Virgin Orbit lança a primeira missão “Tubular Bells”

A Virgin Orbit levou a cabo a sua primeira missão operacional ao colocar em órbita sete pequenos satélites. Esta foi a missão “Tubular Bells, Part One” que teve início a partir do Mojave Air and Space Port (ASP) no dia 30 de Junho de 2021. Todos os satélites a bordo do foguetão LauncherOne (R4) transportado pelo Boeing-747-400 “Cosmic Girl” foram colocados nas respectivas órbitas.

O Boeing-747-400 “Cosmic Girl” levantou voo às 1354UTC e o LauncherOne (R4) foi largado do avião de transporte às 1447UTC.

Denominada “Tubular Bells, Part One”, em honra do disco “Tubular Bells” de Mike Oldfield editado em 1973, esta missão foi originalmente atribuída à VOX Space, uma subsidiária da Virgin Orbit, pela Unidade Inovação Defesa – Defense Innovation Unit (DIU) – do Departamento de Defesa dos Estados Unidos (Department of Defense – DoD), com a missão STP-VP27A a ser parte da iniciativa Rapid Agile Launch (RALI) do Space Test Program (STP) do DoD. A DIU é uma organização que trabalha com o objectivo de acelerar a adopção de tecnologia comercial pelos serviços militares norte-americanos para fortalecer a segurança nacional daquele país.

A carga da missão “Tubular Bells – Part One”

A carga da missão “Tubular Bells – Part One” foi composta por sete pequenos satélites, sendo três satélites DIU (constituindo a missão STP-VP27A), o satélite Brik-II, e os satélites STORK-4 e STORK-5 (MARTA).

Os quatro satélites militares transportados pelo LauncherOne (R4) fazem parte da iniciativa RALI do STP e para além da designação da missão (STP-VP27A) nenhuns detalhes foram revelados sobre os mesmos. Depois de atingirem a órbita terrestre deverão receber as designações militares USA-319 a USA-322.

O satélite Brik-II foi construído pela empresa ISIS para a Força Aérea Real da Holanda e é um CubeSat-6U de demonstração tecnológica. O satélite irá ser vir de plataforma de teste para várias experiências de comunicações e irá demonstrar a forma como os nano-satélites pode fornecer uma contribuição significativa para as operações militares. Esta missão representa um passo importante nos esforços do Ministério da Defesa holandês para o desenvolvimento das suas primeiras capacidades espaciais, com uma ênfase particular nos lançamentos responsivos.

A carga a bordo do Brik-II é composta por um receptor de frequências militares, um sistema de comunicações UHF e uma sonda Langmuir destinada a medir a densidade de electrões na ionosfera.

Os satélites STORK-4 e STORK-5 (MARTA) fazem parte de uma constelação de satélites polaca para a observação da Terra e testes tecnológicos. São CubeSat-3U construídos pela SatRelvolution e estão equipados com o sistema de observação Vision-300 com uma resolução de até 5 metros que ocupa uma unidade ‘U’ dos satélites. Os restantes ‘2U’ estão disponíveis para albergar cargas tecnológicas de outros clientes. A constelação STORK será composta por 14 satélites.

Lançamento

Os preparativos finais para o lançamento iniciam-se a T-8h 18m com a activação do avião de transporte Boeing-747-400 “Cosmic Girl” e do foguetão lançador. A reunião que verifica se todos os sistemas estão prontos para o lançamento ocorre a T-4h 12m e no final é tomada a decisão de se proceder com o abastecimento de oxigénio líquido (LOX) e do gás de pressurização. O abastecimento inicia-se a T-3h 12m, terminando duas horas mais tarde.

A T-56m são desconectadas as condutas de abastecimento de LOX e de gás. O Centro de Controlo de Missão dá luz verde para que o “Cosmic Girl” possa levantar voo a T-14m e o avião é rebocado para a pista a T-10m. O avião de transporte Boeing-747-400 “Cosmic Girl” levanta voo a T=0s / L-58m.

O avião atinge uma altitude de 3.000 metros a L-54m. A auto sequência da contagem decrescente final inicia-se a L-17m, com a avião no modo de separação a L-1m. A separação ocorre a L=0m, com o avião de transporte Boeing-747-400 “Cosmic Girl” a iniciar de imediato uma manobra de afastamento.

A pré-ignição do primeiro estágio ocorre a L+3,25s, seguindo-se a ignição do motor NewtonThree do primeiro estágio a T+4,24s. Atingindo a potência máxima, o LauncherOne (R4) dirige-se para a órbita terrestre com uma queima inicial de mais de dois minutos. A potência da queima do primeiro estágio começa a diminuir a L+3m 2,21s, terminando a L+3m 9,05s. A separação do primeiro estágio ocorre a L+3m 11,5s.

