Soyuz TMA-16M regressa à Terra com recordista a bordo

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A cápsula espacial tripulada Soyuz TMA-16M regressou à Terra a 12 de Setembro de 2015, transportando a bordo o agora detentor do recorde de maior tempo cumulativo em órbita, o Russo Gennady Ivanovich Padalka. A bordo encontravam-se também o Dinamarquês, Andreas Enevold Mogensen, e o Cazaque, Aidyn Akanovich Aimbetov, regressados de uma missão de cerca de 10 dias.

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A aterragem da Soyuz TMA-16M teve lugar às 0051UTC com a cápsula a separar-se do módulo Zvezda da ISS às 2129UTC do dia 11 de Setembro. Após se separar da estação espacial, agora comandada pelo Norte-americano Scott Kelly, a Soyuz TMA-16M iniciou uma série de manobras que culminaram com a manobra de retro-travagem com uma duração de 4 minutos e 42 segundos. Esta manobra fez com que a cápsula iniciasse a reentrada atmosférica, procedendo à separação dos três módulos poucos depois. A aterragem dar-se-ia minutos mais tarde na estepes do Cazaquistão.

Padalka 1

Mogensen 1

Aimbetov 1

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Gennady Padalka torna-se no cosmonauta com mais tempo passado em órbita ao longo das suas cinco missões espaciais nas quais fez uma visita à estação espacial Mir e quatro visitas à ISS. A primeira missão espacial de Gennady Padalka foi a Soyuz TM-28 lançada a 13 de Agosto de 1998 e na qual fez parte da Expedição EO-29 a bordo da estação espacial Mir. Esta missão teve uma duração de 198 dias 16 horas 31 minutos e 20 segundos. A sua segunda missão foi como membro da Expedição 4 a bordo da ISS, tendo sido lançado a bordo da Soyuz TMA-4 a 19 de Abril de 2004. Esta missão teve uma duração de 187 dias 21 horas 16 minutos e 9 segundos. A terceira missão de Padalka seria como membro da Expedição 20/21 e da Expedição 21/22. Nesta missão, Padalka foi lançado a bordo da Soyuz TMA-14 a 26 de Março de 2009 e a sua missão teria uma duração de 198 dias 16 horas 42 minutos e 25 segundos. Padalka seria Comandante da Soyuz TMA-04M na qual seria lançado a 15 de Maio de 2012 para mais um turno a bordo da ISS como membro da Expedição 30/31 e da Expedição 31/32. Desta vez a sua missão teria uma duração de 124 dias 23 horas 51 minutos e 30 segundos. A 27 de Março de 2015, Gennady Padalka era lançado a bordo da Soyuz TMA-16M para a sua quinta missão espacial como membro da Expedição 42/43 e da Expedição 43/44 a bordo da ISS. Esta missão teve uma duração de 167 dias 5 horas e 8 minutos.

Cumulativamente, o tempo de voo espacial de Gennady Padalka é de 877 dias 11 horas 49 minutos e 24 segundos, ultrapassando em mais de 60 dias o anterior recorde que estava na posso de Sergei Krikalev. O recorde de Gennady Padalka irá provavelmente manter-se por muito tempo até à chegada das missões ao espaço profundo.

O regresso à Terra

As cápsulas Soyuz TMA-M separam-se dos módulos aos quais estão acopladas após a tripulação ter executado a verificação da não existência de fugas na área do vestíbulo entre o módulo e a cápsula espacial, dos seus fatos espaciais pressurizados e da escotilha entre o Módulo Orbital e o Módulo de Descida.

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Em preparação para o regresso à Terra, a tripulação enverga o fato angi-G Kentvar por debaixo dos fatos espaciais pressurizados Sokol. O vestuário Kentvar é um fato de protecção que consiste de calções, polainas, cuecas, meias e um casaco, que agem como uma contra-medida para distúrbios circulatórios, previne a sobrecarga de um tripulante durante a descida e aumenta a tolerância ortostática durante a adaptação após o voo. Os tripulantes são também aconselhados a ingerirem fluidos com aditivos de electrólitos para preparar os seus corpos para os rigores do regresso. Estes fluidos são constituídos por três tabletes de cloreto de sódio ao pequeno-almoço e após o almoço, juntamente com 300 ml de fluído e duas pastilhas durante a refeição a bordo da Soyuz TMA-M antes da retro-travagem.
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Os três tripulantes dedicaram especial atenção à colocação do cinto médico com sensores, assegurando-se de um bom contacto entre os sensores e o corpo. Durante os preparativos para o regresso, antes da reentrada atmosférica, os tripulantes sentam-se confortavelmente nos assentos Kazbek, apertam os cintos de segurança e asseguram-se de um contacto justo entre o corpo e os assentos.

