Japão lança novo satélite de navegação Michibiki-6

A Mitsubishi Heavy Industries (MHI) efectuou com sucesso o lançamento do satélite QZS-6 ‘Michibiki-6’ às 0830:00UTC do dia 2 de Fevereiro de 2025. O lançamento foi realizado pelo foguetão H3-22S (F5) a partir da Plataforma de Lançamento LP2 do Complexo de Lançamento Yoshinobu do Centro Espacial de Tanegashima.

Após a separação do segundo estágio, o satélite ficou colocado numa órbita com um perigeu a 390 km, apogeu a 35.397 km, inclinação orbital de 21,98° e período orbital de 627,20 minutos. Posteriormente, o satélite irá manobrar a partir desta órbita inicial utilizando o seu próprio sistema de propulsão para atingir a sua órbita operacional.

Os sistemas de posicionamento global por satélite têm vindo a ser utilizados em variadas aplicações incluindo navegação automóvel e detecção remota, tornando-se indispensável nas nossas vidas. O Quasi-Zenith Satellite System é um sistema que utilizará vários satélites que têm o mesmo período orbital que os satélites geostacionários mas com inclinações orbitais não equatoriais, isto é as suas órbitas são designadas ‘órbitas quasi-zénite’. Estes satélites são colocados em múltiplos planos orbitais para que um satélite esteja sempre perto do zénite acima das regiões do Japão.

O sistema torna possível fornecer serviços de posicionamento por satélite de alta-precisão cobrindo cerca de 100% do território japonês, incluindo gargantas urbanas e terrenos montanhosos. Através do desenvolvimento e posicionamento deste sistema, espera-se melhorar a tecnologia de posicionamento do Japão e contribuir para a construção de uma sociedade mais segura com tecnologias de posicionamento, de navegação e de temporização melhoradas.

O Projecto QZSS

O Projecto QZSS (Quasi-Zenith Satellite System) é implementado de acordo com a “Política Básica de Promoção do Projecto QZSS (Concelho de Promoção do Sistema de Informação Geográfica e de Posicionamento)” emitida a 31 de Março de 2006. A Fase Um demonstrou a validação de tecnologias para o aumento da disponibilidade de GPS bem como a sua performance e aplicação, utilizando o satélite Quasi-Zenite Satellite (QZS-1). Após a avaliação destes resultados, o plano deslocou-se para a Fase Dois que irá demonstrar a capacidade total do sistema utilizando três satélites QZS, incluindo o QZS-1.

Os elementos principais para a primeira fase são o Ministério da Educação, Cultura, Desportos, Ciência e Tecnologia (MEXT) em colaboração próxima com o Ministério dos Assuntos Internacionais e Comunicações (MIC), o Ministério da Economia, Comércio e Industria (METI), e o Ministério do Território, Infra-estruturas e Transportes (MLIT). A JAXA está encarregue da integração do sistema como um todo, bem como cooperar com as organizações de investigação relacionadas com o projecto para desenvolver o High Accuracy Positioning Experiment System, o QZS Bus System e o Tracking Control System.

Desenvolvimento de tecnologia para o Projecto QZSS

A utilização do QZS em ângulos de elevação elevados em combinação com o sinal GPS, melhora a disponibilidade da posição do satélite para áreas onde um número elevado de sinais de GPS não podiam ser recepcionados, tais como gargantas urbanas e terreno montanhoso. Para facilitar o aumento da disponibilidade do GPS, os sinais de navegação e mensagens do QZSS têm uma interoperacionalidade completa com os sinais de GPS. Os utilizadores podem receber um serviço avançado de posicionamento ao combinar o GPS com o QZSS sem se aperceberem da diferença entre os dois.

A melhoria do desempenho do sinal GPS atinge uma alta precisão ao transmitir dados de correcção de posição, e atinge uma alta fiabilidade ao enviar dados de integridade que permitem aos utilizadores confiar nos sinais de posição, melhorando assim a usabilidade do GPS. As organizações de investigação supervisionadas pelo MLIT estão a levar a cabo pesquisas e desenvolvimentos para estas tecnologias de melhoramento de performance.

A tecnologia necessária para os futuros sistemas de posicionamento está a ser desenvolvida através de experiências levadas a cabo em satélites de posicionamento que utilizam sinais desenhados independentemente para esses propósitos, bem como pesquisas, desenvolvimento e experiências em órbita para um novo método de registo de tempo (desenvolvido pelo National Institute of Advanced Industrial Science and Technology).

Os satélites são desenvolvidos pela Mitsubishi Electric (MELCO) e são baseados na plataforma DS-2000. O seu tempo de vida útil é de 15 anos e cada satélite tem uma massa de 4.000 kg.

