A empresa europeia Arianespace, levou a cabo o seu segundo lançamento orbital em 2016 com mais uma rara missão de passageiro único no seu foguetão Ariane-5ECA. O lançamento do satélite Eutelsat-65 West A teve lugar às 05:20:07UTC do dia 9 de Março de 2016 e foi levada a cabo pelo foguetão Ariane-5ECA (L582) na missão VA229 a partir do Complexo de Lançamento ELA3 do CSG Kourou, Guiana Francesa.
Todas as fases do lançamento decorreram sem problemas e a separação do Eutelsat-65 West A tem lugar às 2351UTC.
A Eutelsat Communications é o terceiro operador mundial no mercado dos denominados serviços FSS (Fixed Satellite Services). Opera um total de 40 satélites proporcionando cobertura da Europa, Médio Oriente, África e Ásia, bem como de grandes áreas da região da Ásia-Pacífico e do continente Americano. Os seus satélites retransmitem mais de 6.000 canais de televisão para mais de mil milhões de de casas na Europa, Médio Oriente e África. Os satélites também proporcionam um variado leque de serviços de telecomunicações móveis e fixos e serviços de distribuição de dados para redes profissionais de vídeo e empresas.
Nos próximos três anos, a Eutelsat deverá lançar cinco satélites dos quais quatro serão atribuídos, pelo menos em parte, à América Latina.
A aquisição do operador por satélite mexicano, Satmex (que opera agora com a designação comercial Eutelsat Americas), finalizada em Janeiro de 2014, o lançamento dos satélites Eutelsat-65 West A e Eutelsat-117 West B, e a contribuição da carga de banda-Ka no satélite Eutelsat-3B, orientada para o Brasil, permitem à Eutelsat aumentar as operações no mercado Latino-Americano, tornando a Eutelsat Americas um operador líder no mercado digital que goza actualmente de um crescimento em larga escala naquela região, um dos mercados mais dinâmicos a nível mundial. A demanda pela capacidade regular deverá crescer aí a uma média de 4,0% entre 2014 e 2019 e a demanda da capacidade HTS deverá ser multiplicada dez vezes numa década (entre 2014 e 2024).
O satélite Eutelsat-65 West A foi construído pela Space Systems/Loral e irá inaugurar uma posição orbital a 65º longitude Oeste. Este satélite é projectado para combinar os benefícios de uma cobertura extensiva em banda-C e banda-Ku para ligar redes móveis, retransmissão de TV para redes de cabo e para casas equipadas com recepção DTH, além de uma carga de banda-Ku flexível optimizada para acesso de Internet. O satélite irá atingir a sua posição operacional antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, oferecendo assim uma solução para a transmissão ao vivo para a América Latina e para a Europa, e de facto para todo o mundo utilizando a frota da Eutelsat.
O satélite é baseado na plataforma SS/L-1300. No lançamento a sua massa é de 6.564 kg e as suas dimensões são 8,00×3,20×3,60 metros, tendo uma envergadura de 26 metros em órbita. Está equipado com 24 repetidores de banda-Ku, 24 repetidores de banda-Ka e 15 repetidores de banda-C. A sua carga de comunicações consome 16,7 kW e a energia é armazenada em três baterias de iões de lítio. O seu sistema de propulsão está equipado com um motor de apogeu de 455 N, além de pequenos propulsores de 22 N e doze propulsores de 4 N para controlo orbital (platina-ródio). Consome MMH e NTO. A sua estabilização é feita por uma lenta rotação transversal na separação e nos três eixos espaciais em órbita operacional. O seu tempo de vida útil será de 15 anos.
O Ariane-5ECA
O super lançador europeu Ariane-5ECA é um lançador a dois estágios, auxiliados por dois propulsores laterais a combustível sólido. O Ariane-5ECA tem um peso bruto de 777.000 kg, podendo colocar 16.000 kg numa órbita a 405 km de altitude com uma inclinação de 51,6º em relação ao equador terrestre ou então 10.500 kg numa órbita de transferência para a órbita geossíncrona. No lançamento desenvolve 1.566.000 kgf. Tem um comprimento total de 59,0 metros e o seu diâmetro base é de 5,4 metros.
