A empresa privada Norte-americana, SpaceX, encontra-se mergulhada numa intensa investigação para determinar a causa que levou à perda do foguetão Falcon-9 v1.1R que transportava o veículo de carga Dragon SpX-7 (CRS-7) para a estação espacial internacional.
O lançamento da Dragon SpX-7 (CRS7) teve lugar desde o Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral AFS, às 1421UTC do dia 28 de Junho e foi levado a cabo por um foguetão Falcon-9 v1.1R. A destruição do lançador teve lugar a T+2m 19s. O acidente estará relacionado com uma severa falha estrutural dos tanques de propolente do segundo estágio do foguetão lançador devido a uma pressurização excessiva do tanque de oxigénio líquido.
Escassa em declarações durante esta fase de investigação, a SpaceX enfrenta a sua caminhada no deserto após ter sido vista como a maior promessa no mercado comercial do lançamento de satélites, tendo a sua reputação sido construída após vários lançamentos bem sucedidos para a ISS e de missões comerciais.
Enquanto que o segundo estágio do lançador está a ser considerado como o principal «culpado» pela perda da missão, os investigadores estão a recolher dados para reconstruir os momentos finais do voo do Falcon-9 v1.1R, à medida que as equipas de recuperação e emergência tentam recolher os restos do lançador para assim ajudarem a desenhar o esquema em árvore que permita explicar o fracasso.
Esta foi a 19ª missão de um foguetão Falcon-9 em todas as suas variantes e tinha como objectivo o lançamento de uma missão logística para a estação espacial internacional. Porém, tal não aconteceu devido a um evento de excesso de pressurização no segundo estágio do lançador aos 139 segundos de voo que precipitou a perda da cápsula Dragon e a desintegração do Falcon-9 v1.1R. A causa do acidente permanece desconhecida nesta altura e somente uma curta mensagem de Ellon Musk, principal responsável da SpaceX, indica que o problema esteve relacionado com um excesso de pressurização no segundo estágio.
O vídeo do lançamento mostra que o primeiro estágio continuou a funcionar enquanto que os acontecimentos se precipitavam de forma rápida e durante nove segundos até que o ambiente aerodinâmico em rápida alteração levasse à destruição do veículo. As imagens obtidas pelas câmaras existentes no Cabo Canaveral e no Centro Espacial Kennedy. mostraram a cápsula Dragon a afastar-se do desastre, apesar de o seu destino estar traçado devido ao impacto a grande velocidade na superfície do Oceano Atlântico.
A nota emitida por Ellon Musk pode potencialmente apontar na direcção dos depósitos de hélio utilizadas para a pressurização do segundo estágio. Denominadas Composite Overwrapped Pressure Vessels (COPVs) durante a era dos vaivéns espaciais, estes depósitos têm sido tema de vários debates de engenharia na SpaceX em missões passadas, tais como no lançamento da missão Dragon SpX-6 (CRS6) e do satélite TurkemenistanSat. Ambas estas missões foram levadas a cabo sem qualquer problema.
Os investigadores estão a trabalhar utilizando várias fontes e de forma mais importante com os dados de telemetria enviados pelo veículo juntamente com as pistas visuais proporcionadas pelas imagens do acidente e utilizando partes do lançador entretanto recuperadas.
Para além do facto de o segundo estágio ter sofrido uma falha durante o voo, todo o fluxo de preparativos para a missão e a respectiva sequência de lançamento serão parte da investigação, desde o pormenor que causou um adiamento inicial do lançamento – que se crê terem sido problemas relacionados com a acoplagem da cápsula Dragon com o segundo estágio do seu lançador – até aos detritos que foram observados durante o voo, mas que se crê terem sido partículas de gelo que se separaram do veículo na fase de máxima pressão dinâmica.
Nesta altura, e tendo por base a nota de Ellon Musk, é provável que o sistema de pressurização do segundo estágio e / ou condutas associadas a a este sistema de pressurização, tenham sofrido um problema que levou a uma grande alteração de pressão nos tanques com o estágio a perder a sua integridade estrutural (o que explica a separação da cápsula Dragon) e a posterior ruptura estrutural do segundo estágio, levando à destruição total do veículo.
Imagem: NASATV
Baseado no artigo “SpaceX working toward Falcon 9 diagnosis ahead of treatment“, de Chris Bergin. Utilizado com autorização.