RocketLab lança QPS-SAR 15

A empresa Rocket Lab USA Inc. colocou em órbita um novo satélite para a observação da Terra a 21 de Dezembro de 2025. O satélite será operado pela empresa japonesa Institute for Q-shu Pioneers of Space, Inc. (iQPS).

O lançamento do satélite QPS-SAR 15 (também designado “Sukunami-1”) teve lugar às 0636UTC e foi realizado pelo foguetão Electron/Curie (F78) a partir da Plataforma de Lançamento LC-1B do Centro de Lançamentos de Máhia, Onenui, Nova Zelândia. Esta foi a missão “The Wisdom God Guides” cujo objectivo foi colocar a sua carga numa órbita a uma altitude de 575 km com uma inclinação de 42.º.

Após a separação do segundo estágio, o satélite ficou colocado numa órbita com um perigeu a 483 km, apogeu a 569 km e inclinação orbital de 42,0.º.

O satélite QPS-SAR 15 faz parte de uma série de pequenos satélites de observação terrestre de alta resolução utilizando tecnologia SAR na banda X que são desenvolvidos e operados pelo Institute for Q-shu Pioneers of Space, Inc. (iQPS).

Estes satélites irão constituir uma constelação de 36 unidades e estão equipados com uma antena de 3,6 metros de diâmetro e uma massa de apenas 10 kg. Os satélites podem distinguir objectos de apenas 1 metro e identificar automóveis na estrada. Os satélites QPS-SAR têm uma massa de cerca de 100 kg e estão equipados com duas asas solares para o fornecimento de energia armazenada em baterias internas.

Os satélites em órbita irão permitir o fornecimento de um “Serviço de Provisionamento de Dados Quase em Tempo Real”, permitindo a observação de regiões específicas em todo o mundo num intervalo médio de 10 minutos. Isto permitirá recolher imagens contínuas como dados e acumular dados não só sobre “Objetos Estacionários”, como terrenos e edifícios, mas também sobre “Objetos em Movimento”, como veículos, navios e gado.

Os dados recolhidos pela constelação QPS-SAR têm o potencial de revolucionar indústrias e remodelar o futuro. Ao aproveitar as informações de dados de objetos em movimento, o iQPS pode desbloquear novo valor económico, melhorar a segurança urbana e fornecer análises preditivas para a agricultura, economias nacionais e mercados regionais quando integrado com dados climáticos, de mercado e económicos. As possibilidades são ilimitadas. Os satélites QPS-SAR permitem também uma rápida sensibilização situacional em caso de emergência. Com vários satélites em órbita, capazes de penetrar nuvens e plumas, proporciona uma monitorização 24 horas, 7 dias por semana, garantindo uma avaliação rápida e um planeamento eficaz das contramedidas, independentemente das condições meteorológicas.

O primeiro satélite, o QPS-SAR 1 “Izanagi” foi colocado em órbita a 11 de Dezembro de 2019 por um foguetão PSLV-QL a partir do Centro Espacial Satish Dawan SHAR, Ilha de Sriharikota.

O foguetão Electron

O Electron é um lançador a três estágios com um comprimento de 18 metros e um diâmetro de 1,2 metros. Tem uma massa de 13.000 kg no lançamento e é capaz de colocar em órbita terrestre baixa uma carga de 225 kg, sendo a sua carga nominal de 200 kg (a 500 km de altitude). Devido ao seu desenho e fabrico (fibra de carbono compósito e estrutura monocoque), o Electron é elaborado com altos níveis de automatização.

O lançador tira partido de materiais compósitos na sua fuselagem, tendo uma estrutura forte e super leve. Da mesma forma, os tanques de propelente são fabricados em materiais compósitos.

O primeiro estágio está equipado com nove motores Rutherford com uma capacidade de 162 kN, com um impulso específico de 311 s. O motor Rutherford consome querosene e oxigénio líquido, utilizando componentes impressos em 3D.

O motor Rutherford é um motor topo de gama que se alimenta de querosene e oxigénio líquido, sendo especificamente projectado para o foguetão Electron utilizando um ciclo de propulsão inteiramente novo. Uma característica única deste motor são as turbinas eléctricas de alto desempenho que reduzem a sua massa, substituindo assim ‘hardware’ por ‘software’. O motor Rutherford é o primeiro motor do seu tipo que utiliza impressão 3D nos seus componentes principais. Estas características são únicas no mundo para um motor de propelentes líquidos de alto desempenho alimentados por turbobombas eléctricas. O seu desenho orientado para a produção permitem que o Electron seja construído e os satélites lançados com uma frequência sem precedentes.

O segundo estágio do lançador é propulsionado por um motor derivado do motor Rutherford melhorado para um excelente desempenho em condições de vácuo. Consegue desenvolver 22 kN de força e um impulso específico de 343 s.

A sua carenagem tem um comprimento de 2,5 metros com um sistema de separação pneumático e por molas.

A tabela seguinte mostra os últimos dez lançamentos realizados por foguetões Electron (incluí lançamentos suborbitais).

Lançamento Veículo Lançador Local Lançamento

Missão

Data de Lançamento Hora

(UTC)

Carga
2025-185 F70 Onenui (Máhia), LC-1A

“Live, Laugh, Launch”

23/Ago/25 22:42 Calistus-A “Dresden”

Calistus-B “Fourier”

Calistus-C “Stark”

Calistus-D “Basil”

Calistus-E “Dojo”

F71 MARS Wallops Isl, LA-0C (LC-2) 23/Set/25 00:00 JENNA
F72 MARS Wallops Isl, LA-0C (LC-2) 01/Out/25 00:28:00 Justin
2025-229 F73 Onenui (Máhia), LC-1A

“Owl New World”

14/Out/25 16:33 StriX-5
2025-252 F74 Onenui (Máhia), LC-1B

“The Nation God Navigates”

05/Nov/25 19:45 QPS-SAR 14
F75 MARS Wallops Isl, LA-0C (LC-2)

“Prometheus Run”

18/Nov/25 13:00 VAN
2025-267 F76 Onenui (Máhia), LC-1A

“Follow My Speed”

20/Nov/25 12:43 BlackSky Global 33
2025-297 F77 Onenui (Máhia), LC-1B

“RAISE and Shine”

14/Dez/25 03:09 RAISE-4
2025-305 F78 MARS Wallops Isl, LA-0C (LC-2)

“Don’t Be Such a Square”

18/Dez/25 05:03:00 STP-30
2025-307 F79 Onenui (Máhia), LC-1B

“The Wisdom God Guides”

22/Dez/25 06:36 QPS-SAR 15

O Complexo de Lançamento LC-1 localizado na Península de Máhia, entre Napier e Gisborne, na costa Este de Ilha do Norte da Nova Zelândia. Este é o primeiro complexo orbital na Nova Zelândia e o primeiro complexo, a nível mundial, operado de forma privada.

Equipado com duas plataformas de lançamento, a localização remota do LC-1, e de forma particular o seu baixo volume de tráfego marítimo e aéreo, é um factor-chave que permite um acesso sem precedentes ao espaço. A posição geográfica deste local permite que seja possível a uma grande gama de azimutes de lançamento – os satélites lançados desde Máhia podem ser colocados em órbitas com uma grande variedade de inclinações para assim proporcionar serviços em muitas áreas em torno do globo.

Imagens: RocketLab



Comente este post