Os propulsores laterais de combustível sólido desenvolvem mais de 90% da força inicial no lançamento. Designados P241 (Ariane-5 EAP “Etage Acceleration a Poudre”) cada propulsor tem um peso bruto de 278.330 kg, pesando 38.200 kg sem combustível e desenvolvendo 660.000 kgf no vácuo. O Ies é de 275 s (Ies-nm de 250 s) e o Tq é de 130s. Os propulsores laterais têm um comprimento de 31,6 metros e um diâmetro de 3,05 metros. Estão equipados com um motor P241 que consome combustível sólido constituído por uma mistura de 68% de perclorato de amónia (oxidante), 18% de alumínio (combustível) e 145 polibutadieno (substância aglutinante).
Cada propulsor é composto por três segmentos. O segmento inferior tem um comprimento de 11,1 metros e está abastecido com 106,7 t de propolente; o segmento central tem um comprimento de 10,17 metros e está abastecido 107,4 t de propolente, finalmente o segmento superior (ou frontal) tem um comprimento de 3,5 metros e está abastecido com 23,4 t de propolente. Sobre o segmento superior está localizada uma ogiva com um sistema de controlo. O processo de ignição é iniciado por meios pirotécnicos (assim que o motor criogénico Vulcain do primeiro estágio estabiliza a sua ignição) e o propolente sólido queima a uma velocidade radial na ordem dos 7,4 mm/s (a queima é realizada de dentro para fora). O controlo de voo é feito através da tubeira móvel do propulsor que é conduzida actuadores controlados hidraulicamente.
O primeiro estágio do foguetão Ariane-5ECA, denominado H173 (EPC “Etage Principal Cryotechnique”), tem um comprimento de 30,5 metros e um diâmetro de 5,46 metros. Tem um peso bruto de 186.000 kg e um peso sem combustível de 12.700 kg. No lançamento desenvolve 113.600 kgf (vácuo), com um Ies de 434 s (Ies-nm de 335 s) e um Tq de 650 s. O seu motor criogénico Vulcain-2 (com um peso de 1.800 kg, diâmetro de 2,1 metros e comprimento de 3,5 metros) é capaz de desenvolver 132.563 kgf no vácuo, com um Ies 440 s e um Tq de 605 s. Tal como o Vulcain, utilizado no primeiro estágio do Ariane-5G, o Vulcain-2 consome LOX e LH2. O Vulcain-2 é desenvolvido pela Snecma.
O H173 é capaz de transportar mais 15.200 kg de propolente devido a modificações feitas no tanque de oxigénio líquido. Na parte superior do H173 encontra-se a secção de equipamento VEB (Vehicle Equipment Bay) do Ariane-5ECA onde são transportados os sistemas eléctricos básicos, sistemas de orientação e telemetria, e o sistema de controlo de atitude. A secção de equipamento é desenvolvida pela Astrium SAS e tem uma altura de 1,13 metros e um peso de 950 kg.
O veículo L582 e a missão VA228
A missão VA229 foi o 85º lançamento do foguetão Ariane-5 e o 2º em 2016, seguindo uma série de 70 voos bem sucedidos consecutivos. O veículo L582 foi o 29º Ariane-5ECA da fase de produção PB que foi assinado em Março de 2009 para garantir a continuidade dos serviços de lançamento após a finalização da fase de produção PA que foi constituída por 30 veículos. A fase de produção PB é composta por 35 Ariane-5ECA e cobre o período de 2010 a 2016. Consequentemente, o lançador L583 é o 59º lançador a ser entregue à Arianespace, integrado e verificado sob a responsabilidade da Airbus Defence and Space.
Na sua configuração de carga única e uma carenagem longa (construída pela RUAG Aerospace AG) com uma altura total de 17 metros e um diâmetro de 5,4 metros, o satélite Eutelsat-65 West A é o passageiro solitário desta missão, colocado sobre um adaptador PAS 1194C (desenvolvido pela Airbus Defence and Space SA). A carenagem estava protegida pelo produto FAP (Fairing Acoustic Protection), que é utilizado desde a missão V175 (veículo L534).
