Continuando a expansão da sua rede de fornecimento de serviços de Internet rápida, a empresa Space Exploration Technologies Corp. (SpaceX) realizou com sucesso o lançamento de novos satélites Starlink.
O lançamento da missão Starlink G12-12, com 21 satélites a bordo, teve lugar às 1911:20UTC do dia 10 de Janeiro – após vários adiamentos ao longo do dia – e foi realizada pelo foguetão Falcon 9-422 (B1067.25) a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral SFS, Florida. O primeiro estágio B1067 foi recuperado com sucesso após aterrar na plataforma flutuante Just Read The Instructions (JRTI), no Oceano Atlântico.
O primeiro estágio utilizado esta missão, foi utilizado pela primeira vez a 3 de Junho de 2021 para lançar a missão logística CRS-22 para a estação espacial internacional. Posteriormente, foi utilizado nas missões Crew-3 (11 de Novembro), Turksat-5B (19 de Dezembro), Crew-4 (27 de Abril de 2022), CRS-25 (14 de Julho), Starlink G4-34 (19 de Setembro), Hotbird-13G (3 de Novembro), O3bm Power 1&2 (16 de Dezembro), Starlink G5-2 (26 de Janeiro de 2023), Starlink G5-5 (24 de Março), Starlink G5-9 (14 de Maio), Satira (18 de Junho), Starlink G6-10 (17 de Agosto), Starlink G6-22 (13 de Outubro), Starlink G6-29 (22 de Novembro), Starlink G6-35 (7 de Janeiro de 2024), Merah Putih 2 (20 de Fevereiro), Starlink G6-45 (31 de Março), Starlink G6-55 (3 de Maio), Starlink G8-5 (5 de Junho), Starlink G8-3 (10 de Agosto), Galileo FOC FM26&32 (18 de Setembro), KoreaSat-6A (11 de Novembro) e Starlink G6-70 (4 de Dezembro).
O síndrome de Kessler A síndrome de Kessler foi proposta por Donald J. Kessler e é um conjunto de características inseridas desordenadamente no meio ambiente espacial cuja tendência é resultar num efeito de colisões e reacções em cadeia envolvendo os satélites e outros objetos em órbita ao redor do planeta. A síndrome de Kessler propõe que a quantidade de objectos e detritos na órbita terrestre baixa é tão grande nos nossos dias que os objetos colocados em órbita são frequentemente atingidos por esses, criando assim outros detritos e um maior risco de futuros impactos. A implicação desse cenário é que a crescente quantidade de detritos em órbita pode evoluir até afectar a exploração espacial, e até mesmo o uso de satélites, inviabilizando futuros lançamentos por várias gerações. Da concentração de objetos espaciais em órbita próxima à Terra, uma parte tem por destino a reentrada atmosférica e outra parte colide entre si, aumentando progressivamente o número de objetos não catalogados. |
A constelação Starlink
A SpaceX projectou a Starlink para conectar utilizadores de Internet com baixa latência, oferecer serviços de distribuição de elevada largura de banda, fornecendo uma cobertura continua em todo o mundo usando uma rede de milhares de satélites na órbita terrestre baixa, especialmente em lugares onde a conectividade é baixa ou inexistente como, por exemplo, em lugares rurais. Os satélites Starlink também darão cobertura em locais onde os serviços existentes são instáveis ou de elevado custo.
Com um desenho de painel plano contendo múltiplas antenas de alto rendimento e um único painel solar, cada satélite Starlink pesa cerca de 260 kg, permitindo à SpaceX uma produção em massa e tirar todo o proveito da capacidade de lançamento do Falcon-9. Para ajustar a posição em órbita, manter a altitude pretendida e posterior remoção orbital, os satélites Starlink possuem propulsores do tipo Hall alimentados a krípton. Sendo injectados a uma altitude de 290 km usarão este mesmo sistema para elevar as suas órbitas assim que sejam concluídas as verificações. Antes de elevar a órbita, os engenheiros da SpaceX irão realizar uma revisão de dados para garantir que todos os satélites Starlink estão a operar como pretendido.
