SpaceX lança missão Transporter-2 desde Cabo Canaveral

Depois de um adiamento a 25 de Junho de 2021 devido à necessidade de se proceder a verificações adicionais, a SpaceX levou a cabo o lançamento da missão Transporter-2 às 1931:00UTC no dia 30 de Junho.

Transportando múltiplos satélites tirando partido da flexibilidade do seu lançador Falcon-9, o lançamento teve lugar a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral SFS no início de uma janela de lançamento com a duração de 22 minutos.

Este tipo de missões partilhadas permite o lançamento de pequenas cargas a preços mais baixos do que são usualmente praticados no mercado internacional do lançamento de satélites, acomodando dezenas de pequenos satélites que podem ser colocados em diferentes órbitas.

Para esta missão a SpaceX utilizou o foguetão Falcon-9 (B1060.8) cujo primeiro estágio foi recuperado com sucesso após uma aterragem na Zona de Aterragem 1 (LZ1) no Cabo Canaveral. Por outro lado, as duas carenagens foram também recuperadas com sucesso através da embarcação HOS Briarwood.

O teste estático para esta missão teve lugar a 22 de Junho.

A missão foi adiada a 29 de Junho por 24 horas devido á violação do espaço aéreo reservado ao lançamenrto por um avião.

A carga da missão Transporter-2

Na missão Transporter-2 a SpaceX tirou partido da capacidade de carga do seu lançador e das características da missão para colocar em órbita dez satélites para a sua rede global de fornecimento de Internet de alta velocidade, a Starlink. Mais informações sobre a Starlink e os seus satélites pode ser lida aqui. Estes foram os satélites Starlink v1.0 P-RS11 a Starlink v1.0 P-RS13.

A missão transportou múltiplos satélites / cargas, entre os quais: Capella-5 (Whitney-3), Centauri-4, D2/AtlaCom-1, EG-3 (Tyvak-0173), GNOMES-2, ICEYE-X11, ICEYE-X12, ICEYE-X13, ION-SCV 003 (Dauntless David, Wild Ride) [NAPA-2 (RTAF-SAT 2), Spartan, Neptuno, W-Cube, Ghalib, QMR-KWT, cargas fixas: LaserCube, Nebula, Worldfloods], LINCS-A, LINCS-B, vários Lemur-2, Mandrake-2 Abel, Mandrake-2 Baker, ÑuSat-19, ÑuSat-20, ÑuSat-21, ÑuSat-22, SAI-2, Sherpa-FX2 [vários Astrocast, Hawk-3A, Hawk-3B, Hawk-3C, LEMUR-2 (x3), Lynk-06 (Shannon), PAINANI-II, vários SpaceBEE, carga fixa: TagSat-2], Sherpa-LTE1 [ARTHUR-1, Astro Digital Demo 8 (Tenzing, Tanker-001), Astro Digital Demo 9 (Shasta), Faraday Phoenix, KSF-1A (PVM-1A), KSF-1B (PVM-1B), KSF-1C (PVM-1C), KSF-1D (PVM-1D), Tiger-2], vários SpaceBEE, TUBIN, Umbra-2001, XR-2, YAM-2, YAM-3.

A bordo encontravam-se também os satélites PACE-1 e TROPICS Pathfinder, ambos da NASA.

Capella-5 (Whitney-3)

A Capella Space desenvolveu uma série de satélites SAR, Capella, que deverão constituir uma constelação de trinta unidades em órbita. Com uma massa de cerca de 100 kg, os satélites irão fornecer imagens com uma resolução superior a 0,5 metros com grande contraste, alta resolução e baixo ruído. Os satélites Capella estão equipados com uma antena de 3,5 metros em forma de rede reflectora.

O primeiro satélite foi colocado em órbita a 31 de Agosto de 2020 por um foguetão Electron/Photon a partir do Centro de Lançamentos de Máhia, Nova Zelândia.

D2/AtlaCom-1

O pequeno D2/AtlaCom-1 é um CubeSat-6U desenvolvido pelas empresas da Lituânia NanoAvionics, SpaceWorks Orbital e Lacuna Space.

A NanoAvionics utiliza a sua plataforma 6U (denominada M6P – Multipurpose 6U Platform) baseada num projecto modular e altamente integrado que amplia o volume de carga útil. 

O M6P é equipado com um sistema de estabilização activa: magneto torques integrados e giroscópios. O satélite também incluí dois transceptores UHF (para fins de redundância) que funcionarão com antenas tipo dipolo implantáveis.

A plataforma M6P também inclui um sistema de propulsão capaz de realizar manobras como a sua inserção orbital, manutenção orbital, compensação de arrasto atmosférico, vôo de precisão em formações, sincronização de órbita e compensação de arrasto atmosférico resultando no prolongamento da vida útil orbital do satélite. A unidade de propulsão também fornece aos satélites a capacidade utilidade de descomissionamento no final da missão, atendendo aos requisitos de mitigação de detritos espaciais da ESA e da NASA. O chamado sistema de propulsão química “verde” para atingir o TRL7 foi lançado anteriormente com PSLV C-38 e testado com sucesso em órbita durante a missão LituanicaSat-2. O experiência de propulsão a bordo do M6P trará o sistema de propulsão desenvolvido pela NanoAvionics para TRL9.

EarthTV-1

Earth TV é uma constelação de nanossatelites para vídeo-observação da Terra que pertence a empresa britânica Sen. A Sen está a desenvolver uma constelação de nanossatélites CubeSat-16U de nome Earth TV para transmitir em tempo real e oportunos do espaço. O serviço que inclui uma aplicação de acesso livre aos utilizadores, irá ser usado para monotorizar eventos ambientais e desatres naturais tais como incêndios, inundações e tempestades, bem como monotorizar as diferenças climáticas e o movimento de largos grupos de pessoas.

Cada satélite será equipado com cameras de ultra alta definição, oferecendo perspectivas múltiplas da Terra desde imagens em grande angular até imagens com apenas 1.5M de resolução.

