A empresa norte-americana Space Exploration Technologies Corp. (SpaceX) realizou o lançamento de dois satélites de comunicações para a Intelsat. O lançamento dos satélites Galaxy-31 e Galaxy-32 teve lugar às 1606UTC e foi realizado pelo foguetão Falcon 9-185 (B1051.14) a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral SFS, Florida.
Nesta missão não foi tentada a recuperação do estágio B1051 que assim realizou a sua última missão. Este primeiro estagio estágio foi utilizado pela primeira vez a 2 de Março de 2019, quando às 0745:03UTC foi lançado a partir do Complexo de Lançamento LC-39A do Centro Espacial Kennedy para a missão de demonstração da cápsula Crew Dragon C204 (Demo-1). Na sua primeira missão o B1051 foi recuperado na plataforma flutuante Of Course I Still Love You (OCISLY). A sua segunda missão teria lugar dia 12 de Junho de 2019 quando às 1417UTC foi lançado a partir do Complexo de Lançamento Espacial SLC-4E da Base Aérea de Vandenberg, Califórnia, para colocar em órbita 3 satélites para a Radarsat Constellation, tendo aterrado na zona de aterragem 4 (LZ4) na Base Aérea de Vandenberg. Na terceira missão, a 29 de Janeiro de 2020, foi lançado às 14:06:49,493UTC a partir Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral SFS para colocar em órbita um conjunto de 60 satélites Starlink, vindo a ser recuperado na plataforma flutuante OCISLY. Já na quarta missão, a 22 de Abril de 2020, foi lançado às 1930:30UTC a partir do Complexo de Lançamento LC-39A do Centro Espacial Kennedy para colocar em órbita um novo conjunto de satélites Starlink (v1.0 L6) sendo recuperado na plataforma flutuante OCISLY.
Na quinta missão, a 7 de Agosto de 2020, foi lançado às 0512:05UTC a partir do Complexo de Lançamento LC-39A do Centro Espacial Kennedy para colocar em órbita 57 satélites da constelação Starlink (v1.0 L9) sendo recuperado na plataforma flutuante OCISLY. A sua sexta missão, a 18 de Outubro de 2020, foi lançado às 1225:57,439UTC a partir Complexo de Lançamento LC-39A do Centro Espacial Kennedy para colocar em órbita 60 satélites da constelação Starlink (v1.0 L13) sendo recuperado na plataforma flutuante OCISLY. Na sua sétima missão, realizada a 13 de Dezembro de 2020, foi lançado às 1730:00UTC a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral SFS para colocar em órbita o satélite SiriusXM sendo recuperado na plataforma flutuante Just Read The instructions (JRTI). Na oitava missão a 20 de Janeiro de 2021, foi lançado pelas 13:02UTC a partir Complexo de Lançamento LC-39A do Centro Espacial Kennedy para colocar em órbita um novo conjunto de satélites Starlink (v1.0 L16) sendo recuperado na plataforma flutuante JRTI. Na nona missão, a 14 de Março de 2021 foi lançado às 1001:26UTC para colocar em órbita um conjunto de satélites Starlink (v1.0 L21) sendo recuperado na plataforma flutuante OCISLY.
A 10.ª missão do estágio B1051 teve lugar a 9 de Maio, sendo utilizado para o lançamento de 60 satélites Starlink a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral SFS. Nesta missão foi recuperado na plataforma JRTI. Com excepção dos lançamentos a partir de Vandenberg todas as recuperações deste estágio tiveram lugar no Oceano Atlântico.
A 11.ª missão decorreu a 18 de Dezembro de 2021 com a colocação em órbita de 52 satélites Starlink a partir da Base Aérea de Vandenberg, enquanto que a 12.ª missão do estágio B1051 ocorreu às 0442:30UTC do dia 19 de Março quando foi utilizado para colocar em órbita 53 satélites Starlink na missão Starlink G4-12 lançada desde o Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral SFS. Nesta missão foi recuperado na plataforma JRTI. A sua 13.ª missão ocorreu às 1420:00UTC do dia 14 de Julho, colocando em órbita 53 satélites Starlink e sendo recuperado na plataforma flutuante JRTI.
