As Forças Militares Russas levaram a cabo o lançamento de um novo satélite cuja função é detectar o lançamento de mísseis balísticos intercontinentais.
O lançamento do terceiro satélite EKS, por vezes designado como ‘Tundra’, teve lugar às 0746UTC do dia 26 de Setembro de 2019 e foi levado a cabo por um foguetão 14A14-1B Soyuz-2-1B/Fregat-M (78072176/?????) a partir do Complexo de Lançamento LC43/4 do Cosmódromo GIK-1 Plesetsk, Arkhangelsk. O satélite recebeu a designação Cosmos 2541.
As órbitas Tundra
As órbitas Tundra são um tipo de órbita altamente elípticas nas quais um satélite passa a maior parte do seu tempo próximo do apogeu, permitindo assim uma observação mais prolongada de um determinado ponto da superfície terrestre. Semelhantes às Órbitas Molniya, diferem destes por terem um período orbital de 24 horas. As órbitas Tundra utilizam uma inclinação de 63,4º para cobrir latitudes no Hemisfério Sul ou 270º para cobrir latitudes no Hemisfério Norte.
Os satélites EKS
Os satélites 14F142 EKS (Edinaya Kosmicheskaya Sistema), EKC (Единая космическая система), ou Sistema Espacial Unificado, irão substituir os satélites US-K e US-KMO que pertencem ao sistema Oko-1.
Complementando os radares existentes no solo, os satélites detectam a fase propulsiva dos mísseis balísticos intercontinentais através da sua assinatura infravermelha. A informação é então enviada aos sistemas de defesa que terão como objectivo anular a ameaça através do envio de vectores anti-míssil. Aparentemente, os satélites Tundra terão a capacidade não só de detectar o lançamento de um míssil balístico intercontinental, mas também de determinar a sua trajectória até ao local de impacto.
O sistema deverá ser composto por oito satélites colocados em órbitas ligeiramente distintas. A rede deverá estar completa em 2018 com o lançamento de dez unidades que deverão incluir os satélites suplentes.
A informação disponível sobre estes satélites é escassa, mas parece que o sistema EKS foi desenvolvido pela Corporação Energia em 1999/2000 juntamente com uma outra proposta proveniente da NPO Lavochkhin, a fabricante dos satélites Oko. O contrato para o desenvolvimento do EKS foi atribuído em 2007 e o primeiro lançamento estava então previsto para 2009. Porém, o desenvolvimento do sistema seria adiado para princípios de 2012, devido a atrasos por parte da Corporação Energia, o que levou o Ministério da Defesa da Rússia a processar a corporação referindo a ilegalidade do prolongamento do contrato. A Corporação Energia referiu que tal não era verdade e que o adiamento no desenvolvimento do sistema se devera ao atraso por parte de empresa subcontratadas.
O primeiro satélite EKS foi colocado em órbita às 0633:41,171UTC do dia 17 de Novembro de 2015 pelo foguetão 14A14-1B Soyuz-2-1B/Fregat-M (76012227/1033) a partir do Complexo de Lançamento LC-43/4 do Cosmódromo GIK-1 Plesetsk, tendo recebido a designação Cosmos 2510, enquanto que o segundo EKS foi colocado em órbita às 06:33:56,331UTC do dia 25 de Maio de 2017 pelo foguetão 14A14-1B Soyuz-2.1B/Fregat-M (78072183/111-301).
