A proposta missão espacial tripulada a um asteróide capturado perto da Lua não irá acontecer antes de meados da próxima década, segundo um relatório cedido pelo Aerospace Safety Advisory Panel (ASAP) da NASA. Designada como Exploration Mission-2 (EM-2), serão provavelmente atribuídas missões alternativas para a Orion e para o seu foguetão Space Launch System (SLS), antes desta marcante missão a um asteróide.
Gerindo o manifesto
A avaliação sobre os calendários das missões do SLS continua a ser feitas em torno de orçamentos e pressões políticas. Aos gestores da NASA foram atribuídas duas grandes tarefas pela Administração Obama. A primeira é a realização de uma missão tripulada a um asteróide em meados dos anos 2020 como um passo intermédio no caminho de missões a Marte em finais dos anos 2030.
O plano é parte de um refinamento aos objectivos iniciais do SLS e da Orion, tendo por base uma missão não tripulada em 2017, dando uma volta em torno da Lua antes de se repetir essa missão numa missão tripulada quatro anos mais tarde.
Enquanto que essa primeira missão – o levar a Orion a 70.000 km de distância da superfície lunar num voo de 25 dias – foi adiada para 2018, a segunda missão permanece no manifesto de voos como EM-2, que é oficialmente a primeira missão tripulada da Orion. O plano inicial era o de a missão EM-2 ser parte da missão ARM (Asteroid Redirect Mission) que envolve duas missões, sendo iniciada com uma missão robótica por volta de 2019 para capturar um asteróide, enviando-o para órbita lunar, antes da missão EM-2 chegar com uma tripulação para uma missão científica in loco.
A missão EM-2 deveria ser a segunda missão do SLS com a Orion. Porém, ao longo das últimas semanas têm surgido dúvidas sobre esta calendarização. Recentemente vários vídeos da NASA alteraram a sua fraseologia referindo que a missão irá ocorrer ‘nos anos 2020.’
Ao rever o estado da missão ARM para o ASAP, Michele Gates, Director do Programa ARM, e Steve Stich, principal responsável pela missão tripulada para esta actividade, referiram que o alvo temporal para esta missão tripulada a um asteróide seria agora nunca antes de meados de 2020. A revisão do calendário de voos também referiu de duas opções principais para as missões que estão em consideração.
“Opção A: A recolha de uma amostra de um asteróide que é trazida para o ambiente cislunar ou (B) um pequeno asteróide capturado com um dispositivo que o desloca para o ambiente cislunar“, referem as minutas do ASAP. “A NASA irá brevemente tomar uma decisão sobre que opção seguir.”
“A missão tripulada terá uma duração de 25 a 28 dias com duas pessoas. A missão ‘A’ seria realizada nunca antes de 2024; enquanto que a opção ‘B’ nunca terá lugar antes de 2025.” A escolha deverá ter lugar a 18 de Dezembro após uma maratona de apresentações e demonstrações.
Esta calendarização levanta questões pertinentes para papel do SLS após a sua missão de teste em 2018, mas mais para a cápsula Orion – um veículo que sofreu um cancelamento, ressuscitado dos mortos como uma opção de salva-vidas para a ISS, antes de ser novamente designada para o papel principal das missões de transporte BEO (Beyond Earth Orbit).
Tendo sentido o «sabor» do espaço na missão EFT-1, o seu papel após esta missão necessita de ser refinado dado que a sua próxima missão oficial é a segunda parte da Asteroid Redirect Mission. Uma paragem de cerca de sete anos para a Orion seria politicamente intragável. Como tal, é provável que a EM-2 seja refinada para uma missão alternativa, movendo a missão ARM para a missão EM-3 ou EM-4 no manifesto da Orion, deixando no entanto questões por responder no que diz respeito aos elementos de apoio tais como o módulo de serviço da Orion baseado no ATV da ESA.
Várias pistas sobre a redesignação da EM-2 para lá do voo ARM foram também fornecidas ao ASAP, com a confirmação de que esta missão irá envolver a inauguração do maus poderoso Exploration Upper Stage (EUS), apesar dos comentários públicos provenientes do programa SLS que negaram a informação na sua própria documentação, declarando que o Delta Cyrogenic Second Stage (DCSS) seria lançado na missão EM-2. “O voo EM-1 irá fornecer à NASA muitos dados sobre o sistema. A EM-2 está a sete anos de distância. O pensamento actual é o de que será a primeira missão tripulada,” referiram as minutas do ASAP.
“Este aspecto levaram a prolongadas discussões sobre subsistemas de segurança críticos, alguns dos quais não seriam testados em voo antes da EM-2. Porém, serão testados intensamente no solo antes da missão.” “Este também será o primeiro voo do novo estágio superior (EUS). Esta aproximação é diferente do que se desejaria fazer num mundo ideal, mas o Programa determinou o risco que cria.”
Foi anteriormente notado que o lançamento de uma missão tripulada no voo inaugural de um novo estágio superior era uma grande preocupação. Como tal, a alteração da EM-2 da missão ARM para um voo tripulado de ensaio numa missão ‘menos arriscada’ pode agora entrar em cena. Como tal, os membros do ASAP instaram a NASA a “pensar muito cuidadosamente sobre esses riscos” quando determinarem o que deve ser a missão EM-2 e para contribuir para minimizar os riscos.
As alterações podem até beneficiar o SLS, dado que o lançador continua a promover a sua superior capacidade de transporte para missões não tripuladas. Isto, ironicamente, inclui o potencial do SLS poder lançar a fase inaugural dos requisitos da ARM.
Documentos do Design Reference Mission (DRM) mostraram que os gestores do SLS têm estado ocupados a trabalhar no requisitos das carenagens para lançar o que é conhecida como ARRM (Asteroid Robotic Redirect Mission) em direcção a um asteróide ainda não designado. Oficialmente, esta nave não tripulada será lançada por um foguetão da classe EELV. Enquanto que a alteração da ARRM para o SLS poderia remover uma grande quantidade de constrangimentos de massa para a nave ARRM, iria também aumentar de forma astronómica os custos da missão.
Os gestores do SLS estão também a levar a cabo avaliações de alto nível sobre o lançamento de uma sonda para Europa, juntamente com uma potencial missão de recolha de amostras da superfície de Marte, ambas na primeira metade dos anos 2020. Porém, ambas as missões requerem financiamento para se tornar realidade, algo que só pode surgir através do apoio político.
Os gestores da NASA têm de criar um manifesto sólido e viável para o SLS e para a Orion para que possam ter alguma hipótese de chamar a atenção dos governantes ao garantirem que tais fundos sejam alocados nos próximos ciclos orçamentais.
Adaptado do artigo original “Orion’s crewed asteroid mission unlikely to occur prior to 2024” de Chris Bergin