Rocket Lab lança quatro satélites desde a Nova Zelândia

A Rocket Lab USA Inc. realizou o lançamento de quatro satélites a partir da sua base de lançamentos orbitais na Nova Zelândia a 26 de Junho de 2025.

O lançamento teve lugar às 1728UTC e foi realizado pelo foguetão Electron/Curie (F67) a partir da Plataforma de Lançamento LC-1A do Centro de Lançamentos de Máhia, Onenui, Nova Zelândia. Esta foi a missão “Get The Hawk Outta Here”.

A bordo desta missão foram lançados quatro satélites, sendo três satélites da rede HawkEye (constituindo o HawkEye Cluster 12) e o satélite experimental Krestel-0A.

Os satélites Hawk-12 (Hawk-12A, Hawk-12B e Hawk-12C) fazem parte da rede de satélites da HawkEye 360 que é uma rede em desenvolvimento de inteligência global civil que usará tecnologia de radiofrequência (RF) para monitorizar o transporte aéreo, terrestre e marítimo e auxiliar em emergências, sendo essencialmente uma missão civil SIGINT (Signal Intelligence).

A constelação de pequenos satélites colocada na órbita terrestre baixa recolherá informações sobre sinais de rádio específicos em todo o mundo para fornecer um mapeamento e análise de alta frequência de rádio. Uma vez operacional, a constelação de satélites poderá permitir aplicações comerciais, como permitir que clientes governamentais e corporativos monitorizem dinamicamente as redes de transporte por via aérea, terrestre e marítima.

Para reguladores do governo, empresas de telecomunicações e emissoras de satélite, o sistema HawkEye 360 foi projectado para monitorizar o uso do espectro de RF para identificar áreas de interferência. O sistema também poderá ser usado para desempenhar um papel crucial na detecção e localização de sinalizadores de emergência activos, melhorando os tempos de resposta que são críticos em cenários de risco de vida. Os satélites Hawk foram desenvolvidos pela Deep Space Industries, com o modelo de satélite a ser desenvolvido pela SFL e a carga a ser desenvolvida pela GOMSpace.

O satélite Kestrel-0A é um satélite experimental para avaliar as capacidades emergentes e os futuros melhoramentos tecnológicos para a constelação comercial SIGINT HawkEye 360.

O Kestrel-0A irá operar como parte da Constelação HE360 e distingue-se dos satélites Hawk anteriores da constelação HE360 principalmente por possuir um formato CubeSat-8U, além de incluir um transceptor de satélite Iridium para comunicações bidirecionais de baixa taxa e em tempo real entre o satélite Kestrel-0A e a rede terrestre HE360 através da constelação Iridium. O Kestrel-0A irá operar nas mesmas frequências e envelopes de desempenho técnico da Constelação HE360, além de comunicar com as estações terrestres autorizadas do sistema.

O satélite foi desenvolvido pela UTIAS Space Flight Laboratory (SFL), no que diz respeito à sua plataforma CubeSat, e pela Hawkeye 360 (carga).

Lançamento

Esta missão teve como objectivo colocar a sua carga numa órbita a 520 km de altitude com uma inclinação de 97,45°.

Com o encerramento das vias de acesso ao local de lançamento a ocorrer a T-6h, o foguetão Electron era colocado na sua posição vertical a T-4h e iniciava-se o processo de abastecimento de querosene. O pessoal de apoio na plataforma de lançamento deixava a área a T-2h 30m e o abastecimento de oxigénio líquido (LOX) iniciava-se a T-2h.

As autoridades de aviação locais eram informadas sobre o lançamento a T-30m para assim poderem avisar os aviadores naquele espaço aéreo. Os preparativos finais para o lançamento iniciam-se a T-18m. A sequência automática de lançamento inicia-se a T-2m, com o computador de bordo do Electron a tomar conta das operações. A ignição dos motores do lançador inicia-se a T-2s.

O foguetão abandona a plataforma de lançamento a T=0s, com uma ascensão lenta nas fases iniciais e ganhando velocidade à medida que ganha altitude. Atingindo a velocidade do som a T+55s, a fase de máxima pressão dinâmica ocorre a T+1m 7s. O final da queima do primeiro estágio ocorre a T+2m 26s e a sua separação ocorre quatro segundos mais tarde. A ignição do motor Rutherford do segundo estágio ocorre a T+2m 33s e a separação da carenagem de protecção ocorre a T+3m 32s. A T+6m 24s ocorre a troca de baterias eléctricas que dão o impulso eléctrico necessário a ignição do motor Rutherford Vacuum.

O final da queima do segundo estágio ocorre a T+8m 59s e a separação entre o segundo estágio e o estágio Curie ocorre a T+9m 3s. Estando numa órbita de parqueamento, o estágio Curie irá realizar uma queima antes da separação do satélite.