O sistema EKS vem substituir os satélites US-K e US-KMO pertencentes ao sistema Oko. Os satélites US-K eram colocados em órbitas Molniya, enquanto que os satélites US-KMO eram colocados em órbitas geossíncronas. O primeiro satélite US-K (Upravlyaemy Sputnik Kontinentalny, УС-К ‘Управляемый Спутник Континентальный’) foi o Cosmos 520 (06192 1972-72A) lançado às 1919:03UTC do dia 19 de Setembro de 1972 por um foguetão 8K78M Molniya-M/2BL (S15000-100/???) a partir do Complexo de Lançamento LC41/1 do Cosmódromo NIIP-53 Plesetsk. Os satélites US-K estavam equipados com telescópios ópticos e sensores infravermelhos. Por seu lado, os satélites US-KMO (УС-КМО) estavam equipados com telescópios infravermelhos. O primeiro satélite deste tipo, o Cosmos 2133 (21111 1991-010A), foi lançado às 0831:56UTC do dia 14 de Fevereiro de 1991 pelo foguetão 8K82K Proton-K/DM-2 (34402/38L) a partir da Plataforma de Lançamento PU-39 do Complexo de Lançamento LC200 do Cosmódromo GIK-5 Baikonur.
Lançamento do segundo satélite EKS
A primeira fase do lançamento do terceiro satélite EKS seguiu os procedimentos usuais para o lançamento de um foguetão 14A14-1B Soyuz-2-1B, colocando o estágio Fregat-M com o satélite EKS n.º 3 numa órbita sub-orbital a partir da qual irá realizar a sua primeira queima. A missão assistiu a três queimas do Fregat-M com o objectivo de colocar o conjunto numa órbita de parqueamento inicial, seguindo-se a elevação do apogeu com a realização de uma queima no perigeu da órbita de parqueamento e de seguida uma terceira queima de novo para elevar o apogeu, estabelecendo assim a órbita operacional final. A separação do EKS n.º 3 ocorre após a realização da terceira queima do Fregat-M.
O foguetão 14A14 Soyuz-2
O foguetão 14A14 Soyuz-2 (14A14-1A Союз-2.1А) representa a mais recente evolução do épico míssil balístico intercontinental R-7 desenvolvido por Sergei Korolev nos anos 50 do século passado. O novo lançador apresenta motores melhorados, modernos sistemas aviónicos digitais e uma reduzida participação de componentes de fabrico não russo.
O lançador é também conhecido pela designação Soyuz-ST (quando lançado desde o CSG Kourou) e foi especialmente desenhado para uma utilização comercial aumentando a sua performance geral apesar de o desenho básico do veículo permanecer o mesmo. As alterações foram realizadas ao nível de uma melhoria da performance dos motores do primeiro e do segundo estágio com novos injectores e alteração da mistura dos propolentes; aumento na performance do terceiro estágio; introdução de um novo sistema de controlo permitindo uma alteração do plano orbital já durante o voo ; introdução de um novo sistema de telemetria digital para a monitorização do lançador e a introdução de uma nova ogiva de protecção de carga com um diâmetro de 3,6 metros.
O foguetão 14A14 Soyuz-2 pode ser equipado com um quarto estágio, nomeadamente o estágio Fregat, utilizando as carenagens de protecção do tipo ST e SF.
Este lançador é capaz de colocar uma carga de 7.800 kg numa órbita terrestre a 240 km de altitude com uma inclinação de 51,80º. No lançamento desenvolve uma força de 4.144.700 kN. A sua massa total é de 310.000 kg, o seu diâmetro no estágio principal é de 2,95 metros e o seu comprimento total é de 43,40 metros.
O primeiro estágio do 14A14 Soyuz-2 é composto pelos quatro propulsores laterais (Blok B, V, G e D) com uma massa bruta de 44.400 kg, tendo uma massa de 3.810 kg sem combustível. Cada propulsor tem um motor RD-107A (14D22) que desenvolve uma força de 1.021.097 kN (vácuo), com um Ies 310 s e um Tq de 120 s. Têm um comprimento de 19,60 metros, um diâmetro de 2,69 metros e consomem LOX e querosene.
O segundo estágio (Blok-A) tem um comprimento de 27,80 metros, um diâmetro de 2,95 metros, um peso bruto de 105400 kg e um peso sem combustível de 6.975 kg. Está equipado com um motor RD-108A que no lançamento desenvolve 999.601 kgf (vácuo), com um Ies de 311 s e um Tq de 286 s. Consome LOX e querosene.
