Satélites Qianfan Xingzuo com problemas em órbita

Vários satélites da constelação Qianfan Xingzuo parecem apresentar problemas técnicos em órbita, levando já ao adiamento do lançamento de pelo menos duas missões.

Após o lançamento do segundo grupo de satélites a 15 de Outubro de 2024, os seus painéis solares abriram-se de imediato após a separação do lançador, não se registando qualquer problema. Porém, cinco satélites (2024-185H, R, J, K, S) não foram capazes de elevar as suas órbitas, possivelmente devido a alguma falha de componentes ou devido a problemas gerais com os satélites. Os restantes treze satélites iniciaram as suas manobras de elevação orbital por volta do dia 22 de Novembro.

Porém, devido a um problema com um certo subsistema, decidiu-se notificar a Aotian Technology para suspender a operação do sistema de propulsão eléctrico após 27 de Novembro e as manobras de elevação orbital do segundo grupo foram suspensas. Por esta altura, o satélite que se encontrava mais elevado (2024-185L) encontrava-se a uma altitude de 849 km, enquanto o satélite a uma altitude mais baixa (2024-185G) encontrava-se a 809 km.

Após a desactivação do sistema de propulsão eléctrica, o foco de atenção virou-se para o terceiro grupo lançado a 5 de Dezembro, suspendendo-se temporariamente as manobras do segundo grupo.

A 27 de Dezembro, o satélite 2024-185T começou lentamente a elevar a sua órbita, mas apenas subiu 7 quilómetros em seis dias, mostrando assim que o satélite estava a ser submetido a uma operação de degradação baseada em testes, e a eficiência dos seus propulsores Hall sob baixas condições de funcionamento pode ser muito fraca, afectando seriamente a vida útil restante do satélite. Como existe uma grande probabilidade de existirem problemas de lote para além dos propulsores no segundo grupo de satélites Qianfan, se se considerar continuar a operar este lote de satélites poderá levar algum tempo a determinar se depende apenas de dados orbitais. No entanto, se o segundo grupo de satélites não conseguir realmente elevar as suas órbitas, será melhor utilizar a energia restante para empurrar os satélites um pouco para baixo e acelerar a reentrada atmosférica, reduzindo assim a probabilidade de criação de detritos orbitais.

A constelação G60 Qianfan Xingzuo

A constelação Qianfan Xingzuo será composta por um grupo inicial de 108 veículos (num total de cerca de 12.000) que estavam previstos serem colocados em órbita em 2024.

Os satélites são fabricados nas instalações existentes em Songjiang, Xangai, geridas pela Shanghai Gesi Aerospace Technology (Genesat), uma companhia estatal estabelecida em 2022 pela Academia de Inovação para Microssatélites (IAMCAS) da Academia Chinesa de Ciências e pela Shanghai Yuanxin Weixing Keji YG (Shanghai Spacecom Satellite Technology Ltd). Os satélites têm uma massa de cerca de 300 kg e serão operados pela Shanghai Yuanxin Weixing Keji YG.

O desenvolvimento da constelação G60 Qianfan Xingzuo iniciou-se em 2016, sendo anunciada em 2021. A designação “G60” refere-se a uma autoestrada de mesmo nome que atravessa várias cidades ao longo do Rio Yangtze. Segundo a documentação enviada para a União Internacional de Telecomunicações (International Telecommunication Union – ITU) em Abril de 2023, a constelação será implementada em 36 planos orbitais polares, contendo 36 satélites cada um, num total de 1.296 satélites, possivelmente a operar nas bandas Ku, Q e V.

 

Lançamento Veículo Local Lançamento Data Hora (UTC) Carga
2024-140 Chang Zheng-6A (Y21) Taiyuan, LC9A 06/Ago/24 06:42 Qianfan Jigui-01 01 a Qianfan Jigui-01 18
2024-185 Chang Zheng-6A (Y20) Taiyuan, LC9A 15/Out/24 11:06 Qianfan Jigui-02 01 a Qianfan Jigui-02 18
2024-232 Chang Zheng-6A (Y22) Taiyuan, LC9A 05/Dez/24 04:41 Qianfan Jigui-03 01 a Qianfan Jigui-03 18

Como parte do projecto G60 foi desenvolvido um centro de rastreio e controlo. O novo centro de satélites também contribui para um aumento substancial na capacidade chinesa de pequenos satélites, incluindo instalações pertencentes à empresa estatal Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST), à Corporação Industrial de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China e à IAMCAS. Outras entidades com grandes e pequenos centros de fabrico de satélites incluem a GalaxySpace e a HKATG em Hong Kong.

O plano actual para a implementação da constelação em órbita prevê o lançamento de 1.296 satélites numa primeira fase a ser finalizada em 2027, com os satélites a serem colocados em órbitas a 1.100 km de altitude em várias inclinações. A segunda fase verá os restantes 13.000 a 14.000 satélites a serem lançados a partir de 2028 para órbitas a 300 km / 500 km de altitude (estes satélites serão capaz de fornecer aplicações mais avançadas, como a ligação directa de telemóveis e da Internet das Coisas em banda larga e banda estreita.). Até final de 2025 deverão ser lançados 648 satélites. Estes são satélites de primeira geração para proporcionar uma cobertura regional (a Shanghai Engineering Center for Microsatellites SECM) é responsável pelo desenvolvimento de 324 satélites. No período 2026-2027 serão lançados 648 satélites para fornecer uma cobertura global.



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