O lançador pode ser dividido em duas partes: o Sistema Composto Superior (SCS) e o Sistema Composto Inferior (SCI). O SCS é composto pela carenagem, pela estrutura de transporte de carga Sylda-5 e pelo conjunto formado pelo estágio superior criogénico ESC-A, pela secção de equipamento (VEB – Vehicle Equipment Bay) e por um Cone 3936. Por sua parte, o SCI incorpora o estágio criogénico principal EPC (H175) com o motor Vulcain-2 e dois propulsores laterais de combustível sólido EAP (P240).
O principal objectivo da missão VA229 era o de colocar o satélite Eutelsat-65 West A numa órbita geossíncrona de transferência com um apogeu a 35.746 km de altitude, perigeu a 250,0 km de altitude, inclinação orbital de 0,5º, argumento do perigeu a 178º e longitude do nodo ascendente a -120,321º (em relação a um eixo fixo, determinado a H0-3s e passando pelo complexo de lançamento ELA3 em Kourou).
Tendo em conta o adaptador de carga, a performance total requerida do lançador para a órbita descrita era de 6.707 kg. Parte da margem de performance é utilizada para reduzir a inclinação da órbita alvo.
Tomando H0 como a referência temporal básica (1 segundo antes da abertura da válvula de hidrogénio na câmara de combustão do motor Vulcan do primeiro estágio EPC), a ignição do Vulcain ocorre a H0+2,7s. A confirmação da operação normal do Vulcain autoriza a ignição dos dois propulsores laterais de combustível sólido (EAP) a H0+7,05s, levando ao lançamento.
A massa no lançamento é de cerca de 770.500 kg e a força inicial é de 13.000 kN (dos quais 90% é originada pelos EAP). Após uma ascensão vertical de 5 segundos para permitir que o lançador deixe o complexo ELA3, incluindo, em particular, os pilões eléctricos, o foguetão executa uma operação de inclinação no plano da trajectória, seguindo-se uma operação de rotação cinco segundos mais tarde para posicionar o plano dos EAP perpendicularmente ao plano da trajectória. O ângulo de azimute de lançamento foi de 80º em relação a Norte.
A fase de voo dos EAP continua a um ângulo de incidência nulo ao longo do voo atmosférico e até à separação dos propulsores laterais. O propósito destas operações é o de optimizar a trajectória e assim maximizar a performance, obter uma ligação rádio satisfatória com as estações no solo, e cumprir as cargas estruturais e limites de controlo de atitude. A sequência de separação dos EAP é iniciada quando um limite de aceleração é detectado, quando o nível de força do propolente sólido baixa. A separação ocorre no segundo imediato. Este é o tempo de referência H1, e ocorre a cerca de H0+144,0s a uma altitude de 68,7 km e a uma velocidade relativa de 2,047 km/s.
No resto do voo na fase EPC, o veículo segue uma regra de altitude controlada em tempo real pelo computador de bordo tendo por base informações recebidas pela unidade de navegação. Esta regra optimiza a trajectória ao minimizar o tempo de queima e consequentemente o consumo de propolente.
A carenagem de protecção é separada durante a fase de voo EPC logo que os níveis de fluxo aerodinâmico são suficientemente baixos para não terem impacto na carga. Para a missão VA229, a separação da carenagem ocorreu a uma altitude de 122,6 km, 219 segundos após o lançamento. A fase de propulsão EPC tem como objectivo uma órbita predeterminada estabelecida em relação a requisitos de segurança e à necessidade de controlar a operação quando o EPC cai de volta para a Terra no Oceano Atlântico.
O final da queima do motor Vulcain ocorre quando se atinge uma órbita com perigeu a -1.248,5 km, apogeu a 231,3 km, inclinação orbital de 9,80º, argumento do perigeu de -30,62º e longitude do nodo ascendente de -134,57º. Este é o tempo de referência H2 e ocorre a H0+529,0s.
