A Rússia colocou em órbita um satélite de comunicações a partir do Cosmódromo de Baikonur a 12 de Março de 2023.
O lançamento do satélite Luch-5X n.º 2 (Olimp-K n.º 12L) foi levado a cabo por um foguetão 8K82KM Proton-M/Briz-M a partir da Plataforma de Lançamento PU-39 do Complexo de Lançamento LC200, às 2312:59,981UTC.
Olymp-K
Pouco se sabe acerca do satélite Olymp (Олимп-K), também designado por Luch (Луч), o que por um lado revela a sua natureza militar. O satélite foi desenvolvido pela empresa ISS Reshetnev e será operado pelo Ministério da Defesa da Rússia e pelos serviços de informação FSB. Os satélites são baseados nas plataformas Ekspress-1000NTA, tendo uma massa de cerca de 3.000 kg.
A designação Olymp-K nada diz sobre o objectivo do satélite, sendo provavelmente a designação militar do mesmo o que por um lado terá levado à utilização da designação civil ‘Luch’ que é atribuída à série de satélites para a transmissão de dados. Quando esta designação é utilizada, ela possui uma numeração sequencial, o que não acontece neste caso com o satélite a ser designado simplesmente como ‘Luch’. Por outro lado, o foguetão lançador exibia na sua fuselagem o emblema da agência espacial russa Roscosmos numa indicação de um lançamento civil.
De facto, surgiram várias sugestões sobre a verdadeira missão destes satélites. Uma destas missões pode estar relacionada com inteligência electrónica (SIGINT) e outra missão poderá estar relacionada com o fornecimento de comunicações seguras para utilização governamental. De facto, sendo os satélites designados como ‘Luch’, pode ser uma pista para a sua utilização civil, enquanto que a designação ‘Olimp-K’ estará relacionada com a sua aplicação militar. Uma outra possibilidade, é a de que estes satélites possam emitir sinais de correcção para o sistema de navegação GLONASS.
Da mesma forma, nada foi revelado sobre as características do satélite. Os satélites ‘Luch’ são suficientemente leves para serem lançados com outros satélites em lançamentos duplos, o que não é o óbvio caso do satélite Olymp-K, o que poderá indicar um satélite de maior massa a ser lançado pelo foguetão 8K82KM Proton-M/Briz-M.
O primeiro satélite Olimp-K foi colocado em órbita a 27 de Setembro de 2014.
Lançamento
O lançamento do satélite Olymp terá seguido os procedimentos usuais para o lançamento do foguetão 8K82KM Proton-M/Briz-M, com este a ser transportado para a plataforma de lançamento a 9 de Março de 2023.
A cerca de T-11h 30m tem lugar a activação do equipamento de teste e de suporte de solo relacionado com o sistema de orientação, navegação e controlo do estágio superior Briz-M. A decisão de prosseguir com o lançamento é tomada cerca de oito horas antes da hora prevista para a ignição e é tomada pelo Comissão Intergovernamental. Nesta altura, a plataforma de lançamento é evacuada de todo o pessoal que não é essencial para as operações. A T-1h 10m dá-se a activação do equipamento de teste e de suporte de solo relacionado com o sistema de orientação, navegação e controlo do foguetão Proton-M e o início do abastecimento dos três estágios inferiores ocorre a T-6h. A T-5h, começam as actividades da contagem decrescente. A plataforma de lançamento é reaberta a T-2h 30m para as operações finais de encerramento do lançador. Pelas T-2h todo o pessoal técnico deve encontrar-se nas suas posições finais para o lançamento.
A torre móvel de serviço começa a ser deslocada para a sua posição de lançamento a T-1h. As actividades finais da contagem decrescente têm início a T-45m. O sinal do sistema de propulsão é gerado pelo equipamento de teste e de suporte de solo do sistema de orientação, navegação e controlo do lançador. As unidades do sistema remoto da contagem decrescente são sincronizadas com o relógio principal da contagem decrescente. O sistema de abortagem é armado a T-35m (uma luz verde no painel de controlo indica que o sistema de finalização de voo está pronto). Duas unidades redundantes na unidade de abortagem de lançamento são sincronizadas com o relógio da contagem decrescente (nesta altura o interruptor da unidade de abortagem está activo).
A T-10m o cliente indica de forma verbal a prontidão para o lançamento. Esta indicação é transmitida através da rede da contagem decrescente que interliga os vários intervenientes na actividade.
O sinal de comando de T-300s é enviado pelo equipamento de teste e de suporte de solo do sistema de orientação, navegação e controlo do lançador para o equipamento semelhante no estágio Briz-M para sincronizar a hora de lançamento. Entretanto o Briz-M inicia a sua transferência para o fornecimento interno de energia. A T-2m o equipamento de teste e de suporte de solo do sistema de orientação, navegação e controlo do lançador começa a transferência para o fornecimento interno de energia (para os três estágios inferiores), enquanto que o estágio Briz-M finaliza este procedimento iniciado anteriormente. Um sinal é enviado pelo Briz-M para o lançador indicando a sua prontidão para o lançamento.