Os satélites Galaxy-31 (também designado Galaxy-23R) e Galaxy-32 (também designado Galaxy-17R) fazem parte de um grupo de quatro satélites com uma carga de comunicações em banda-C que serão operados pela Intelsat. Os satélites pertencem a uma encomenda de seis satélites realizada pela Intelsat à Maxar Technologies (quatro satélites) e à Northrop Grumman (dois satélites) que são necessários para continuar os serviços de telecomunicações nos Estados Unidos com menos espectro em Dezembro de 2023.
Os dois novos satélites serão utilizados para serviços de banda-C, principalmente para transmissão de sinal de televisão, que os operadores de satélite têm de realizar com menos banda-C nos Estados Unidos após a Comissão Federal de Comunicações ter leiloado 300 megahertz de espectro para ser utilizado em redes 5G de telemóveis.
O Galaxy-31 e o Galaxy-32 foram construídos pela Maxar Technologies, sendo baseados na plataforma SSL-1300. O satélite Galaxy-31 estará operacional na órbita geossíncrona na posição 148,95.° Longitude Oeste, enquanto que o satélite Galaxy-32 estará operacional na posição 149,05.° longitude Oeste.
Lançamento
A cerca de dez horas do lançamento procede-se à activação eléctrica do foguetão Falcon-9. Tanto o lançador como a sua carga são submetidos a uma série de verificações testes antes do início do abastecimento do querosene RP-1. O Director de Voo consulta os controladores a T-38m, determinando assim se tudo está pronto para o início do abastecimento do lançador. O processo de abastecimento de RP-1 inicia-se a T-35m no primeiro estagio, seguindo-se o início do abastecimento do oxigénio líquido (LOX) na mesma altura. O abastecimento de LOX ao segundo estagio inicia-se a T-16m.
A fase terminal da contagem decrescente inicia-se com os motores a serem condicionados termicamente para o lançamento a T-7m. A T-1m é enviado um comando para o computador de voo para iniciar as verificações pré-lançamento e o sistema de supressão sónica é activado na plataforma de lançamento que é inundada por milhões de litros de água. Por esta altura os tanques de propelente também são pressurizados. A T-45s o Director de Lançamento da SpaceX verifica se todos os parâmetros estão prontos para a missão, sendo também verificado que o espaço aéreo está pronto para o lançamento. A sequência de ignição é iniciada a T-3s. A T=0s o foguetão abandona a plataforma.
Abandonando a plataforma de lançamento, o Falcon-9 inicia uma série de manobras para se colocar na trajectória de voo correcta. A fase MaxQ, de máxima pressão dinâmica, é atingida a T+1m 12s. É nesta altura que o lançador atinge o ponto mais elevado de ‘stress’ mecânico na sua estrutura.
O final da queima do primeiro estágio (MECO – Main Engine Cut-Off) ocorre a T+2m 43s, dando-se três segundos depois a separação entre o primeiro e o segundo estágio, com este a entrar em ignição pela primeira vez a T+2m 53s. A ejecção das duas metades da carenagem de protecção ocorre a T+3m 32s.
O final da primeira queima do segundo estágio ocorre a T+8m 5s, atingindo-se uma órbita de parqueamento a partir da qual tem lugar a segunda queima que ocorre entre T+26m 50s e T+28m 0s, com a separação do satélite Galaxy-32 a ocorrer a T+33m 31s e a separação do Galaxy-31 a ocorrer a T+38m 41s.