O primeiro satélite da série (Michibiki-1) foi lançado a 11 de Setembro de 2010, seguindo-se o Michibiki-2. a 1 de Junho de 2017, e o Michibiki-3 a 19 de Agosto de 2017. O lançamento do Michibiki-4 realizava-se a 9 de Outubro de 2017, sendo seguido pelo Michibiki-1R a

  O foguetão H3

O foguetão H3 é o novo lançador espacial do Japão cujo objectivo é tornar-se um sistema de lançamento de alta flexibilidade, alta fiabilidade e com um desempenho de alto custo. O seu desenvolvimento foi autorizado a 17 de Maio de 2013, tendo como objectivo um lançamento inaugural em 2020.

O lançador tem várias versões dependendo da escolha da carenagem, do número de motores no primeiro estágio e do número de propulsores laterais, possibilitando assim o lançamento de cargas de vários tamanhos para diferentes tipos de órbitas. A sua capacidade para atingir a órbita geoestacionária será a maior alguma vez conseguida pelo Japão, excedendo as capacidades dos lançadores H-IIA e H-IIB.

Sendo um sucessor dos foguetões H-IIA e H-IIB, o H3 foi desenvolvido para o Japão poder manter uma cesso autónomo ao espaço para o lançamento de satélites e sondas não tripuladas, incluindo importantes missões governamentais, além de satélites comerciais.

O novo foguetão foi desenvolvido pela agência espacial japonesa, JAXA, e pela Mitsubishi Heavy Industries (MHI), além de outras empresas, produzindo um lançador de baixo custo, flexível e fiável.

O H3 foi desenvolvido para atingir três objectivos principais: alta flexibilidade, alta fiabilidade e desempenho de alto custo.

O lançador conseguirá proporcionar um preço de lançamento apropriado e capacidade para as necessidades de cada cliente, ao preparar várias configurações de lançamento. O veículo será também capaz de responder de forma rápida aos requisitos dos clientes para o lançamento das suas cargas ao reduzir o período de preparação para a missão.

Por seu lado, ao herdar o nível de sucesso do foguetão H-IIA, o novo H3 será também um lançador fiável e o preço do serviço de lançamento será inferior se comparado com o preço praticado com o foguetão H-IIA.

O foguetão H3 proporciona dois tipos de carenagens de protecção, duas ou três unidades de propulsão para os motores do primeiro estágio (LE-9) e a possibilidade de ser lançado sem propulsores laterais ou com dois ou quatro propulsores laterais de combustível sólido (SRB-3) para assim poder lançar cargas de vários tamanhos para diferentes órbitas. O novo lançador tem também uma alta capacidade de lançamento para a órbita de transferência para a órbita geossíncrona, excedendo as capacidades dos foguetões H-IIA e H-IIB.

As principais características do lançador H3 ‘standard’ – H3 (H3-24L) – são um comprimento de 63 metros, uma massa total de 574.000 kg (sem cargas) e a utilização de um sistema de orientação inercial como sistema de orientação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O foguetão H3 é um lançador a dois estágios que pode utilizar uma combinação de propulsores laterais de combustível sólido na fase inicial do lançamento.

Dependendo do seu modelo, o H3 consegue colocar uma carga de 4.000 kg numa órbita sincronizada com o Sol, ou uma carga de 4.000 kg a 7.900 kg numa órbita de transferência para a órbita geossíncrona.

O primeiro estágio consome oxigénio líquido (LOX) e hidrogénio líquido (LH2), podendo ainda ser auxiliado por dois ou quatro propulsores laterais de combustível sólido (SRBs) sendo derivados dos propulsores SRB-A utilizados no foguetão H-IIA. Estes propulsores consomem um combustível tendo por base polibutadieno. O H3 pode também ser lançado sem qualquer propulsor lateral de combustível sólido.

O primeiro estágio pode ser propulsionado por dois ou três motores LE-9 que utilizam um desenho de ciclo expandido semelhante ao utilizado nos motores LE-5B. A massa do combustível e do oxidante do primeiro estágio é de 225.000 kg. Dependendo do número de motores, o primeiro estágio desenvolve uma força de 2.942 kN ou 4.413 kN, com um impulso específico de 425 s e um tempo de queima de 300 s. Com um diâmetro de 5,2 metros, o primeiro estágio tem 37 metros de comprimento. Os propulsores laterais SRB-3 desenvolvem uma força de 2.158 kN, com um impulso específico de 283,6 s. O tempo de queima dos SRB-3 é de 110 s. Com um diâmetro de 2,5 metros, os propulsores laterais têm 15 metros de comprimento.

O segundo estágio é propulsionado por um único motor que é uma versão melhorada do motor LE-5B (LE-5B-3). A massa do combustível e do oxidante do primeiro estágio é de 23.000 kg. Desenvolve uma força máxima de 137 kN e tem um impulso específico de 448 s e um tempo de queima de 686 s. Com um diâmetro de 5,2 metros, o segundo estágio tem 12 metros de comprimento.



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