
A Rocket Lab USA Inc. realizou o seu 20.º lançamento em 2025 ao colocar em órbita quatro satélites da missão STP-30 do Comando de Sistemas Espaciais das Forças Espaciais dos Estados Unidos (USSF).
O lançamento teve lugar às 0503:00UTC do dia 18 de Dezembro de 2025 e foi realizado pelo foguetão Electron/Curie (F78) a partir do Complexo de Lançamento LA-0C (LC-2) do MARS Wallops Island, Virgínia. Esta foi a missão “Don’t Be Such A Square” que estava originalmente prevista para Dezembro de 2026.
Os satélites da missão STP-30
A missão STP-30 foi composta por quatro satélites DiskSat, desenvolvidos pela The Aerospace Corporation, e pretende demonstrar um modelo de satélite em forma de disco (factor de forma) como suibstituição dos Cubesat.
O conceito “DiskSat” é uma arquitectura de modelo de satélite quase-bi-dimensional projectada para aplicações que requerem alta energia, grandes aberturas, e / ou alta manobrabilidade num satélite de baixa massa. Uma estrutura representativa do DiskSat é um painel plano compósito, com 1 metro de diâmetro e uma espessura de 2,5 cm. O volume é de cerca de 20 litros, equivalente a um hipotético CubeSat-20U, enquanto a massa estrutural é
inferior a 3 kg. A área da superfície é suficientemente grande para albergar 200 W de células solares sem a necessidades de painéis solares amovíveis. Para o lançamento, múltiplos DiskSats estão armazenados num contentor / sistema de transporte utilizando uma interface mecânica simples e são separados de forma individual em órbita.
Na missão de demonstração STP-30, os DiskSats são lançados e libertados a partir de um dispensador que proporciona um ambiente de partilha de lançamento em contentores; o dispensador envolve completamente os DiskSats durante o lançamento e depois abre-se para libertar os satélites um de cada vez, uma vez em órbita. O dispensador tem um design modular e pode ser expandido da capacidade de quatro DiskSats para este voo até 20 DiskSats em voos futuros. Permanece acoplado ao estágio superior.


Nesta missão foram lançados os satélites DISKSat-1 a DISKSat-4, colocados numa órbita a uma altitude média de 55o km.
Lançamento
Com o encerramento das vias de acesso ao local de lançamento a ocorrer a T-6h, o foguetão Electron era colocado na sua posição vertical a T-4h e iniciava-se o processo de abastecimento de querosene. O pessoal de apoio na plataforma de lançamento deixava a área a T-2h 30m e o abastecimento de oxigénio líquido (LOX) iniciava-se a T-2h.
As autoridades de aviação locais eram informadas sobre o lançamento a T-30m para assim poderem avisar os aviadores naquele espaço aéreo. Os preparativos finais para o lançamento iniciam-se a T-18m. A sequência automática de lançamento inicia-se a T-2m, com o computador de bordo do Electron a tomar conta das operações. A ignição dos motores do lançador inicia-se a T-2s.
| Tempo (h:m:s) | Evento |
| -00:00:02 | Ignição dos motores Rotherford do 1.º estágio |
| 00:00:00 | O lançador abandona a plataforma de lançamento |
| 00:01:11 | Mach 1,0 |
| 00:01:14 | MaxQ |
| 00:02:40 | Fim da queima do 1.º estágio (MECO) |
| 00:02:44 | Separação entre o 1.º e o 2.º estágio |
| 00:02:47 | Ignição do motor Rotherford do 2.º estágio |
| 00:03:41 | Separação da carenagem de protecção |
| 00:06:40 | Troca de baterias |
| 00:09:19 | Fim da queima do 2.º estágio (SECO) |
| 00:09:23 | Separação entre o 2.º estágio e o estágio Curie |
| 00:53:44 | Início da ignição do estágio Curie |
| 00:55:30 | Fim da ignição do estágio Curie |
| 00:55:30 | Separação da carga STP-30 |