Desenhados e construídos usando a mesma tecnologia que as cápsulas Dragon, cada satélite está equipado com Startracker que permite apontar os satélites com precisão. Nesta iteração a SpaceX incrementou a capacidade de espectro para o utilizador final mediante melhorias, permitindo uma maximização na utilização das bandas Ka e Ku. Os satélites são também capazes de detectar lixo espacial em órbita e evitar a colisão de modo autónomo.
Os satélites Starlink estão na linha da frente na mitigação de detritos em órbita, atingindo ou excedendo todas as leis padronizadas da indústria aeroespacial. No fim do ciclo de vida, os satélites irão usar a própria propulsão que têm a bordo para procederem à remoção orbital no decurso de uns poucos meses. No improvável evento da propulsão falhar, estes satélites irão queimar na atmosfera terrestre no período compreendido entre 1 a 5 anos, tempo significativamente inferior que as centenas ou milhares de anos necessários para grandes altitudes. De notar que todos os componentes estão projectados para uma total desintegração.
A Starlink oferece um serviço de Internet em zonas dos Estados Unidos da América e no Canadá ao fim de seis lançamentos, rapidamente expandindo-se para uma cobertura global nas zonas populacionais após vinte e quatro lançamentos.
Estando ainda na fase inicial de injecção orbital, os painéis solares encontram-se numa posição de baixo atrito e o conjunto dos próprios Starlinks estando ainda muito próximos uns dos outros faz com sejam muito visíveis a olho nu a partir do solo aquando da sua passagem. Quando os satélites atingem a altitude operacional, as suas orientações mudam e os satélites começam a ficar significativamente menos visíveis a partir do solo.
Durante todas as operações de voo, a SpaceX partilha dados de monitorização de alta fidelidade com outras operadoras de satélites através do 18.º esquadrão do controlo espacial da Força Aérea Americana. Adicionalmente, a SpaceX irá disponibilizar aos grupos de astronomia com informação de previsão do tipo TLE’s (two-line elements) antes de qualquer lançamento para que os astrónomos possam coordenar as observações com a passagem dos satélites.
Lançamento | 1.º estágio | Local Lançamento | Data Hora (UTC) | Carga |
2024-228 | B1067.24 | CCSFS, SLC-40 | 04/Dez/24 10:13:10 | Starlink G6-70 (x24) F214 [v2.0 Mini L127] |
2024-231 | B1081.12 | VSFB, SLC-4E | 05/Dez/24 03:05 | Starlink G9-14 (x7) F215 [v2.0 Mini L128] Starlink G-T28 (x13) [V2 Mini D2C 28] |
2024-237 | B1086.2 | CCSFS, SLC-40 | 08/Dez/24 05:12:30 | Starlink G12-5 (x10) F216 [v2.0 Mini L129] Starlink G-T29 (x13) [V2 Mini D2C 29] |
2024-239 | B1082.9 | VSFB, SLC-4E | 13/Dez/24 21:55:40 | Starlink G11-2 (x9) F217 [v2.0 Mini L130] |
2024-249 | B1080.14 | KSC, LC-39A | 23/Dez/24 05:35:30 | Starlink G12-2 (x8) F218 [v2.0 Mini L131] Starlink G-T30 (x13) [V2 Mini D2C 30] |
2024-251 | B1075.16 | VSFB, SLC-4E | 29/Dez/24 01:58:30 | Starlink G11-3 (x22) F219 [v2.0 Mini L132] |
2024-254 | B1078.16 | CCSFS, SLC-40 | 31/Dez/24 05:39:10 | Starlink G12-6 (x8) F220 [v2.0 Mini L133] Starlink G-T31 (x13) [V2 Mini D2C 31] |
2025-002 | B1077.17 | CCSFS, SLC-40 | 06/Jan/25 20:43:59 | Starlink G6-71 (x24) F221 (v2.0 Mini L134) |
2025-004 | B1086.3 | KSC, LC-39A | 06/Jan/25 15:27:00 | Starlink G12-11 (x8) F222 [v2.0 Mini L135] Starlink G-T32 (x13) [V2 Mini D2C 32] |
2025-006 | B1067.25 | CCSFS, SLC-40 | 10/Jan/25 19:11:20 | Starlink G12-12 (x8) F223 [v2.0 Mini L136] Starlink G-T33 (x13) [V2 Mini D2C 33] |
Os satélites Starlink v2.0 Mini
A missão Starlink G6-1 foi a primeira missão a transportar os satélites Starlink da próxima geração, os Starlink v2.0. De notar que a SpaceX iniciou os lançamentos em apoio da segunda geração Starlink (Starlink Gen 2) com o seu último lançamento orbital de 2022 (missões Starlink G5). Porém, estas missões utilizaram satélites Starlink v1.5 em vez dos satélites Starlink v2.0.