EG-3 (Tyvak-0173)

O Tyvak-0173 foi desenvolvido pela Tyvak Nano-Satellite Systems e é baseado na plataforma CubeSat-6U. A EG (EchoStar Global) é uma constelação de IoT (Internet of Things) que opera na banda s, que pertence à EchoStar Global LLC, uma subsidiária australiana da EchoStar.

A EchoStar Global está no processo de projectar, construir e lançar um novo sistema NGSO MSS para fornecer serviços de dados de banda curta, incluindo comunicações máquina a máquina e Internet das coisas (IoT), a todo o mundo. O sistema é baseado nas licenças da Sirion, subsidiária da Helios_Wire, que foi adquirida pela EchoStar em 2019.

Segundo a autorização australiana e os registos da International Telecommunication Union (ITU) para a rede SIRION-1, o Sistema EG está licenciado para fornecer MSS nas frequências de banda S em 2000-2020 MHz (uplink) e em 2180-2200 MHz (downlink). O sistema irá consistir numa constelação de aproximadamente 28 satélites em órbita baixa da Terra.

As operações iniciais consistirão num EG-1, que foi lançado com sucesso em agosto de 2020, e um EG-3, programado para ser lançado em junho de 2021. Além disso, a EchoStar Global adquiriu o Pathfinder 2, lançado em dezembro de 2018, para operações no âmbito dos arquivos SIRION- 1 ITU.

GNOMES-2

Os satélites GNOMES (GNSS Navigation and Occultation Measurement Satellites) constituem uma constelação de pequenos satélites da PlanetiQ. Esta constelação irá oferecer dados da variação das ondas de radio de sistemas de GPS para previsões meteorológicas, investigação climatérica e monitorização de meteorologia espacial. A Blue Canyon Technologies irá construir 12 satélites. Cada um tem a própria tecnologia de medição da variação das ondas de radio GPS e propulsão própria. Cada satélite tem uma massa de cerca de 30 kg.

ION-SCV 003 (ION-SCV 003 Dauntless David, Wild Ride)

Desenvolvido pela empresa italiana D-Orbit, o ION-SCV 003 (In Orbit Now – Satellite Carrier Vehicle), é uma estrutura de transporte e de desmonstração tecnológica de CubeSat de vôo livre, transportando vários pequenos satélites para serem colocados em órbita após se separar do estágio superior do foguetão lançador.

Nesta missão vão a bordo seis satélites: Spartan, Neptuno, W-Cube, Ghalib, QMR-KWT e o NAPA-2. Ainda conta com as cargas fixas: LaserCube, Nebula e Worldfloods.

Spartan

A Spartan é a primeira de várias missões Shared Satellite Service para capacitar os parceiros comerciais da EnduroSat. A missão possibilita a maneira mais fácil de realizar demonstrações de tecnologia, bem como programas científicos e comerciais, sem a necessidade de operar sua própria infraestrutura de satélite ou terrestre.

A arquitectura do satélite permite que várias cargas úteis operem juntas de forma confiável num único NanoSat. Cada uma das cargas úteis tem acesso ao processamento integrado, capacidade de alimentação e orientação, tornando possível a multitarefa no espaço. O serviço Shared Satellite Service inclui integração, validação e teste, lançamento e operação do satélite e todas as cargas úteis, abrindo assim uma melhoria de paradigma na acessibilidade espacial e simplificando as operações espaciais. O acesso direto aos dados de carga útil está disponível instantaneamente na nuvem por meio da própria estação terrestre digital da EnduroSat.

O Spartan é baseado no modelo CubeSat-6U.

Neptuno

O Neptuno é o protótipo de satélite para uma constelação de CubeSat em órbita terrestre baixa dedicada à vigilância marítima.

O satélite possui um sistema de monitorização automática em tempo real para detecção de alertas de padrões de comportamento potencialmente criminosos, atribuindo perfis perigosos. O satélite foi desenvolvido pela Elecnor Deimos, em conjunto com a tecnologia DHV e AEROUM, com o apoio de várias instituições de segurança nacional do governo espanhol.

É um CubeSat-3U construído usando tecnologias inovadoras como impressão 3D, IA, detecção remota inteligente e novos materiais, nas instalações de Deimos em Puertollano, Espanha. O projeto foi cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

W-Cube

O pequeno W-Cube, desenvolvido pelo Reaktor Space Lab, é uma missão da ESA ARTES para estudar a propagação de ondas de rádio de banda W de frequência extremamente alta através da ionosfera e da alta atmosfera.

O satélite transporta dois faróis de rádio e realiza medições sobre a missão principal, a estação terrestre de Joanneum Research em Graz. O desenvolvimento da carga útil foi liderado pelo Centro de Pesquisa Técnica VTT da Finlândia. A missão demonstrará a viabilidade do uso de novas bandas de frequência mais altas para futuros satélites de telecomunicações, que oferecerão mais largura de banda e taxas de dados ao usuário.

Ghalib

O satélite Ghalib é uma missão de demonstrador para rastreio espacial da migração de falcões.

Do estudo de viabilidade ao projeto e construção de um nanosatélite que é capaz de rastrear falcões migrantes, o ISISPACE construiu a plataforma CubeSat-2U e integrou a carga útil que é composta por um receptor de rádio, fabricado pela Marshall Intech, e uma câmara para tirar fotos da Terra sob demanda.

Embora esta missão implique um único satélite para fins de demonstração, o objetivo final é lançar uma constelação de vários nanosatélites para rastreio contínuo. O sistema de satélite é capaz de rastrear globalmente grandes pássaros e animais selvagens com pequenos transmissores.

QMR-KWT

O QMR-KWT é o primeiro satélite do Kuwait. A missão desenvolvida pela Orbital Space tem como objectivo capacitar os alunos daquele país a contribuir para o avanço da tecnologia de comunicação por satélite e prepará-los como futuros profissionais para operar a próxima geração de satélites de comunicação.

NAPA-2

O satélite NAPA-2 foi construído pela ISIS e é baseado no modelo CubeSat-6U. A carga útil principal é um Gecko Imager, da empresa sul-africana SCS, capaz de obter imagens na banda RGB com uma distância de amostragem de aproximadamente 39m na órbita terrestre baixa. O satélite transporta também uma carga útil secundária, que é um modelo de demonstração do TriScape 100 Imager da Simera Sense, com uma distância de amostragem do solo alvo até 5m na órbita terrestre baixa. 

