A China levou a cabo o lançamento de quatro satélites a 15 de Janeiro de 2020.
A bordo do foguetão CZ-2D Chang Zhen-2D (Y58) encontravam-se quatro satélites, sendo a carga principal o satélite Jilin-1 Kuanfu-01. O lançamento teve lugar às 0253:04,636UTC a partir do Complexo de Lançamento LC9 do Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan. Os restantes satélites eram os argentinos ÑuSat-7 (Sophie) e ÑuSat-8 (Marie), e o chinês Tianqi-5.
Todas as fases do lançamento decorreram sem problemas e os satélites colocados nas órbitas previstas.
A constelação de satélites Jilin-1 (também designada Lingqiao-1) foi desenvolvida na província de Jilin pela Chang Guang Satelllite Tech Co. e trata-se da primeira constelação de satélites da China desenvolvidos para utilização comercial. A constelação será composta por vários satélites que irão fornecer dados para clientes comerciais para os auxiliar na previsão e mitigação de desastres geológicos, bem como encurtar a escala temporal para a exploração de recursos naturais.
O novo satélite, Jilin-1 Kuanfu-01 (吉林一号宽幅01), é o 16.º satélite da constelação de Jilin-1. O seu sistema de observação permite a obtenção de imagens de varrimento com uma resolução superior a 4 metros e uma largura de 136 km, com imagens multi-espectrais com uma resolução de 1 metro.
Jilin é uma das mais antigas bases industriais do país, está a desenvolver a sua indústria de satélites como uma nova unidade económica. A província planeia lançar 60 satélites até 2020 e 137 até 2030.
A primeira fase do projecto presenciou o lançamento dos quatro primeiros satélites Jilin-1 a 7 de Outubro de 2015. Os satélites Jilin-1 Optical-A, LQSat (Jilin-1 Smart Verification Satellite), Lingqiao-A e Lingqiao-B foram lançados pelo foguetão Chang Zheng-2D (Y37) a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan.
O quinto satélite, Jilin-1 Video-03, foi lançado a 9 de Janeiro de 2017. Era um satélite de detecção remota para vídeo de alta definição capaz de adquirir dados de vídeo com luz visível para observação da Terra em alta resolução. O satélite foi lançado pelo foguetão Kuaizhou-1A (Y1) a partir de Jiuquan.
A 21 de Novembro de 2017, foram lançados mais três satélites para a constelação Jilin-1. Os satélites Jilin-1 Video-4, Jilin-1 Video-5 e Jilin-1 Video-6 foram lançados pelo foguetão Chang Zheng-6 (Y2) a partir do Complexo de Lançamento LC16 do Centro de Lançamento de Satélites Taiyuan. Os três satélites apresentavam um gerador de imagens duplas com resolução no solo de 1 metro para imagens de vídeo de visão e imagens de varrimento.
Mais dois satélites foram lançados a 19 de Janeiro de 2018. Designados Deqing-1 (Jilin-1 Video-7) e Jilin Linye-2 (Jilin-1 Video-8), os dois satélites foram lançados pelo foguetão Chang Zheng-11 (Y20011703 / Y3) a partir de Jiuquan e eram semelhantes aos satélites de vídeo anteriores.
Dois satélites hiperespectrais foram lançados a 21 de Janeiro de 2019. O Jilin Lincao-1 (Jilin-1 Hyperspectral-01) e Wenchang Chaosaun-1 (Jilin-1 Hyperspectral-02) apresentavam um sistema de observação hiperespectral, fornecendo uma resolução no solo de 5 metros e uma largura de faixa de 150 km em 26 bandas espectrais. Os satélites foram lançados pelo foguetão Chang Zheng-11 (Y20011806 / Y6) a partir de Jiuquan.
O Jilin-1 Gaofen-3A foi lançado a 5 de Junho de 2019, a bordo do Chang Zheng-11H a partir do Mar Amarelo. O satélite foi equipado com um sistema de imagem leve, com uma resolução de 1 metro, uma faixa de imagem de 17 km.
O Jilin-1 Gaofen-02A foi lançado a 13 de Novembro de 2019, enquanto que o Jilin-1 Gaofen-02B foi lançado a 7 de Dezembro. Operacionais a uma altitude de 535 km são satélites de detecção remota de observação óptica desenvolvidos pela Changguang Satellite Technology Co., Ltd. Podem obter imagens estáticas de varrimento com resolução em cores melhor que 0,76 metros e resolução multi-espectral melhor que 3,1 metros. A largura das imagens é superior a 40 km. As imagens são transmitidas para as estações terrestres via transmissão digital com uma taxa de 1,8 Gbps. A massa dos satélites no lançamento era de 230 kg.