O estágio criogénico principal cai então para o Atlântico após a separação, destruindo-se numa reentrada atmosférica a uma altitude entre os 80 km e os 60 km devido às cargas geradas pelo atrito. O estágio deve ser despressurizado para evitar o risco de explosão devido ao sobreaquecimento do hidrogénio residual. Uma válvula lateral do tanque de hidrogénio, actuada por um temporizador que é activado pela separação do EPC, é utilizada para este propósito. Esta força lateral é também utilizada para fazer com que o EPC entre numa rotação, reduzindo assim a dispersão dos detritos originados na reentrada. O ângulo de reentrada do estágio criogénico é de -4,11º e a longitude do ponto de impacto é registada a 4,00º O.
O voo do ESC-A tem uma duração de cerca de 16 minutos. Esta fase de voo é finalizada por um comendo enviado pelo OBC, quando o computador estima, a partir de dados calculados pela unidade de orientação inercial, que a órbita alvo foi atingida. Esta é a referência temporal H3 e ocorre a H0+1.476,7 segundos.
O propósito da fase balística seguinte é o de: orientar o conjunto na direcção requerida para a separação dos satélite; estabilização transversal antes da separação do satélite Eutelsat-65 West A; separação do satélite Eutelsat-65 West A; rotação final do conjunto a 45º/s; e despressurização do estágio ESC-A (tanques de oxigénio líquido e hidrogénio líquido), precedida de uma fase de despressurização que envolve a abertura simultânea de oito escapes SCAR. Estas operações contribuam para a gestão a curto e médio prazo da distância mútua dos objectos em órbita. A fase balística da missão é composta por 15 fases elementares que incluem a separação do satélite.
O programa Demoflight
Pela segunda vez, após a missão VA223/L577, a fase balística compreende um cenário projectado para o Programa Demoflight; um terceiro cenário final será levado a cabo com um dos passageiros na fase balística da missão VA231/L585.
Os objectivos do Programa Demoflight estão relacionados com a futura utilização no lançador Ariane-6 do motor Vinci, em vez do motor HM7b utilizado no foguetão Ariane-5ECA. Os objectivos são a validação dos modelos comportamentais termodinâmicos dos tanques, avaliar a eficiência dos procedimentos do arrefecimento dos motores e avaliar a eficiência dos procedimentos de colocação dos propelentes no interior dos tanques antes da ignição.
Após a separação do satélite e após se atingir uma distância suficientemente segura, é executada uma longa fase balística tendo-se verificado antes que o lançador se encontra em perfeitas condições e verificando que tem os recursos necessários para executar as várias manobras.
Preparativos para o lançamento
O estágio EPC começou a ser preparado para a missão no dia 21 de Janeiro de 2016, sendo removido do modo de preservação e colocado na posição vertical no edifício de integração do lançador. A transferência dos dois propulsores laterais de combustível sólido ocorreu nos dias 21 e 22 de Janeiro, tendo a sua integração no lançador ocorrido no dia 22. Os preparativos com o sistema compósito superior começaram a 26 de Janeiro com a elevação do estágio ESC-A e a integração da secção de equipamento do lançador.
O satélite Eutelsat-65 West A chegava a Kourou a 5 de Fevereiro. No dia 12 de Fevereiro tinha lugar a denominada Launcher Synthesis Control na qual se analisam os preparativos do foguetão lançador. O foguetão lançador era aceite pela Arianespace a 17 de Fevereiro e transferido do BIL para o BAL no dia 18 de Fevereiro.
Entre 18 e 20 de Fevereiro decorreram as operações de abastecimento do satélite Eutelsat-65 West A. A 22 de Fevereiro o satélite era integrado com o seu adaptador, sendo de seguida realizados os testes funcionais do satélite. Este era transferido para o BAF no dia 24, sendo integrado no lançador no dia 25 de Fevereiro. A integração da carenagem de protecção tinha lugar a 26 de Fevereiro.
