O satélite Plank, que mapeou a radiação relíquia do Big Bang – radiação cósmica de fundo, ou CMB na sigla inglesa – com detalhes sem precedentes, terminou a sua missão quarta-feira, 23 de Outubro.
Antes de o “desligarem” definitivamente os controladores da missão Planck dispararam dias antes, a 19 de Outubro, os propulsores do satélite para esvaziarem os seus reservatórios de combustível. Este foi um dos passos finais para garantir que o Planck terminava a sua missão de enorme sucesso de forma completamente segura.
Um dos dois instrumentos do Planck, o instrumento de alta frequência HFI, esgotou a sua reserva de hélio líquido em Janeiro de 2012. Nessa altura o Planck já tinha completado cinco observações completas do céu usando tanto o HFI como o par deste detector, o instrumento de baixa frequência LFI.
Desde Janeiro de 2012, a missão realizou mais três observações com o LFI, permitindo aos cientistas refinar os seus dados sobre a CMB. Todas as tarefas científicas chegaram, finalmente, ao fim a 3 de Outubro.
“Nas últimas semanas, temos estado a trabalhar para preparar o Planck para a sua eliminação permanente de forma segura”, diz Steve Foley, gestor do programa de Operações com Veículos Espaciais da ESA, no Centro Europeu de Operações Espaciais, em Darmstadt, Alemanha.
“Isso inclui a ‘passivação’ da nave e colocá-la numa trajectória que a irá manter numa órbita de estacionamento em torno do Sol, muito longe do sistema Terra-Lua, durante centenas de anos.”
Este procedimento é muito semelhante ao que foi usado para o Herschel, a missão “irmã” do Planck, que foi desactivada em Junho.
“Estas são as duas primeiras missões em que a ESA voou no cientificamente valioso ponto de Lagrange L2, por isso é importante estabelecer um bom precedente sobre a forma como terminamos estas missões”, diz Andreas Rudolph, responsável pelas operações de missão astronomia no ESOC.
A 9 de Outubro, os controladores “ordenaram” ao Planck que realizasse um longa manobra de dois dias para se afastar do ponto de Lagrange Terra-Sol e começar uma lenta deriva da sua distância da Terra.
A 21 de Outubro, os propulsores foram novamente ligados para queimar o combustível que ainda restava, um passo importante para tornar a nave espacial inerte como é exigido pelos protocolos de mitigação de detritos espaciais da ESA.
“Programámos o software de bordo para que o Planck não tente reactivar automaticamente os transmissores, desligámos as baterias e desactivámos os mecanismos de protecção a bordo”, disse Steve.
“O passo final foi o simples ato de desligar os transmissores. O Planck foi silenciado e nunca mais iremos receber um sinal dele. Isto é importante porque não podemos causar interferência de rádio para qualquer missão no futuro.”
Este último passo aconteceu quarta-feira, 23 de Outubro, durante uma pequena cerimónia, na qual Jan Tauber, cientista do projecto da ESA que dedicou mais de uma década e meia à missão Planck, enviou o comando final.
“No ESOC, o nosso objectivo é manter as missões vivas e produtivas, por isso o envio de um comando de encerramento é muito difícil”, diz Paolo Ferri, chefe de operações da missão.
“O fim desta notável missão científica já estava previsto terminar quando a reserva de hélio líquido se esgotasse, mas pareceu-nos apropriado que fosse um colega da equipa científica a enviar o comando final, que de uma vez por todas silenciou a nave espacial Planck.”
Notícia e imagem: ESA