O plano original era ter 16 satélites em órbita até o final de 2019, completando uma rede de detecção remota que cobrirá todo o mundo e será capaz de actualizar de três a quatro horas nos dados fornecidos. A partir de 2020, os planos apontam para uma constelação orbital de 60 satélites capaz de actualizar 30 minutos nos dados fornecidos. A partir de 2030, a constelação de Jilin terá 138 satélites em órbita, formando dados de segmento de aquisição de espectro completo para todo o dia e para qualquer clima e capacidade de observar qualquer ponto arbitrário do globo com uma capacidade de revisitação de 10 minutos, fornecendo a mais alta resolução espacial do mundo.
A constelação Aleph-1
Os satélites argentinos ÑuSat-7 ‘Sophie’ (Aleph-1 7) e ÑuSat-8 ‘Marie’ (Aleph-1 8) fazem parte da constelação de Aleph-1 que está a ser desenvolvida e operada pela Satellogic S.A..
A constelação Aleph-1 será composta por 25 satélites.
Os dois satélites são quase idênticos entre si e têm uma massa de 37 kg, com dimensões de 450 mm x 450 mm x 800 mm. O objectivo principal da missão é fornecer comercialmente imagens de observação da Terra ao público em geral nas partes visível e infravermelha do espectro.
A constelação Aleph-1 oferece acesso exclusivo aos produtos de que as empresas precisam, sem desembolso de capital e sem risco técnico, oferecendo cobertura ininterrupta, recuperação rápida de capacidade e actualizações transparentes de hardware e software por satélite.
Os satélites permitem a gestão de áreas florestais, gestão de activos e alocação de capital, permitindo o controlo sobre o uso da terra florestal e rastreando a evolução de qualquer área com frequência; impedir o roubo e a colheita ilegal ao receber alertas geográficos sobre áreas impactadas e seus tamanhos sempre que as alterações são detectadas; ajudarão a definir stocks e fluxos de carbono para relatórios do governo por meio de modelos empíricos que fornecem uma série temporal de fluxos de carbono em escala nacional; e ajudar a avaliar variáveis do suporte florestal, optimizando as operações de negócios da empresa e estimando dinamicamente variáveis do suporte florestal, como volume, rendimento, altura, área basal e DBH usando modelos de previsão.
Em termos de gestão agrícola, a constelação de Aleph-1 ajudará a gerir terras e activos agrícolas, rastreando o uso da terra, recursos e capital ao longo do tempo, enquanto gere a cadeia de suprimentos com eficiência e desbloqueia a inteligência de mercado para os negócios da empresa; evitará o roubo e a colheita ilegal por meio de alertas geográficos sobre áreas impactadas e seus tamanhos sempre que forem detectadas alterações; irá monitorizar a saúde das culturas, pragas e ervas daninhas usando as tecnologias de segmentação semântica da Satellogic, para ajudar os clientes a ver com o que eles se importam por meio de lentes de aumento que podem destacar tudo, desde o tipo e idade da cultura até a presença de pragas; racionalize a irrigação e o uso de produtos químicos e avalie as características das terras agrícolas com uma ferramenta adaptada especificamente às localizações, experiências e necessidades de expansão de uma empresa.
Nas indústrias de energia, os satélites ajudarão a reduzir custos operacionais e melhorar a eficiência com a gestão automatizada da integridade dos ductos, evitando actividades ilícitas, cumprindo as regulamentações ambientais e monitorizando a infraestrutura e os activos.
Nos campos de Finanças e Seguros, os satélites ajudarão a avaliar o impacto, monitorizar desastres naturais e determinar os principais indicadores socioeconómicos para inteligência competitiva.
Ambos os satélites estão equipados com câmaras operando em luz visível e infravermelho, e operam em órbitas sincronizados com o Sol a uma altitude de 500 km com inclinação orbital de 97,5.º. A câmara multiespectral tem uma resolução de 1m e a câmara hiperespectral tem uma resolução de 30 metros.
O ÑuSat-7 é designado ‘Sophie’ em homenagem a Marie-Sophie Germain (nascida a 1 de Abril de 1776, Paris, França – falecida em 27 de Junho de 1831, Paris), uma matemática francesa que contribuiu notavelmente para o estudo da acústica, elasticidade, e a teoria dos números. O ÑuSat-8 é designado ‘Marie’ em homenagem a Maria Salomea Skłodowska (nascida em 7 de Novembro de 1867, Varsóvia, Reino do Congresso da Polónia, Império Russo – falecida em 4 de Julho de 1934, perto de Sallanches, França), uma física francesa nascida na Polónia, famosa pelo seu trabalho em radioactividade e duas vezes ganhadora do Prémio Nobel. Com Henri Becquerel e seu marido, Pierre Curie, ela recebeu o Prémio Nobel de Física de 1903. Foi a única vencedora do Prémio Nobel de Química de 1911, sendo a primeira mulher a ganhar o Prémio Nobel e é a única mulher a ganhar o prémio em dois campos diferentes.