Com a estação espacial internacional a entrar em derive livre, a cápsula separa-se da estação espacial após ter sido enviado de forma manual pela tripulação um comando manual para a separação e após se terem aberto os ganchos de fixação. A primeira queima de separação ocorre entre cerca de 15 a 20 metros de distância, com uma queima de 15 segundos de duração que altera a velocidade do veículo em 0,57 m/s utilizando dois motores DPO-B1.
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Após a primeira queima de separação a tripulação activa o computador de bordo do sistema digital BTsVK e o sistema de controlo VTsVK ‘Chaika’, introduzindo os mais recentes parâmetros de orientação. A cápsula vai-se afastando da estação espacial até esta se tornar um ponto no espaço.

A descida é iniciada com a manobra de retro-travagem. Os três módulos separam-se de forma simultânea com a separação a ter lugar a cerca de 140 km de altitude. Após a separação dos três módulos, o módulo de propulsão e instrumentação é colocado numa ângulo de -79,5º em relação ao eixo de referência dezasseis segundos após a separação dos módulos. Nesta posição, e caso este módulo não se tivesse separado do módulo de descida, o calor da reentrada iria derreter as ligações entre os dois módulos. O computador principal TsVM-101 é desactivado 266 segundos após a orientação do veículo e a reentrada atmosférica inicia-se a cerca de 117 km de altitude.
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A fase de orientação inicia-se a uma altitude de 81,1 km. O primeiro sinal da reentrada atmosférica surge quando as partículas de poeira começam a assentar no módulo de descida. A partir desta altura os três elementos têm de prestar atenção, pois as cargas gravíticas começam a aumentar rapidamente. A bordo a sensação da força gravítica no corpo vai-se instalando, tornando os corpos mais pesados e dificultando a respiração e a fala. Estas são sensações normais e os tripulantes são aconselhados a lidarem com elas calmamente. Muitos cosmonautas sentem a sensação de um alto na garganta, mas isto não é caso para ficarem nervosos, pois esta é uma sensação frequente e não deve ser contrariada. A melhor solução é “tentar não engolir e falar nesta altura”. Os tripulantes devem prestar atenção à função visual e, caso ocorra algum distúrbio, criar uma tensão adicional de pressão abdominal e nos músculos das pernas.

A máxima carga gravítica sobre os tripulantes ocorre a uma altitude de cerca de 33 km. A abertura dos pára-quedas é ordenada a uma altitude de cerca de 10,7 km. Dois pára-quedas piloto (de 0,62 m2 e 4,5 m2) extraem o pára-quedas de travagem com uma área de 16 m2. Este pára-quedas reduz a velocidade de descida de 230 m/s para 80 m/s e auxilia na estabilização da cápsula ao original uma ligeira rotação da mesma. O pára-quedas de travagem acaba por se separar com a abertura do pára-quedas principal (518 m2) que reduz a velocidade de descida para 7,2 m/s. Inicialmente, a cápsula encontra-se suspensa com um ângulo de 30º em relação ao horizonte, colocando-se na vertical pouco antes da aterragem.

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Durante as diferentes fases de abertura dos pára-quedas, os tripulantes sentem alguns «abanões» no interior do módulo de descida. Estes não devem estar preocupados, mas devem estar preparados para o facto de que aquando da abertura do pára-quedas principal na posição assimétrica, ocorrem movimentos de balanço e de rotação que podem original irritações vestibulares. É assim importante manter os sistemas de fixação bem apertados na pélvis e no arco peitoral. A irritação vestibular pode ocorrer em diferentes formas tais como vertigens, hiperidrose (transpiração anormalmente aumentada), ilusões posturais, desconforto geral e náusea. Para prevenir a irritação vestibular a tripulação deve limitar os movimentos da cabeça e dos olhos, bem como fixar a visão em objectos imóveis.

Mesmo antes da aterragem (que é suavizada pela ignição de seis motores sólidos que se encontram por detrás do escudo térmico entretanto descartado), a tripulação deve se preparar para o impacto com o solo. Os seus corpos devem estar fixos ao longo da superfície dos assentos personalizados. A velocidade de aterragem é de cerca de 9,9 m/s.

A tripulação não se deve levantar de imediato após a aterragem. São assim aconselhados a permanecer no interior sentados nos assentos Kazbek durante alguns minutos e somente depois se devem levantar. Ao se levantarem, devem limitar os movimentos da cabeça e dos olhos para evitar assim movimentos excessivos, procedendo de forma calma e lenta. Os seus corpos não se devem adaptar à gravidade terrestre na posição vertical de forma muito rápida. Para tal são colocados em assentes reclináveis logo após serem removidos do interior do módulo de descida. Mais tarde são transportados para uma tenda médica ou de imediato para um helicóptero que os transportam para um local seguro.