A Rocket Lab USA Inc. realizou o lançamento do primeiro grupo de oito satélites OroraTech destinados a detectar fogos florestais.
O lançamento da constelação OroraTech OTC-P1 teve lugar às 1530UTC do dia 26 de Março de 2025 e foi realizado pelo foguetão Electron/Curie (F63) a partir da Plataforma de Lançamento LC-1B do Centro de Lançamentos de Onenui (Máhia), Nova Zelândia.
A bordo da missão denominada “Finding Hot Wildfires Near You” encontravam-se os satélites OroraTech OTC-P1 1 a OroraTech OTC-P1 8 que ficaram colocados numa órbita com um perigeu a 523 km, apogeu a 551 km e inclinação orbital de 97,5°.
A missão visa aumentar a capacidade da constelação da OroraTech e permitir a monitorização contínua 24 horas por dia, 7 dias por semana: uma capacidade crucial para melhorar a segurança das pessoas, florestas e infraestruturas, especialmente face às crescentes ameaças de incêndios florestais.
Os satélites foram desenvolvidos e serão operados pela Orora Technologies, tendo a capacidade de observação por infravermelhos e sendo baseados no factor de forma CubeSat-6U (tiveram como protótipo o satélite FOREST-3 – Forest Observation and Recognition Experimental Smallsat Thermal Detector 3 – colocado em órbita a 14 de Janeiro de 2025 por um foguetão Falcon-9)
A OroraTech opera a maior rede mundial de satélites de deteção de incêndios florestais. Com o lançamento da Fase Um da Constelação OroraTech com a RocketLab, adiciona-se a capacidade de deteção e observação durante o início da tarde. Este período, conhecido como “Lacuna da Tarde”, é quando os incêndios começam com mais frequência e são mais intensos, mas não existem vias de acesso por satélite. A adição desta capacidade de observação críticas permite aos bombeiros manter a consciência situacional durante um incêndio em todos os momentos do dia, independentemente do clima ou da cobertura de nuvens.
O “Wildfire Solution” é o pacote de soluções contra incêndios florestais mais abrangente do mercado actualmente, fornecendo ferramentas para todas as fases de um incêndio. Antes mesmo de um incêndio começar, pode fornecer uma análise do perigo de incêndio com base nas condições atuais do solo. Quando um incêndio começa, a OroraTech detecta e segue o fogo utilizando a sua rede de satélites, mas também pode prever a sua velocidade e direção utilizando a sua simulação de propagação de fogo.
Esta simulação também pode ser personalizada para condições meteorológicas específicas e cenários de incêndio, permitindo aos utilizadores planear com antecedência. Por fim, após as chamas serem extintas, a análise da área queimada pode ajudar a determinar os danos para iniciar os esforços de reconstrução e reflorestação. Isto significa uma avaliação rápida da gravidade dos incêndios via satélites, o que permite poupar inúmeras horas de trabalho.
A primeira fase da constelação OroraTech é apenas o início. Nos próximos cinco anos, serão colocados em órbita mais de 100 satélites para atingir um intervalo máximo de 30 minutos. Estes avanços permitirão actualizações constantes sobre incêndios activos no solo e apoiarão os bombeiros de todo o mundo enquanto combatem as chamas que destroem vidas, terras e propriedades.
Lançamento
Esta missão teve como objectivo colocar a sua carga numa órbita a 650 km de altitude com uma inclinação de 97°.
Com o encerramento das vias de acesso ao local de lançamento a ocorrer a T-6h, o foguetão Electron era colocado na sua posição vertical a T-4h e iniciava-se o processo de abastecimento de querosene. O pessoal de apoio na plataforma de lançamento deixava a área a T-2h 30m e o abastecimento de oxigénio líquido (LOX) iniciava-se a T-2h.
As autoridades de aviação locais eram informadas sobre o lançamento a T-30m para assim poderem avisar os aviadores naquele espaço aéreo. Os preparativos finais para o lançamento iniciam-se a T-18m. A sequência automática de lançamento inicia-se a T-2m, com o computador de bordo do Electron a tomar conta das operações. A ignição dos motores do lançador inicia-se a T-2s.
O foguetão abandona a plataforma de lançamento a T=0s, com uma ascensão lenta nas fases iniciais e ganhando velocidade à medida que ganha altitude. Atingindo a velocidade do som (Mach 1) a T+55s e passando a fase de maior pressão dinâmica (MaxQ) a T+1m 7s, o final da queima do primeiro estágio ocorre a T+2m 25s e a sua separação ocorre três segundos mais tarde. A ignição do motor Rutherford do segundo estágio ocorre a T+2m 31s e a separação da carenagem de protecção ocorre a T+3m 9s. A T+6m 25s ocorre a troca de baterias eléctricas que dão o impulso eléctrico necessário a ignição do motor Rutherford Vacuum.
O final da queima do segundo estágio ocorre a T+9m 1s e a separação entre o segundo estágio e o estágio Curie ocorre a T+9m 5s. Estando numa órbita de parqueamento, o estágio Curie irá realizar uma queima antes da separação dos satélites.
