Nova missão militar lançada pelos Estados Unidos

Continuando a potenciar as suas capacidades militares de agressão, os Estados Unidos colocaram em órbita uma nova missão militar através da empresa do oligarca neo-nazi Elon Musk.

O lançamento da missão NROL-69 “Numquam Hibernare” foi realizado às 1742UTC do dia 24 de Março de 2025 utilizando o foguetão Falcon-9 (B1092.2) a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 da Estação das Forças Espaciais de Cabo Canaveral, Florida.

Esta é a quinta missão do National Reconnaissance Office (NRO) em 2025 e faz parte de um conjunto de contratos atribuídos tanto à empresa do multimilionário como à United Lauch Alliance (ULA) como parte da Fase 2 do programa National Security Space Launch (NSSL). Entre as 50 missões atribuídas, 9 dessas missões provêm do NRO.

Geralmente, o NRO não fornece detalhes sobre as suas várias missões, incluindo as órbitas finais, as cargas úteis e as suas vidas operacionais. Relativamente à missão NROL-69, a agência referiu que “esta missão transporta uma carga útil de segurança nacional concebida, construída e operada pela NRO.”

Não se sabendo qual será a órbita final desta missão, os avisos NOTAM emitidos indicam que esta terá uma inclinação de cerca de 53.º. Por outro lado, o foguetão Falcon-9 a ser utilizado nesta missão contém uma banda cinzenta em torno do seu segundo estágio. Esta banda é geralmente utilizada em lançadores cuja missão requer um longo período numa órbita de parqueamento antes da manobra (ou manobras) final.

Os segundos estágio do Falcon-9 têm três conficurações denominadas “standar”, “medium” e “long-coast”, sendo utilizadas dependendo da duração da operação do segundo estágio antes da separação da sua carga. Um segundo estágio de configuração “medium” proporciona um melhor desempenho para algumas missões e inclui uma bateria extra ou uma bateria de energia, uma faixa cinzenta pintada no exterior do depósito de combustível e outros equipamentos para garantir que os sistemas de combustível e os estágios operam durante o tempo necessário, quando no espaço. Assim, a tinta que compõem a banda cinzenta no segundo estágio absorve o calor do Sol para manter o combustível suficientemente quente para a longa missão.

Assim, é possível que a missão NROL-69 envolva três queimas (manobras) do segundo estágio antes da separação da sua carga.

Lançamento

A cerca de dez horas do lançamento procedeu-se à activação eléctrica do foguetão Falcon-9. Tanto o lançador como a sua carga são submetidos a uma série de verificações testes antes do início do abastecimento do querosene RP-1. O Director de Voo consulta os controladores a T-38m, determinando assim se tudo está pronto para o início do abastecimento do lançador. O processo de abastecimento de RP-1 inicia-se a T-35m no primeiro estágio, seguindo-se o início do abastecimento do oxigénio líquido (LOX) na mesma altura. O abastecimento de LOX ao segundo estágio inicia-se a T-16m.

A fase terminal da contagem decrescente inicia-se com os motores a serem condicionados termicamente para o lançamento a T-7m. A T-1m é enviado um comando para o computador de voo para iniciar as verificações pré-lançamento e o sistema de supressão sónica é activado na plataforma de lançamento inundada por milhões de litros de água. Por esta altura os tanques de propelente também são pressurizados.

A T-45s o Director de Lançamento verifica se todos os parâmetros estão prontos para a missão, sendo também verificado que o espaço aéreo está pronto para o lançamento. A sequência de ignição é iniciada a T-3s. A T=0s o foguetão abandona a plataforma.

Abandonando a plataforma de lançamento, o Falcon-9 inicia uma série de manobras para se colocar na trajectória de voo correcta.

