Desbravando caminho pelos ventos fortes, as tempestades de pó e o terreno acidentado, o rover de teste da ESA completou a sua exploração, à superfície e no subsolo, no Deserto do Atacama, Chile, uma paisagem muito semelhante ao planeta Marte.
A experiência de cinco dias, com recolha de amostras no campo, ou SAFER, terminou no sábado 12 de Outubro.
Uma versão inicial do rover da ESA 2018ExoMars, equipado com os protótipos dos instrumentos da ExoMars, foi comandado por controle remoto, a partir do centro de controlo nas instalações em Harwell, Reino Unido, Satellite Applications Catapult.
Os controladores sentarem-se em frente a uma grande parede de vídeo, combinando dados dos instrumentos do rover com os seus próprios mapas 3D.
Ao longo da simulação dos seis dias marcianos, reviram dados do rover para seleccionar novo salvos ou trajectórias para investigações subsequentes.
«O objectivo do SAFER é ganhar experiência nos testes de campo dos rovers, daí que a equipa de controlo remoto tenha trabalhado de forma tão realista quanto possível,» explica Michel van Winnendael, que supervisiona o teste para a ESA.
«Foi preciso definir bons pontos de observação para os instrumentos e uma rota segura. Montado o plano, este foi enviado para a equipa em campo que depois o enviou para o rover, mantendo-se o mais ‘invisível’ possível para os operadores remotos.»
Isto implicou varrer marcas de pneus de camião e até as suas próprias pegadas, de forma a que o centro de controle remoto não tivesse qualquer pista relativa à posição.
O rover ExoMars foi usado como ‘missão de referência’ no ensaio, para maximizar o nível de realismo.
Tal como o verdadeiro rover fará em Marte, o rover de teste– fornecido pela Astrium em Stevenage, Reino Unido apelidado de ‘Bridget’ – levava uma câmara panorâmica, equipamento semelhante a uma lente geológica e um radar de penetração para identificar locais importantes para escavação.
A única coisa que o rover não tinha era uma perfuradora, daí que sempre que o centro de controlo ordenava uma escavação a equipa no local entrava em campo e escavava manualmente. Isto permitiu ter amostras para testar a análise do radar.
«Na nossa segunda simulação a equipa de campo descobriu uma camada de rocha que começava a uma profundidade de 60 cm,» sublinha Sev Gunes-Lasnet, director de projecto para a RAL Space. «Isto está muito próximo do tipo de características que a equipa procurava: análogos dos locais em Marte que possam guardar rastos de vida presente e passada.»
Um elemento importante no campo de teste foi a sua imprevisibilidade: fortes ventos do deserto e um encontro imediato com o pó obrigou a equipa a esconder-se atrás de um amontoado de carros, apesar de o rover não ter tido qualquer problema.
Notícia e imagem: ESA