O ensaio geral para o lançamento teve lugar a 2 de Março e os sistemas do foguetão foram armados a 3 e 4 de Março, com a revisão de prontidão para o voo a ter lugar neste último dia. No dia 7 de Março o foguetão era transferido para o Complexo de Lançamento ELA3, iniciando-se o abastecimento das esferas de hélio.
Lançamento
A contagem decrescente final inicia-se a H0-7h 30m e inclui todas as operações de preparação do lançador, satélites e base de lançamento. A execução correcta de todas as operações leva à autorização da ignição do motor Vulcain seguindo-se a ignição dos propulsores laterais de combustível sólido na hora de lançamento seleccionada, o mais cedo possível dentro da janela de lançamento para os satélites. A contagem decrescente termina com uma sequência sincronizada gerida pelos computadores do Ariane-5ECA e que se inicia a H0-7 m. Em alguns casos, uma sequência pré-sincronizada pode ser necessária para optimizar o abastecimento do estágio criogénico principal. Se uma paragem na contagem decrescente coloca o tempo Ho fora da janela de lançamento, o lançamento é adiado para D+1 ou D+2, isto é um ou dois dias depois da data inicial de lançamento, dependendo do problema e da solução adoptada. A janela de lançamento para a missão VA229 decorria entre as 05:20UTC e as 08:20UTC do dia 9 de Março, tendo uma duração de 3 horas.
A H0-7h 30m, no início da contagem decrescente final, procede-se á verificação dos sistemas eléctricos e aos procedimentos de preparação e configuração do EPC e do motor Vulcain para o condicionamento térmico e posterior abastecimento. Os preparativos finais da plataforma de lançamento decorrem a H0-6h com o encerramento de portas, remoção das barreiras de segurança e configuração dos circuitos de fluidos em preparação do abastecimento do lançador. Nesta fase, o programa de voo é inserido nos computadores do Ariane-5ECA e procede-se ao teste das ligações de rádio entre o lançador e o centro de controlo. O alinhamento das unidades de orientação inercial decorre nesta fase dos preparativos para o lançamento. A evacuação do pessoal técnico da plataforma de lançamento ocorre a H0-5h e inicia-se o abastecimento do EPC em quatro fases: primeiro, dá-se a pressurização dos tanques de abastecimento (este procedimento tem uma duração de 30 minutos); segundo, procede-se ao condicionamento térmico das condutas de abastecimento para assim poderem lidar com as baixas temperaturas dos propolentes criogénicos (este procedimento tem uma duração de 30 minutos); terceiro, dá-se o abastecimento dos tanques de propolente com hidrogénio líquido e com oxigénio líquido (o abastecimento tem uma duração de 2h); e finalmente quarto, mantém-se o abastecimento até ao início da sequência sincronizada.
A pressurização dos sistemas de controlo de atitude e de comando ocorre a H0-5h. A H0-4h inicia-se o abastecimento do estágio superior criogénico ESC-A, sendo também feito em quatro fases: pressurização dos tanques de abastecimento (este procedimento tem uma duração de 30 minutos); condicionamento térmico durante 30 minutos das condutas de abastecimento para assim poderem lidar com as baixas temperaturas dos propolentes criogénicos; abastecimento dos tanques de propolente com hidrogénio líquido e com oxigénio líquido (o abastecimento tem uma duração de 1h); e finalmente mantém-se o abastecimento até ao início da sequência sincronizada.
O condicionamento térmico do motor Vulcain ocorre a H0-3h. Os preparativos para o início da sequência sincronizada têm lugar a H0-30m e a sequência sincronizada iniciou-se a H0-7m. As operações da sequência sincronizada são controladas de forma automática e exclusivamente pelo computador operacional de verificação e comando CCO (Operational Checkout-Computer) localizado no Complexo de Lançamento ELA3. Durante esta sequência, todos os elementos que estão envolvidos no lançamento são sincronizados pelo tempo de contagem decrescente distribuídos por todo o centro espacial. Durante a fase inicial, e até H0-6s, o lançador é gradualmente transferido para a sua configuração de voo pelo computador CCO. Se a sequência sincronizada é suspensa, o lançador é transferido de forma automática para a sua configuração a H0-7m. Na segunda fase da sequência (uma fase irreversível) que decorre entre H0-6s até H0-3,2s, a sequência sincronizada já não é dependente da contagem decrescente do centro espacial, operando de acordo com um relógio interno. A fase final é a ignição do lançador. A sequência de ignição é controlada exclusivamente pelo computador de bordo OBC (On-Board Computer). Os sistemas no solo executam um número de acções em paralelo com a sequência de ignição de bordo.