A SpaceX tem feito várias alterações ao desenho dos satélites de segunda geração. Os satélites lançados a 27 de Fevereiro de 2023, são uma versão reduzida dos satélites Starlink v2.0 – denominado ‘Starlink v2.0 Mini’. Na missão Starlink G6-1 foram lançados 21 satélites, isto é, menos de metade dos satélites que a SpaceX tem colocado em órbita com os satélites Starlink v1.5. Assim, a massa dos Starlink v2.0 estará entre os 750 kg e os 800 kg, que é mais do dobro da massa dos satélites Starlink v1.5 e mais de metade da massa dos satélites Starlink v2.0 que serão lançados na Starship.
Os novos satélites podem fornecer quatro vezes a capacidade dos satélites anteriores, o que apesar de haver menos satélites por lançamento, fornecem uma maior capacidade do sistema.
Os satélites Starlink v2 Mini também introduzem um novo propelente para os seus motores eléctricos, alterando a utilização de krípton para árgon.
Starlink com capacidade “Direct to Cell“
Dos satélites a bordo, treze fazem parte do terceiro grupo com capacidade “Direct to Cell“. Os satélites Starlink com recursos “Direct to Cell” permitem acesso omnipresente a mensagens de texto, chamadas e navegação em qualquer localização em terra, lagos ou águas costeiras. Os satélites com a capacidade “Direct to Cell” também ligarão dispositivos IoT com padrões LTE comuns. Basicamente, os satélites com capacidades ‘Direct to Cell‘ estão equipados com um modem avançado a bordo que actua como uma torre de comunicações móveis no espaço, permitindo integração de redes similares a um parceiro de roaming.
Lançamento
A missão Starlink G12-12 tinha como objectivo injectar a sua carga numa órbita com um perigeu a 283 km, apogeu a 294 km e com uma inclinação de 43°, seguindo uma trajectória em direcção a Sudeste desde o Cabo Canaveral SFS.
A cerca de dez horas do lançamento procedeu-se à activação eléctrica do foguetão Falcon-9. Tanto o lançador como a sua carga são submetidos a uma série de verificações testes antes do início do abastecimento do querosene RP-1. O Director de Voo consulta os controladores a T-38m, determinando assim se tudo está pronto para o início do abastecimento do lançador. O processo de abastecimento de RP-1 inicia-se a T-35m no primeiro estágio, seguindo-se o início do abastecimento do oxigénio líquido (LOX) na mesma altura. O abastecimento de LOX ao segundo estágio inicia-se a T-16m.
A fase terminal da contagem decrescente inicia-se com os motores a serem condicionados termicamente para o lançamento a T-7m. A T-1m é enviado um comando para o computador de voo para iniciar as verificações pré-lançamento e o sistema de supressão sónica é activado na plataforma de lançamento inundada por milhões de litros de água. Por esta altura os tanques de propelente também são pressurizados. A T-45s o Director de Lançamento da SpaceX verifica se todos os parâmetros estão prontos para a missão, sendo também verificado que o espaço aéreo está pronto para o lançamento. A sequência de ignição é iniciada a T-3s. A T=0s o foguetão abandona a plataforma.
Abandonando a plataforma de lançamento, o Falcon-9 inicia uma série de manobras para se colocar na trajectória de voo correcta.