O foguetão Electron
O Electron é um lançador a três estágios com um comprimento de 18 metros e um diâmetro de 1,2 metros. Tem uma massa de 13.000 kg no lançamento e é capaz de colocar em órbita terrestre baixa uma carga de 225 kg, sendo a sua carga nominal de 200 kg (a 500 km de altitude). Devido ao seu desenho e fabrico (fibra de carbono compósito e estrutura monocoque), o Electron é elaborado com altos níveis de automatização.
O lançador tira partido de materiais compósitos na sua fuselagem, tendo uma estrutura forte e super leve. Da mesma forma, os tanques de propelente são fabricados em materiais compósitos.
O primeiro estágio está equipado com nove motores Rutherford com uma capacidade de 162 kN, com um impulso específico de 311 s. O motor Rutherford consome querosene e oxigénio líquido, utilizando componentes impressos em 3D.
O motor Rutherford é um motor topo de gama que se alimenta de querosene e oxigénio líquido, sendo especificamente projectado para o foguetão Electron utilizando um ciclo de propulsão inteiramente novo. Uma característica única deste motor são as turbinas eléctricas de alto desempenho que reduzem a sua massa, substituindo assim ‘hardware’ por ‘software’. O motor Rutherford é o primeiro motor do seu tipo que utiliza impressão 3D nos seus componentes principais. Estas características são únicas no mundo para um motor de propelentes líquidos de alto desempenho alimentados por turbobombas eléctricas. O seu desenho orientado para a produção permitem que o Electron seja construído e os satélites lançados com uma frequência sem precedentes.
O segundo estágio do lançador é propulsionado por um motor derivado do motor Rutherford melhorado para um excelente desempenho em condições de vácuo. Consegue desenvolver 22 kN de força e um impulso específico de 343 s.
A sua carenagem tem um comprimento de 2,5 metros com um sistema de separação pneumático e por molas.
A tabela seguinte mostra os últimos dez lançamentos realizados por foguetões Electron (incluí lançamentos suborbitais).
| Lançamento | Veículo Lançador | Local Lançamento
Missão |
Data de Lançamento | Hora
(UTC) |
Carga |
| 2025-169 | F69 | Onenui (Máhia), LC-1B
“The Harvest Goddess Thrives” |
06/Ago/25 | 04:10 | QPS-SAR 12 |
| 2025-185 | F70 | Onenui (Máhia), LC-1A
“Live, Laugh, Launch” |
23/Ago/25 | 22:42 | Calistus-A “Dresden”
Calistus-B “Fourier” Calistus-C “Stark” Calistus-D “Basil” Calistus-E “Dojo” |
| – | F71 | MARS Wallops Isl, LA-0C (LC-2) | 23/Set/25 | 00:00 | JENNA |
| – | F72 | MARS Wallops Isl, LA-0C (LC-2) | 01/Out/25 | 00:28:00 | Justin |
| 2025-229 | F73 | Onenui (Máhia), LC-1A
“Owl New World” |
14/Out/25 | 16:33 | StriX-5 |
| 2025-252 | F74 | Onenui (Máhia), LC-1B
“The Nation God Navigates” |
05/Nov/25 | 19:45 | QPS-SAR 14 |
| – | F75 | MARS Wallops Isl, LA-0C (LC-2)
“Prometheus Run” |
18/Nov/25 | 13:00 | VAN |
| 2025-267 | F76 | Onenui (Máhia), LC-1A
“Follow My Speed” |
20/Nov/25 | 12:43 | BlackSky Global 33 |
| 2025-297 | F77 | Onenui (Máhia), LC-1B
“RAISE and Shine” |
14/Dez/25 | 03:09 | RAISE-4 |
| 2025-305 | F78 | MARS Wallops Isl, LA-0C (LC-2)
“Don’t Be Such a Square” |
18/Dez/25 | 05:03:00 | STP-30 |
O Complexo de Lançamento LC-1 localizado na Península de Máhia, entre Napier e Gisborne, na costa Este de Ilha do Norte da Nova Zelândia. Este é o primeiro complexo orbital na Nova Zelândia e o primeiro complexo, a nível mundial, operado de forma privada.

Equipado com duas plataformas de lançamento, a localização remota do LC-1, e de forma particular o seu baixo volume de tráfego marítimo e aéreo, é um factor-chave que permite um acesso sem precedentes ao espaço. A posição geográfica deste local permite que seja possível a uma grande gama de azimutes de lançamento – os satélites lançados desde Máhia podem ser colocados em órbitas com uma grande variedade de inclinações para assim proporcionar serviços em muitas áreas em torno do globo.
Imagens: RocketLab