O mês de Janeiro de 2019 termina com um total de 7 lançamentos orbitais, um dos quais mal sucedido, tendo sido colocados em órbita 25 satélites, nos quais se inclui o último estágio do foguetão lançador PSLV-DL (PSLV-C44) com a carga Kalamsat-v2.
Até 31 de Janeiro, foram realizados 331 lançamentos orbitais neste mês, o que corresponde a uma média de 5,3 lançamentos e a 6,1% do total de lançamentos bem sucedidos realizados desde 4 de Outubro de 1957 (o mês de Janeiro é o mês com menos lançamentos orbitais e o mês de Dezembro é o mês com mais lançamentos orbitais, correspondendo a 10,4% dos lançamentos e a uma média de 9,1 lançamentos por mês de Dezembro desde 1957).
O número de lançamentos orbitais bem sucedidos levados a cabo em 2019 (6) corresponde a 0,11% do total de lançamentos orbitais realizados desde 4 de Outubro de 1957.
Nesta altura, e levando em conta a imprevisibilidade de muitos calendários estabelecidos, o ano de 2019 perfila-se nesta altura para bater o recorde anual de lançamentos que está estabelecido em 129 ano ano de 1984. Para 2019 estão previstos nesta altura 185 lançamentos orbitais! Destes, estão previstos 58 lançamentos orbitais dos Estados Unidos (ULA, NGIS, SpaceX e Rocket Lab), 44 lançamentos da Rússia, 43 lançamentos por parte da China, 18 lançamentos por parte da Índia, 15 lançamentos por parte da Arianespace, 4 lançamentos por parte do Japão e 3 lançamentos por parte do Irão.
Para Fevereiro estão previstos 4 lançamentos com datas estabelecidas, podendo no entanto ocorrer outros 4 lançamentos orbitais.
O primeiro lançamento orbital de Fevereiro deverá ter lugar às 2101:07UTC do dia 5 com um foguetão Ariane-5ECA a ser lançado na missão VA247 transportando os satélites HS4-SGS1 (Hellas-Sat-4, SaudiGeoSat-1) e GSAT-31. O lançamento será levado a cabo a partir do Complexo de Lançamento ELA-3 do CSG Kourou, Guiana Francesa.
O satélite HellasSat-4 / SaudiGeoSat-1 é um satélite de comunicações geoestacionário Grego construído para a Hellas Sat pela Lockheed Martin, sendo propriedade da Arabsat. A Arabsat e a KACST (King Abdulaziz City for Science and Technology) anunciaram em Abril de 2015 vários contratos com a Lockheed Martin para o fabrico de dois satélites de comunicações tendo por base a plataforma A2100, o Arabsat-6A e o HellasSat-4 / SaudiGeoSat-1. Os contratos foram assinados a 9 de Abril de 2015. A construção dos satélites começou de imediato e estaria concluído para ser lançado em 2018. O satélite foi construído numa versão modernizada da plataforma A2100 da Lockheed Martin, que é baseada em estruturas com inovações avançadas, incluindo propulsão, painéis solares e sistemas eletrónicos. O satélite estará operacional na órbita geossíncrona a 39º longitude Este e terá um tempo de vida operacional de 15 anos. No lançamento a sua massa é de 6.495 kg, tendo uma massa de 3.950 kg sem prepolentes. Para as suas manobras orbitais utiliza um sistema dr propulsão electro-químico. A sua carga é composta por transponders de banda Ku e Ka.
O satélite GSAT-31 é um satélite de comunicações geoestacionário Indiano que será posicionado numa longitude a 48° Este. O satélite é configurado tendo por base a plataforma I-2K desenvolvida pela ISRO para fornecer serviços de comunicações em banda Ku. A sua vida útil deverá ser superior a 15 anos e irá substituir o satélite Insat-4CR. No lançamento a sua massa é de 2.536 kg.
A 19 de Fevereiro a empresa Norte-americana deverá lançar uma nova missão comercial a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral AFS, Florida. O lançamento está previsto para as 0158UTC e a bordo do foguetão Falcon-9 estarão os satélites Nusantara Satu, Beresheet e vários satélites governamentais não identificados dos Estados Unidos.
O satélite Nusantara Satu, também designado PSN-6 – Pasifik Satelit Nusantara 6, é um satélite de comunicações geoestacionário Indonésio construído pela Space Systems/Loral (SS/L) que em Outubro de 2014 anunciou um contrato com a operadora de satélites da Indonésia, Pasifik Satelit Nusantara (PSN) para a construção de um satélite comercial de comunicações, denominado PSN VI, que forneceria serviços a todo o Sudeste Asiático, incluindo uma carga de alta potência (High Throughput Satellite HTS) para serviço na Indonésia. Com os transponders de banda C e banda Ku, o Nusantara Satu, com uma massa de 4.735 kg, será usado para comunicações de voz e dados, Internet de banda larga e distribuição de vídeo em todo o arquipélago indonésio. A PSN é a primeira empresa privada de telecomunicações por satélite na Indonésia e uma provedora asiática líder de uma gama completa de serviços de telecomunicações por satélite. O satélite será localizada a 146° de longitude Este. Tendo por base a plataforma SSL-1300, que oferece flexibilidade para uma ampla variedade de aplicativos e avanços tecnológicos, o satélite foi projectado para fornecer serviços por 15 anos ou mais, usando propulsão eléctrica para elevação e manobras orbitais.