Tempo (h:m:s) | Evento |
00:01:10 | Máxima pressão dinâmica (MaxQ) |
00:02:24 | Final da queima do 1.º estágio (MECO) |
00:02:28 | Separação entre o 1.º e o 2.º estágio |
00:02:36 | Ignição do 2.º estágio (SES-1) |
00:03:02 | Separação da carenagem de protecção |
00:06:05 | Início da queima de reentrada do 1.º estágio |
00:06:32 | Final da queima de reentrada do 1.º estágio |
00:07:46 | Início da queima de aterragem do 1.º estágio |
00:08:16 | Aterragem do 1.º estágio |
00:08:39 | Final da primeira queima do 2.º estágio (SECO-1) |
00:54:02 | Início da segunda queima do 2.º estágio (SES-2) |
00:54:03 | Final da segunda queima do 2.º estágio (SES-2) |
01:05:10 | Separação dos satélites Starlink |
O foguetão Falcon-9
Baptizado em nome da nave Millenium Falcon da saga cinematográfica “Guerra das Estrelas”, o foguetão Falcon-9 v1.1 foi um lançador a dois estágios projectado e fabricado pela SpaceX para o transporte seguro e fiável de satélites e do veículo Dragon para a órbita terrestre. Sendo o primeiro foguetão completamente desenvolvido no Século XXI, este lançador foi projectado desde o início para ter a máxima fiabilidade. A sua simples configuração de dois estágios minimiza o número de
Estatísticas de reutilização Para esta missão, o estágio B1067 (na sua 25.ª missão) demorou 37 dias 8 horas e 57 minutos a ser processado (a sua missão anterior havia sido o lançamento da missão Starlink G6-70 a 4 de Dezembro de 2024. Com esta missão, o tempo médio de processamento do primeiro estágio dos Falcon-9 é de 28,41 dias (tendo por base os últimos 30 lançamentos e excluindo os primeiros voos de cada estágio). Por seu lado, a Plataforma de Lançamento SLC-40 demorou 3 dias 22 horas e 27 minutos a ser processada para esta missão (a sua missão anterior havia sido o lançamento da missão Starlink G6-71 a 6 de Janeiro de 2025). Com esta missão, o tempo médio de processamento do complexo de lançamento é de 4,97 dias (tendo por base os últimos 30 lançamentos). |
eventos de separação (staging) e com nove motores no primeiro estágio, pode completar a sua missão em segurança mesmo na possibilidade de perda de um motor.
O Falcon-9 fez história em 2012 quando colocou a cápsula Dragon na órbita correcta para uma manobra de encontro com a estação espacial internacional, fazendo da SpaceX a primeira companhia comercial a visitar a ISS. Desde então, a SpaceX realizou múltiplas missões para a ISS transportando e recolhendo carga para a NASA. O Falcon-9, bem como a cápsula Dragon, foram desenhados na base do desenvolvimento de um sistema de transporte de astronautas para o espaço.
O foguetão Falcon-9 Upgrade, ou Falcon-9 FT, (a seguir designado simplesmente como “Falcon-9”) representa a mais recente evolução deste lançador. De forma geral, o Falcon-9 tem 68,4 metros de comprimento, 3,7 metros de diâmetro e uma massa de 541.300 kg. O veículo é capaz de colocar uma carga de 13.150 kg numa órbita terrestre baixa ou 4.850 kg numa órbita de transferência geossíncrona.
O primeiro estágio do Falcon-9 está equipado com nove motores Merlin (Merlin-1D) e tanque de liga de alumínio e lítio que contêm oxigénio líquido e querosene RP-1. Após a ignição, um sistema de segurança fixa o veículo na plataforma de lançamento e garante que todos os motores são verificados como estando na força máxima antes de libertar o foguetão para o seu voo. Então, com uma força superior a cinco aviões Boeing 747 em potência máxima, os motores Merlin lançam o foguetão para o espaço. Ao contrário dos aviões, a força de um foguetão vai aumentando com a altitude – o Falcon-9 gera 6.806 kN ao nível do mar, mas atinge 7.426 kN no vácuo espacial. Os motores do primeiro estágio vão sendo aumentados em potência perto do final da queima do estágio para assim limitar a aceleração do veículo à medida que a massa do lançador diminui com a queima do combustível. O tempo total de queima do primeiro estágio é de 162 segundos.
Com os seus nove motores agrupados juntos na configuração ‘octaweb’, o Falcon-9 pode aguentar a falha de até dois motores durante o lançamento e mesmo assim conseguir atingir a órbita terrestre com sucesso. O Falcon-9 é o único lançador na sua classe com esta característica chave.