A H0-6m 30s finaliza o abastecimento de hidrogénio líquido e de oxigénio líquido com os volumes de propolente ao nível necessário para a missão. Nesta altura são abertas as válvulas de inundação de segurança da plataforma de lançamento e são armadas as barreiras das condutas de segurança pirotécnicas. A esfera de hélio do estágio ESC-A é isolada a H0-6m. A H0-4m dá-se a pressurização dos tanques do estágio EPC, o isolamento dos tanques e início da purga da interface umbilical entre os sistemas do solo e o estágio EPC. Nesta altura é finalizado o abastecimento de oxigénio líquido ao estágio superior, fazendo-se a transição do oxigénio líquido para a pressão de voo. O final do abastecimento de hidrogénio líquido ao estágio superior dá-se a H0-3m 40s e procede-se ao cálculo do tempo H0, verificando-se que o segundo computador de bordo foi alterado para ‘modo de observação’. A H0-3m 10s o hidrogénio líquido do estágio superior criogénico encontra-se na pressão de voo. O valor do H0 é inserido nos dois computadores de bordo a H0-3m e é comparado com o valor a H0 no solo.
O aquecimento eléctrico das baterias do EPC e da secção de equipamento do lançador dá-se a H0-2m 30s ao mesmo tempo que se procede à desactivação do sistema de aquecimento eléctrico do sistema de ignição do motor Vulcain-2. A H0-2m dá-se a abertura das membranas das válvulas do Vulcain-2 e a válvula do condicionamento térmico do motor é encerrada. A pré-deflexão da tubeira HM7B ocorre a H0-1m 50s e o fornecimento de energia eléctrica ao lançador é transferido para a fonte a bordo do lançador a H0-1m 5s. Nesta fase termina a pressurização dos tanques do estágio ESC-A a partir do solo e inicia-se a verificação da selagem das válvulas do estágio. O início do sistema de controlo automático da sequência de ignição tem lugar a H0-37s, ao mesmo tempo que são activados os gravadores de bordo e são armadas as linhas de segurança pirotécnicas. Segue-se a H0-30s a verificação da purga do circuito umbilical entre o solo e o lançador e são abertas as válvulas do estágio EPC. Os sistemas de controlo de atitude do estágio EPC são activados a H0-22s, dando-se nesta altura a autorização para a transferência para o controlo de bordo. O sistema de correcção do efeito POGO é activado a H0-16,5s e procede-se à ventilação da carenagem e da secção de equipamento do lançador. As válvulas do sistema de supressão de ondas de choque são abertas a H0-12s.
A sequência irreversível inicia-se a H0-6s com a activação e ignição do sistema AMEF para queimar o hidrogénio residual que se possa ter acumulado na plataforma de lançamento. São enviados os comandos para a retracção dos braços de abastecimento criogénico. O fusível de controlo de comunicação de informação é transferido para o lançador.
A sequência de ignição inicia-se a H0-3s com a verificação do estado do computador, transferência dos sistema de orientação inercial para o modo de voo, monitorização das pressões do oxigénio e do hidrogénio líquido, e activação das funções de controlo de navegação, orientação e atitude. A deflexão da tubeira HM7B é verificada a H0-2,5s e a H0-1,4s é encerrada a válvula de purga do motor. A H0-0,2s é verificada a recepção do sinal de ‘retracção dos braços criogénico’ enviado pelo computador de bordo.
Entre H0 e H0+6,65s dá-se a ignição do motor Vulcain-2 e a verificação da sua operação correcta (o tempo a H0+1s corresponde à abertura da válvula da câmara de hidrogénio). O final da verificação da operação motor principal ocorre a H0+6,9s e a ignição dos propulsores laterais de combustível sólido ocorre a H0+7,05s.
