Lançamentos orbitais para Março de 2019

O mês de Fevereiro de 2019 termina com um total de 5 lançamentos orbitais, um dos quais mal sucedido, tendo sido colocados em órbita 12 satélites.

Até 28 de Fevereiro, foram realizados 405 lançamentos orbitais neste mês, o que corresponde a uma média de 6,5 lançamentos e a 7,4% do total de lançamentos bem sucedidos realizados desde 4 de Outubro de 1957 (o mês de Janeiro é o mês com menos lançamentos orbitais correspondendo a 6,1% dos lançamentos e a uma média de 5,3 lançamentos por mês de Janeiro e o mês de Dezembro é o mês com mais lançamentos orbitais, correspondendo a 10,4% dos lançamentos e a uma média de 9,1 lançamentos por mês de Dezembro desde 1957).

O número de lançamentos orbitais bem sucedidos levados a cabo em 2019 (10) corresponde a 0,18% do total de lançamentos orbitais realizados desde 4 de Outubro de 1957.

Nesta altura, e levando em conta a imprevisibilidade de muitos calendários estabelecidos, o ano de 2019 perfila-se nesta altura para bater o recorde anual de lançamentos que está estabelecido em 129 ano ano de 1984. Para 2019 estão previstos nesta altura 179 lançamentos orbitais! Destes, estão previstos 55 lançamentos orbitais dos Estados Unidos (ULA, NGIS, SpaceX e Rocket Lab), 43lançamentos da Rússia, 41 lançamentos por parte da China, 17 lançamentos por parte da Índia, 15 lançamentos por parte da Arianespace, 4 lançamentos por parte do Japão e 4 lançamentos por parte do Irão.

Para Março estão previstos oito lançamentos com datas estabelecidas, podendo no entanto ocorrer outros três lançamentos orbitais.

O primeiro lançamento orbital de Março de 2019 ocorreu no dia 2 às 0745:03UTC com o foguetão Falcon 9-070 (B1051.1) a colocar em órbita a primeira missão de demonstração da cápsula Crew Dragon. O lançamento foi levado a cabo a partir do Complexo de Lançamento LC-39A do Centro Espacial Kennedy, Ilha de Merritt.

Esta é a primeira vez que os Estados Unidos lançam um veículo capaz de transportar astronautas desde a última missão espacial do vaivém realizada a 8 de Julho de 2011. Nesta missão o vaivém espacial OV-104 Atlantis permaneceu em órbita por mais de 12 dias numa missão logística e de montagem da estação espacial internacional, regressando à Terra a 21 de Julho de 2011.

Esta é uma missão não tripulada que tem por objectivo testar os procedimentos de aproximação e acoplagem com a ISS com a qual permanece acoplada durante cinco dias. Serão testados os procedimentos de retro-travagem, reentrada, amaragem e recolha da cápsula, fornecendo assim dados necessários para a sua qualificação posterior para transportar astronautas. Da mesma forma, os sistemas de suporte de vida são testados e monitorizados ao longo de toda a missão.

A China vai levar a cabo o lançamento do satélite de comunicações ZX-6C Zhongxing-6C a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang. O lançamento está previsto para as 1700UTC do dia 9 de Março e será levado a cabo por um foguetão CZ-3B/G2 Chang Zheng-3B/G2 a partir do Complexo de Lançamento LC2.

Construído pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial e baseado na plataforma DFH-4, o ZX-6C transporta 25 transponders de banda-C, tendo um tempo de vida útil de 15 anos. O satélite tem como função fornecer serviços de comunicações comerciais e suportar ligações de alta qualidade de programas de rádio e televisão. O satélite estará operacional na órbita geossíncrona a 130º longitude Este.

A United Launch Alliance vai levar a cabo o lançamento do satélite de comunicações militar WGS-10 a 13 de Março, pelas 2258UTC. O lançamento será levado a cabo pelo foguetão Delta IV-M+(5,4) (D-383) a partir do Complexo de lançamento SLC-37B do Cabo Canaveral, AFS.

Construídos pela Boeing e tendo por base a plataforma BSS-702, os satélites Wideband Global Satcom são utilizados para fornecer comunicações seguras para as forças militares Norte-americanas espalhadas pelos vários cenários de batalha no globo. Os satélites estão equipados com transponders de banda-C e Ka, e têm uma massa de 5.987 kg no lançamento.

Uma nova missão espacial tripulada tendo como destino a estação espacial internacional será lançada às 1914UTC do dia 14 de Março. O lançamento será levado a cabo pelo foguetão 11A511U-FG Soyuz-FG (Ya15000-070) a partir da Plataforma de Lançamento PU-5 do Complexo de Lançamento LC1 do Cosmódromo de Baikonur, Cazaquistão.

A tripulação da Soyuz MS-12 será composta por dois elementos que participaram na missão Soyuz MS-10 cujo lançamento foi abortado devido a um problema durante a separação de um dos propulsores laterais de combustível líquido que compõem o primeiro estágio do foguetão lançador 11A511U-FG Soyuz-FG. Assim, a tripulação deverá ser composta pelo cosmonauta Russo Alexei Nikolayevich Ovchinin (Comandante), com Tyler Nicholas Hague a ser nomeado como Engenheiro de Voo n.º 1 e Christina Hammock Kock será a Engenheira de Voo n.º 2. Este será o segundo voo espacial orbital para Alexei Ovchinin, sendo a primeira missão espacial orbital tanto para Tyler Hague como para Christina Koch. A tripulação suplente é composta pelo cosmonauta Alexander A. Skvortsov (Comandante), Luca S. Parmitano (Engenheiro de Voo n.º 1) e Andrew R. Morgan (Engenheiro de Voo n.º 2).