O Landil Lunar Lunar ou Beresheet (também designado como “Sparrow” durante o seu desenvolvimento) é um veículo de descida lunar com uma massa de cerca de 600 kg, desenvolvido pela organização israelita sem fins lucrativos SpaceIL. E é concotrrente para ganhar o Google Lunar XPRIZE (GLXP). O Lunar Lander SpaceIL é um veículo lunar, que tem um sistema de propulsão para permitir deixar a órbita da Terra e entrar numa trajectória translunar. Após a alunagem, o módulo de propulsão irá reactivar o seu sistema de propulsão para se deslocar a uma distância de pelo menos 500 metros para satisfazer as regras do GLXP.
Em Outubro de 2015, a SpaceIL contratou via a Spaceflight Inc. um lançamento compartilhado para a órbita terrestre num foguetão Falcon-9 v1.2 (Bloco 5) lançado a partir da Base Aérea de Vandenberg, Califórnia. Em finais de 2017, a SpaceIL tentou angariar US $ 20 milhões até o final do ano, tanto de donativos públicos como do governo Israelita, ou então seria forçado a cancelar toda a missão. Em meados de 2018, foi anunciada uma data de lançamento para Dezembro de 2018 com o veículo a ser lançado como carga secundária numa missão para o lançamento de um satélite de comunicações. O alunagem está prevista para Fevereiro de 2019.
O satélite Egípcio EgyptSat-A (ou MisrSat-A) será colocado em órbita a 21 de Fevereiro a partir da Plataforma de Lançamento PU-36 do Complexo de Lançamento LC31 do Cosmódromo de Baikonur, Cazaquistão, utilizando um foguetão 14A14-1B Soyuz-2.1b/Fregat-M.
Originalmente previsto para ser colocado em órbita em Novembro de 2018, o EgyptSat-A (ou MisrSat-A) é o terceiro satélite de detecção remota do Egipto. O satélite é construído em conjunto pela Autoridade Nacional do Egipto para a Detecção Remota e Ciências Espaciais, e pela RKK Energiya (Rússia). A carga útil de imagem foi desenvolvida pela OAO Peleng e NIRUP Geoinformatsionnye Sistemy (Bielorrússia).
O satélite é uma versão melhorada do EgyptSat-2 e é baseado a plataforma 559GK da RKK Energiya, que herda tecnologias de sua plataforma USP. O satélite apresenta motores eléctricos SPD-70 usando Xenon. Está equipado com um sistema opto-electrónico melhorado e sistema de controle a bordo, ligação de rádio de alta velocidade e células solares com maior eficiência para o fornecimento de energia.
O foguetão 372RN21B Soyuz-ST-B/Fregat-MT (?????/M133-15) irá ser lançado na missão VS21 a 26 de Fevereiro para colocar em órbita seis satélites de comunicações por Internet, OneWeb. O lançamento está previsto para as 2137UTC e será levado a cabo a partir do Complexo de Lançamento ELS do CSG Kourou (Sinnamary).
A bordo estarão os satélites OneWeb-0006, OneWeb-0007, OneWeb-0008, OneWeb-0010, OneWeb-0011 e OneWeb-0012.
Anteriormente designada como WorldVu, a OneWeb é uma constelação de satélites que irá consistir em 648 microssatélites para fornecer acesso à Internet a todo o planeta para consumidores individuais e companhias aéreas. O projecto actual da rede consiste em 648 micro satélites de cerca de 125 kg a operar em órbitas a 1.200 km de altitude. Cada satélite é capaz de fornecer pelo menos 8 gigabits por segundo de throughput para fornecer acesso à Internet para residências e plataformas móveis usando a sua carga útil de banda Ku de alta produtividade.
A OneWeb encomendou cerca de 900 satélites, com cinco empresas (Airbus Defence and Space, Lockheed Martin Space Systems, OHB AG, SSL e a Thales Alenia Space) a apresentaram propostas. A Airbus foi seleccionada como fornecedora em Junho de 2015. Cada satélite terá uma vida útil de sete anos ou mais.
Os satélites foram originalmente planeados para apresentar ligações inter-satélite, mas em Julho de 2018, a OneWeb decidiu não implementá-los por razões regulatórias e substituí-los por mais de 40 gateways em todo o mundo, cada um capaz de se conectar a satélites a 4.000 km de distância.