LINCS-1 e LINCS-2

LINCS (Laser Interconnet & Communications System) é uma missão para demosntrar as comunicações via laser entre satélites e a estação terrestre da General Atomics Electromagnetic Systems (GA-EMS) para o Departamento da Defesa (DoD).

A experiencia consiste em dois CubeSats-12U ambos com terminais de comunicações a laser. Ambos os satélites e as cargas são construídas pela General Atomics Electromagnetics (GA-EMS).

A Agencia para o Desenvolvimento do Espaço irá utilizar estes satélites para testar crosslinks opticos bem como a comunicação entre satélites e um drone que não necessita de piloto de nome Reaper MQ-9 Reaper construído pela General Atomics Aeronautical Systems.

Mandrake-2A (Abel) e Mandrake-2B (Baker)

A Mandrake-2 é uma missão de demonstração tecnológica conduzida pelo programa Blackjack da DARPA e consiste em dois satélites. Os satélites gémeos Mandrake-2 transportam ligações ópticas inter-satélites para dados de banda larga. De acordo com a DARPA, isso poderá formar a base de futuras redes em malha óptica na orbita baixa da Terra. Os satélites foram feitos em apenas nove meses pela Astro Digital com links ópticos da SA Photonics. O lançamento foi planeado para o início de 2021 na missão multi-satélite “Transporter 1” da SpaceX, mas quando os satélites estavam a ser montados na estrutura de transporte, o mecanismo de separação foi acidentalmente ativado, o que causou danos a ambas as cargas.

ÑuSat-19 a ÑuSat-22 (a constelação Aleph-1)

Os satélites argentinos ÑuSat-19 a ÑuSat-22 colocados em órbita na missão Transporter-2, fazem parte da constelação de Aleph-1 que está a ser desenvolvida e operada pela Satellogic S.A., e que será composta por 25 satélites.

Os satélites são quase idênticos entre si e têm uma massa de 37 kg, com dimensões de 450 mm x 450 mm x 800 mm. O objectivo principal da missão é fornecer comercialmente imagens de observação da Terra ao público em geral nas partes visível e infravermelha do espectro.

A constelação Aleph-1 oferece acesso exclusivo aos produtos de que as empresas precisam, sem desembolso de capital e sem risco técnico, oferecendo cobertura ininterrupta, recuperação rápida de capacidade e actualizações transparentes de hardware e software por satélite.

Os satélites permitem a gestão de áreas florestais, gestão de activos e alocação de capital, permitindo o controlo sobre o uso da terra florestal e rastreando a evolução de qualquer área com frequência; impedir o roubo e a colheita ilegal ao receber alertas geográficos sobre áreas impactadas e seus tamanhos sempre que as alterações são detectadas; ajudarão a definir stocks e fluxos de carbono para relatórios do governo por meio de modelos empíricos que fornecem uma série temporal de fluxos de carbono em escala nacional; e ajudar a avaliar variáveis do suporte florestal, optimizando as operações de negócios da empresa e estimando dinamicamente variáveis do suporte florestal, como volume, rendimento, altura, área basal e DBH usando modelos de previsão.

Em termos de gestão agrícola, a constelação de Aleph-1 ajudará a gerir terras e activos agrícolas, rastreando o uso da terra, recursos e capital ao longo do tempo, enquanto gere a cadeia de suprimentos com eficiência e desbloqueia a inteligência de mercado para os negócios da empresa; evitará o roubo e a colheita ilegal por meio de alertas geográficos sobre áreas impactadas e seus tamanhos sempre que forem detectadas alterações; irá monitorizar a saúde das culturas, pragas e ervas daninhas usando as tecnologias de segmentação semântica da Satellogic, para ajudar os clientes a ver com o que eles se importam por meio de lentes de aumento que podem destacar tudo, desde o tipo e idade da cultura até a presença de pragas; racionalize a irrigação e o uso de produtos químicos e avalie as características das terras agrícolas com uma ferramenta adaptada especificamente às localizações, experiências e necessidades de expansão de uma empresa.

Nas indústrias de energia, os satélites ajudarão a reduzir custos operacionais e melhorar a eficiência com a gestão automatizada da integridade dos ductos, evitando actividades ilícitas, cumprindo as regulamentações ambientais e monitorizando a infraestrutura e os activos.

Nos campos de Finanças e Seguros, os satélites ajudarão a avaliar o impacto, monitorizar desastres naturais e determinar os principais indicadores socioeconómicos para inteligência competitiva.

Ambos os satélites estão equipados com câmaras operando em luz visível e infravermelho, e operam em órbitas sincronizados com o Sol a uma altitude de 500 km com inclinação orbital de 97,5.º. A câmara multiespectral tem uma resolução de 1m e a câmara hiperespectral tem uma resolução de 30 metros.

Os satélites Astrocast

Os satélites Astrocast são satélites que oferecem serviços globais maquina a maquina (M2M) em banda L operados pela Astrocast SA (anteriormente conhecida como ELSE SA).

Os satélites operam numa órbita terrestre baixa permitindo assim a criação de uma rede global, cobrindo todos os pontos do planeta incluindo os pólos. Graças a uma frequência de banda dedicada, a constelação pode operar sem a interferência de ruído gerado por outros dispositivos. Estima-se que a Astrocast pode construir, lançar e operar uma constelação de 64 CubeSats por menos de $50 milhões, providenciando uma baixa variação de comunicação de dados. Os satélites são baseados no modelo CubeSat-3U, têm uma massa de 4,5 kg e as suas dimensões são 10 x 10 x 34 cm. Depois da integração do terminal NanoLink, os activos terrestres podem enviar com confiança e segurança dados do sensor para a constelação de nano-satélites que irão confirmar a recepção. A Astrocast permite a transmissão de 1Kb/dia de qualquer região do planeta Terra.

