A empresa RocketLab USA Inc. colocou em órbita com sucesso um satélite que servirá para testar tecnologias de inspecção e caracterização de objectos em órbita terrestre.
A missão “On Closer Inspection” foi realizada a partir do Complexo de Lançamento LC-1B do Centro de Lançamentos de Onenui (Máhia), Nova Zelândia, e utilizou o foguetão Electron/Curie (F44), sendo lançada às 1452UTC do dia 18 de Fevereiro de 2024.
A missão não envolveu a recuperação do primeiro estágio do lançador e abordo foi transportado o satélite ADRAS-J.
A carga da missão “On Closer Inspection”
A missão “On Closer Inspection” transportou o satélite ADRAS-J (Active Debris Removal by Astroscale – Japan), desenvolvido e que será operado pela empresa japonesa Astroscale.
O ADRAS-J será a primeira tentativa para abordar e caracterizar com segurança um pedaço dos actuais grandes detritos em órbita por meio da realização de Operações de Encontro e Proximidade (Rendezvous and Proximity Operations RPO), abrindo uma gama de possibilidades de manutenção em órbita, incluindo a remoção activa de detritos. Com o ADRAS-J, a Astroscale fez parceria com a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) no seu programa de Demonstração de Remoção Comercial de Detritos (CRD2). Sendo uma das primeiras demonstrações mundiais de remoção de detritos em grande escala da órbita terrestre, o CRD2 abrirá caminho para o desenvolvimento da tecnologia e das políticas que impulsionarão o mercado espacial sustentável.
O satélite irá tentar inspeccionar um objeto não preparado para esta missão e que não fornece dados GPS por si só, o que significa que a localização precisa e a posição orbital necessárias para uma missão RPO não estão disponíveis. Uma vez numa órbita precisa, o ADRAS-J usará dados de observação terrestre da posição orbital aproximada do objecto para aproximar-se inicialmente do cliente a uma distância segura com base nesta informação limitada.
Assim que o satélite estiver a uma certa distância do objecto, o ADRAS-J usará os seus próprios sensores de carga útil de aproximação e encontro a bordo para conduzir uma abordagem segura com o objecto. Esses sensores irão capturar vários tipos de informações de navegação relativas sobre o objecto, tais como a distância e atitude, necessárias para demonstrar tecnologias RPO para abordar com segurança um objecto em órbita. A comutação e coordenação perfeitas entre esses sensores são cruciais para o sucesso da missão. A alternância entre os sensores pode ser comparada à transição entre um telescópio, binóculos e uma lupa durante um veículo em movimento rápido na Terra, o que ilustra os difíceis desafios que precisam ser superados para este tipo de missão.
Para esta missão, o ADRAS-J conduzirá uma aproximação próxima e orbitará ao redor do objecto para recolher dados e imagens para assim avaliar a sua condição, tais como: taxa de rotação, eixo de rotação e condição da estrutura. A missão demonstrará as tecnologias RPO mais desafiadoras necessárias para serviços em órbita, porém o ADRAS-J não irá acoplar com o objecto.
O ADRAS-J tem uma massa de cerca de 150 kg e as suas dimensões são (com os painéis solares recolhidos) 83 x 81 x 120 cm ou (com os painéis solares abertos) 370 x 81 x 120 cm.
Nesta missão, o satélite ADRAS-J abordará um estágio de um foguetão lançador abandonado em órbita para observá-lo de perto, entender como ele se comporta e determinar métodos potenciais para a sua remoção de órbita assistida no futuro. O estágio que o observará é um estágio superior de foguetão japonês H-2A deixado na órbita baixa da Terra após o lançamento do satélite de observação terrestre GOSAT em 2009. O ADRAS-J voará ao redor do estágio, com 11 metros de comprimento e quatro metros de diâmetro, inspecionando-o com câmaras. A missão completa da Astroscale levará entre três e seis meses para ser concluída.
Lançamento
Com o encerramento das vias de acesso ao local de lançamento a ocorrer a T-6h, o foguetão Electron era colocado na sua posição vertical a T-4h e iniciava-se o processo de abastecimento de querosene. O pessoal de apoio na plataforma de lançamento deixava a área a T-2h 30m e o abastecimento de oxigénio líquido (LOX) iniciava-se a T-2h.
As autoridades de aviação locais eram informadas sobre o lançamento a T-30m para assim poderem avisar os aviadores naquele espaço aéreo. Os preparativos finais para o lançamento iniciam-se a T-18m. A sequência automática de lançamento inicia-se a T-2m, com o computador de bordo do Electron a tomar conta das operações. A ignição dos motores do lançador inicia-se a T-2s.
O foguetão abandona a plataforma de lançamento a T=0s, com uma ascensão lenta nas fases iniciais e ganhando velocidade à medida que ganha altitude. O veículo atinge a velocidade do som (Mach 1) a T+55s e a zona de máxima pressão dinâmica a T+1m 1s. O final da queima do primeiro estágio ocorre a T+2m 24s e a sua separação ocorre três segundos mais tarde.
A ignição do motor Rutherford do segundo estágio ocorre a T+2m 31s, seguindo-se a separação da carenagem de protecção a T+3m 4s. O final da queima do segundo estágio ocorre a T+9m 4s, dando-se a separação do estágio Curie a T+9m 8s.
O conjunto encontra-se agora numa órbita de parqueamento antes de iniciar a primeira ignição do estágio superior, que ocorre a T+50m 36s, com a segunda queima a ocorrer a T+1h 3m 30s. A separação do satélite ADRAS-J ocorre a T+1h 4m 30s.