O foguetão Falcon-9
Baptizado em nome da nave Millenium Falcon da saga cinematográfica “Guerra das Estrelas”, o foguetão Falcon-9 v1.1 é um lançador a dois estágios projectado e fabricado pela SpaceX para o transporte seguro e fiável de satélites e do veículo Dragon para a órbita terrestre. Sendo o primeiro foguetão completamente desenvolvido no Século XXI, este lançador foi projectado desde o início para ter a máxima fiabilidade. A sua simples configuração de dois estágios minimiza o número de eventos de separação (staging) e com nove motores no primeiro estágio, pode completar a sua missão em segurança mesmo na possibilidade de perda de um motor.
O Falcon-9 fez história em 2012 quando colocou a cápsula Dragon na órbita correcta para uma manobra de encontro com a estação espacial internacional, fazendo da SpaceX a primeira companhia comercial a visitar a ISS. Desde então, a SpaceX realizou múltiplas missões para a ISS transportando e recolhendo carga para a NASA. O Falcon-9, bem como a cápsula Dragon, foram desenhados na base do desenvolvimento de um sistema de transporte de astronautas para o espaço e num acordo com a NASA, a SpaceX está activamente a trabalhar para atingir esse objectivo.
O foguetão Falcon-9 Upgrade, ou Falcon-9 FT, (a seguir designado simplesmente como ‘Falcon-9’) representa a mais recente evolução deste lançador. De forma geral o Falcon-9 tem 68,4 metros de comprimento, 3,7 metros de diâmetro e uma massa de 541.300 kg. O veículo é capaz de colocar uma carga de 13.150 kg numa órbita terrestre baixa ou 4.850 kg numa órbita de transferência geossíncrona.
O primeiro estágio do Falcon-9 está equipado com nove motores Merlin (Merlin-1D) e tanque de liga de alumínio e lítio que contêm oxigénio líquido e querosene RP-1. Após a ignição, um sistema de segurança fixa o veículo na plataforma de lançamento e garante que todos os motores são verificados como estando na força máxima antes de libertar o foguetão para o seu voo. Então, com uma força superior a cinco aviões Boeing 747 em potência máxima, os motores Merlin lançam o foguetão para o espaço. Ao contrário dos aviões, a força de um foguetão vai aumentando com a altitude – o Falcon-9 gera 6.806 kN ao nível do mar mas atinge 7.426 kN no vácuo espacial. Os motores do primeiro estágio vão sendo aumentados em potência perto do final da queima do estágio para assim limitar a aceleração do veículo à medida que a massa do lançador vai diminuindo com a queima do combustível. O tempo total de queima do primeiro estágio é de 162 segundos.
Com os seus nove motores agrupados juntos na configuração ‘octaweb’, o Falcon-9 pode aguentar a falha de até dois motores durante o lançamento e mesmo assim conseguir atingir a órbita terrestre com sucesso. O Falcon-9 é o único lançador na sua classe com esta característica chave.
O motor Merlin foi desenvolvido internamente pela SpaceX mas vai encontrar as suas raízes aos motores das missões Apollo, nomeadamente o sistema de injecção baseado no motor do módulo lunar. O propolente é alimentado através de uma única conduta, com uma turbo-bomba de dupla pá que opera num ciclo de gerador a gás. A turbo-bomba também fornece o querosene a alta pressão para os actuadores hidráulicos, que depois recicla para a entrada a baixa pressão. Isto elimina a necessidade de um sistema hidráulico separado e significa que não é possível ocorrer uma falha no controlo de vector de força por falta de fluido hidráulico. Uma terceira utilização da turbo-bomba é o fornecimento de controlo de rotação ao actuar no escape da turbina de exaustão (no segundo estágio). Combinando-se estas características num só dispositivo aumenta-se assim de forma significativa o nível de fiabilidade do sistema.
O motor é capaz de desenvolver uma força de 654 kN ao nível do mar, 716 kN no vácuo, com um impulso específico de 282 segundos (nível do mar) e 311 segundos (vácuo).
A secção interestágio é uma estrutura compósita que liga o primeiro e o segundo estágio e alberga os sistemas de libertação e separação. O Falcon-9 utiliza um sistema de separação totalmente pneumático para uma separação de baixo impacto e altamente fiável que pode ser testado no solo, ao contrário dos sistemas pirotécnicos utilizados na maior parte dos lançadores.
