A RocketLab realizou o seu último lançamento orbital de 2021 ao colocar em órbita dois satélites para a BlackSky Global.
O lançamento teve lugar às 0002UTC do dia 9 de Dezembro de 2021 e foi levado a cabo desde o Complexo de Lançamento LC-1, plataforma A do Centro de Lançamentos de Máhia, em Onenui – Nova Zelândia. Os dois satélites foram colocados em órbita pelo foguetão Electron/Curie (F22) e esta foi a missão “A Data With Destiny”, sendo a 23.ª missão da empresa e a 6.ª deste ano.
A missão “A Data With Destiny” nasceu do acordo assinado pela RocketLab com a Spaceflight Inc. para o lançamento dos satélites BlackSky o que inclui integração dos satélites e gerir toda a missão.
A missão colocou em órbita os satélites BlackSky-14 (BlackSky Global 16) e BlackSky-15 (BlackSky Global 17) como parte do acordo de lançamentos rápidos e ainda mais dois nas missões que se seguem.
Ao contrário da missão anterior, não foi tentada a recuperação do primeiro estágio do lançador.
Texto: Salomé T. Fagundes / Rui C. Barbosa
Os satélites da BlackSky Global
A constelação de satélites BlackSky é um conjunto de microsatelites da BlackSky para observação terrestre, com uma resolução de 1 metro.
Estes satélites possuem um sistema de imagens SpaceView-24 construído pela Exelis da Harris Corp com uma abertura de 24 cm. Conseguem imagens do solo com uma resolução de 0,9 a 1,1 a uma altitude orbital de 500 km. São munidos de uma propulsão a bordo para 3 anos. Os satélites são construídos pela Spaceflight Services e são baseados no modelo SCOUT.
Os satélites operacionais Block 2 são caracterizados pelas suas melhorias em relação aos pioneiros Block 1. Têm painéis solares maiores e podem produzir imagens em quatro bandas e em modo pancromático. Cada um pode produzir 1000 imagens por dia, quer em modo de fotografia, quer em modo de vídeo.
Texto: Rui C. Barbosa
Lançamento
O foguetão Electron era colocado na sua posição vertical a T-4h e iniciava-se o processo de abastecimento de querosene. O pessoal de apoio na plataforma de lançamento deixava a área a T-2h 30m e o abastecimento de oxigénio líquido (LOX) iniciava-se a T-2h.
As autoridades de aviação locais eram informadas sobre o lançamento a T-30m para assim poderem avisar os aviadores naquele espaço aéreo. Os preparativos finais para o lançamento iniciam-se a T-18m. A sequência automática de lançamento inicia-se a T-2m, com o computador de bordo do Electron a tomar conta das operações. A ignição dos motores do lançador inicia-se a T-2s.
O foguetão abandona a plataforma de lançamento a T=0s, com uma ascensão lenta nas fases iniciais e ganhando velocidade à medida que ganha altitude. O final da queima do primeiro estágio termina a T+2m 32s e a sua separação ocorre três segundos mais tarde. A ignição do motor do segundo estágio ocorre a T+2m 39s. A separação da carenagem de protecção ocorre a T+3m 12s. A T+6m 8s ocorre a troca de baterias eléctricas que dão o impulso eléctrico necessário a ignição do motor Rutherford Vacuum.
O segundo estágio atinge a órbita terrestre a T+8m 44s. A separação entre o segundo estágio e o estágio Curie ocorre e T+8m 52s. Entra-se neste momento numa fase não propulsionada de cerca de 40 minutos. O estágio Curie entra em ignição a T+50m 16s. O final da queima do estágio Curie ocorre a T+51m 58s. A separação dos satélites BlackSky Global dá-se por volta de T+1hs.
Texto: Salomé T. Fagundes / Rui C. Barbosa
O foguetão Electron
O Electron é um lançador a três estágios com um comprimento de 18 metros e um diâmetro de 1,2 metros. Tem uma massa de 13.000 kg no lançamento e é capaz de colocar em órbita terrestre baixa uma carga de 225 kg, sendo a sua carga nominal de 200 kg (a 500 km de altitude). Devido ao seu desenho e fabrico (fibra de carbono compósito e estrutura monocoque), o Electron é elaborado com altos níveis de automatização.
