Satélites militares noruegueses lançados desde Vandenberg

A empresa norte-americana Space Exploration Technologies Corp. (SpaceX) lançou dois satélites noruegueses que irão oferecer serviços de cobertura de banda larga para utilizadores militares e civis.

Os satélites ASBM-1 e ASBM-2 foram lançados às 0202UTC do dia 12 de Agosto de 2024 pelo foguetão Falcon 9-362 (B1061.22) a partir do Complexo de Lançamento SLC-4E da Base das Forças Espaciais de Vandenberg, Califórnia. O primeiro estágio B1061, na sua 22.ª missão, foi recuperado com sucesso na plataforma flutuante Of Course I Still Love You (OCISLY), no Oceano Pacífico.

Esta missão constituiu o 78º lançamento orbital da SpaceX em 2024, representando 82,8% dos lançamentos realizados pelos Estados Unidos e 53,5% dos lançamentos a nível mundial. Destas 78 missões, 55 (70,5%) destinaram-se a colocar em órbita satélites para a rede Starlink, enquanto 23 (29,5%) foram lançamentos para diferentes clientes (governamentais e civis).

Os satélites ASBM

Construídos pela Northrop Grumman e operados pela Space Norway HEOSAT, os satélites ASBM serão utilizados para o fornecimento de serviços de banda larga na região do Árctico. A Space Norway HEOSAT coopera com o operador de satélites Inmarsat e com o Ministério da Defesa da Noruega, para o fornecimento destes serviços a utilizadores militares e civis.

Juntamente com os satélites ASBM (Arctic Satellite Broadband Mission) foi estabelecida uma estação no Norte da Noruega, garantindo assim o controlo norueguês desta capacidade importante.

Com uma massa de cerca de 2.000 kg e baseados na plataforma GEOStar-3, cada satélite transporta múltiplas cargas e o sistema deverá permanecer operacional durante 15 anos, com os utilizadores a serem capazes de alterar entre os actuais satélites geoestacionários e os satélites HEO (Highly Elliptical Orbit), isto é, numa órbita altamente elíptica.

A Inmarsat utiliza a banda Ka para alargar os seus serviços Global eXpress para o Árctico, operando com a designação GX-10A e GX-10B.

A banda X da Space Norway’s para o Ministério de Defesa da Noruega irá fornecer uma cobertura da região que será interoperável com a constelação Wideband Global Satcom (WGS).

A Força Aérea dos Estados Unidos fornecer as cargas Extremely High Frequency eXtended Data Rate para os dois satélites. Estas cargas são parte do denominado “Enhanced Polar System-Recapitalization” (EPS-R), projectadas para comunicações seguras. As cargas EPS-R preenchem uma secção vital nas comunicações seguras para os combatentes no Árctico. A constelação que irá substituir, e denominada “Enhanced Polar System” (EPS) não deverá durar até que os seus componentes polares do Protected Tactical SATCOM e do Evolved Strategic SATCOM são colocados em serviços para lá de 2030, e assim, o EPS-R irá servir como uma medida de remedeio nos próximos anos. Tanto o EPS-R como o EPS são efectivamente as componentes árticas da constelação AEHF (Advanced Extremely High Frequency).

Lançamento

O objectivo da missão era o de colocar a sua carga numa órbita inicial com um perigeu a 8.076 km, apogeu a 43.536 km e inclinação orbital de 62,6º.

Os preparativos finais para o lançamento desta missão iniciaram-se com a partida do rebocador Lindsay C e da plataforma flutuante OCISLY do Porto de Long Beach, C, a 7 de Agosto, pelas 1203UTC. A embarcação de apoio Bob deixou o seu porto de abrigo às 1419UTC do mesmo dia.

A cerca de dez horas do lançamento procedeu-se à activação eléctrica do foguetão Falcon-9. Tanto o lançador como a sua carga são submetidos a uma série de verificações testes antes do início do abastecimento do querosene RP-1. O Director de Voo consulta os controladores a T-38m, determinando assim se tudo está pronto para o início do abastecimento do lançador. O processo de abastecimento de RP-1 inicia-se a T-35m no primeiro estágio, seguindo-se o início do abastecimento do oxigénio líquido (LOX) na mesma altura. O abastecimento de LOX ao segundo estágio inicia-se a T-16m.

A fase terminal da contagem decrescente inicia-se com os motores a serem condicionados termicamente para o lançamento a T-7m. A T-1m é enviado um comando para o computador de voo para iniciar as verificações pré-lançamento e o sistema de supressão sónica é activado na plataforma de lançamento inundada por milhões de litros de água. Por esta altura os tanques de propelente também são pressurizados. A T-45s o Director de Lançamento da SpaceX verifica se todos os parâmetros estão prontos para a missão, sendo também verificado que o espaço aéreo está pronto para o lançamento. A sequência de ignição é iniciada a T-3s. A T=0s o foguetão abandona a plataforma.

Abandonando a plataforma de lançamento, o Falcon-9 inicia uma série de manobras para se colocar na trajectória de voo correcta. A fase MaxQ, de máxima pressão dinâmica, é atingida a T+1m 7s, sendo nesta altura que o lançador atinge o ponto mais elevado de ‘stress’ mecânico na sua estrutura.

Tempo (h:m:s) Evento
00:01:10 Máxima pressão dinâmica (MaxQ)
00:02:32 Final da queima do 1.º estágio (MECO)
00:02:35 Separação entre o 1.º e o 2.º estágio
00:02:43 Ignição do 2.º estágio (SES-1)
00:03:23 Separação da carenagem de protecção
00:06:22 Início da queima de reentrada do 1.º estágio
00:06:45 Final da queima de reentrada do 1.º estágio
00:08:14 Final da primeira queima do 2.º estágio (SECO-1)
00:08:17 Início da queima de aterragem do 1.º estágio
00:08:39 Aterragem do 1.º estágio
00:36:47 Início da segunda queima do 2.º estágio (SES-2)
00:37:27 Final da segunda queima do 2.º estágio (SES-2)
00:42:28 Separação do satélite ASBM-1
00:47:38 Separação do satélite ASBM-2

 



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