O terceiro estágio (Blok-I) tem um comprimento de 6,74 metros, um diâmetro de 2,66 metros, um peso bruto de 25.200 kg e um peso sem combustível de 2.355 kg. Está equipado com um motor RD-0110 que no lançamento desenvolve 294.000 kgf (vácuo), com um Ies de 359 s e um Tq de 300 s. Consome LOX e querosene.
As modificações introduzidas no novo lançador foram sendo testadas em duas versões do mesmo veículo o 14A14-1A Soyuz-2-1A e o 14A14-1B Soyuz-2-1B. Este último veículo é um lançador a três estágios no qual o motor RD-0124 é já empregado no último estágio.
Com dimensões semelhantes ao motor RD-0110 utilizado nas versões anteriores dos lançadores Soyuz, o motor RD-0124 apresenta como principal diferença a introdução de um sistema de ciclo fechado no qual o gás do oxidante que é utilizado para propulsionar as bombas do motor é então direccionado para a câmara de combustão onde é queimado com restante propolente em vez de ser descartado. Esta melhoria no motor aumenta a performance do sistema e, como consequência, aumenta a capacidade de carga do lançador em 950 kg. Um propolente especial de ignição é utilizado para activar a combustão do motor e são utilizados dispositivos pirotécnicos para controlar o funcionamento do motor. Cada uma das quatro câmaras de combustão pode ser movimentada ao longo de eixos para manobrar o veículo.
Em 1996 tiveram início os testes do motor RD-0124 e foram finalizados em Fevereiro de 2004 nas instalações da Khimavtomatika em Voronezh. Nesta altura previa-se que a produção em série do novo motor teria início em 2005. A 27 de Dezembro de 2005 teve lugar outro teste do motor, abrindo caminho para os ensaios em grupo de todo o terceiro estágio do lançador 14A14-B Soyuz-2-1B nas instalações da NIIKhimMash em Sergiev Posad.
No início de 2005 a Arianespace anunciava que a primeira missão de teste do foguetão 14A14-1B Soyuz-2-1B teria lugar desde o Cosmódromo GIK-5 Baikonur para colocar em órbita o satélite astronómico CoRoT. Este lançamento dependeria dos resultados de novos ensaios do motor RD-0124 que tiveram lugar em Março e Abril de 2006. Um último teste teve lugar a 20 de Outubro de 2006 e o satélite CoRoT acabaria por ser lançado a 21 de Dezembro desse ano.
Dados estatísticos e próximos lançamentos
– Lançamento orbital: 5875
– Lançamento orbital Rússia: 3250 (55,32%)
– Lançamento orbital desde GIK-1 Plesetsk: 1629 (27,73% – 50,12%)
Os quadro seguinte mostra os lançamentos previstos e realizados em 2019 por polígono de lançamento.
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
5876 – 10 Out (0130:00) – L-1011 “Stargazer”/Pegasus-XL – Cabo Canaveral AFS, RW13/31 – ICON
5877 – 10 Out (????:??) – 8K82KM Proton-M/Briz-M (93704/99573) – Baikonur, LC200 PU-39 – Eutelsat-5 West B, MEV-1
5878 – 17 Out (????:??) – Falcon-9 – Cabo Canaveral AFS, SLC-40 – Starlink v1.0 (x60) Voo-1
5879 – 21 Out (1839:00) – Antares-230+ – MARS Wallops Island, LP-0A – Cygnus NG-12 (CRS-12), HuskySat, SwampSat-II, SORTIE (Helio-5), CAPSat, CryoCube-1 (CC-1), CySat-1, HARP, NEUTRON-1, Phoenix, RadSat-u, SOCRATES, SPOC, MVP-Argus (SLU 06), TJREVERB , AztechSat-1
5880 – 28 Out (????:??) – Atlas-V/N22 (AV-080) – Cabo Canaveral AFS, SLC-41 – Starliner F1 (CST-100 F1, Boe-OFT)