Os satélites Hawk-3

Os satélites Hawk 3 – A, B e C, fazem parte da rede HawkEye 360 que é uma rede em desenvolvimento de inteligência global civil que usará tecnologia de radiofrequência (RF) para monitorizar o transporte aéreo, terrestre e marítimo e auxiliar em emergências, que são essencialmente uma missão civil SIGINT (Signal Intelligence).

A constelação de pequenos satélites colocada na órbita terrestre baixa recolherá informações sobre sinais de rádio específicos em todo o mundo para fornecer um mapeamento e análise de alta frequência de rádio. A constelação, uma vez operacional, poderá permitir aplicações comerciais, como permitir que clientes governamentais e corporativos monitorizem dinamicamente as redes de transporte por via aérea, terrestre e marítima. Para reguladores do governo, empresas de telecomunicações e emissoras de satélite, o sistema HawkEye 360 foi projectado para monitorizar o uso do espectro de RF para identificar áreas de interferência. O sistema também poderá ser usado para desempenhar um papel crucial na detecção e localização de sinalizadores de emergência activos, melhorando os tempos de resposta que são críticos em cenários de risco de vida. Os satélites Hawk foram desenvolvidos pela Deep Space Industries, com o modelo de satélite a ser desenvolvido pela SFL e a carga a ser desenvolvida pela GOMSpace.

Os satélites SpaceBEE

Anteriormente conhecidos por BEE (Basic Electronic Elements), os pequenos satélites são construídos sob a forma CubeSat-0.25 e servem para demonstrar comunicações bidirecionais de dados por satélite para a Swarm Technologies Inc.. A constelação final será composta por 150 satélites, sendo fabricados um total de 170 unidades.

Estes satélites usam banda VHF para comunicar entre si. Será também implantada uma base terrestre para operar estes satélites. Estima-se que esta missão começará a ser operada logo após o lançamento. Esta missão durará entre 6 meses a 2 anos.

Os satélites ICEYE X

Os satélites ICEYE-X fazem parte de uma constelação de microssatélites equipados com radar SAR (Synthetic Aperture Radar), desenvolvidos pela empresa finlandesa de startups ICEYE. Os satélites foram projetados para fornecer imagens de SAR em tempo quase real. Os satélites são veículos operacionais baseados no desenho do ICEYE X2.

A empresa está a trabalhar para lançar e operar uma constelação de micro satélites que possuem a sua própria tecnologia de sensor de SAR compacta e eficiente. O instrumento de radar de imagem ICEYE pode fazer imagens através das nuvens, mau tempo e escuridão.

O YAM-2 e o YAM-3

YAM (Yet Another Mission) da Loft Orbital é composta por uma serie de microssatélites que serão hospedeiros de varias tecnologias para vários clientes. O satélite consiste de uma plataforma padrão fornecido pela Blue Canyon Technologies e pelo dispensador da Loft Orbital, que abriga os satélites do cliente e fornece energia, dados, acomodação térmica e processamento de dados a bordo.

As cargas a bordo do YAM-2 são: Orbital Sidekick (sistema de observação hiperespectral), um sistema de observação hiperespectral para os Emiratos Árabes Unidos, o ELO1 (Eutelsat LEO for Objects) – uma carga de radio frequências para a IoT (Internet Of Things), Fugro (demonstração tecnológica) e SpaceChain (um armazenador de chaves encriptadas de criptomoedas)

As cargas a bordo do YAM-3 são: ELO2 – uma carga de radio frequências para a IoT; POET da SDA (originalmente desenvolvido pela DARPA como Sagittarius A) que é uma demonstração do sistema de missão Blackjack Pit Boss que consiste em duas cargas úteis, sendo um computador de vôo que executa o software de autonomia SSCI e um sensor de imagem óptica comercial que busca alvos em mar aberto. Os dados serão enviados ao computador de vôo para análise e processamento a bordo com a inteligência artificial do Pit Boss a processar os dados e reconfigurar o satélite enquanto ele procura por alvos; da HydroSat o sistema de observação Vanyl-1 e um outro sensor de imagens RGB.

Centuri-4 (Tyvak-0211)

O Centauri-4, também designado Tyvak-0211, é um pequeno satélite pioneiro para a rede planeada da Fleet Space Technologies englobando 140 satélites com vista a conectividade global via satélite da IoT. Os satélites Centauri são construido sob a forma CubeSat-3U.

Sherpa-FX2

Desenvolvido pela Spaceflight Inc., o SHERPA-FX é uma estrutura não propulsiva de transporte e colocação em diferentes órbitas de pequenos satélites em voo livre após se separar do último estágio do foguetão lançador. É baseada na plataforma ION mk01 e tem uma massa de 150 kg.

A segunda missão deste sistema, o SHERPA-FX2, transporta os cinco satélites Astrocast, Hawk-3A, Hawk-3B, Hawk-3C, três satélites Lemur-2, Lynk-06 (Shannon), PAINANI-II, e doze satélites SpaceBEE.

Transporta também uma carga útil fixa, a EyeStar-Tag (TAGSAT-2), fornecida pelo NearSpace Launch, separada do EyeStar S3 Radio com base em R2A, que consiste num transmissor de banda L que comunica com a constelação Globalstar e um uplink de banda S para receber o comando de finalização do solo se necessário.

Lynk-06 (Shannon)

O Lynk-06, também conhecido como ‘Shannon’, é um satélite de comunicações experimental construído pela Lynk Global Inc., para testar as comunicações com telemoveis padrão.

A Lynk está a construir uma rede de pequenos satélites para fornecer cobertura movél acessível para dispositivos moveis não modificados, permitindo mensagens, dados, IoT e comunicações de emergência em todos os lugares do planeta.

Estes satélites permitiram que Lynk conduzisse as primeiras demonstrações para uma rede movel em órbita do mundo. Num período muito curto, o programa de teste já demonstrou com sucesso as funcionalidades críticas necessárias para mensagens de satélite para telefone, inicialmente usando a tecnologia GSM.

PAINANI-II

Os satélites PAINANI são nanossatélites experimentais ao serviço da Secretaria de Defesa Nacional (SEDENA), a agência de defesa mexicana, e desenvolvido pela Universidade do Exército e Força Aérea.