A ignição do motor Curie tem lugar a T+49m 21s, terminando a T+51m 48s. A T+52m 38s, inicia-se a separação dos oito satélites OroraTech OTC-P1.
O foguetão Electron
O Electron é um lançador a três estágios com um comprimento de 18 metros e um diâmetro de 1,2 metros. Tem uma massa de 13.000 kg no lançamento e é capaz de colocar em órbita terrestre baixa uma carga de 225 kg, sendo a sua carga nominal de 200 kg (a 500 km de altitude). Devido ao seu desenho e fabrico (fibra de carbono compósito e estrutura monocoque), o Electron é elaborado com altos níveis de automatização.
O lançador tira partido de materiais compósitos na sua fuselagem, tendo uma estrutura forte e super leve. Da mesma forma, os tanques de propelente são fabricados em materiais compósitos.
O primeiro estágio está equipado com nove motores Rutherford com uma capacidade de 162 kN, com um impulso específico de 311 s. O motor Rutherford consome querosene e oxigénio líquido, utilizando componentes impressos em 3D.
O motor Rutherford é um motor topo de gama que se alimenta de querosene e oxigénio líquido, sendo especificamente projectado para o foguetão Electron utilizando um ciclo de propulsão inteiramente novo. Uma característica única deste motor são as turbinas eléctricas de alto desempenho que reduzem a sua massa, substituindo assim ‘hardware’ por ‘software’. O motor Rutherford é o primeiro motor do seu tipo que utiliza impressão 3D nos seus componentes principais. Estas características são únicas no mundo para um motor de propelentes líquidos de alto desempenho alimentados por turbobombas eléctricas. O seu desenho orientado para a produção permitem que o Electron seja construído e os satélites lançados com uma frequência sem precedentes.
O segundo estágio do lançador é propulsionado por um motor derivado do motor Rutherford melhorado para um excelente desempenho em condições de vácuo. Consegue desenvolver 22 kN de força e um impulso específico de 343 s.
A sua carenagem tem um comprimento de 2,5 metros com um sistema de separação pneumático e por molas.
A tabela seguinte mostra os últimos dez lançamentos realizados por foguetões Electron (incluí lançamentos suborbitais).
Lançamento | Veículo Lançador | Local Lançamento
Missão |
Data de Lançamento | Hora
(UTC) |
Carga |
2024-201 | F54 | Onenui (Máhia), LC-1B
Changes in Latitudes, Changes in Attitudes |
05/Nov/24 | 10:54 | Protosat-1 |
– | F55 | Wallops Is, LA-0C
– |
24/Nov/24 | 06:00 | HIPPO (MACH-TB 2) |
2024-219 | F56 | Onenui (Máhia), LC-1B
Ice AIS Baby |
25 / Nov / 24 | 03:55:18 | Kinéis-11
Kinéis-12 Kinéis-13 Kinéis-14 Kinéis-15 |
– | F57 | Wallops Is, LA-0C
– |
14/Dez/24 | 01:00 | Stonehenge |
2024-248 | F58 | Onenui (Máhia), LC-1B
Owl The Way Up |
21/Dez/24 | 14:17 | StriX-2 |
2025-028 | F59 | Onenui (Máhia), LC-1A
IoT 4 You and Me |
08/Fev/25 | 20:43 | Kinéis-16
Kinéis-17 Kinéis-18 Kinéis-19 Kinéis-20 |
2025-033 | F60 | Onenui (Máhia), LC-1B
Fasten Your Space Belts |
18/Fev/25 | 23:17 | BlackSky Global 31 |
2025-050 | F61 | Onenui (Máhia), LC-1B
The Lightning God Reigns |
15/Mar/25 | 00:00 | QPS-SAR 9 |
2025-056 | F62 | Onenui (Máhia), LC-1A
High Five |
18/Mar/25 | 01:31 | Kinéis-21
Kinéis-22 Kinéis-23 Kinéis-24 Kinéis-25 |
2026-061 | F63 | Onenui (Máhia), LC-1B
Finding Hot Wildfires Near You |
26/Mar/25 | 15:30 | OroraTech OTC-P1 1
a OroraTech OTC-P1 8 |
O Complexo de Lançamento LC-1 localizado na Península de Máhia, entre Napier e Gisborne, na costa Este de Ilha do Norte da Nova Zelândia. Este é o primeiro complexo orbital na Nova Zelândia e o primeiro complexo, a nível mundial, operado de forma privada.
Equipado com duas plataformas de lançamento, a localização remota do LC-1, e de forma particular o seu baixo volume de tráfego marítimo e aéreo, é um factor-chave que permite um acesso sem precedentes ao espaço. A posição geográfica deste local permite que seja possível a uma grande gama de azimutes de lançamento – os satélites lançados desde Máhia podem ser colocados em órbitas com uma grande variedade de inclinações para assim proporcionar serviços em muitas áreas em torno do globo.
Imagens: RocketLab