Uma nova missão do pequeno foguetão Europeu Vega terá lugar a 15 de Março. A missão VV14 será lançada às 0150:53UTC e irá colocar em órbita o satélite PRISMA. O lançamento será levado a cabo a partir do complexo ZLV do CSG Kourou, Guiana Francesa.

O PRISMA (Precursore Iperspettrale della Missione Applicativa) tem uma massa de 900 kg e estará operacional por 5 anos. É um satélite de observação da Terra desenvolvido pela Carlo Gavazzi Space SpA para a Agência Espacial Italiana. A bordo transporta um sistema inovador de observação electro-óptica que combina um sensor hiperespectral com uma câmara pancromática de média resolução.

Recentemente a Rocket lab anunciou o lançamento de uma missão para a DARPA para colocar em órbita o satélite R3D2 (Radio Frequency Risk Reduction Deployment Demonstration). Esta é uma missão da para qualificar um novo tipo de antena reflectora de membrana. A antena, feita de membrana Kapton com tecido fino, é armazenada no lançamento e, em seguida, será implantada no seu tamanho total de 2,25 metros de diâmetro quando atingir a órbita terrestre.

O lançamento será levado a cabo pelo foguetão Electron/Curie (F5) a partir do Complexo de Complexo LC-1 do Centro de Lançamento de Máhia, Nova Zelândia, numa janela de lançamento que se abre a 17 de Março, pelas 2230UTC.

O R3D2 irá monitorizar a dinâmica da abertura da antena, e as características de sobrevivência e de radiofrequência da antena na órbita da Terra. A antena pode permitir múltiplas missões que actualmente exigem grandes satélites, incluindo comunicações de alta taxa de dados para usuários desfavorecidos no solo. Uma demonstração bem sucedida também ajudará a provar uma capacidade de uma missão para lançar de forma rápida e com baixo custo, permitindo que o Departamento de Defesa, assim como outros usuários, aproveite ao máximo o novo mercado comercial de veículos lançadores pequenos e baratos. O projecto, o desenvolvimento e o lançamento dos satélites levaram aproximadamente 18 meses.

A Northrop Grumman é a contratada principal e integrou o satélite de 150 kg. Por seu lado, a MMA Design projectou e construiu a antena. A Trident Systems projectou e construiu o rádio definido por software do R3D2, enquanto que a Blue Canyon Technologies forneceu a plataforma FleXbus, que é baseado na plataforma Microsat / ESPAsat. O R3D2 é o primeiro satélite encomendado pela BCT no programa Blackjack da DARPA.

A Organização de Investigação Espacial Indiana vai levar a cabo uma nova missão a 21 de Março utilizando uma nova versão do seu venerável PSLV, o PSLV-QL, com o lançamento a ser realizado a partir da Plataforma de Lançamento FLP do Centro Espacial Satish Dawan SHAR, Ilha de Sriharikota. A carga principal da missão PSLV-C45 será o satélite EMISat, estando a bordo outros 29 satélites entre os quais quatro pequenos Lemur-2, o BlueWalker-1 e o M6P. A versão PSLV-QL utiliza quatro propulsores laterais de combustível sólido e o seu último estágio será utilizado como uma plataforma experimental orbital após colocar os satélites em diferentes órbitas.

A empresa comercial Chinesa, OneSpace, vai levar a cabo o lançamento inaugural do seu foguetão de combustível sólido OS-M1 a 25 de Março. Lançado desde o Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, o novo foguetão irá colocar em órbita o pequeno satélite de detecção remota Lingque-1B, baseado no modelo CubeSat-6U.

Quatro novos satélites O3b serão colocados em órbita a 29 de Março. O lançamento será levado a cabo por um foguetão 372RN21B Soyuz-ST-B/Fregat-MT na missão VS22 a partir do Complexo de Lançamento ELS do CSG Kourou. Os satélites O3b FM17, O3b FM18, O3b FM18 e O3b FM19, são satélites de comunicações da O3b Neworks Ltd. desenvolvidos pela Thales Alenia Space e baseados na plataforma EliTeBus-1000, tendo uma massa de 700 kg. Os satélites têm como função o fornecimento de serviços de Internet a mercados emergentes e a países em desenvolvimento com velocidades até 10 Gbps e com uma capacidade total de mais de 160 Gbps.

Para além das datas acima referidas, existem outros três lançamentos que poderão ocorrer neste mês de Fevereiro.

O satélite de comunicações e transmissão de dados TL-2 Tianlian-2 deverá ser colocado em órbita em Março. O lançamento será levado a cabo por um foguetão CZ-3B Chang Zheng-3B/G2 a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang.

Em Março a Índia deverá levar a cabo a missão PSLV-C46 para colocar em órbita o satélite de observação da Terra, CartoSat-3 e o satélite Nemo-AM. O lançamento será levado a cabo a partir do Centro Espacial Satish Dawan SHAR, Ilha de Sriharikota.

O foguetão KZ-1A Kuaizhou-1A (Y7) deverá ser lançado desde o Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan em Março transportando um satélite ainda não identificado.