São CubeSat-3U, estando equipados com quatro pequenas câmeras de baixa resolução, que só são operadas em território mexicano. Os dados serão enviados as estações terrestres na banda S.

SHERPA-LTE1

A Spaceflight Industries tem vindo a desenvolver um novo conjunto de estruturas como parte do Programa Sherpa-NG (Next Generation). Uma destas estruturas é a SHERPA-FX, denominada “Go Now”. Outras duas estruturas que serão inauguradas no segundo semestre de 2021 são a SHERPA-LTC (“Go Fast”) e a SHERPA-LTE (“Go Far”). A estrutura LTC é um estágio de transferência em voo livre que usa um sistema de propulsão de bi-propelente, enquanto que a estrutura LTE usa um propulsor iónico que consome Xenon.

A SHERPA-LTE1 (“Go Far”) é uma estrutura propulsiva iónica a xenon de transporte e colocação em diferentes órbitas de pequenos satélites em voo livre após se separar do último estágio do foguetão lançador. É baseada na plataforma ION mk01 e tem uma massa de 150 kg.

A missão deste sistema, o SHERPA-LTE1, transporta os satélites ARTHUR-1, Astro Digital Demo 8 (Tenzing, Tanker-001), Astro Digital Demo 9 (Shasta), Faraday Phoenix, KSF-1A (PVM-1A), KSF-1B (PVM-1B), KSF-1C (PVM-1C), KSF-1D (PVM-1D) {KSM-2, Kleos Polar Vigilance Mission}, quatro satélites Lemur-2 e o Tiger-2

ARTHUR-1

ARTHUR-1 é um CubeSat-12U de demonstração tecnológica da Aerospacelab. O objetivo principal da missão do Risk Reduction Flight (RRF) é permitir imagens de satélite recorrendo ao Optical Front-End (OFE), projetado para fornecer uma resolução de 5 metros para a órbita especificada do satélite.

Astro Digital Demo 8 (Tenzing, Tanker-001)

O Astro Digital Demo 8 ou Tenzing é uma missão de demonstração.

A Demo-8 é uma demonstração de Interface de Transferência de Fluido Rapidamente Anexavel (“RAFTI”) – um tanque propelente auxiliar, válvula de enchimento / drenagem e adaptador de condensação, sistemas de propulsão a bordo, um propulsor de peróxido de hidrogênio e um Electrospray Líquido Iónico Ladrilhado (TILE ) propulsão elétrica, que executará disparos do propulsor para avaliar as capacidades de manobra para evitar colisões futuras, atividades de eliminação de satélites, operações de proximidade e atividades de acoplamento (“RPOD”); e duas câmeras estereoscópicas, que conduzirão imagens não terrestres para avaliar os recursos de imagem para atividades futuras de RPOD.

Astro Digital Demo 9 (Shasta)

O Astro Digital Demo 9 (Shasta) é uma demonstração de um sistema de observação hiperespectral. A plataforma do satélite é o projeto Corvus-Micro. O satélite usa rodas de reação, bobinas / hastes de torque magnético, rastreadores de estrelas, magnetômetros, sensores solares e giroscópios para permitir o alinhamento a 3 eixos de precisão sem o uso de propelente. O satélite Demo9 é baseado na plataforma Corvus-Micro padrão e tem uma massa total de aproximadamente 22,5 kg.

O corpo do satélite principal tem dimensões de ~ 34 cm × ~ 34 cm × ~ 49 cm. O satélite tem vários painéis solares montados no corpo. A superestrutura é composta por 6 painéis externos iso-grade de alumínio. Todos os componentes internos são fixados nas faces internas desses 6 painéis estruturais. Aquando da separação duas antenas UHF TT&C independentes projetam-se de lados opostos do corpo do satélite. Duas antenas TT&C de banda S.

Faraday Phoenix

Os satélites Faraday são desenvolvidos pela GOMSpace e são CubeSat-6U com estabilização nos três eixos espaciais. Tem a capacidade de albergar 4,5 kg de carga útil, transportando cargas variadas e dependendo da demanda dos clientes. 

A missão Faraday Phoenix foi desenvolvida em menos de 8 meses e transporta cargas úteis para 6 clientes, incluindo a Airbus, Lacuna, SatixFy e Aeternum, bem como a própria carga útil Babel da In-Space. A carga útil Babel é a primeira encarnação In-Space de uma futura oferta de carga útil digital e carregável dentro do serviço Faraday. Esta primeira geração é um rádio definido por software de banda larga de alto ganho com mais de 1 GHz de largura de banda disponível que permite que uma série de aplicativos diferentes sejam carregados e executados – desde o rastreio de radares de navios até a criação de mapas de calor para uso móvel 4G.

A próxima geração da carga útil Babel terá uma largura de banda de pelo menos 1 GHz a 32 GHz, oferecendo acesso digital sem precedentes ao espaço e voará na missão de cluster Faraday-2 cujo lançamento terá lugar no quarto trimestre de 2022. Este cluster Faraday 2 permitirá mais viagens de clientes, compartilhar oportunidades para cargas físicas e digitais, e como com futuras iterações Faraday, irá concentrar-se em cargas úteis de clientes carregáveis ​​na série Faraday Digital.

Os satélites KSM (Kleos Scouting Mission)

Os satélites Kleos Scouting Mission (KSM) são construídos pela GomSpace e operados pela Kleos Space (Luxemburgo) e serão utilizados para missões de busca para geolocalizar sinais de rádio marítimos para guarda de fronteiras, protecção de bens e salvamento de vidas. Os satélites são baseados na plataforma CubeSat-6U.

Os satélites irão geolocalizar emissões de VHF transmitidas a partir de embarcações marítimas para fornecer serviços de dados da actividade global. A futura constelação irá detectar transmissões de rádio e indicar a sua origem geográfica e temporal, permitindo aos governos e organizações detectar actividades tais como contrabando de droga e tráfico humano, pesca ilegal, actos de pirataria, bem como identificar a necessidade de busca e salvamento em alto mar.