O lançamento da missão VA229 teve lugar às 08:20:07UTC com o lançador a abandonar a plataforma de lançamento a T+7,30s. A T+12,70s termina o voo vertical e iniciava-se a manobra de inclinação (terminando a T+22,6s) e a T+17,05s iniciava-se a manobra de rotação do lançador em torno do seu eixo longitudinal (esta manobra terminava a T+32,05s). O lançador atinge a velocidade do som (Mach 1) a T+49,25s. A separação dos dois propulsores laterais de combustível sólido dava-se a T+2m 25s (entrando-se na fase propulsionada EPC) e a separação das duas metades da carenagem de protecção ocorreu a T+3m 29s.
A telemetria do lançador começava a ser recebida pela estação de Natal a T+7m 25s e a T+8m 49s terminava a queima do estágio criogénico principal EPC (com a exaustão do fornecimento de hidrogénio líquido), com a sua separação a ter lugar a T+8m 55s. Entrando-se na fase de propulsão ESC-A, a ignição do estágio criogénico superior ocorria a T+8m 59s. Os dados telemétricos do lançador começam a ser recebidos pela estação da Ilha de Ascensão a T+12m 57s. O veículo atinge a altitude mínima a T+15m 41s (210 km). Os dados telemétricos do lançador começam a ser recebidos pela estação de Libreville a T+18m 20s e pela estação de Malindi a T+23m 20s. O final da queima do estágio superior ESC-A ocorre a T+24m 37s com o lançador a entrar na fase balística a uma altitude de 552,3 km e a uma velocidade de 9,44 km/s.
A manobra de orientação para a separação do Eutelsat-65 West A inicia-se a T+24m 52s, com a estabilização transversal do satélite a ter início a T+26m 27s. A separação do Eutelsat-65 West A ocorre a T+27m 19s. Logo após a separação do satélite, procede-se à estabilização do ESC-A a T+27m 29s. O Programa Demoflight inicia-se então a T+35m 20s, terminando a T+1h 17m 6s.
Dados Estatísticos e próximos lançamentos
– Lançamento orbital: 5527
– Lançamento orbital com sucesso: 5175
– Lançamento orbital Arianespace: 245
– Lançamento orbital Arianespace com sucesso: 239
– Lançamento orbital desde CSG Kourou: 257
– Lançamento orbital desde CSG Kourou com sucesso: 245
Ao se referir a ‘lançamentos com sucesso’ significa um lançamento no qual algo atingiu a órbita terrestre, o que por si só pode não implicar o sucesso do lançamento ou da missão em causa (como foi o caso do lançamento do Progress M-27M).
A seguinte tabela mostra os totais de lançamentos executados este ano em relação aos previstos para cada polígono à data deste lançamento.
Dos lançamentos bem sucedidos levados a cabo: 21,4% foram realizados pela Rússia; 28,6% pelos Estados Unidos (incluindo ULA (50,0%), SpaceX (50,0%) e Orbital SC); 14,3% pela China; 14,3% pela Arianespace; 7,1% pela Índia, 7,1% pelo Japão, 0% pelo Irão e 7,1% pela Coreia do Norte.
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
10 Mar (10:30:00) – PSLV-C32 (PSLV-XL) – Satish Dawan SHAR, FLP – IRNSS-1F
12 Mar (18:56:00) – 14A14-1B Soyuz-2-1B – Baikonur, LC31 PU-6 – Resurs-P n.º 3
14 Mar (09:31:00) – 8K82KM Proton-M/Briz-M – Baikonur, LC200 PU-39 – ExoMars-2016 (TGO+EDM Schiaparelli)
18 Mar (21:26:00) – 11A511U-FG Soyuz-FG – Baikonur, LC1 PU-5 – Soyuz TMA-20M
23 Mar (03:05:00) – Atlas-V/401 (AV-064) – Cabo Canaveral AFS, SLC-41 – Cygnus OA-6 (CRS5)