RocketLab lança dois satélites BlackSky

A RocketLab realizou o seu primeiro lançamento orbital a partir de Onenui, Nova Zelândia, de 2023 ao colocar numa órbita a 450 km de altitude dois satélites para a BlackSky Global.

O lançamento teve lugar às 0914UTC do dia 24 de Março e foi levado a cabo desde o Complexo de Lançamento LC-1, plataforma B do Centro de Lançamentos de Máhia, em Onenui. Os dois satélites foram colocados em órbita pelo foguetão Electron/Curie (F35) e esta foi a missão “The Beat Goes On”, que nasceu do acordo assinado pela RocketLab com a Spaceflight Inc. para o lançamento dos satélites BlackSky, incluindo integração dos satélites e gerir toda a missão.

Para além da colocação em órbita dos dois satélites, a RocketLab testou a recolha marítima do primeiro estágio do foguetão lançador. Logo após a separação do segundo estágio, o primeiro estágio iniciou o seu regresso à Terra suspenso num pára-quedas, realizando uma amaragem suave no Oceano Pacífico, onde foi recolhido por uma embarcação. Recuperado, o estágio é transportado para as instalações da RocketLab em Auckland, onde será analisado para melhorar o desempenho de futuras missões.

Anteriormente, a RocketLab planeava proceder à recuperação aérea do primeiro estágio utilizando um helicóptero. Apesar de duas tentativas, estas nunca foram totalmente bem sucedidas, levando à amaragem do primeiro estágio. Assim, a empresa decidiu melhorar o isolamento do primeiro estágio, protegendo-o nas amaragens e permitindo a sua recuperação.

A missão colocou em órbita os satélites BlackSky-18 (possivelmente também designado BlackSky Global-20 Gen-2) e BlackSky-19 (possivelmente também BlackSky Global-21 Gen-2) como parte do acordo de lançamentos rápidos, sendo este o sexto e último lançamento do contrato assinado em 2021 para o lançamento de 11 satélites. A BlackSky é uma subsidiária da gestora de fornecimento de serviços de lançamento Spaceflight Industries Inc.

Os satélites da BlackSky Global

A constelação de satélites BlackSky é um conjunto de microssatelites da BlackSky para observação terrestre, com uma resolução de 1 metro.

Estes satélites possuem um sistema de imagens SpaceView-24 construído pela Exelis da Harris Corp com uma abertura de 24 cm. Conseguem imagens do solo com uma resolução de 0,9 a 1,1 a uma altitude orbital de 500 km. São munidos de uma propulsão a bordo para 3 anos. Os satélites são construídos pela Spaceflight Services e são baseados no modelo SCOUT.

Os satélites operacionais Block 2 são caracterizados pelas suas melhorias em relação aos pioneiros Block 1. Têm painéis solares maiores e podem produzir imagens em quatro bandas e em modo pancromático. Cada um pode produzir 1000 imagens por dia, quer em modo de fotografia, quer em modo de vídeo.

Lançamento

Com o encerramento das vias de acesso ao local de lançamento a ocorrer a T-6h, o foguetão Electron era colocado na sua posição vertical a T-4h e iniciava-se o processo de abastecimento de querosene. O pessoal de apoio na plataforma de lançamento deixava a área a T-2h 30m e o abastecimento de oxigénio líquido (LOX) iniciava-se a T-2h.

As autoridades de aviação locais eram informadas sobre o lançamento a T-30m para assim poderem avisar os aviadores naquele espaço aéreo. Os preparativos finais para o lançamento iniciam-se a T-18m. A sequência automática de lançamento inicia-se a T-2m, com o computador de bordo do Electron a tomar conta das operações. A ignição dos motores do lançador inicia-se a T-2s.

O foguetão abandona a plataforma de lançamento a T=0s, com uma ascensão lenta nas fases iniciais e ganhando velocidade à medida que ganha altitude. O veículo atinge a velocidade do som (Mach 1) a T+1m 0s e a zona de máxima pressão dinâmica a T+1m 11s. O final da queima do primeiro estágio ocorre a T+2m 25s e a sua separação ocorre três segundos mais tarde.

A ignição do motor Rutherford do segundo estágio ocorre a T+2m 31s, seguindo-se a separação da carenagem de protecção a T+3m 9s. A T+6m 16s ocorre a troca de baterias eléctricas que dão o impulso eléctrico necessário a ignição do motor Rutherford Vacuum.