Nesta missão foram colocados em órbita os satélites KSF-1A (PVM-1A), KSF-1B (PVM-1B), KSF-1C (PVM-1C) e KSF-1D (PVM-1D).

Os Lemur-2

Os satélites Lemur-2 são baseados no modelo CubeSat-3U e têm uma massa de 4 kg. Os satélites constituem a constelação inicial em órbita terrestre baixa construídos pela Spire, transportando duas cargas para meteorologia e seguimento do tráfego marítimo (a carga STRATOS – ocultação do sinal rádio de GPS – e a carga AIS SENSE, respectivamente). A STRATOS permite a detecção do sinal GPS que é afectado quando passa através da atmosfera terrestre. Posteriormente, e utilizando um processo designado ‘ocultação do sinal GPS’, o satélite mede a alteração do sinal GPS para calcular os perfis precisos para a temperatura, pressão e humidade na Terra. A partir do 78.º Lemur-2, estes satélites transportam também a carga AirSafe ASD-B para seguimento de aviões.

Tiger-2

O Tiger 2 é um CubeSat-6U numa missão 5G para a Internet das Coisas. Foi construído, integrado e é operado pela NanoAvionics sob contrato com a OQ Technology, uma empresa multinacional de IoT.

Esta é a segunda missão para o fabricante de plataformas de pequeno porte e integrador de missão da Lituânia com a Tecnologia OQ e a mais recente adição à crescente constelação de nanosatélites de órbita terrestre baixa da Tecnologia OQ. A constelação pretende fornecer serviços comerciais básicos de IoT e M2M, usando conectividade 5G, para clientes com enfase na África, Médio Oriente, Ásia e América Latina.

Umbra-SAR 2001

O Umbra Lab da California está a desenvolver uma constelação de satélites de Radares de Abertura Sintetica. O primeiro satélite, Umbra-SAR 2001, é um satélite de 50 kg equipado com radar de abertura sintética na banda X para capturar imagens instantâneas com resolução de 25 centímetros em uma área de 16 km quadrados. A missão é testar tecnologias e designs, validar o desempenho e progredir a arquitectura para totalmente operacional. Para recolher imagens de radar, a Umbra desenvolveu uma antena de ganho alto em rede que permite ser operada com energia relativamente baixa para obter imagens de radar de abertura sintética de alta qualidade. Estava planeado para ser lançado na missão Transporter-1 numa missão de viagem partilhada num Falcon-9, mas foi adiado para um lançamento posterior.

TUBIN

TUBIN (TU Berlin Infrared Nanosatellite) é um projeto de nanossatélites da Universidade Técnica de Berlim para observar a Terra no infravermelho. A missão é testar o infravermelho térmico (TIR) na observação terrestre usando uma matriz de microbolômetro numa plataforma de nanosatélite TUBiX20 da TechnoSat. Uma vez que as limitações de potência e tamanho são proibitivas para acomodar detectores infravermelhos HgCdTe refrigerados num nanosatélite, o TUBIN carregará duas imagens de microbolômetro não refrigeradas. As câmaras são usadas para determinar a temperatura da superfície do mar e a temperatura de brilho da superfície terrestre. Além disso, um terceiro gerador de imagens com sensibilidade no espectro visível complementará a carga de infravermelho. A resolução das imagens térmicas terrestres será de 170m e a sensibilidade de 1,5 K. Devido ao tamanho do pixel ser muito pequeno, as imagens da câmera de espectro visível terão uma resolução do solo de 40 m.

Lançamento

O foguetão Falcon-9 é activado a T-10h 00m. Tanto o lançador como a sua carga são submetidos a uma série de verificações testes antes do início do abastecimento do querosene RP-1. O Director de Voo consulta os controladores a T-38m, determinando assim se tudo está pronto para o lançamento. O processo de abastecimento inicia-se a T-35m no primeiro estagio,seguindo-se o início do abastecimento do oxigénio líquido (LOX) ao mesmo tempo e no segundo estagio a T-16m.

A fase terminal da contagem decrescente inicia-se com os motores a serem condicionados termicamente para o lançamento a T-7m. A T-1m é enviado um comando para o computador de voo para iniciar as verificações pré-lançamento e o sistema de supressão sónica por água é activado na plataforma de lançamento. Por esta altura os tanques de propolente também são pressurizados A T-45s o Director de Lançamento da SpaceX verifica se todos os parâmetros estão prontos para o lançamento. Na mesma altura, é verificado que o espaço aéreo está pronto para o voo. A sequência de ignição é iniciada a T-3s. A T=0s o foguetão abandona a plataforma.

Abandonando a plataforma de lançamento, o Falcon-9 inicia uma série de manobras para se colocar na trajectória de voo correcta. A fase MaxQ, de máxima pressão dinâmica, é atingida a T+1m 12s. O final da queima do primeiro estágio ocorre a T+2m 15s, dando-se três segundos depois a separação entre o primeiro e o segundo estágio. O segundo estágio entra em ignição a T+2m 26s. A ejecção da carenagem de protecção ocorre a T+3m 42s. O primeiro estagio reentra a T+6m 34s e aterra na plataforma flutuante a T+8m 24s sendo recuperado com sucesso (a SpaceX possui duas plataformas flutuantes baptizadas de Just Read the Instructions e Of Course I Still Love You, que são os nomes de embarcações das histórias do autor Iain M. Banks).

O final da primeira queima do segundo estágio ocorre a T+8m 24s. O segundo estágio inicia uma fase não propulsionada, iniciando a sua segunda queima a T+54m 13s e terminando a T+44m 15s.

A separação do satélite PACE-1 tem lugar a T+57m 50s, seguindo-se a T+57m 57 a separação do ÑuSat-19. O primeiro satélite ICEYE separa-se a T+58m 4s a partir do EXOPort-5. O satélite TROPICS separa-se a T+58m 32, seguindo-se o satélite GNOMES-2 (T+58m 37s), o Tyvak-0173 (T+58m 44s), o segundo ICEYE (T+59m 47s) e o Tyvak-0211 (T+1h 0m 0s).

