Susanoo-I colocado em órbita pela RocketLab

O primeiro de oito lançamentos dedicados a colocar em órbita satélites QPS-SAR da iQPS, foi realizado pela Rocket Lab USA Inc. a 15 de Março de 2025.

O lançamento teve lugar às 0000UTC e foi realizado pelo foguetão Electron/Curie (F61) a partir da Plataforma de Lançamento LC-1B do Centro de Lançamentos de Máhia, Onenui, Nova Zelândia. Esta foi a missão “The Lightning God Reigns”.

Também designado “Susanoo-I” satélite QPS-SAR 9 faz parte de uma série de pequenos satélites de observação terrestre de alta resolução utilizando tecnologia SAR na banda X que são desenvolvidos e operados pelo Institute for Q-shu Pioneers of Space, Inc. (iQPS).

Estes satélites irão constituir uma constelação de 36 unidades e estão equipados com uma antena de 3,6 metros de diâmetro e uma massa de apenas 10 kg. Os satélites podem distinguir objectos de apenas 1 metro e identificar automóveis na estrada. Os satélites QPS-SAR têm uma massa de cerca de 100 kg e estão equipados com duas asas solares para o fornecimento de energia que é armazenada em baterias internas.

Os satélites em órbita irão permitir o fornecimento de um “Serviço de Provisionamento de Dados Quase em Tempo Real”, permitindo a observação de regiões específicas em todo o mundo num intervalo médio de 10 minutos. Isto permitirá recolher imagens contínuas como dados e acumular dados não só sobre “Objetos Estacionários”, como terrenos e edifícios, mas também sobre “Objetos em Movimento”, como veículos, navios e gado.

Os dados recolhidos pela constelação QPS-SAR têm o potencial de revolucionar indústrias e remodelar o futuro. Ao aproveitar as informações de dados de objetos em movimento, o iQPS pode desbloquear novo valor económico, melhorar a segurança urbana e fornecer análises preditivas para a agricultura, economias nacionais e mercados regionais quando integrado com dados climáticos, de mercado e económicos. As possibilidades são ilimitadas. Os satélites QPS-SAR permitem também uma rápida sensibilização situacional em caso de emergência. Com vários satélites em órbita, capazes de penetrar nuvens e plumas, proporciona uma monitorização 24 horas, 7 dias por semana, garantindo uma avaliação rápida e um planeamento eficaz das contramedidas, independentemente das condições meteorológicas.

O primeiro satélite, o QPS-SAR 1 “Izanagi” foi colocado em órbita a 11 de Dezembro de 2019 por um foguetão PSLV-QL a partir do Centro Espacial Satish Dawan SHAR, Ilha de Sriharikota. Os satélites QPS-SAR 3 “Amateru-I” e QPS-SAR 4 “Amateru-II” foram perdidos a 10 de Outubro de 2022 devido a uma falha com o foguetão lançador Epsilon-2CLPS. O satélite QPS-SAR 6 “Amateru-3” foi lançado a 16 de Junho de 2023 por um foguetão Falcon-9, enquanto o QPS-SAR 5 “Tsukuyomi-I” era colocado em órbita a 15 de Dezembro de 2023. Os satélites QPS-SAR 7 “Tsukuyomi-II e QPS-SAR 8 “Amateru-IV” foram também lançados por foguetões Falcon-9 a 7 de Abril e 16 de Agosto de 2024, respectivamente.

Lançamento

Esta missão teve como objectivo colocar a sua carga numa órbita a 575 km de altitude com uma inclinação de 42°.

Com o encerramento das vias de acesso ao local de lançamento a ocorrer a T-6h, o foguetão Electron era colocado na sua posição vertical a T-4h e iniciava-se o processo de abastecimento de querosene. O pessoal de apoio na plataforma de lançamento deixava a área a T-2h 30m e o abastecimento de oxigénio líquido (LOX) iniciava-se a T-2h.

As autoridades de aviação locais eram informadas sobre o lançamento a T-30m para assim poderem avisar os aviadores naquele espaço aéreo. Os preparativos finais para o lançamento iniciam-se a T-18m. A sequência automática de lançamento inicia-se a T-2m, com o computador de bordo do Electron a tomar conta das operações. A ignição dos motores do lançador inicia-se a T-2s.

O foguetão abandona a plataforma de lançamento a T=0s, com uma ascensão lenta nas fases iniciais e ganhando velocidade à medida que ganha altitude. A fase de máxima pressão dinâmica ocorre a T+1m 7s. O final da queima do primeiro estágio ocorre a T+2m 33s e a sua separação ocorre três segundos mais tarde. A ignição do motor Rutherford do segundo estágio ocorre a T+2m 40s e a separação da carenagem de protecção ocorre a T+3m 25s. A T+6m 31s ocorre a troca de baterias eléctricas que dão o impulso eléctrico necessário a ignição do motor Rutherford Vacuum.