Tempo (h:m:s) Evento
00:01:07 Máxima pressão dinâmica (MaxQ)
00:02:14 Final da queima do 1.º estágio (MECO)
00:02:17 Separação entre o 1.º e o 2.º estágio
00:02:25 Ignição do 2.º estágio (SES-1)
00:02:31 Início da manobra de regresso
00:03:07 Separação da carenagem de protecção
00:03:25 Fim da manobra de regresso
00:06:37 Início da queima de reentrada do 1.º estágio
00:06:58 Final da queima de reentrada do 1.º estágio
00:07:50 Início da queima de aterragem do 1.º estágio
00:08:21 Final da primeira queima do 2.º estágio (SECO-1)
00:08:22 Aterragem do 1.º estágio
00:46:26 Início da segunda queima do 2.º estágio (SES-2)
00:46:38 Final da segunda queima do 2.º estágio (SECO-2)
??:??:?? Início da terceira queima do 2.º estágio (SES-3)
??:??:?? Final da terceira queima do 2.º estágio (SECO-3)
??:??:?? Separação da carga

 

O foguetão Falcon-9

Baptizado em nome da nave Millenium Falcon da saga cinematográfica “Guerra das Estrelas”, o foguetão Falcon-9 v1.1 foi um lançador a dois estágios projectado e fabricado para o transporte seguro e fiável de satélites e do veículo Dragon para a órbita terrestre. Sendo o primeiro foguetão completamente desenvolvido no Século XXI, este lançador foi projectado desde o início para ter a máxima fiabilidade. A sua simples configuração de dois estágios minimiza o número de eventos de separação (staging) e com nove motores no primeiro estágio, pode completar a sua missão em segurança mesmo na possibilidade de perda de um motor.

O Falcon-9 fez história em 2012 quando colocou a cápsula Dragon na órbita correcta para uma manobra de encontro com a estação espacial internacional. Desde então, foram realizadas múltiplas missões para a ISS transportando e recolhendo carga para a NASA. O Falcon-9, bem como a cápsula Dragon, foram desenhados na base do desenvolvimento de um sistema de transporte de astronautas para o espaço.

O foguetão Falcon-9 Upgrade, ou Falcon-9 FT, (a seguir designado simplesmente como “Falcon-9”) representa a mais recente evolução deste lançador. De forma geral, o Falcon-9 tem 68,4 metros de comprimento, 3,7 metros de diâmetro e uma massa de 541.300 kg. O veículo é capaz de colocar uma carga de 13.150 kg numa órbita terrestre baixa ou 4.850 kg numa órbita de transferência geossíncrona.

O primeiro estágio do Falcon-9 está equipado com nove motores Merlin (Merlin-1D) e tanque de liga de alumínio e lítio que contêm oxigénio líquido e querosene RP-1. Após a ignição, um sistema de segurança fixa o veículo na plataforma de lançamento e garante que todos os motores são verificados como estando na força máxima antes de libertar o foguetão para o seu voo. Então, com uma força superior a cinco aviões Boeing 747 em potência máxima, os motores Merlin lançam o foguetão para o espaço. Ao contrário dos aviões, a força de um foguetão vai aumentando com a altitude – o Falcon-9 gera 6.806 kN ao nível do mar, mas atinge 7.426 kN no vácuo espacial. Os motores do primeiro estágio vão sendo aumentados em potência perto do final da queima do estágio para assim limitar a aceleração do veículo à medida que a massa do lançador diminui com a queima do combustível. O tempo total de queima do primeiro estágio é de 162 segundos.

Com os seus nove motores agrupados juntos na configuração ‘octaweb’, o Falcon-9 pode aguentar a falha de até dois motores durante o lançamento e mesmo assim conseguir atingir a órbita terrestre com sucesso. O Falcon-9 é o único lançador na sua classe com esta característica chave.

O motor Merlin vai encontrar as suas raízes aos motores das missões Apollo, nomeadamente o sistema de injecção baseado no motor do módulo lunar. O propelente é alimentado por uma única conduta, com uma turbo bomba de dupla pá que opera num ciclo de gerador a gás. A turbo bomba também fornece o querosene a alta pressão para os actuadores hidráulicos, que depois recicla para a entrada a baixa pressão. Isto elimina a necessidade de um sistema hidráulico separado e significa que não é possível ocorrer uma falha no controlo de vector de força por falta de fluido hidráulico. Uma terceira utilização da turbo bomba é o fornecimento de controlo de rotação ao actuar no escape da turbina de exaustão (no segundo estágio). Combinando-se estas características num só dispositivo aumenta-se assim de forma significativa o nível de fiabilidade do sistema.

