Cosmos-2495 regressa à Terra

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O satélite espião russo Cosmos-2495 regressou à Terra concluindo uma missão na qual permaneceu 120 dias em órbita. O regresso teve lugar a 3 de Setembro de 2014 segundo informação publicada pelo Space Track.

O satélite havia sido colocado em órbita a 6 de Maio pelo foguetão 14A14-1A Soyuz-2.1a (163) a partir do Cosmódromo GIK-1 Plesetsk. Este foi o penúltimo satélite desta série, sendo também designado como 11F695M Kobalt-M n.º 564.

O recorde de permanência destes satélites em órbita é de 133 dias. No final da missão uma cápsula contendo o filme com as fotografias obtidas durante o voo regressa à Terra. O actual conflito na Ucrânia terá ditado o fim da missão do Cosmos-2495.

O próximo Kobalt-M deverá ser colocado em órbita em 2015.

Os satélites de reconhecimento fotográfico Kobalt-M

Os satélites Yantar-4K2M ‘Kobalt-M’ correspondem ao mais recente desenvolvimento dos satélites de reconhecimento fotográfico Yantar com a recolha no solo do filme contendo as imagens obtidas em órbita.

Os satélites foram desenvolvidos pelo TsSKB Progress, em Samara, e foram construídos pelo OAO Arsenal, e, São Petersburgo. Tal como acontecia com a série predecessora (Yantar-4K2 ‘Kobalt’), os satélites são compostos por um módulo de serviço equipado com um motor capaz de várias ignições. O módulo de serviço está também equipado com dois painéis solares e um veículo cónico de reentrada alberga a câmara fotográfica e duas pequenas cápsulas esféricas (Spuskayemy Kapsula) contendo o filme.

 

Breve história do programa

A 21 de Julho de 1967 é emitido do Decreto Governamental 715-240 “Sobre o desenvolvimento de sistemas espaciais para reconhecimento naval nomeadamente o satélite US e um foguetão derivado do míssil R-36 – desenvolvimento de trabalhos sobre o satélite de reconhecimento naval US, aprovação dos trabalhos no satélite Yantar-2K e desenrolar do
s trabalhos no veículo 7K-VI Zvezda”. Com este decreto foi proposta toda uma família de veículos Yantar pelo bureau de Kozlov durante o desenvolvimento inicial. O satélite Yantar foi derivado originalmente a partir dos veículos Soyuz, incluindo os sistemas desenvolvidos para o veículo militar Soyuz VI. Durante a fase de desenho e desenvolvimento este aspecto foi alterado até que o veículo resultante tinha pouco em comum com os veículos Soyuz.

Após os numerosos problemas nos primeiros voos de ensaio das 7K-OK Soyuz, Kozlov ordenou uma alteração completa no desenho do veículo militar tripulado 7K-VI. O novo veículo, capaz de transportar uma tripulação de dois cosmonautas, teria uma massa total de 6600 kg e poderia operar durante um mês em órbita terrestre. O novo desenho alterava a posição do módulo de descida e do módulo orbital da Soyuz e possuía uma massa que ultrapassava em 300 kg a capacidade do lançador 11A511 Soyuz. Por esta razão Kozlov desenhou uma nova variante deste lançador, o 11A511M Soyuz-M. O projecto foi aprovado pelo Comité Central do Partido Comunista com o primeiro voo previsto para ter lugar em 1968 e com as operações a serem iniciadas em 1969. Infelizmente o novo lançador, cujas diferenças em relação ao modelo inicial são desconhecidas, nunca foi produzido.

Entretanto o desenvolvimento do satélite Yantar-2K foi levado por adiante mas os primeiros voos de ensaio mostraram que o veículo não era capaz de proporcionar um aviso de ataque estratégico. Um encontro do Conselho de Desenhadores Chefe no TsSKB que teve lugar em Maio de 1977 levou a cabo uma revisão de planos alternativos. Três outras variantes seriam desenvolvidas, sendo uma delas o satélite de alta resolução Yantar-4K. Este projecto deveria ser implementado em duas fases: o Yantar-4K1, lançado pelo foguetão 11A511U Soyuz-U, e o Yantar-4K2, que deveria ser lançado pelo foguetão 11K77 Zenit-2.

O modelo Yantar-4K1 iria aumentar o tempo de vida operacional em 50% com o satélite a permanecer em órbita durante 45 dias tendo um sistema de obtenção de imagens melhorado, a câmara Zhemchug-18 desenhada pela empresa PO Krasnogorskiy Zavod. Este modelo poderia obter imagens até um ângulo de 60º à esquerda ou à direita da sua trajectória orbital, possuindo uma maior quantidade de filme do que as versões anteriores. Externamente os dois modelos eram difíceis de distinguir e as suas massas eram virtualmente iguais, sendo utilizado o lançador 11A511U Soyuz-U para colocar o satélite em órbita.

O projecto de desenvolvimento decorreu sem qualquer problema e de forma rápida com o primeiro modelo de voo a estar pronto em 1979. O primeiro voo teve lugar a 27 de Abril de 1979 (Cosmos 1097) e teve uma duração de 30 dias. Uma segunda missão foi colocada em órbita a 29 de Abril de 1980 (Cosmos 1177) e também decorreu sem problemas levando a uma missão de teste lançada a 30 de Outubro desse mesmo ano que serviu de aceitação do sistema. O modelo Yantar-4K1 foi aceite para serviço militar em 1982 com o nome de código Oktan. Em 1984 a produção dos satélites foi transferida do TsKB Samara para o KB Arsenal devido a problemas de capacidade de fabrico.

Os modelos Yantar-4K1 vieram substituir os satélites de reconhecimento da série Zenit. Após o ano 2000 surgiram os modelos melhorados do Yantar-4K2M designados Kobalt-M. A designação Kobalt havia sido originalmente atribuída aos modelos Yantar-4K2 que seriam colocados em órbita pelo foguetão 11K77 Zenit-2.

Os satélites Yantar-4K2M operam em órbitas típicas com um perigeu a 171 km de altitude, apogeu a 334 km de altitude e com uma inclinação orbital de 65,7º. Têm um comprimento de 6,30 metros e um diâmetro máximo de 2,70 metros. A sua massa é de aproximadamente 6600 kg.



2 comentários em “Cosmos-2495 regressa à Terra”

  1. Sim, José, uma parte do satélite reentrou sobre os EUA. De facto, o termo utilizado pel’A Voz da Rússia não é nada inocente.

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