O lançador tira partido de materiais compósitos na sua fuselagem, tendo uma estrutura forte e super leve. Da mesma forma, os tanques de propolente são fabricados em materiais compósitos.
O primeiro estágio está equipado com nove motores Rutherford e tem uma capacidade de 162 kN, com um impulso específico de 311 s. O motor Rutherford consome querosene e oxigénio líquido, utilizando componentes impressos em 3D.
O motor Rutherford é um motor topo de gama que se alimenta de querosene e oxigénio líquido, e que foi especificamente projectado para o foguetão Electron utilizando um ciclo de propulsão inteiramente novo. Uma característica única deste motor são as turbinas eléctricas de alta performance que reduzem a sua massa e que substituem hardware por software. O motor Rutherford é o primeiro motor do seu tipo que utiliza impressão 3D nos seus componentes principais. Estas características são únicas no mundo para um motor de propelentes líquidos de alta performance alimentados por turbobombas eléctricas. O seu desenho orientado para a produção permitem que o Electron seja construído e os satélites lançados com uma frequência sem precedentes.
O segundo estágio do lançador é propulsionado por um motor derivado do motor Rutherford melhorado para uma excelente performance em condições de vácuo. É capaz de desenvolver 22 kN de força e um impulso específico de 343 s.
A sua carenagem tem um comprimento de 2,5 metros com um sistema de separação pneumático e por molas.
Lançamento | Missão | Veículo Lançador | Data de Lançamento | Hora
(UTC) |
Carga |
2020-060 | F14 | I Can’t Believe It’s Not Optical | 31/08/20 | 03:05:47 | Sequoia |
2020-077 | F15 | In Focus | 28/Out/20 | 21:21 | CE-SAT-2B
Flock-4e’ (1) a Flock-4e’ (9) |
2020-085 | F16 | Return To Sender | 20/Nov/20 | 02:20 | Dragracer-A (Alchemy)
Dragracer-B (Augury) BRO-2 BRO-3 SpaceBEE-22 a SpaceBEE-45 APSS-1 Gnome Chomski |
2020-098 | F17 | The Owl’s Night Begins | 15/Dez/20 | 10:09:27 | StriX-α |
2021-004 | F18 | Another One Leaves The Crust | 20/Jan/21 | 07:26 | GMS-T |
2021-023 | F19 | They Go Up So Fast | 22/Mar/21 | 22:30 | BlackSky-7 (BlackSky Global 9)
Centauri-3 Myriota-7 RAAF-M2 A RAAF-M2 B Gunsmoke-J (Jacob’s Ladder) Veery Hatchling (Veery RL1 v0.1) Pathstone |
2021-F02 | F20 | Running Out of Toes | 15/Mai/21 | 11:11 | BlackSky-8 (BlackSky Global 10)
BlackSky-9 (BlackSky Global 11) |
2021-068 | F21 | It’s A Little Chile Up Here | 29/Jul/21 | 06:00 | STP-27RM: Monolith |
2021-106 | F22 | Love At First Insight | 18/Nov/21 | 01:38:13 | BlackSky-10 (BlackSky Global 12)
BlackSky-11 (BlackSky Global 13) |
2021-120 | F23 | A Data With Destiny | 09/Dez/21 | 00:02 | BlackSky-14 (BlackSky Global 16)
BlackSky-15 (BlackSky Global 17) |
O Complexo de Lançamento LC-1 localizado na Península de Máhia, entre Napier e Gisborne, na costa Este de Ilha do Norte da Nova Zelândia. Este é o primeiro complexo orbital na Nova Zelândia e o primeiro complexo a nível mundial operado de forma privada.
Equipado com duas plataformas de lançamento, a localização remota do LC-1, e de forma particular o seu baixo volume de tráfego marítimo e aéreo, é um factor chave que permite um acesso sem precedentes ao espaço. A posição geográfica deste local permite que seja possível a uma grande gama de azimutes de lançamento – os satélites lançados desde Máhia podem ser colocados em órbitas com uma grande variedade de inclinações para assim proporcionar serviços em muitas áreas em torno do globo.
Texto e tabela: Rui C. Barbosa