formadoras de estrelas, como a retratada nesta impressionante imagem obtida pelo observatório espacial Herschel da ESA. Para o olho do infravermelho distante de Herschel, esta região revela uma rede intrincada de filamentos de gás e bolhas escuras, intercaladas por focos brilhantes onde novas estrelas ganham vida.

As regiões mais frias, que emitem luz em comprimentos de onda mais longos, são exibidas numa cor vermelho-acastanhada. Áreas mais quentes, onde a formação de estrelas é mais intensa, brilha em tons azuis e brancos. Algumas áreas são particularmente brilhantes, sugerindo que uma série de estrelas luminosas e maciças estão lá a formar-se.

Particularmente impressionante é a rede caótica de filamentos de gás que vemos nesta imagem. Os astrónomos pensam que há uma ligação entre a formação de estrelas e as estruturas filamentares no meio interestelar. Nos fios mais densos, o gás que compõe os filamentos torna-se instável e forma aglomerados de material unidos pela gravidade. Se forem suficientemente densas, estas gotas de gás colapsadas tornam-se, eventualmente, estrelas recém-nascidas.

As observações de Herschel mostraram que a complexidade filamentar era ubíqua no plano da nossa galáxia, de alguns a centenas de anos-luz. Nas nuvens de formação de estrelas próximas, dentro de 1500 anos-luz do Sol, estes filamentos parecem ter aproximadamente a mesma largura – cerca de um terço de um ano-luz. Isto sugere um mecanismo físico comum na sua origem, possivelmente ligado à natureza turbulenta das nuvens de gás interestelar.

A região de formação de estrelas nesta imagem, centrada em torno de -70º de longitude em coordenadas galácticas, está localizada no bairro de Carina, lar da gloriosa Nebulosa de Carina. Localizada a cerca de 7500 anos-luz de distância, Carina é uma das maiores nuvens de gás e poeira no plano da Via Láctea. Hospeda o famoso Eta Carinae, um dos sistemas estelares mais luminosos e maciços na nossa galáxia.

Herschel, que operou desde 2009 até 2013, foi um grande telescópio espacial que observou nas partes de infravermelho distante e sub-milimétricas do espectro. Esta faixa espectral é ideal para observar o brilho da poeira fria nas regiões onde as estrelas se formam. Como parte do Hi-GAL, o Herschel infrared Galactic Plane Survey (Pesquisa do plano galáctico no infravermelho), o observatório examinou o plano da nossa galáxia, explorando as regiões de formação de estrelas da Via Láctea com detalhes sem precedentes. Esta imagem, produto do Hi-GAL, combina observações em três comprimentos de onda diferentes: 70 micrómetros (azul), 160 micrómetros (verde) e 250 micrómetros (vermelho).

Notícia e imagem: ESA

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