O Tianqi-5
Também designado Xinzhou/Yunjiang, o pequeno satélite Tianqi-5 destinado a comunicações de banda curta foi desenvolvido pela Guodian Gaoke. O satélite experimental deverá fornecer serviços de comunicações por duas semanas.
O satélite será utilizado na rede da IoT (Internet of Things), monitorização hidrológica mineira, gestão de serviços marítimos e gestão de contentores, monitorização ambiental, prevenção de fogos florestais, mineração ecológica, agricultura inteligente, etc.
O foguetão CZ-2D Chang Zheng-2D
O foguetão lançador CZ-2D Chang Zheng-2D (长征二号丁火箭), fabricado pela Academia de Tecnologia Espacial de Xangai, é um veículo a dois estágios destinado a colocar satélites em órbitas terrestres baixas. O seu primeiro estágio é semelhante ao do foguetão lançador CZ-4 Chang Zheg-4, bem como o seu segundo estágio exceptuando uma secção de equipamento melhorada em relação ao CZ-4.
O Chang Zheng-2D tem a capacidade de colocar uma carga de 3.500 kg numa órbita a uma altitude de 200 km com uma inclinação de 28,0.º em relação ao equador terrestre ou uma carga de 1.300 kg para uma órbita sincronizada com o Sol a uma altitude de 645 km. No lançamento desenvolve 2.961,6 kN, tendo uma massa total de 232.250 kg, um comprimento de 41,056 metros e um diâmetro de 3,35 metros.
O CZ-2D é principalmente lançado desde o Complexo de Lançamento LC-43 do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan (áreas LA-2B ‘138’, que se encontra desactivada, e LC43/94), mas pode também ser lançado desde Xichang e Taiyuan.
O primeiro lançamento do CZ-2D teve lugar a 9 de Agosto de 1992 (0800UTC) quando o veículo Y1 colocou em órbita o satélite recuperável FSW-2 (1) (22072 1992-051A).
O CZ-2D Chang Zheng-2D pode utilizar dois tipos de carenagens de protecção distintas dependendo do tipo de carga a colocar em órbita. A carenagem Tipo A tem um diâmetro de 2,90 metros (com esta carenagem o lançador tem um comprimento total de 37,728 metros) e a carenagem Tipo B tem um diâmetro de 3,35 metros (comprimento total de 41,056 metros).
O Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan
A Base de Testes e de Treino nº 25 do Exército de Libertação do Povo, também designada como Centro Espacial e de Testes de Mísseis de Wuzhai, é mais conhecido como Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan, sendo o terceiro centro espacial Chinês.
Apesar de ter sido designado como Taiyuan, uma importante cidade industrial no norte da província de Shanxi, o Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan está localizado no condado de Kelan, a cerca de 284 km a noroeste da cidade de Taiyuan. O uso do nome Taiyuan serviu para ocultar a sua verdadeira localização, uma característica usada regularmente pelos militares chineses durante a Guerra Fria. As instalações do centro de lançamento estão espalhadas nos vales das Montanhas Lüliang, a cerca de 1.500 metros acima do nível do mar. A região tem um clima continental de monções e é bastante árida. A temperatura média anual é de apenas 5°C.
Os testes de mísseis balísticos da China têm sido tradicionalmente conduzido para Oeste para as zonas-alvo em Xinjiang, no Noroeste da China. O alcance original no local de lançamento de Jiuquan poderia suportar o teste de mísseis balísticos com alcance de até 1.800 km. Com o aumento da gama de novos mísseis sendo introduzidos em meados da década de 1960, um novo polígono de lançamento a Este do local de lançamento existente era necessário para suportar testes terrestres dentro do território da China. Como resultado, o centro de lançamento de Taiyuan foi criado em Dezembro de 1968 para apoiar os testes de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) e mísseis balísticos lançados por submarinos (SLBM).
Uma plataforma de lançamento permanente (Complexo de Lançamento 7) foi construída em 1979 para testes de mísseis balísticos intercontinentais e lançamentos orbitais. O primeiro lançamento orbital do centro ocorreu em 1988, com um foguetão CZ-4A Chang Zheng-4A a colocar em órbita o satélite meteorológico Fengyun-1A.
