Spin-offs da área do espaço dão origem a 400 novas empresas. Um exemplo português

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A incubação de empresas da ESA ultrapassou as 400 novas empresas. A iniciativa, que tem como base o aproveitamento de tecnologia e experiência espacial para criar novos negócios e empregos na Europa, também impulsiona a economia local e a competitividade europeia.   

Graças a estas start-ups e aos seus empreendedores, as tecnologias de ponta e os conhecimentos gerados nos programas espaciais europeus são usados para criar sofisticadas aplicações terrestres. 

Desde 2003, a nossa iniciativa de incubação deu origem a mais de 400 empresas, o que mostra o valor da iniciativa, ao trazer para Terra os benefícios da tecnologia espacial,” nota Franco Ongaro, Director de Gestão Técnica e da Qualidade da ESA e responsável pelo centro de desenvolvimento e investigação do ESTEC.

Os estados membros perceberam o potencial de usar tecnologias e serviços do espaço para criar novos negócios e emprego – fazendo isso sob alçada do nosso bem validado esquema de incubação.  
Os empreendedores e as pequenas companhias trazem as suas ideias e nós apoiamo-los com aconselhamento técnico da ESA e aconselhamento financeiro dos nossos parceiros, o que lhes permite desenvolver-se e formar empresas europeias viáveis.”

Neste momento, existem já 12 Centros de Incubação de Empresas da ESA, em nove países europeus (em Portugal, funciona no espaço do Instituto Pedro Nunes), estando prevista a abertura de outros quatro ainda este ano, prevendo-se que surjam 130 novas start-ups a cada ano. 

Trazer para a Terra um sensor usado em Marte, para melhorar os cuidados de saúde, ajudar o desenvolvimento em África com sistemas baseados em navegação por satélite, ou ainda o projecto desenvolvido por uma empresa portuguesa que prevê a utilização de dados de observação da Terra para assistir a pacientes com doença respiratória, são alguns dos exemplos do que se desenvolve nas incubadoras apoiadas pela ESA.

Conhecer a poluição para melhorar as condições de saúde 

Na incubadora de empresas da ESA, em Portugal, a SpaceLayer Technologies está a desenvolver a app SOUL, para minimizar o risco da poluição atmosférica. Ao usar dados de observação da Terra, irá fornecer alertas acerca da qualidade do ar a pacientes pacientes com doenças respiratórias, como a asma.

Além de elevar o risco para pessoas com determinadas patologias, a poluição atmosférica também afeta a produtividade e o estado geral de saúde, e pode desencadear doenças como rinite, conjuntivite e perturbações dermatológicas. 

Com base numa rede de sensores instalada em veículos em movimento, as imagens de satélite de observação da Terra bem como informação do perfil médico de uma pessoa, podemos prever situações atuais e futuras em termos de poluição,” explica Paulo Caridade, CEO na SpaceLayer Technologies

Isto pode ajudar o utilizador a tomar decisões sobre a forma como deve evitar ou reduzir a exposição à poluição.” 

A empresa espera ter a sua app pronta no final deste ano. 

Encontrar um endereço em África 

Outro exemplo é a start-up ukowapi, do centro de incubação de empresas da ESA em  Darmstadt, Alemanha. “ukowapi” é Swahili para “Onde estás?” 

A empresa está a desenvolver uma sistema baseado em navegação por satélite para apoiar o comércio electrónico, em crescimento no Quénia. Atualmente não há qualquer plataforma organizada para ir ao encontro da oferta e da procura. O serviço irá permitir que as grandes cadeias façam entregas online, rapidamente e em todo o país, o que é particularmente relevante se pensarmos que os endereços físicos não funcionam.  

Imagine poder chegar até qualquer ponto no Quénia, onde as ruas muitas vezes nem sequer têm nomes,” diz o CEO da ukowapi, Steve Odhiambo.

A entrega será feita em scooters elétricas. O que além de reduzir a pegada ecológica, reduz ainda os custos operacionais.” 

Para reduzir os custos, a ukowapi também pretende instalar painéis solares para alimentar as motas. 

Na competição europeia de navegação por satélite, em 2014, a ukowapi ganhou o Prémio Galileo Masters Hesse e ficou em segundo lugar na classificação geral, de entre mais de 400 participantes em todo o mundo. 

A incubação da empresa na ESA

A iniciativa começou sendo parte do Programa de Transferência de Tecnologia da ESA, há 13 anos, para ajudar os empreendedores e as start-ups a lançar negócios, baseados em investigação espacial. 

No final de 2016 a iniciativa terá centros na Holanda, Alemanha, Itália, Reino Unido, França, Espanha, Suécia, República Checa, Áustria, Irlanda e Suíça. Em Portugal, existe desde 2014. 

Tipicamente, os centros aceitam novas empresas e empreendedores três ou quatro vezes por ano, num processo de selecção europeu. 

Além de espaço de escritório, cada start-up recebe financiamento no valor de 50 mil euros, recebendo apoio a angariar fundos de capital de risco. 

Nos dois anos de permanência nos centros, têm acesso a redes internacionais, apoio de institutos de investigação nacionais e parceiros industriais, bem como orientação nos negócios. 

Mais sobre os centros de incubação da ESA aqui.

Notícia e imagem: ESA