A ignição do motor Curie tem lugar a T+47m 26s, terminando a T+49m 54s. A T+50m 44s, ocorre a separação sequencial dos satélites.

O foguetão Electron

O Electron é um lançador a três estágios com um comprimento de 18 metros e um diâmetro de 1,2 metros. Tem uma massa de 13.000 kg no lançamento e é capaz de colocar em órbita terrestre baixa uma carga de 225 kg, sendo a sua carga nominal de 200 kg (a 500 km de altitude). Devido ao seu desenho e fabrico (fibra de carbono compósito e estrutura monocoque), o Electron é elaborado com altos níveis de automatização.

O lançador tira partido de materiais compósitos na sua fuselagem, tendo uma estrutura forte e super leve. Da mesma forma, os tanques de propelente são fabricados em materiais compósitos.

O primeiro estágio está equipado com nove motores Rutherford com uma capacidade de 162 kN, com um impulso específico de 311 s. O motor Rutherford consome querosene e oxigénio líquido, utilizando componentes impressos em 3D.

O motor Rutherford é um motor topo de gama que se alimenta de querosene e oxigénio líquido, sendo especificamente projectado para o foguetão Electron utilizando um ciclo de propulsão inteiramente novo. Uma característica única deste motor são as turbinas eléctricas de alto desempenho que reduzem a sua massa, substituindo assim ‘hardware’ por ‘software’. O motor Rutherford é o primeiro motor do seu tipo que utiliza impressão 3D nos seus componentes principais. Estas características são únicas no mundo para um motor de propelentes líquidos de alto desempenho alimentados por turbobombas eléctricas. O seu desenho orientado para a produção permitem que o Electron seja construído e os satélites lançados com uma frequência sem precedentes.

O segundo estágio do lançador é propulsionado por um motor derivado do motor Rutherford melhorado para um excelente desempenho em condições de vácuo. Consegue desenvolver 22 kN de força e um impulso específico de 343 s.

A sua carenagem tem um comprimento de 2,5 metros com um sistema de separação pneumático e por molas.

A tabela seguinte mostra os últimos dez lançamentos realizados por foguetões Electron (incluí lançamentos suborbitais).

Lançamento Veículo Lançador Local Lançamento

Missão

Data de Lançamento Hora

(UTC)

Carga
2024-248 F58 Onenui (Máhia), LC-1B

Owl The Way Up

21/Dez/24 14:17 StriX-2
2025-028 F59 Onenui (Máhia), LC-1A

IoT 4 You and Me

08/Fev/25 20:43 Kinéis-16

Kinéis-17

Kinéis-18

Kinéis-19

Kinéis-20

 2025-033 F60 Onenui (Máhia), LC-1B

Fasten Your Space Belts

18/Fev/25 23:17 BlackSky Global 31
2025-050 F61 Onenui (Máhia), LC-1B

The Lightning God Reigns

15/Mar/25 00:00 QPS-SAR 9
2025-056 F62 Onenui (Máhia), LC-1A

High Five

18/Mar/25 01:31 Kinéis-21

Kinéis-22

Kinéis-23

Kinéis-24

Kinéis-25

2026-061 F63 Onenui (Máhia), LC-1B

Finding Hot Wildfires Near You

26/Mar/25 15:30 OroraTech OTC-P1 1

a

OroraTech OTC-P1 8

2025-104 F64 Onenui (Máhia), LC-1A

The Sea God Sees

17/Mar/25 08:17 QPS-SAR 10
2025-118 F65 Onenui (Máhia), LC-1B

Full Stream Ahed

02/Jun/25 23:57 BlackSky Global 32
2025-125 F66 Onenui (Máhia), LC-1A

The Mountain God Guards

11/Jun/25 15:31 QPS-SAR 11
2025-138 F67 Onenui (Máhia), LC-1A

Get The Hawk Outta Here

26/Jun/25 17:28 Hawk-12A

Hawk-12B

Hawk-12C

Kestrel-0A

O Complexo de Lançamento LC-1 localizado na Península de Máhia, entre Napier e Gisborne, na costa Este de Ilha do Norte da Nova Zelândia. Este é o primeiro complexo orbital na Nova Zelândia e o primeiro complexo, a nível mundial, operado de forma privada.

Equipado com duas plataformas de lançamento, a localização remota do LC-1, e de forma particular o seu baixo volume de tráfego marítimo e aéreo, é um factor-chave que permite um acesso sem precedentes ao espaço. A posição geográfica deste local permite que seja possível a uma grande gama de azimutes de lançamento – os satélites lançados desde Máhia podem ser colocados em órbitas com uma grande variedade de inclinações para assim proporcionar serviços em muitas áreas em torno do globo.

Imagens: RocketLab



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