O final da queima do segundo estágio ocorre a T+9m 10s e a separação entre o segundo estágio e o estágio Curie ocorre e T+9m 14s.

Após uma fase não propulsionada de cerca de 45 minutos, o estágio Curie entra em ignição a T+53m 52s. O final da queima do estágio Curie ocorre a T+57m 28s e a separação dos satélites ocorre por volta de T+57m 28s.

O foguetão Electron

O Electron é um lançador a três estágios com um comprimento de 18 metros e um diâmetro de 1,2 metros. Tem uma massa de 13.000 kg no lançamento e é capaz de colocar em órbita terrestre baixa uma carga de 225 kg, sendo a sua carga nominal de 200 kg (a 500 km de altitude). Devido ao seu desenho e fabrico (fibra de carbono compósito e estrutura monocoque), o Electron é elaborado com altos níveis de automatização.

O lançador tira partido de materiais compósitos na sua fuselagem, tendo uma estrutura forte e superleve. Da mesma forma, os tanques de propelente são fabricados em materiais compósitos.

O primeiro estágio está equipado com nove motores Rutherford com uma capacidade de 162 kN, com um impulso específico de 311 s. O motor Rutherford consome querosene e oxigénio líquido, utilizando componentes impressos em 3D.

O motor Rutherford é um motor topo de gama que se alimenta de querosene e oxigénio líquido, sendo especificamente projectado para o foguetão Electron utilizando um ciclo de propulsão inteiramente novo. Uma característica única deste motor são as turbinas eléctricas de alto desempenho que reduzem a sua massa, substituindo assim ‘hardware’ por ‘software’. O motor Rutherford é o primeiro motor do seu tipo que utiliza impressão 3D nos seus componentes principais. Estas características são únicas no mundo para um motor de propelentes líquidos de alto desempenho alimentados por turbobombas eléctricas. O seu desenho orientado para a produção permitem que o Electron seja construído e os satélites lançados com uma frequência sem precedentes.

O segundo estágio do lançador é propulsionado por um motor derivado do motor Rutherford melhorado para um excelente desempenho em condições de vácuo. Consegue desenvolver 22 kN de força e um impulso específico de 343 s.

A sua carenagem tem um comprimento de 2,5 metros com um sistema de separação pneumático e por molas.

Lançamento Missão Veículo Lançador Data de Lançamento Hora

(UTC)

Carga
2022-044 F26 There and Back Again 02/Mai/22 22:49:52 AuroraSat-1

Unicorn-2

TRSI-2

TRSI-3

MyRadar-1

E-Space 1

E-Space 2

E-Space 3

BRO-6

Copia

SpaceBEE (vários)

2022-070 F27 CAPSTONE 28/Jun/22 09:55:52 CAPSTONE

‘Lunar Photon’

2022-079 F28 Wise One Looks Ahead 13/Jul/22 06:30 NROL-162 (RASR-3)
2022-091 F29 Antipodean Adventure 04/Ago/22 05:00 NROL-199 (RASR-4)
2022-113 F30 The Owl Spreads Its Wings 15/Set/22 20:38 StriX-1
2022-127 F31 It Argos Up From Here 07/Out/22 17:09:21 GAzelle
2022-147 F32 Catch If You Can 04/Nov/22 17:27 MATS
2023-011 F33 Virginia is for Launch Lovers 24/Jan/23 23:00 Hawk-6A

Hawk-6B

Hawk-6C

2023-035 F34 Stronger Toghether 16/Mar/23 22:38:59 Capella-9

Capella-10

2023-041 F35 The Beat Goes On 24/Mar/23  09:14 BlackSky-18

BlackSky-19

O Complexo de Lançamento LC-1 localizado na Península de Máhia, entre Napier e Gisborne, na costa Este de Ilha do Norte da Nova Zelândia. Este é o primeiro complexo orbital na Nova Zelândia e o primeiro complexo, a nível mundial, operado de forma privada.

Equipado com duas plataformas de lançamento, a localização remota do LC-1, e de forma particular o seu baixo volume de tráfego marítimo e aéreo, é um factor-chave que permite um acesso sem precedentes ao espaço. A posição geográfica deste local permite que seja possível a uma grande gama de azimutes de lançamento – os satélites lançados desde Máhia podem ser colocados em órbitas com uma grande variedade de inclinações para assim proporcionar serviços em muitas áreas em torno do globo.