Estas imagens da sonda Mars Express da ESA mostram uma cratera, denominada Ismenia Patera, no Planeta Vermelho. A sua origem permanece incerta: um meteorito atingiu a superfície ou poderia ser o remanescente de um super-vulcão?
Ismenia Patera – patera que significa “bacia plana” em latim – fica na região da Arabia Terra, em Marte. Esta é uma área de transição entre as regiões norte e sul do planeta – uma parte da superfície especialmente intrigante.
A topografia de Marte é claramente dividida em duas partes: as planícies do norte e as terras altas do sul, esta última com até alguns quilómetros de altura. Esta divisão é um tema-chave de interesse para os cientistas que estudam o Planeta Vermelho. Ideias de como esta divisão dramática se formou sugerem um único impacto massivo, múltiplos impactos ou placas tectónicas antigas, como observado na Terra, mas a sua origem ainda não está clara.
Ismenia Patera tem cerca de 75 km de diâmetro. O seu centro é cercado por um anel de colinas, blocos e pedaços de rocha que se acredita terem sido ejectados e lançados para a cratera por impactos próximos.
O material lançado por esses eventos também criou pequenas quedas e depressões que podem ser vistas dentro da própria Ismenia Patera. Fossas e canais serpenteiam da borda da cratera até ao fundo, que se encontra coberto por depósitos planos e gelados, que mostram sinais de fluxo e movimento – estes são provavelmente semelhantes a glaciares rochosos e ricos em gelo, que se acumularam ao longo do tempo, no frio e árido clima.
Estas imagens foram obtidas no dia 1 de Janeiro pela câmara estéreo de alta resolução da Mars Express, que circunda o planeta desde 2003.
Tais imagens detalhadas e de alta resolução lançam luz sobre vários aspetos de Marte – por exemplo, como as características que deixaram marcas na superfície se formaram inicialmente e como evoluíram ao largo dos muitos milhões de anos desde então. Esta é uma questão-chave para Ismenia Patera: como se formou esta depressão?
Existem duas ideias principais para a sua formação. Uma delas associa-se a um potencial meteorito que colidiu com Marte. Depósitos sedimentares e gelo fluíram, então, para encher a cratera, até desmoronar para formar a paisagem desigual e fissurada hoje observada.
A segunda ideia sugere que, em vez de uma cratera, Ismenia Patera já foi o lar de um vulcão que entrou em erupção catastrófica, lançando enormes quantidades de magma ao seu redor e colapsando como resultado.
Vulcões que perdem grandes quantidades de material numa única erupção são denominados super-vulcões. Os cientistas continuam indecisos sobre se existiram ou não em Marte, mas o planeta é conhecido por abrigar inúmeras estruturas vulcânicas enormes e imponentes, incluindo o famoso Monte Olimpo – o maior vulcão já descoberto no Sistema Solar.
A Arabia Terra também mostra sinais de ser a localização de uma província vulcânica antiga e há muito inactiva. Na verdade, outro candidato a super-vulcão, Siloé Patera, também se encontra na Arabia Terra (visto na visão em contexto de Ismenia Patera).
Certas propriedades das características de superfície observadas em Arabia Terra sugerem uma origem vulcânica: por exemplo, as suas formas irregulares, o baixo relevo topográfico, as suas bordas relativamente elevadas e a aparente falta de material ejectado que, normalmente, estaria presente ao redor de uma cratera de impacto.
No entanto, algumas destas características e formas irregulares também podem estar presentes em crateras de impacto, que simplesmente evoluíram e interagiram com o seu ambiente de maneiras específicas ao longo do tempo.
Mais dados sobre o interior e sub-superfície de Marte ampliarão a nossa compreensão e lançarão luz sobre estruturas como Ismenia Patera, revelando mais sobre a complexa e fascinante história do planeta.
Notícia e imagens: ESA
Texto corrigido para Língua Portuguesa pré-AO90