O motor Merlin foi desenvolvido internamente pela SpaceX, mas vai encontrar as suas raízes aos motores das missões Apollo, nomeadamente o sistema de injecção baseado no motor do módulo lunar. O propelente é alimentado por uma única conduta, com uma turbo bomba de dupla pá que opera num ciclo de gerador a gás. A turbo bomba também fornece o querosene a alta pressão para os actuadores hidráulicos, que depois recicla para a entrada a baixa pressão. Isto elimina a necessidade de um sistema hidráulico separado e significa que não é possível ocorrer uma falha no controlo de vector de força por falta de fluido hidráulico. Uma terceira utilização da turbo bomba é o fornecimento de controlo de rotação ao actuar no escape da turbina de exaustão (no segundo estágio). Combinando-se estas características num só dispositivo aumenta-se assim de forma significativa o nível de fiabilidade do sistema.
plataforma Just Read The Instructions Um Autonomous Spaceport Drone Ship (ASDS) é um veículo oceânico derivado de uma barcaça de convés, equipado com motores de manutenção de atitude e uma grande plataforma de aterragem, sendo posicionado de forma autónoma quando está na localização precisa para uma aterragem de um estágio inicial (booster). A primeira barcaça de aterragem da SpaceX (a Marmac 300), e também a sua terceira (Marmac 303), eram ambas denominadas “Just Read the Instructions” (JRTI). De facto, algumas das peças do casco/barcaça original foram usadas para construir a ASDS Marmac 303. A barcaça original, Marmac 300, foi abandonada após o fracasso da aterragem do primeiro estágio utilizado na missão CRS-6 a 14 de Abril de 2015. A segunda embarcação JRTI, utilizando o casco da barcaça Marmac 303, foi convertida em 2015 num porto no Louisiana. Quando a reforma como ASDS foi concluída, a barcaça transitou pelo Canal do Panamá em Junho de 2015, carregando suas extensões de asa – os mesmos originalmente construídos para o primeiro ASDS (JRTI no Marmac 330) – como carga no convés porque o ASDS, quando completo, seria largo demais para passar pelo canal. A embarcação passou por uma grande reforma entre Setembro de 2019 e Maio de 2020, primeiro no Louisiana, e terminou em Porto Canaveral, incluindo quatro novos propulsores de posicionamento muito maiores. O porto de abrigo do Marmac 303 foi inicialmente o porto de Los Angeles (até Agosto de 2019) no campus de pesquisa e negócios marinhos do Mar de Altana em San Pedro, o porto externo da Califórnia. A plataforma de aterragem e os navios de apoio começaram a atracar lá em Julho de 2015, antes da construção principal das instalações AltaSea. A SpaceX anunciou que o Marmac 303 seria o segundo ASDS a ser baptizado “Just Read the Instructions” em Janeiro de 2016, pouco antes de seu primeiro uso como plataforma de aterragen para o 21.º voo de um Falcon-9. A 17 de Janeiro de 2016, a JRTI foi utilizada pela primeira vez na tentativa de recuperar o primeiro estágio do Falcon-9 da missão Jason-3. O estágio aterrou com sucesso no convés; porérm, uma pinça de bloqueio não conseguiu engatar numa das pernas de suporte, fazendo com que o primeiro estágio tombasse, explodindo com o impacto no convés. A 14 de Janeiro de 2017, a SpaceX lançou o 29.º Falcon-9 a partir da Base Aérea de Vandenberg e o seu primeiro estágio aterrou com sucesso na JRTI, que estava localizado a cerca de 370 km no Oceano Pacífico, tornando-se o primeiro pouso bem-sucedido no Pacífico. Em Agosto de 2019, a JRTI deixou o porto de Los Angeles para ser rebocado até o Golfo do México, transitando pelo Canal do Panamá, e chegando a Morgan City, Louisiana, no final do mês, permanecendo lá até Dezembro de 2019, depois foi transportada para Porto Canaveral, onde iniciou as operações no Oceano Atlântico em Junho de 2020. |
O motor é capaz de desenvolver uma força de 654 kN ao nível do mar, 716 kN no vácuo, com um impulso específico de 282 segundos (nível do mar) e 311 segundos (vácuo).
