SpaceX lança 52 satélites Starlink desde a Florida

Na primeira missão prevista para o dia 12 de Junho de 2023, a Space Exploration Technologies Corp. (SpaceX) colocou em órbita 52 novos satélites Starlink v1.5.

A missão teve lugar às 0710:50UTC com o lançamento a ser realizado a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral SFS, Florida, pelo foguetão Falcon 9-231 (B1073.9). O primeiro estágio da missão Starlink G5-11 foi recuperado na plataforma flutuante Just Read The Instructions, no Oceano Atlântico.

A constelação Starlink

SpaceX projectou a Starlink para conectar utilizadores de Internet com baixa latência, oferecer serviços de distribuição de elevada largura de banda, fornecendo uma cobertura continua em todo o mundo usando uma rede de milhares de satélites na órbita terrestre baixa, especialmente em lugares onde a conectividade é baixa ou inexistente como, por exemplo, em lugares rurais. Os satélites Starlink também darão cobertura em locais onde os serviços existentes são instáveis ou de elevado custo.

Com um desenho de painel plano contendo múltiplas antenas de alto rendimento e um único painel solar, cada satélite Starlink pesa cerca de 260 kg, permitindo à SpaceX uma produção em massa e tirar todo o proveito da capacidade de lançamento do Falcon-9. Para ajustar a posição em órbita, manter a altitude pretendida e posterior remoção orbital, os satélites Starlink possuem propulsores do tipo Hall alimentados a krípton. Sendo injectados a uma altitude de 290 km usarão este mesmo sistema para elevar as suas órbitas assim que sejam concluídas as verificações. Antes de elevar a órbita, os engenheiros da SpaceX irão realizar uma revisão de dados para garantir que todos os satélites Starlink estão a operar como pretendido.

Desenhados e construídos usando a mesma tecnologia que as cápsulas Dragon, cada satélite está equipado com Startracker que permite apontar os satélites com precisão. Nesta iteração a SpaceX incrementou a capacidade de espectro para o utilizador final através de melhorias, permitindo uma maximização na utilização das bandas Ka e Ku. Os satélites são também capazes de detectar lixo espacial em órbita e evitar a colisão de modo autónomo.

Os satélites Starlink estão na linha da frente na mitigação de detritos em órbita, atingindo ou excedendo todas as leis padronizadas da indústria aeroespacial. No fim do ciclo de vida, os satélites irão usar a própria propulsão que têm a bordo para procederem à remoção orbital no decurso de uns poucos meses. No improvável evento da propulsão falhar, estes satélites irão queimar na atmosfera terrestre no período compreendido entre 1 a 5 anos, tempo significativamente inferior que as centenas ou milhares de anos necessários para grandes altitudes. De notar que todos os componentes estão projectados para uma total desintegração.

A Starlink oferece um serviço de Internet em zonas dos Estados Unidos da América e no Canadá ao fim de seis lançamentos, rapidamente expandindo-se para uma cobertura global nas zonas populacionais após vinte e quatro lançamentos.

Estando ainda na fase inicial de injecção orbital, os painéis solares encontram-se numa posição de baixo atrito e o conjunto dos próprios Starlinks estando ainda muito próximos uns dos outros faz com sejam muito visíveis a olho nu a partir do solo aquando da sua passagem. Quando os satélites atingem a altitude operacional, as suas orientações mudam e os satélites começam a ficar significativamente menos visíveis a partir do solo.

Durante todas as operações de voo, a SpaceX partilha dados de monitorização de alta fidelidade com outras operadoras de satélites através do 18.º esquadrão do controlo espacial da Força Aérea Americana. Adicionalmente, a SpaceX irá disponibilizar aos grupos de astronomia com informação de previsão do tipo TLE’s (two-line elements) antes de qualquer lançamento para que os astrónomos possam coordenar as observações com a passagem dos satélites.

