Rússia lança novo satélite de navegação

A Rússia levou a cabo o lançamento de um novo satélite de navegação às 0523:41UTC do dia 26 de Abril, uma hora depois da China levar a cabo o seu primeiro lançamento orbital do corrente ano. O lançamento do novo satélite de navegação teve lugar desde a Plataforma de Lançamento LC43/4 do Cosmódromo GIK-1 Plesetsk e foi levado a cabo pelo foguetão 14A14-1B Soyuz-2-1B/Fregat (220/1047).

Após entrar em órbita o satélite recebe a designação militar Cosmos 2485. Este foi o 1800º lançamento de um foguetão derivado do míssil balístico intercontinental R-7.

O sistema GLONASS (ГЛОНАСС – Глобалная навигационная спутниковая система – GLObalnaya NAvigationnaya Sputnikovaya Sistema) é um sistema de radionavegação por satélite que permite a um número ilimitado de utilizadores obterem dados de navegação tridimensionais sobre quaisquer condições atmosféricas, medição de velocidade e dados de temporização em qualquer zona do globo ou do espaço junto à Terra.

O sistema GLONASS permite a gerência do tráfego naval e aumento da segurança, serviços de cartografia e geodesia, monitorização do transporte pelo solo, sincronização das escalas de tempo entre diferentes objectos, monitorização ecológica e organização de operações de busca e salvamento.

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O sistema GLONASS é dirigido para o Governo da Federação Russa pelas Forças Espaciais Russas (operador do sistema) e providencia benefícios significativos às comunidades de utilizadores civis através de várias aplicações. O sistema GLONASS possui dois tipos de sinais de navegação: o sinal standard de navegação precisa (SP) e o sinal de navegação de alta precisão (HP). Os serviços de temporização e posicionamento pelo sinal SP estão disponíveis a todos os utilizadores civis de um modo contínuo, sendo fornecidos em todo o planeta e providenciando a capacidade de obter uma localização horizontal com uma precisão de entre 57 metros a 70 metros (probabilidade de 99,7%) e uma precisão de localização vertical de 70 metros (probabilidade 99,7%). A precisão da medição dos componentes dos vectores de velocidade é de 15 cm/s (probabilidade de 99,7%). Estas características podem ser significativamente melhoradas utilizando modos de navegação diferencial e métodos especiais de medição.

Para obter dados de localização tridimensional, medições de velocidade e dados de temporização, o sistema GLONASS utiliza sinais rádio que são continuamente transmitidos pelos satélites.

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Nas versões iniciais, cada satélite transmite dois tipos de sinais (SP e HP). O sinal L1 de SP tem um acesso múltiplo na frequência de divisão em banda L: L1 = 1602 MHz + n * 0,5625 MHz, onde “n” é o número do canal de frequência (n = 1, 2, 3,…). Isto significa que cada satélite transmite um sinal na sua própria frequência que difere de outras frequências de outros satélites. Porém, alguns satélites possuem as mesmas frequências mas esses satélites estão localizados em posições antipodais dos planos orbitais e não aparecem no mesmo horizonte do utilizador. O receptor GLONASS recebe automaticamente os sinais de navegação de pelo menos quatro satélites e mede as suas pseudo-localizações e velocidades. Simultaneamente selecciona e processa a mensagem de navegação dos satélites. O computador do GLONASS processa todos os dados e calcula três coordenadas, três componentes de velocidade e o tempo preciso.

O sistema GLONASS é composto por duas partes principais: a constelação de satélites GLONASS e o complexo de controlo terrestre. A constelação de satélites GLONASS (fabricados pelo Centro de Mecânica Aplicada Reshetnev) completa é composta por 24 veículos em órbita, distribuídos por três planos orbitais cujos nodos ascendentes estão localizados a 120º de cada um. Cada plano orbital possui oito satélites com argumentos de latitude separados em 45º. Para além disso os planos estão separados 15º em latitude.

Cada satélite GLONASS opera numa órbita circular com uma altitude de 19.100 km e uma inclinação orbital de 64,8º, completando cada satélite uma órbita em 11 horas e 15 minutos. O espaçamento entre as órbitas é determinado para que um mínimo de cinco satélites esteja no horizonte de cada utilizador em qualquer parte do globo terrestre.