O satélite YAM-3 separa-se do EXOPort-5 a T+1h 0m 8s, seguindo-se o satélite TUBIN (T+1h 0m 18s) do EXOPort-4 e o UmbraSAR (T+1h 0m 23s).

O sistema de transporte de satélites ION-SCV 003 (ION-SCV 003 Dauntless David, Wild Ride) separa-se a T+1h 0m 33s.

O LINCS-2 separa-se a T+1h 1m 50s, seguindo-se o ÑuSat-20 (T+1h 2m 16s), o ÑuSat-21 (T+1h 2m 30s) e o Capella-5 (Whitney-3) a T+1h 2m 40s. O terceiro ICEYE separa-se do EXOPort-4 a T+1h 2m 46s.

O LINCS-1 separa-se a T+1h 4m 12s, seguindo-se o Mandrake-2 Able (T+1h 4m 29s), o quarto ICEYE do EXOPort-3 (T+1h 5m 33s) e o primeiro conjunto SpaceBEE a T+1h 6m 40s (do EXOPort-4). O segundo conjunto SpaceBEE separa-se do EXOPort-4 a T+1h 7m 10s.

O D2/AtlaCom-1 separa-se a T+1h 7m 17s do EXOPort-3, enquanto que a T+1h 7m 24s ocorre a separação do primeiro dos satélites Lemur-2 a partir do EXOPort-3. A separação do ÑuSat-22 ocorre a T+1h 7m 47s, seguindo-se o YAM-2 a T+1h 7m 56s, o segundo Lemur-2 separa-se do EXOPort-3 a T+1h 9m 51s e o Mandrake-2 Baker separa-se a T+1h 9m 58s.

O SHERPA-FX2 separa-se a T+1h 21m 10s, seguindo-se o SHERPA-LTE1 a T+1h 21m 14s.

A separação dos satélites Starlink ocorre a T+1h 27m 35s.

Texto: Salomé T. Fagundes, Rui C. Barbosa

O foguetão Falcon-9

Baptizado em nome da nave Millenium Falcon da saga cinematográfica “Guerra das Estrelas”, o foguetão Falcon-9 v1.1 é um lançador a dois estágios projectado e fabricado pela SpaceX para o transporte seguro e fiável de satélites e do veículo Dragon para a órbita terrestre. Sendo o primeiro foguetão completamente desenvolvido no Século XXI, este lançador foi projectado desde o início para ter a máxima fiabilidade. A sua simples configuração de dois estágios minimiza o número de eventos de separação (staging) e com nove motores no primeiro estágio, pode completar a sua missão em segurança mesmo na possibilidade de perda de um motor.

O Falcon-9 fez história em 2012 quando colocou a cápsula Dragon na órbita correcta para uma manobra de encontro com a estação espacial internacional, fazendo da SpaceX a primeira companhia comercial a visitar a ISS. Desde então, a SpaceX realizou múltiplas missões para a ISS transportando e recolhendo carga para a NASA. O Falcon-9, bem como a cápsula Dragon, foram desenhados na base do desenvolvimento de um sistema de transporte de astronautas para o espaço e num acordo com a NASA, a SpaceX está activamente a trabalhar para atingir esse objectivo.

O foguetão Falcon-9 Upgrade, ou Falcon-9 FT, (a seguir designado simplesmente como ‘Falcon-9’) representa a mais recente evolução deste lançador. De forma geral o Falcon-9 tem 68,4 metros de comprimento, 3,7 metros de diâmetro e uma massa de 541.300 kg. O veículo é capaz de colocar uma carga de 13.150 kg numa órbita terrestre baixa ou 4.850 kg numa órbita de transferência geossíncrona.

O primeiro estágio do Falcon-9 está equipado com nove motores Merlin (Merlin-1D) e tanque de liga de alumínio e lítio que contêm oxigénio líquido e querosene RP-1. Após a ignição, um sistema de segurança fixa o veículo na plataforma de lançamento e garante que todos os motores são verificados como estando na força máxima antes de libertar o foguetão para o seu voo. Então, com uma força superior a cinco aviões Boeing 747 em potência máxima, os motores Merlin lançam o foguetão para o espaço. Ao contrário dos aviões, a força de um foguetão vai aumentando com a altitude – o Falcon-9 gera 6.806 kN ao nível do mar mas atinge 7.426 kN no vácuo espacial. Os motores do primeiro estágio vão sendo aumentados em potência perto do final da queima do estágio para assim limitar a aceleração do veículo à medida que a massa do lançador vai diminuindo com a queima do combustível. O tempo total de queima do primeiro estágio é de 162 segundos.

Com os seus nove motores agrupados juntos na configuração ‘octaweb’, o Falcon-9 pode aguentar a falha de até dois motores durante o lançamento e mesmo assim conseguir atingir a órbita terrestre com sucesso. O Falcon-9 é o único lançador na sua classe com esta característica chave.

O motor Merlin foi desenvolvido internamente pela SpaceX mas vai encontrar as suas raízes aos motores das missões Apollo, nomeadamente o sistema de injecção baseado no motor do módulo lunar. O propolente é alimentado através de uma única conduta, com uma turbo-bomba de dupla pá que opera num ciclo de gerador a gás. A turbo-bomba também fornece o querosene a alta pressão para os actuadores hidráulicos, que depois recicla para a entrada a baixa pressão. Isto elimina a necessidade de um sistema hidráulico separado e significa que não é possível ocorrer uma falha no controlo de vector de força por falta de fluido hidráulico. Uma terceira utilização da turbo-bomba é o fornecimento de controlo de rotação ao actuar no escape da turbina de exaustão (no segundo estágio). Combinando-se estas características num só dispositivo aumenta-se assim de forma significativa o nível de fiabilidade do sistema.

O motor é capaz de desenvolver uma força de 654 kN ao nível do mar, 716 kN no vácuo, com um impulso específico de 282 segundos (nível do mar) e 311 segundos (vácuo).

A secção interestágio é uma estrutura compósita que liga o primeiro e o segundo estágio e alberga os sistemas de libertação e separação. O Falcon-9 utiliza um sistema de separação totalmente pneumático para uma separação de baixo impacto e altamente fiável que pode ser testado no solo, ao contrário dos sistemas pirotécnicos utilizados na maior parte dos lançadores.