Lançamento Veículo 1.º estágio Local Lançamento Data Hora (UTC) Carga
2023-046 214 B1077.4 CCSFS, SLC-40 29/Mar/23 20:01:00 Starlink G5-10 (x56) F78 [v1.5 L48]
2023-056 218 B1073.8 CCSFS, SLC-40 19/Abr/23 14:31:10 Starlink G6-2 (x21) F79 [v2.0 Mini L02]
2023-058 219 B1061.13 VSFB, SLC-4E 27/Abr/23 13:40:50 Starlink G3-5 (x46) F80 [v1.5 L49]
2023-061 221 B1069.7 CCSFS, SLC-40 04/Mai/23 07:31:00 Starlink G5-6 (x56) F81 [v1.5 L50]
2023-064 222 B1075.3 VSFB, SLC-4E 10/Mai/23 20:09:00 Starlink G2-9 (x51) F82 [v1.5 L51]
2023-065 223 B1067.11 CCSFS, SLC-40 14/Mai/23 05:03:50 Starlink G5-9 (x56) F83 [v1.5 L52]
2023-067 224 B1076.5 CCSFS, SLC-40 19/Mai/23 06:19:30 Starlink G6-3 (x22) F84 [v2.0 Mini L03]
2023-078 228 B1061.14 VSFB, SLC-4E 31/Mai/23 06:02:30 Starlink G2-10 (x52) F85 [v1.5 L53]
2023-079 229 B1078.3 CCSFS, SLC-40 04/Jun/23 12:20:00 Starlink G6-4 (x22) F86 [v2.0 Mini L04]
2023-083 231 B1073.9 CCSFS, SLC-40 12/Jun/23 07:10:50 Starlink G5-11 (x56) F87 [v1.5 L54]

Lançamento da missão Starlink G5-11

A cerca de dez horas do lançamento procede-se à activação eléctrica do foguetão Falcon-9. Tanto o lançador como a sua carga são submetidos a uma série de verificações testes antes do início do abastecimento do querosene RP-1. O Director de Voo consulta os controladores a T-38m, determinando assim se tudo está pronto para o início do abastecimento do lançador. O processo de abastecimento de RP-1 inicia-se a T-35m no primeiro estágio, seguindo-se o início do abastecimento do oxigénio líquido (LOX) na mesma altura. O abastecimento de LOX ao segundo estágio inicia-se a T-16m.

A fase terminal da contagem decrescente inicia-se com os motores a serem condicionados termicamente para o lançamento a T-7m. A T-1m é enviado um comando para o computador de voo para iniciar as verificações pré-lançamento e o sistema de supressão sónica é activado na plataforma de lançamento inundada por milhões de litros de água. Por esta altura os tanques de propelente também são pressurizados. A T-45s o Director de Lançamento da SpaceX verifica se todos os parâmetros estão prontos para a missão, sendo também verificado que o espaço aéreo está pronto para o lançamento. A sequência de ignição é iniciada a T-3s. A T=0s o foguetão abandona a plataforma.

Abandonando a plataforma de lançamento, o Falcon-9 inicia uma série de manobras para se colocar na trajectória de voo correcta. A fase MaxQ, de máxima pressão dinâmica, é atingida a T+1m 12s, sendo nesta altura que o lançador atinge o ponto mais elevado de ‘stress’ mecânico na sua estrutura.

O final da queima do primeiro estágio (MECO – Main Engine Cut-Off) ocorre a T+2m 25s, dando-se três segundos depois a separação entre o primeiro e o segundo estágio, com este a entrar em ignição a T+2m 35s.

A ejecção das duas metades da carenagem de protecção ocorre a T+4m 43s. A queima de reentrada do primeiro estágio ocorre entre T+6m 14s e T+6m 39s, enquanto a queima de aterragem ocorre entre T+8m 2s e T+8m 25s, sendo recuperado com sucesso.

O final da primeira queima do segundo estágio ocorre T+8m 35s. O segundo estágio executa uma segunda queima entre T+54m 6s e T+54m 8s, com a separação dos satélites Starlink a ocorrer a T+1h 5m 24s.

Imagens: SpaceX