O foguetão Electron
O Electron é um lançador a três estágios com um comprimento de 18 metros e um diâmetro de 1,2 metros. Tem uma massa de 13.000 kg no lançamento e é capaz de colocar em órbita terrestre baixa uma carga de 225 kg, sendo a sua carga nominal de 200 kg (a 500 km de altitude). Devido ao seu desenho e fabrico (fibra de carbono compósito e estrutura monocoque), o Electron é elaborado com altos níveis de automatização.
O lançador tira partido de materiais compósitos na sua fuselagem, tendo uma estrutura forte e super leve. Da mesma forma, os tanques de propelente são fabricados em materiais compósitos.
O primeiro estágio está equipado com nove motores Rutherford com uma capacidade de 162 kN, com um impulso específico de 311 s. O motor Rutherford consome querosene e oxigénio líquido, utilizando componentes impressos em 3D.
O motor Rutherford é um motor topo de gama que se alimenta de querosene e oxigénio líquido, sendo especificamente projectado para o foguetão Electron utilizando um ciclo de propulsão inteiramente novo. Uma característica única deste motor são as turbinas eléctricas de alto desempenho que reduzem a sua massa, substituindo assim ‘hardware’ por ‘software’. O motor Rutherford é o primeiro motor do seu tipo que utiliza impressão 3D nos seus componentes principais. Estas características são únicas no mundo para um motor de propelentes líquidos de alto desempenho alimentados por turbobombas eléctricas. O seu desenho orientado para a produção permitem que o Electron seja construído e os satélites lançados com uma frequência sem precedentes.
O segundo estágio do lançador é propulsionado por um motor derivado do motor Rutherford melhorado para um excelente desempenho em condições de vácuo. Consegue desenvolver 22 kN de força e um impulso específico de 343 s.
A sua carenagem tem um comprimento de 2,5 metros com um sistema de separação pneumático e por molas.
Lançamento | Missão | Veículo Lançador | Data de Lançamento | Hora
(UTC) |
Carga |
2023-035 | F34 | Stronger Toghether | 16/Mar/23 | 22:38:59 | Capella-9
Capella-10 |
2023-041 | F35 | The Beat Goes On | 24/Mar/23 | 09:14 | BlackSky-18
BlackSky-19 |
2023-062 | F36 | Rocket Like A Hurricane | 08/Mai/23 | 01:00 | TROPICS-05
TROPICS-06 |
2023-073 | F37 | Coming to a Storm Near You | 26/Mai/23 | 03:46 | TROPICS-03
TROPICS-07 |
2023-100 | F39 | Baby Come Back | 18/Jul/23 | 01:17 | Telesat LEO 3
Starling-1 Starling-2 Starling-3 Starling-4 Lemur-2 (169) Lemur-2 (170) |
2023-126 | F40 | We Love the Nightlife | 23 / Ago / 23 | 23:43 | Capella-11 (Capella Acadia 1) |
2023-F07 | F41 | We will never desert you | 19 / Set / 23 | 06:56 | Capella-12 (Capella Acadia 2) |
2023-196 | F42 | The Moon God Awakens | 15 / Dez / 23 | 04:05:54 | QPS-SAR 5 (Tsukuyomi-1) |
2024-022 | F43 | Four Of A Kind | 31 / Jan / 24 | 06:34 | Skylark-1
Skylark-2 Skylark-3 Skylark-4 |
2024-034 | F44 | On Closer Inspection | 18 / Fev / 24 | 14:52 | ADRAS-J |
O Complexo de Lançamento LC-1 localizado na Península de Máhia, entre Napier e Gisborne, na costa Este de Ilha do Norte da Nova Zelândia. Este é o primeiro complexo orbital na Nova Zelândia e o primeiro complexo, a nível mundial, operado de forma privada.
Equipado com duas plataformas de lançamento, a localização remota do LC-1, e de forma particular o seu baixo volume de tráfego marítimo e aéreo, é um factor-chave que permite um acesso sem precedentes ao espaço. A posição geográfica deste local permite que seja possível a uma grande gama de azimutes de lançamento – os satélites lançados desde Máhia podem ser colocados em órbitas com uma grande variedade de inclinações para assim proporcionar serviços em muitas áreas em torno do globo.
Dados estatísticos e próximos lançamentos
– Lançamento orbital: 6606
– Lançamento orbital EUA: 1990 (30,12%)
– Lançamento orbital Onenui (Máhia): 41 (0,62% – 2,06%)
Lançamentos orbitais em 2024
Estatísticas dos lançamentos orbitais em 2024
Próximos lançamentos orbitais
Data Hora
UTC |
Lançador | Local Lançamento
Plt. Lançamento (Recuperação) |
Carga / Missão | |
6607 | 20 Fevereiro
20:11:?? |
Falcon-9 | Cabo Canaveral SFS
SLC-40 |
HTS-113BT |
6609 | 22 Fevereiro
04:24:?? |
Falcon-9 | Vandenberg SFB
SLC-4E (OCISLY) |
Starlink G7-15 |
6610 | 23 Fevereiro
11:30:?? |
Chang Zheng-5
Y7 |
Wenchang
LC101 |
TJSW-11 |
6611 | 24 Fevereiro
00:14:?? |
Falcon-9 | Cabo Canaveral SFS
SLC-40 |
Starlink G6-39 |
6612 | 29 Fevereiro
05:43 |
Soyuz-2.1b/Fregat
??/142-03 |
Vostochniy
LC-1S |
Meteor-M n.º 2-4
Marafon-D n.º 11L TUSUR-GO Vizard-ion Gorizont Colibri-s RTU MIREA1 ?? |