O segundo estágio é propulsionado por um único motor Merlin de vácuo e coloca a carga a transportar na órbita desejada. O motor do segundo estágio entra em ignição poucos segundos após a separação entre o segundo e o primeiro estágio, e pode ser reiniciado várias vezes para colocar múltiplas cargas em diferentes órbitas. Para máxima fiabilidade, o segundo estágio está equipado com sistemas de ignição redundantes. Tal como o primeiro estágio, o segundo estágio é feito a partir de uma liga de alumínio e lítio.
O motor Merlin de vácuo (Merlin-1D de vácuo) desenvolve uma força de 934 kN e o seu tempo de queima é de 397 segundos.
A carenagem compósita é utilizada para proteger a carga durante a passagem do Falcon-9 pelas camadas mais densas da atmosfera. Quando a missão do Falcon-9 é o lançamento do veículo de carga Dragon, a carenagem não é utilizada pois a cápsula possui o seu próprio sistema de protecção.
A carenagem tem 13,1 metros de comprimento e 5,2 metros de diâmetro. Fabricada em fibra de carbono, separa-se em duas metades utilizando um sistema de separação de actuadores pneumáticos semelhantes aos que são utilizados para a separação entre o primeiro e o segundo estágio.
A sequência de lançamento para o Falcon-9 é um processo de precisão ditada pela janela de lançamento tendo em conta a posição orbital a ser ocupada pela carga a bordo. Se a janela de lançamento é perdida, a missão é então adiada para a próxima janela de lançamento disponível.
Cerca de quatro horas antes do lançamento, inicia-se o processo de abastecimento – primeiro oxigénio líquido seguindo-se o querosene altamente refinado (RP-1). O vapor que se observa a sair do lançador durante a contagem decrescente é na realidade oxigénio a ser libertado dos tanques, sendo esta a razão pela qual o abastecimento de oxigénio líquido se mantém até quase ao final da contagem decrescente.
Lançamento | Veículo | 1.º estágio | Local Lançamento | Data Hora (UTC) | Carga | Recuperação |
2022-113 | 176 | B1067.6 | CCSFS, SLC-40 | 19/Set/22 00:18:40 | Starlink G4-34 | JRTI (Oc. Atlântico) |
2022-119 | 177 | B1073.4 | CCSFS, SLC-40 | 24/Set/22 23:32:10 | Starlink G4-35 | ASOG (Oc. Atlântico) |
2022-124 | 178 | B1077.1 | KSC, LC-39A | 05/Out/22 16:00:57 | Endurance | JRTI (Oc. Atlântico) |
2022-125 | 179 | B1071.5 | VSFB, SLC-3E | 05/Out/22 23:10:30 | Starlink G4-29 | OCISLY (Oc. Pacífico) |
2022-128 | 180 | B1060.14 | CCSFS, SLC-40 | 08/Out/22 23:05:00 | Galaxy-33 (Galaxy-15R) Galaxy-34 (Galaxy-12R) | ASOG (Oc. Atlântico) |
2022-134 | 181 | B1069.3 | CCSFS, SLC-40 | 15/Out/22 05:22 | Hotbird-13F | JRTI (Oc. Atlântico) |
2022-136 | 182 | B1062.10 | CCSFS, SLC-40 | 20/Out/22 14:50:40 | Starlink G4-36 | ASOG (Oc. Atlântico) |
2022-141 | 183 | B1063.8 | VSFB, SLC-4E | 28/Out/22 01:14:10 | Starlink G4-31 | OCISLY (Oc. Pacífico) |
2022-146 | 184 | B1067.7 | CCSFS, SLC-40 | 03/Nov/22 05:22 | Hotbird-13G | JRTI (Oc. Atlântico) |
2022-153 | 185 | B1051.14 | CCSFS, SLC-40 | 12/Nov/22 16:06 |
Galaxy-31 Galaxy-32 |
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