O centro foi parcialmente desclassificado no final dos anos 80, quando a China tentava se tornar um fornecedor para o mercado internacional de lançamentos de satélites comerciais. Entre 1997 e 1999, um total de 12 satélites de comunicações Iridium foram lançados do centro utilizando foguetões CZ-2C Chang Zheng-2C/SD.
As instalações de lançamento orbital em Taiyuan incluem três complexos de lançamento com uma única plataforma de lançamento, uma área técnica para recepção e verificação de foguetões e satélites, um centro de comunicações, um centro de controle de lançamento e um centro de TT&C. Os estágios dos foguetões são transportados para o centro de lançamento através de caminho-de-ferro e descarregados numa estação de trânsito a Sul do complexo de lançamento. Posteriormente, transportados por estrada para a área técnica para procedimentos de verificação. O veículo de lançamento é montado na plataforma de lançamento usando um guindaste no topo da torre umbilical para içar cada estágio. A carga útil é transportada de avião para o Aeroporto de Taiyuan Wusu, a cerca de 300 km, e depois transportada para o centro por estrada.
O Centro TT&C, também conhecido como Posto de Comando Lüliang, localiza-se na cidade de Taiyuan. Possui quatro estações de rastreio por radar localizadas em Yangqu (Shanxi), Lishi (Shanxi), Yulin (Shaanxi) e Hancheng (Shaanxi).
O Complexo de Lançamento 7 (LC7) tornou-se operacional em 1979 e apoiou missões para as órbitas sincronizadas com o Sol usando foguetões Chang Zheng-4A, Chang Zheng-4B e Chang Zheng-4C e para órbitas terrestres baixas usando foguetões Chang Zheng-2C. O complexo de lançamento recebeu uma ampla reforma de modernização em 2008, mas não foi usado para missões de lançamento orbital desde então. Em vez disso, o complexo de lançamento foi usado para suportar testes de veículos com mísseis e veículos hipersónicos, incluindo os testes de voo do veículo WU-14 (DF-ZF) usando o foguetão CZ-2C. O complexo de lançamento possui uma única plataforma de lançamento com uma torre fixa de umbilical, com as instalações de armazenamento de propelente líquido localizadas nas proximidades.
O Complexo de Lançamento 9 (LC9) tornou-se operacional em 2008 e desde então é a principal plataforma de lançamento espacial em Taiyuan. As instalações do Complexo de Lançamento 9 não são muito diferentes do complexo anterior, consistindo numa torre umbilical fixa, armazenamento subterrâneo de propelente líquido e um centro de controlo de lançamento nas proximidades. O complexo de lançamento é utilizado pelos foguetões Chang Zheng-2C, Chang Zheng-2D, Chang Zheng-4B e Chang Zheng-4C.
Uma nova plataforma de lançamento (Complexo de Lançamento 16 – LC16) que foi construída por volta de 2014, é uma instalação de lançamento dedicada para o veículo de lançamento de pequena carga CZ-6 Chang Zheng-6 de nova geração. A plataforma não tem uma torre umbilical fixa e em vez disso, possui um mecanismo de lançamento de erecção de veículos. O veículo é examinado e acoplado com a sua carga útil numa posição horizontal dentro da sala de processamento do lançador, e é transportado num veículo com rodas até à plataforma, onde é erguido, abastecido e depois lançado.
Dados estatísticos e próximos lançamentos
– Lançamento orbital: 5910
– Lançamento orbital China: 349 (5,91%)
– Lançamento orbital desde Taiyuan: 83 (1,40% – 23,78%)
Os quadro seguinte mostra os lançamentos previstos e realizados em 2019 por polígono de lançamento.
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
5911 – 16 Jan (0300:XX) – KZ-1A Kuaizhou-1A (Y9) – Jiuquan, LC43/95 – Yinhe-1
5912 – 16 Jan (2105:07) – Ariane-5ECA (VA251) – CSG Kourou, ELA3 – Eutelsat Konnect, GSat-30
5913 – 20 Jan (0720:XX) – Falcon 9-080 – Cabo Canaveral AFS, SLC-40 – Starlink v1.0 (x60) F3
5914 – 27 Jan (0100:00) – H-2A/202 (F41) – Tanegashima, Yoshinubo LP1 – IGS Optical-7
5915 – 05 Fev (XXXX:XX) – 14A14-1B Soyuz-2.1b/Fregat – GIK-1 Plesetsk, LC43/3 – 14F113 GLONASS-M n.º 60
5916 – 06 Fev (0427:XX) – Atlas-V/411 (AV-087) – Cabo Canaveral AFS, SLC-41 – Solar Orbiter