A secção interestágio é uma estrutura compósita que liga o primeiro e o segundo estágio e alberga os sistemas de libertação e separação. O Falcon-9 utiliza um sistema de separação totalmente pneumático para uma separação de baixo impacto e altamente fiável que pode ser testado no solo, ao contrário dos sistemas pirotécnicos utilizados na maior parte dos lançadores.
O segundo estágio é propulsionado por um único motor Merlin de vácuo e coloca a carga a transportar na órbita desejada. O motor do segundo estágio entra em ignição poucos segundos após a separação entre o segundo e o primeiro estágio, e pode ser reiniciado várias vezes para colocar múltiplas cargas em diferentes órbitas. Para máxima fiabilidade, o segundo estágio está equipado com sistemas de ignição redundantes. Tal como o primeiro estágio, o segundo estágio é feito a partir de uma liga de alumínio e lítio.
O motor Merlin de vácuo (Merlin-1D de vácuo) desenvolve uma força de 934 kN e o seu tempo de queima é de 397 segundos.
A carenagem compósita é utilizada para proteger a carga durante a passagem do Falcon-9 pelas camadas mais densas da atmosfera. Quando a missão do Falcon-9 é o lançamento do veículo de carga Dragon, a carenagem não é utilizada, pois a cápsula possui o seu próprio sistema de protecção.
A carenagem tem 13,1 metros de comprimento e 5,2 metros de diâmetro. Fabricada em fibra de carbono, separa-se em duas metades utilizando um sistema de separação de actuadores pneumáticos semelhantes aos que são utilizados para a separação entre o primeiro e o segundo estágio.
A sequência de lançamento para o Falcon-9 é um processo de precisão ditada pela janela de lançamento tendo em conta a posição orbital a ser ocupada pela carga a bordo. Se a janela de lançamento é perdida, a missão é então adiada para a próxima janela de lançamento disponível.
Cerca de quatro horas antes do lançamento, inicia-se o processo de abastecimento – primeiro oxigénio líquido seguindo-se o querosene altamente refinado (RP-1). O vapor observado a sair do lançador durante a contagem decrescente é na realidade oxigénio a ser liberto dos tanques, sendo esta a razão pela qual o abastecimento de oxigénio líquido se mantém até quase ao final da contagem decrescente.
Lançamento | Veículo | 1.º estágio | Local Lançamento | Data Hora (UTC) | Carga | Recuperação |
2024-247 | 413 | B1071.21 | VSFB, SLC-4E | 21/Dez/24 11:34:24 | “Bandwagon-2” | LZ-4 |
2024-249 | 414 | B1080.14 | KSC, LC-39A | 21/Dez/24 05:35:30 | Starlink G12-2 | JRTI |
2024-251 | 415 | B1075.16 | VSFB, SLC-4E | 29/Dez/24 01:58:30 | Starlink G11-3 | OCISLY |
2024-252 | 416 | B1083.7 | CCSFS, SLC-40 | 29/Dez/24 05:00 |
Agila NuView Alpha NuView Bravo UtilitySat-1 |
ASOG |
2024-254 | 417 | B1078.16 | KSC, LC-39A | 31/Dez/24 05:39:10 | Starlink G12-6 | JRTI |
2025-001 | 418 | B1073.20 | CCSFS, SLC-40 | 04/Jan/25 01:27 | Thuraya-4 | ASOG |
2025-002 | 419 | B1077.17 | CCSFS, SLC-40 | 06/Jan/25 20:43:59 | Starlink G6-71 | JRTI |
2025-003 | 420 | B1086.3 | KSC, LC-39A | 08/Jan/25 15:27:00 | Starlink G12-11 | ASOG |
2025-005 | 421 | B1071.22 | VSFB, SLC-4E | 10/Jan/25 03:52:00 | NROL-153 | OCISLY |
2025-006 | 422 | B1067.25 | CCSFS, SLC-40 | 10/Jan/25 19:11:20 | Starlink G12-12 | JRTI |
Imagens: SpaceX