O segundo estágio é propulsionado por um único motor Merlin de vácuo e coloca a carga a transportar na órbita desejada. O motor do segundo estágio entra em ignição poucos segundos após a separação entre o segundo e o primeiro estágio, e pode ser reiniciado várias vezes para colocar múltiplas cargas em diferentes órbitas. Para máxima fiabilidade, o segundo estágio está equipado com sistemas de ignição redundantes. Tal como o primeiro estágio, o segundo estágio é feito a partir de uma liga de alumínio e lítio.

O motor Merlin de vácuo (Merlin-1D de vácuo) desenvolve uma força de 934 kN e o seu tempo de queima é de 397 segundos.

A carenagem compósita é utilizada para proteger a carga durante a passagem do Falcon-9 pelas camadas mais densas da atmosfera. Quando a missão do Falcon-9 é o lançamento do veículo de carga Dragon, a carenagem não é utilizada pois a cápsula possui o seu próprio sistema de protecção.

A carenagem tem 13,1 metros de comprimento e 5,2 metros de diâmetro. Fabricada em fibra de carbono, separa-se em duas metades utilizando um sistema de separação de actuadores pneumáticos semelhantes aos que são utilizados para a separação entre o primeiro e o segundo estágio.

Lançamento Veículo 1.º estágio Local Lançamento Data Hora (UTC) Carga Recuperação
2021-030 114 B1061.2 KSC, LC-39A 23/Abr/21 09:49:02,397 Crew Dragon Endeavour (USCV-2) OCISLY (Oc. Atlântico)
2021-036 115 B1060.7 CCSFS, SLC-40 29/Abr/21 03:44:30 Starlink v1.0 (x60) L24 JRTI (Oc. Atlântico) 
2021-038 116 B1049.9 KSC, LC-39A 04/Mai/21 19:01:07 Starlink v1.0 (x60) L25 OCISLY (Oc. Atlântico)
2021-040 117 B1051.10 CCSFS, SLC-40 09/Mai/21 06:42:45 Starlink v1.0 (x60) L27 JRTI (Oc. Atlântico)
2021-041 118 B1058.8 KSC, LC-39A 15/Mai/21 22:56 Starlink v1.0 (x60) L26 Tyvak-0130 Capella 6 (Capella Whitney 4) OCISLY (Oc. Atlântico)
2021-044 119 B1063.2 CCSFS, SLC-40 26/Mai/21 18:59:35 Starlink v1.0 (x60) L29 JRTI (Oc. Atlântico)
2021-048 120 B1067.1 KSC, LC-39A 03/Jun/21 17:29:17 Dragon SpX-22 OCISLY (Oc. Atlântico)
2021-049 121 B1061.3 CCSFS, SLC-40 06/Jun/21 04:26 Sirius SXM-8 JRTI (Oc. Atlântico)
2021-054 122 B1062.2 CCSFS, SLC-40 17/Jun/21 16:09:35 GPS-III SV05 JRTI (Oc. Atlântico)
2021-059 123 B1060.8 CCSFS, SLC-40 30/Jun/21 19:31:00 Transporter-2 LZ-1 (Cabo Canaveral)

A sequência de lançamento para o Falcon-9 é um processo de precisão ditada pela janela de lançamento tendo em conta a posição orbital a ser ocupada pela carga a bordo. Se a janela de lançamento é perdida, a missão é então adiada para a próxima janela de lançamento disponível.

Cerca de quatro horas antes do lançamento, inicia-se o processo de abastecimento – primeiro oxigénio líquido seguindo-se o querosene altamente refinado (RP-1). O vapor que se observa a sair do lançador durante a contagem decrescente é na realidade oxigénio a ser libertado dos tanques, sendo esta a razão pela qual o abastecimento de oxigénio líquido se mantém até quase ao final da contagem decrescente.

Texto e tabela: Rui C. Barbosa

O estágio B1060

Para esta missão a SpaceX utilizou o foguetão Falcon-9 (B1060.8), isto é, o primeiro estágio B1060 na sua 8.ª missão.

Este primeiro estágio foi utilizado pela primeira vez a 30 de Junho de 2020 quando às 1956UTC foi lançado a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral SFS, Florida para colocar em órbita o satélite GPS-III SV03 que foi recuperado na plataforma flutuante Just Read The Instructions (JRTI) estacionada no Oceano Atlântico. A sua segunda missão foi a 3 de Setembro quando às 1246UTC foi lançado a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral SFS para colocar em órbita 60 satélites Starlink na versão 1.0 (L11) sendo recuperado na plataforma flutuante Of Course I Still Love You (OCISLY) estacionada no Oceano Atlântico. Na terceira missão, a 24 de Outubro às 1531:34UTC este estágio foi lançado a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral SFS para colocar em órbita 60 satélites Starlink na versão 1.0 (L14) cuja recuperação teve lugar na plataforma flutuante JRTI estacionada no Oceano Atlântico. Já a 8 de Janeiro de 2021 pelas 0215UTC este estágio foi utilizado na sua quarta missão para colocar em órbita o satélite turco Turksat-5A tendo sido recuperado na plataforma flutuante JRTI estacionada no Oceano Atlântico. Na quinta missão, a 4 de Fevereiro este estágio foi utilizado pelas 0619UTC para colocar em órbita mais 60 satélites Starlink na versão 1.0 (L18) e foi recuperado na plataforma flutuante OCISLY estacionada no Oceano Atlantico. Na sua sexta missão no dia 24 de Março pelas 0828:24UTC este estágio foi utilizado para colocar em órbita um novo conjunto de satélites Starlink v1.0 (L24) e foi recuperado pela plataforma flutuante OCISLY estacionada no Oceano Atlântico. Na sétima missão a 29 de Abril pelas 0344UTC este estágio foi utilizado para colocar em orbita um novo conjunto de 60 satélites Starlink v1.0 e foi recuperado pela plataforma flutuante JRTI estacionada no Oceano Atlantico.

Texto: Salomé T. Fagundes