O motor é capaz de desenvolver uma força de 654 kN ao nível do mar, 716 kN no vácuo, com um impulso específico de 282 segundos (nível do mar) e 311 segundos (vácuo).

A secção interestágio é uma estrutura compósita que liga o primeiro e o segundo estágio e alberga os sistemas de libertação e separação. O Falcon-9 utiliza um sistema de separação totalmente pneumático para uma separação de baixo impacto e altamente fiável que pode ser testado no solo, ao contrário dos sistemas pirotécnicos utilizados na maior parte dos lançadores.

O segundo estágio é propulsionado por um único motor Merlin de vácuo e coloca a carga a transportar na órbita desejada. O motor do segundo estágio entra em ignição poucos segundos após a separação entre o segundo e o primeiro estágio, e pode ser reiniciado várias vezes para colocar múltiplas cargas em diferentes órbitas. Para máxima fiabilidade, o segundo estágio está equipado com sistemas de ignição redundantes. Tal como o primeiro estágio, o segundo estágio é feito a partir de uma liga de alumínio e lítio.

O motor Merlin de vácuo (Merlin-1D de vácuo) desenvolve uma força de 934 kN e o seu tempo de queima é de 397 segundos.

A carenagem compósita é utilizada para proteger a carga durante a passagem do Falcon-9 pelas camadas mais densas da atmosfera. Quando a missão do Falcon-9 é o lançamento do veículo de carga Dragon, a carenagem não é utilizada, pois a cápsula possui o seu próprio sistema de protecção.

A carenagem tem 13,1 metros de comprimento e 5,2 metros de diâmetro. Fabricada em fibra de carbono, separa-se em duas metades utilizando um sistema de separação de actuadores pneumáticos semelhantes aos que são utilizados para a separação entre o primeiro e o segundo estágio.

A sequência de lançamento para o Falcon-9 é um processo de precisão ditada pela janela de lançamento tendo em conta a posição orbital a ser ocupada pela carga a bordo. Se a janela de lançamento é perdida, a missão é então adiada para a próxima janela de lançamento disponível.

Cerca de quatro horas antes do lançamento, inicia-se o processo de abastecimento – primeiro oxigénio líquido seguindo-se o querosene altamente refinado (RP-1). O vapor observado a sair do lançador durante a contagem decrescente é na realidade oxigénio a ser liberto dos tanques, sendo esta a razão pela qual o abastecimento de oxigénio líquido se mantém até quase ao final da contagem decrescente.

Lançamento Veículo 1.º estágio Local Lançamento Data Hora (UTC) Carga Recuperação
2025-039 443 B1092.1 CCSFS, SLC-40 27/Fev/25 03:34:20 Starlink G12-13 JRTI
2025-043 444 B1086.5 CCSFS, SLC-40 03/Mar/25 02:24:00 Starlink G12-20 ASOG
2025-047 445 B1088.3 VSFB, SLC-4E 12/Mar/25 03:10:12 SPHEREx PUNCH-NFI PUNCH-WFI1 PUNCH-WFI2 PUNCH-WFI3 LZ-4
2025-048 446 B1069.22 CCSFS, SLC-40 13/Mar/25 02:35:30 Starlink G12-21 ASOG
2025-049 447 B1090.2 KSC, LC-39A 14/Mar/25 23:03:48 Endurance Crew-10 LZ-1
2025-052 448 B1081.13 VSFB, SLC-4E 15/Mar/25 06:42:59,990 Transporter-13 LZ-4
2025-053 449 B1078.18 CCSFS, SLC-40 15/Mar/25 11:35:10 Starlink G12-16 JRTI
2025-057 450 B1077.19 CCSFS, SLC-40 18/Mar/25 19:57:50 Starlink G12-25 ASOG
2025-058 451 B1088.4 VSFB, SLC-4E 21/Mar/25 06:49 NROL-57 LZ-4
2025-060 452 B1092.2 CCSFS, SLC-40 24/Mar/25 17:42 NROL-69 LZ-1

Imagens: NRO e empresa lançadora



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