Os astronautas da NASA, Barry Wilmore e Terry Virts, estiveram no exterior da ISS a 21 de Fevereiro de 2015 para realizarem o primeiro de três passeios espaciais para iniciar o árduo processo de reconfigurar o exterior da estação espacial para a chegada dos futuros veículos comerciais tripulados. O passeio espacial de 6,5 horas iniciou-se ligeiramente mais tarde do que o previsto às 1245UTC.
Este passeio espacial – e os dois que lhe seguirão na próxima semana – surgem no longo processo de reconfigurar a ISS do seu estado actual, que foi projectado para suportar as visitas dos vaivéns espaciais, para a sua nova configuração optimizada para os futuros veículos comerciais de carga e de transporte de tripulação.
Enquanto que os actuais veículos comerciais são acoplados com a ISS utilizando um processo de ancoragem, sendo capturados pelo braço robot e posicionados por debaixo do porto de ancoragem antes de serem aparafusados, os veículos comerciais de transporte de tripulação não irão utilizar este método.
Isto porque o processo de desancoragem leva demasiado tempo a ser finalizado, dado que os cabos e condutas entre os veículos visitantes e a ISS têm primeiro de ser desconectados de forma manual, proceder-se à instalação de caixas de controlo e encerramento de escotilhas, e depois o veículo visitante tem de ser manobrado até um ponto afastado da ISS com o braço robot.
Isto significa que os portos de ancoragem não podem suportar uma evacuação rápida da tripulação da ISS caso seja necessário, o que será um dos principais papéis dos veículos comerciais de transporte de tripulação, servindo de salva-vidas durante a presença na ISS.
Por seu lado, os veículos tripulados irão ligar-se à ISS através de um processo de acoplagem e fixarem-se utilizando um anel que captura um mecanismo de fixação correspondente. Este processo era como o vaivém espacial costumava acoplar-se à ISS durante as suas visitas.
Porém, como somente um vaivém espaciais visitava a ISS de cada vez, somente era necessário um anel de acoplagem – que era o Pressurised Mating Adapter-2 (PMA-2) localizado no Node-2. Existia um outro PMA não utilizado na ISS (PMA-3), porém como não era necessário, foi colocado em estado de armazenamento no Node-3, onde não podia ser utilizado como ponto de acoplagem para o vaivém espacial devido a problemas de manobrabilidade e possibilidade de impacto com outros equipamentos da ISS.
Este arranjo da ISS foi pensado para a era do vaivém espacial e ainda se encontra nos nossos dias. Para os veículos comerciais, porém, necessita de ser alterado dado que os novos veículos tripulados irão necessitar de dois pontos de acoplagem distintos. Isto acontece porque a NASA deseja ter um porto de acoplagem principal e um outro suplente no caso de um deles falhar. Adicionalmente, ter dois pontos de acoplagem irá abrir a possibilidade de haver dois veículos comerciais de transporte de tripulação a visitar a ISS de forma simultânea utilizando o modelo ‘táxi’, apesar de nesta altura estar planeado ter somente um dos veículos de cada vez na ISS.
Para tal, o PMA-3 necessita de ser relocalizado a partir da sua actual posição de bombordo no Node-3 para a posição zénite no Node-2, mesmo na extremidade da ISS. Esta relocalização deve ter lugar em meados de 2015. Adicionalmente, dois adaptadores devem ser instalados em ambos PMA para assim converter os seus mecanismos de acoplagem no mecanismo que será utilizado pelos veículos comerciais.
A actividade extraveícular US EVA-29
Na actividade extraveícular US EVA-29, Barry Wilmore (EV-1) utilizou um fato extraveícular com listas vermelhas e Terry Virts (EV-2) utilizou um fato extraveícular sem qualquer lista. A astronauta Italiana Samantha Cristoforetti serviu como apoio intraveícular.
Esta actividade extraveícular foi totalmente dedicada a relocalizar e conectar uma série de cabos para dois IDA, e que foi a mais complexa actividade deste tipo alguma vez realizada no exterior do segmento Norte-americano da ISS. Adicionalmente, algumas ligações que estiveram envolvidas nestas tarefas não foram projectadas para serem manipuladas em AEV, e como tal não foram desenhadas utilizando ligações do tipo AEV, pois todos os módulos Norte-americanos foram lançados com as ligações já realizadas o máximo possível.
A actividade extraveícular terminou pelas 1926UTC, tendo uma duração de 6 horas e 41 minutos.
Imagens: NASA