A activação da giro-plataforma teve lugar a T-5,0s e as verificações finais são feitas a T-3,1s pelo equipamento de teste e de suporte de solo do sistema de orientação, navegação e controlo do lançador (verificando a prontidão do lançador, do estágio superior e da sua carga). Se todos os componentes do sistema estiverem prontos, é enviado um sinal para se iniciar a sequência de ignição do primeiro estágio. Os seis motores RD-276 do primeiro estágio do Proton-M entravam em ignição a T-1,76s até atingirem 50% da força nominal. A força aumenta até 100% a T-0s e a confirmação para o lançamento surge de imediato. A sequência de ignição verifica se todos os motores estão a funcionar de forma nominal antes de se permitir o lançamento. O foguetão ascende verticalmente durante cerca de 10 segundos. O controlo de arfagem, da ignição e fim de queima dos motores, o tempo de separação da ogiva de protecção e o controlo de atitude, são todos calculados para que os estágios extintos caíam nas zonas pré-determinadas.
Após abandonar a plataforma de lançamento, o foguetão 8K82KM Proton-M/Briz-M inicia uma ascensão vertical e logo de seguida uma manobra para se colocar no azimute de voo que lhe permite levar a cabo com sucesso a sua missão. O veículo atinge a zona de máxima pressão dinâmica a T+1m 2,4s e a separação entre o primeiro e o segundo estágio ocorre a T+1m 59,7s. A ignição do segundo estágio ocorre ainda com o primeiro estágio ligado ao segundo através de uma estrutura em grelha através da qual se escapam os gases da combustão.
A ignição do terceiro estágio tem lugar a T+5m 27,2s e é iniciada com a entrada em funcionamento dos seus motores vernier. A separação da carenagem de protecção, agora desnecessária e que serviu para proteger a carga durante a fases mais violenta do lançamento ao atravessar as camadas mais densas da atmosfera terrestre, ocorre a T+4m 46,9s.
O final da queima do terceiro estágio teria lugar às T+9m 42,2s, ocorrendo a separação do estágio Briz-M (99549) transportando o satélite Olymp. O processo de separação entre o terceiro estágio e o estágio Briz-M seria iniciado com o final da queima dos motores vernier, seguido da quebra das ligações mecânicas entre os dois estágios e da ignição dos retro-foguetões de combustível sólido para afastar o terceiro estágio do Briz-M. Imediatamente após a separação entre o terceiro estágio e o estágio Briz-M, seriam accionados os motores de estabilização do estágio superior para eliminar a velocidade angular resultante da separação e proporcionar ao Briz-M a orientação e estabilidade ao longo da trajectória sub-orbital onde se encontra antes da sua primeira ignição.
O estágio superior Briz-M realiza cinco queimas antes da separação do satélite Olymp-K n.º 12L.
Posteriormente, o estágio Briz-M executaria ainda mais duas manobras para se afastar do satélite que utilizaria os seus próprios meios para elevar o seu perigeu até uma altitude geossíncrona e baixar a tanto o seu apogeu como a sua inclinação orbital.
O foguetão 8K82KM Proton-M/Briz-M
Fabricado pela GKNPTs Khrunichev, o foguetão 8K82KM Proton-M (Протон-M) é, tal como o já retirado 8K82K Proton-K (Протон-K), um lançador a três estágios podendo ser equipado com um estágio superior Briz-M (Бриз-М) ou então utilizar os usuais estágios Blok DM. As modificações introduzidas no Proton incluem um novo sistema avançado de aviónicos e uma ogiva com o dobro do volume em relação ao 8K82K Proton-K, permitindo assim o transporte de satélites maiores. Em geral este lançador equipado com o estágio Briz-M, construído também pela empresa Khrunichev, é mais poderoso em 20% e tem maior capacidade de carga do que a versão anterior equipada com os estágios Blok DM construídos pela RKK Energia.
O 8K82KM Proton-M/Briz-M em geral tem um comprimento que pode variar entre os 56,2 metros e os 58,2 metros (os três estágios atingem uma altura de 42,3 metros), um diâmetro de 7,4 metros e uma massa que varia de 702.000 kg a 705.000 kg. É capaz de colocar uma carga de 22.000 kg (Fase IV) numa órbita terrestre baixa a 185 km de altitude, 6.350 kg (Fase IV) numa órbita de transferência para a órbita geossíncrona ou 6.550 kg (Fase IV) numa órbita de transferência para a órbita supergeossíncrona, desenvolvendo para tal no lançamento uma força de 965.580 kgf.
O Briz-M é construído pelo Centro Espacial de Pesquisa e Produção Estadual Khrunichev, tal como o Proton-M. Neste lançamento foi utilizado um estágio superior Briz-M Fase III. Esta é uma recente melhoria deste estágio que utiliza dois novos tanques de pressão (com uma capacidade de 80 litros), substituindo os anteriores seis tanques de dimensões mais pequenas. Procedeu-se ainda a uma recolocação dos instrumentos de comando para a zona central do tanque para assim mitigar as cargas de choque que o tanque de propolente adicional é ejectado.
O primeiro lançamento do foguetão 8K82KM Proton-M/Briz-M teve lugar a 7 de Abril de 2001 (0347:00,525UTC) quando o veículo 53501 utilizando o estágio Briz-M (88503) colocou em órbita o satélite de comunicações Ekran-M 18 (26736 2001-014A) com uma massa de 1.970 kg a partir do Cosmódromo GIK-5 Baikonur (LC81 PU-24).
A mais recente modificação levada a cabo no lançador Proton-M/Briz-M (Fase IV) permite colocar numa órbita de transferência para a órbita geossíncrona uma carga de 6.300 kg, com uma velocidade residual de 1,5 km/s para a órbita geossíncrona.