Com uma geodesia adequada a constelação GLONASS permite uma navegação global e contínua. Cada satélite transmite um sinal numa radiofrequência que contém dados de navegação (efeméride da transmissão, alteração do tempo do satélite relativo ao sistema de tempo GLONASS e à hora UTC, marcadores de tempo, e almanaque GLONASS) para os seus utilizadores.

O sistema GLONASS é operado pelo GCC (Ground-based Control Complex). O GCC consiste no SCC (System Control Center) localizado em Krasnoznamensk, região de Moscovo, e várias estações de comando CTS (Command Tracking Stations) espalhadas pela Rússia. As estações CTS observam os satélites GLONASS e obtêm dados de telemetria provenientes dos sinais dos satélites. A informação do CTS é processada no SCC para determinar a hora do satélite e o seu estado orbital, além de actualizar a informação de navegação de cada veículo. Esta informação actualizada é transmitida ao satélite via CTS que também é utilizado para transmitir a informação de controlo. Os dados de detecção do CTS são periodicamente calibrados utilizando dispositivos de detecção a laser nas estações QOTS (Quantum Optical Tracking Stations).

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Cada satélite transporta reflectores laser para este propósito. A sincronização de todo o processo no sistema GLONASS é muito importante para a sua operacionalidade. Existem um sincronizador central no GCC para este efeito. O sincronizador central é um relógio de hidrogénio atómico de alta precisão que origina a escala de tempo GLONASS. As escalas de tempo a bordo (tendo por base relógio atómicos de césio) de todos os satélites GLONASS estão sincronizadas com o tempo UTC registado em Mendeleevo, região de Moscovo.

Os satélites da rede GLONASS são denominados 11F654 Uragan e têm um peso aproximado de 1.415 kg, tendo um comprimento de 7,84 metros (sem o megnetómetro na sua posição operacional), um diâmetro de 2,35 metros e uma largura de 7,23 metros (sem os painéis solares na sua posição operacional).

Os satélites 11F654 Uragan têm uma vida útil de dois anos, enquanto que os veículos 11F654M Uragan-M, com uma massa de 1.480 kg, têm um período de vida útil de sete anos. Os satélites da rede GLONASS são fabricados pela empresa russa Reshetnev NPO Prikladnoy Mekhaniki (NPO PM).

Os satélites da terceira geração Uragan-K, são os primeiros satélites Uragan despressurizados, isto é todos os seus componentes operam em vácuo. A sua vida operacional é de 10 anos e têm uma massa de 750 kg.

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Os satélites transmitem sinais de navegação em cinco canais, melhorando assim a precisão do sistema. Destes canais, quatro são para utilização militar (bandas L1 e L2), enquanto que o sinal civil é transmitido na banda L3.

Este foi o 4929º lançamento orbital bem sucedido, sendo o 2945º lançamento orbital bem sucedido da Rússia e o 1534º lançamento orbital bem sucedido a partir do Cosmódromo GIK-1 PLesetsk.

Para 2013 estão agora previstos 115 lançamentos orbitais. A seguinte tabela mostra os totais de lançamentos executados este ano em relação aos previstos para cada polígono (entre parêntesis estão os lançamentos fracassados se for o caso):

Baikonur – 6 / 32

Plesetsk – 2 / 16

Dombarovskiy – 0 / 3

Cabo Canaveral AFS – 3 / 14

Wallops Island MARS – 1 / 4

Vandenberg AFB – 1 / 6

Kauai – 0 / 1

Jiuquan – 1 / 4*

Xichang – 0 / 3*

Taiyuan – 0 / 4*

Tanegashima – 1 / 4

Kourou – 1 / 14

Satish Dawan, SHAR – 1 / 4

Sohae – 0 / 1*

Semnan – 1 (1?)* / 4*

Naro – 1 / 1

Odyssey – 1 (1) / 1

* Valores incertos

Os próximos cinco lançamentos orbitais são:

04 Mai (0206:31) – Vega (VV02) – CSG Kourou, ZLV – Proba-V, VNREDSat-1A, ESTCube-1

14 Mai (1602:00) – 8K82KM Proton-M/Briz-M (93538/99539) – Baikonur, LC200 PU-39 – Eutelsat-3D

15 Mai (2139:00) – Atlas-V/401 (AV-039) – Cabo Canaveral, SLC-41 – GPS-IIF-4

22 Mai (????:??) – 14A14-B Soyuz-2-1B (215) – GIK-1 PLesetsk, LC43/4 – 14F137 Persona