A Virgin é um investidor do projecto, que fornecerá serviços de lançamento no seu lançador LauncherOne, sendo outro investidor a Qualcomm Inc.
Como referido a Airbus Defence and Space foi seleccionada para construir os cerca de 900 satélites. Os dez primeiros serão construídos em Toulouse, França, enquanto que os restantes serão construídos em instalações dedicadas nos Estados Unidos. Em Janeiro de 2016, a Airbus Defence and Space e a OneWeb criaram uma joint venture 50/50 OneWeb Satelites para construir os satélites. A RUAG Suíça constrói as as plataformas mecânicas dos satélites.
Os satélites OneWeb serão lançados para órbitas quase polares a uma altitude de 500 km antes de se elevarem utilizando sistemas próprios de propulsão eléctrica para as órbitas operacionais de 1.200 km. Em Junho de 2016, a OneWeb assinou um contrato com a Arianespace para 21 missões de lançamento utilizando foguetões Soyuz lançando conjuntos de 36 ou 34 satélites desde Kourou, Baikonur e Vostochny. Há mais cinco opções para os lançamentos Soyuz e três opções para os lançamentos utilizando o foguetão Ariane-6. O contrato com a Virgin Galactic é de 39 lançamentos em foguetões lançados pelo LauncherOne, com opções para mais 100 lançamentos. Em Março de 2017, foi feito um acordo para cinco lançamentos com o foguetão New Glenn. Em Dezembro de 2018, foi anunciado que a constelação inicial seria reduzida em 33% para 600 satélites, devido ao desempenho em terra ser supostamente melhor do que o esperado dos satélites de demonstração.
A bordo estarão quatro satélite de simulação de massa que irão permanecer acoplados ao estágio Fregat-M.
Para além das datas acima referidas, existem outros quatro lançamentos que poderão ocorrer neste mês de Fevereiro.
Recentemente a China referiu que procura antecipar o lançamento de vários satélites de navegação, e o mês de Fevereiro poderá assistir ao lançamento dos satélites Beidou-3I1Q, utilizando um foguetão CZ-3A Chang Zheng-3A, e o satélite Beidou-2G8, utilizando um foguetão CZ-3C Chang Zheng-3C. Ambos os lançamentos, a terem lugar, serão levados a cabo a partir do Centro de Lançamento de satélites de Xichang. Porém, não deixa de ser curioso que as mais recentes fotografias provenientes de Xichang mostram um foguetão CZ-3B Chang Zheng-3B/G2 a ser preparado na plataforma de lançamento LC2.
Poucos dias após o falhanço no lançamento do satélite Payam-e Amirkabir no dia 15 de Janeiro de 2019, o Irão anunciou que brevemente iria lançar o satélite Dousti (ou Dosti). Este é um pequeno satélite com uma massa de 50 kg que deverá ser colocado em órbita por um foguetão Safir-1B a partir do Complexo de Lançamento LC-1 do Centro Espacial Iman Khomeini, Semnam. O satélite será utilizado para a observação da superfície terrestre e para o envio de mensagens que são gravadas a bordo e posteriormente transmitidas sobre a estação terrestre.
Recentemente a Rocket lab anunciou o lançamento de uma missão para a DARPA para colocar em órbita o satélite R3D2 (Radio Frequency Risk Reduction Deployment Demonstration). Esta é uma missão da para qualificar um novo tipo de antena reflectora de membrana. A antena, feita de membrana Kapton com tecido fino, é armazenada no lançamento e, em seguida, será implantada no seu tamanho total de 2,25 metros de diâmetro quando atingir a órbita terrestre.
O lançamento será levado a cabo pelo foguetão Electron/Curie (F5) a partir do Complexo de Complexo LC-1 do Centro de Lançamento de Máhia, Nova Zelândia.
O R3D2 irá monitorizar a dinâmica da abertura da antena, e as características de sobrevivência e de radiofrequência da antena na órbita da Terra. A antena pode permitir múltiplas missões que actualmente exigem grandes satélites, incluindo comunicações de alta taxa de dados para usuários desfavorecidos no solo. Uma demonstração bem sucedida também ajudará a provar uma capacidade de uma missão para lançar de forma rápida e com baixo custo, permitindo que o Departamento de Defesa, assim como outros usuários, aproveite ao máximo o novo mercado comercial de veículos lançadores pequenos e baratos. O projecto, o desenvolvimento e o lançamento dos satélites levaram aproximadamente 18 meses.
A Northrop Grumman é a contratada principal e integrou o satélite de 150 kg. Por seu lado, a MMA Design projectou e construiu a antena. A Trident Systems projectou e construiu o rádio definido por software do R3D2, enquanto que a Blue Canyon Technologies forneceu a plataforma FleXbus, que é baseado na plataforma Microsat / ESPAsat. O R3D2 é o primeiro satélite encomendado pela BCT no programa Blackjack da DARPA.