A ignição do motor NewtonFour do segundo estágio inicia-se a L+3m 16,5s. A separação das duas metades da carenagem de protecção ocorre a L+3m 38,42s e a queima do segundo estágio termina a L+8m 36,87s. Sete segundos mais tarde o segundo estágio entra numa lenta rotação em torno do seu eixo longitudinal (denominado ‘BBQ Roll’). O segundo estágio está agora colocado numa órbita inicial a partir da qual irá iniciar a sua segunda queima.

Antes de iniciar a segunda ignição do segundo estágio, este vai iniciar uma manobra de orientação a L+31m 48,04s, entrando em ignição L+38m 41,04s e terminando a L+38m 46,07s. A sequência de separação da carga inicia-se a L+39m 46,07s.

O LauncherOne

O LauncherOne é um foguetão de dois estágios (podendo-se considerar o avião de transporte Boeing-747-400 “Cosmic Girl” como um estágio 0). O primeiro estágio do LauncherOne é propulsionado pelo motor NewtonThree que consome RP-1 oxigénio líquido (LOX). O motor NewtonThree produz 333,62 kN de impulso e tem um tempo de queima de cerca de 3 minutos.

Após a separação entre o primeiro e o segundo estágio, o motor deste entra em ignição. O NewtonFour consome RP-1 e LOX e desenvolve 22,24 kN de impulso. Após a ignição do segundo estágio dá-se a separação das duas metades da carenagem de protecção.

O LauncherOne pode colocar até 500 kg de carga útil numa órbita terrestre baixa equatorial a uma altitude de 230 km ou uma carga até 300 kg numa órbita sincronizada com o Sol a uma altitude de 500 km. Com a adição de um terceiro estágio opcional, o LauncherOne também pode transportar cargas úteis para órbitas mais altas da Terra, para uma trajectória lunar ou destinos interplanetários.

Dados estatísticos e próximos lançamentos

– Lançamento orbital: 6082

– Lançamento orbital EUA: 1750 (28,77%)

– Lançamento orbital desde Mojave ASP: 2 (0,03% – 0,11%)

 

Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):

6083 – 30 Jun (1856:??) – Falcon 9-123 (B1060.8) – Cabo Canaveral SFS, SLC-40 – Starlink v1.0 R2-1, Starlink v1.0 R2-2, Starlink v1.0 R2-3, Umbra-SAR 2001, PACE-1, TROPICS Pathfinder, Capella-5 (Whitney-3), D2/AtlaCom-1, EG-3 (Tyvak-0173), GNOMES-2, ICEYE X11, ICEYE X12, ICEYE X13, ION-SCV 003 (ION-SCV 003 Dauntless David, Wild Ride), NAPA 2 (RTAF-SAT 2), Spartan, Neptuno, W-Cube, Ghalib, QMR-KWT, LINCS-A, LINCS-B, Mandrake-2 Abel, Mandrake-2 Baker, ÑuSat-19, ÑuSat-20, ÑuSat-21, ÑuSat-22, SAI-2, Centauri-4 (Tyvak-0211), Sherpa-FX2, vários Astrocast, Hawk-3A, Hawk-3B, Hawk-3C, vários Lemur-2, Lynk-06 (Shannon), PAINANI-II, vários SpaceBEE, SHERPA-LTE1, ARTHUR-1, Astro Digital Demo 8 (Tenzing, Tanker-001), Astro Digital Demo 9 (Shasta), Faraday Phoenix, KSF-1A (PVM-1A), KSF-1B (PVM-1B), KSF-1C (PVM-1C), KSF-1D (PVM-1D), Tiger-2, TUBIN, vários SpaceBEE, XR-2, YAM-2, YAM-3

6084 – 01 Jul (12:48:33) – 14A14-1B Soyuz-2.1b/Fregat-M (Kh15000-008/123-12 (ST33)) – Vostochniy, LC-1S – OneWeb (x36)

6085 – 03 Jul (0250:??) – Chang Zheng-2D (Y59) – Taiyuan, LC9 – Jilin-1 Kuanfu-01B, Jilin-1 Gaofen-03D (01), Jilin-1 Gaofen-03D (02), Jilin-1 Gaofen-03D (03)

6086 – 06 Jul (????:??) – CZ-3B Chang Zheng-3C (Y18) – Xichang, LC2 – Tianlian-1 (05)

6087 – 07 Jul (????:??) – Chang Zheng-4C (Y28) – Jiuquan, LC43/94 – Gaofen-3 (02)

6088 – 12 Jul (????:??) – Falcon 9-119 (B1063.2) – Cabo Canaveral SFS, SLC-40 – Starlink F30 (x60) [v1.0 L29]