Sonda OSIRIS-REx regressa à Terra com amostras do asteróide Bennu

A sonda OSIRIS-REx regressou à Terra a 24 de Setembro de 2023 transportando amostras do pequeno asteróide Bennu. A aterragem teve lugar às 1452UTC com a esta a ter lugar numa área do Departamento de Defesa dos Estados Unidos localizada no denominado “Utah Test and Training Range and Dugway Proving Ground”, estado do Utah.

Ao contrário do que a agência espacial norte-americana NASA afirmou por várias vezes durante a transmissão em directo do regresso da cápsula à Terra, esta não foi a primeira vez que se conseguiram amostras da superfície de asteróides, tendo este feito histórico sido conseguido pelas sondas Hayabusa e Hayabusa-2 da agência espacial japonesa JAXA que em Novembro de 2005 e em Novembro de 2019, respectivamente, conseguiram amostras dos asteróides Itokawa (Hayabusa) e Ryugu (Hayabusa-2).

O lançamento da OSIRIS-REx foi realizado no dia 8 de Setembro de 2016 pelo foguetão Atlas-V/411 (AV-067) a partir do Complexo de Lançamento SLC-41 do Cabo Canaveral AFS.

A sonda explorou o asteróide (101955) Bennu durante um ano antes de proceder à obtenção das amostras da sua superfície, estudando o seu contexto geológico numa operação essencial para a nossa compreensão destes corpos cósmicos. A recolha de amostras teve lugar a 20 de Outubro de 2020.

A sonda OSIRIS-REx

Atlas-V_OSIRISRex 3A sonda OSIRIS-REx (Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, Security – Regolith Explorer) tinha um comprimento de 6,2 metros (com os painéis solares abertos), uma largura de 2,43 metros e uma altura de 3,15 metros. O braço de obtenção de amostras tinha um comprimento de 3,35 metros. No lançamento tinha uma massa de 2.110 kg, tendo uma massa de 880 kg sem propelente. A cápsula de recolha de amostras tinha uma massa de 46 kg.

Uma informação mais detalhada sobre a missão pode ser encontrada aqui e a página oficial da missão pode ser encontrada aqui com mais informações aqui.

Atlas-V_OSIRISRex 1Os principais objectivos da missão foram a obtenção e análise de amostras da superfície do asteróide Bennu; interpretação espectral do asteróide, fornecendo observações directas para dados telescópicos de toda a população de asteróides; identificação de recursos, mapeando a química e a mineralogia de um asteróide rico em carbono; segurança, medindo o efeito da luz solar na possível alteração orbital de um pequeno asteróide (efeito Yarkovsky – o impulso criado quando um asteróide absorve luz solar e reemite esse calor como radiação infravermelha), explorando o rególito, documentando o material solto à superfície do asteróide no local de prospecção até uma escala sub-centimétrica.

Os instrumentos a bordo da OSIRIS-REx eram: OCAMS (OSIRIS-REx Camera Suite), desenvolvida pela Universidade do Arizona este conjunto de câmaras irá permitir a obtenção de imagens da superfície do asteróide Bennu em vários comprimentos de onda; OVRIS (OSIRIS REx Visible-Infrared Spectrometer) é um espectrómetro desenvolvido pelo Centro Espacial Goddard da NASA; OTES (OSIRIS-REx Thermal Emission Spectrometer) é um espectrómetro de emissão térmica desenvolvido pela Universidade Estatal do Arizona; OLA (OSIRIS-REx Laser Altimeter) é um altímetro laser desenvolvido pela Agência Espacial do Canadá.

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Após chegar às proximidades do Bennu, a OSIRIS-REx iniciou uma série de manobras em torno do asteróide, culminando em sobrevoos de reconhecimento a uma altitude de 240 metros da superfície. Estas manobras foram parte de uma intensa campanha de mapeamento da superfície que utilizou uma variedade de instrumentos a bordo da sonda. A OSIRIS-REx mapeou de forma global a superfície do asteróide utilizando câmaras ópticas e o altímetro. A sonda também utilizou espectrómetros ópticos, de infravermelhos e de emissão térmica para gerar mapas mineralógicos, orgânicos e de emissão térmica da superfície bem como informação espectral local de possíveis locais de recolha de amostras.

A equipa de cientistas utilizou os mapas e outras informações obtidas pela OSIRIS-REx para seleccionar um local no asteróide onde a sonda acabaria por fazer a recolha de amostras. Uma vez seleccionado o local de recolha, a OSIRIS-REx aproximou-se, mas não «aterrou», no Bennu. Em vez da descida na superfície, a sonda estendeu um braço robótico denominado Touch-and-Go Sample Acquisition Mechanism (TAGSAM) para obter amostras para análise. O TAGSAM libertou uma quantidade de azoto, recolhendo amostras ao causar que as pedras e o material solto na superfície fossem influenciados pelo «sopro» de gás. As amostras foram depois armazenadas num pequeno contentor no interior da cápsula de recolha Sample Return Capsule (SRC) quando a sonda regressou à Terra.

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Finalizando as operações de estudo e obtenção de amostras, a sonda iniciou uma viagem de 2,5 anos de regresso à Terra em Março de 2021. Quando se aproximou da Terra, uma manobra final de correcção de trajectória colocou a OSIRIS-REx na posição para proceder à libertação da cápsula que continha as amostras do Bennu e que aterrou no Utah. A SRC foi separada da OSIRIS-REx quatro horas antes da reentrada atmosférica. Somente a SRC reentrou na atmosfera terrestre e a OSIRIS-REx executou uma manobra para evitar o nosso planeta, entrando em órbita em torno do Sol.

atlas-v_osirisrex-5Reentrando a uma velocidade de mais de 12,2 km/s, a SRC utilizou o seu escudo ablativo para sobreviver a esta fase do regresso à Terra. Após a reentrada, a cápsula utilizou um sistema de pára-quedas para diminuir a sua velocidade. Um pára-quedas de travagem proporcionou estabilidade a velocidades supersónicas, abrindo-se a seguir o pára-quedas principal quando a cápsula atingiu uma altitude de 3 km, diminuindo a velocidade para 5 m/s para a aterragem.

Posteriormente a cápsula foi transportada para o Astromaterials Acquisition and Curation Office no Centro Espacial Johnson, Houston – Texas, onde as amostras serão armazenadas e examinadas.