 

O final da queima do segundo estágio ocorre a T+9m 6s e a separação entre o segundo estágio e o estágio Curie ocorre a T+9m 10s. Estando numa órbita de parqueamento, o estágio Curie irá realizar uma queima antes da separação dos satélites.

A ignição do motor Curie tem lugar a T+51m 20s, terminando a T+54m 48s. A T+55m 39s, ocorre a separação do satélite.

O foguetão Electron

O Electron é um lançador a três estágios com um comprimento de 18 metros e um diâmetro de 1,2 metros. Tem uma massa de 13.000 kg no lançamento e é capaz de colocar em órbita terrestre baixa uma carga de 225 kg, sendo a sua carga nominal de 200 kg (a 500 km de altitude). Devido ao seu desenho e fabrico (fibra de carbono compósito e estrutura monocoque), o Electron é elaborado com altos níveis de automatização.

O lançador tira partido de materiais compósitos na sua fuselagem, tendo uma estrutura forte e super leve. Da mesma forma, os tanques de propelente são fabricados em materiais compósitos.

O primeiro estágio está equipado com nove motores Rutherford com uma capacidade de 162 kN, com um impulso específico de 311 s. O motor Rutherford consome querosene e oxigénio líquido, utilizando componentes impressos em 3D.

O motor Rutherford é um motor topo de gama que se alimenta de querosene e oxigénio líquido, sendo especificamente projectado para o foguetão Electron utilizando um ciclo de propulsão inteiramente novo. Uma característica única deste motor são as turbinas eléctricas de alto desempenho que reduzem a sua massa, substituindo assim ‘hardware’ por ‘software’. O motor Rutherford é o primeiro motor do seu tipo que utiliza impressão 3D nos seus componentes principais. Estas características são únicas no mundo para um motor de propelentes líquidos de alto desempenho alimentados por turbobombas eléctricas. O seu desenho orientado para a produção permitem que o Electron seja construído e os satélites lançados com uma frequência sem precedentes.

O segundo estágio do lançador é propulsionado por um motor derivado do motor Rutherford melhorado para um excelente desempenho em condições de vácuo. Consegue desenvolver 22 kN de força e um impulso específico de 343 s.

A sua carenagem tem um comprimento de 2,5 metros com um sistema de separação pneumático e por molas.

A tabela seguinte mostra os últimos dez lançamentos realizados por foguetões Electron (incluí lançamentos suborbitais).

Lançamento Veículo Lançador Local Lançamento

Missão

Data de Lançamento Hora

(UTC)

Carga
 2024-142 F52 Onenui (Máhia), LC-1B

A Sky Full Of SARs

 11/Ago/24 13:18 Acadia-3 
2024-172 F53 Onenui (Máhia), LC-1A

Killed The RadIoT Star

20/Set/24 13:50 Kinéis-6

Kinéis-7

Kinéis-8

Kinéis-9

Kinéis-10

2024-201 F54 Onenui (Máhia), LC-1B

Changes in Latitudes, Changes in Attitudes

05/Nov/24 10:54 Protosat-1
F55 Wallops Is, LA-0C

24/Nov/24 06:00 HIPPO (MACH-TB 2)
2024-219 F56 Onenui (Máhia), LC-1B

Ice AIS Baby

25 / Nov / 24 03:55:18 Kinéis-11

Kinéis-12

Kinéis-13

Kinéis-14

Kinéis-15

 – F57 Wallops Is, LA-0C

14/Dez/24 01:00 Stonehenge
2024-248 F58 Onenui (Máhia), LC-1B

Owl The Way Up

21/Dez/24 14:17 StriX-2
2025-028 F59 Onenui (Máhia), LC-1A

IoT 4 You and Me

08/Fev/25 20:43 Kinéis-16

Kinéis-17

Kinéis-18

Kinéis-19

Kinéis-20

 2025-033 F60 Onenui (Máhia), LC-1B

Fasten Your Space Belts

18/Fev/25 23:17 BlackSky Global 31
2025-050 F61 Onenui (Máhia), LC-1B

The Lightning God Reigns

15/Mar/25 00:00 QPS-SAR 9

O Complexo de Lançamento LC-1 localizado na Península de Máhia, entre Napier e Gisborne, na costa Este de Ilha do Norte da Nova Zelândia. Este é o primeiro complexo orbital na Nova Zelândia e o primeiro complexo, a nível mundial, operado de forma privada.

Equipado com duas plataformas de lançamento, a localização remota do LC-1, e de forma particular o seu baixo volume de tráfego marítimo e aéreo, é um factor-chave que permite um acesso sem precedentes ao espaço. A posição geográfica deste local permite que seja possível a uma grande gama de azimutes de lançamento – os satélites lançados desde Máhia podem ser colocados em órbitas com uma grande variedade de inclinações para assim proporcionar serviços em muitas áreas em torno do globo.

Imagens: RocketLab



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