
O primeiro lançamento do foguetão sul-coreano HANBIT-Nano terá lugar até ao dia 28 de Novembro de 2025 a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), Maranhão – Brasil.
A primeira missão do HANBIT-Nano, denominada “SPACEWARD”, marca o primeiro lançamento comercial da empresa, indo além de um lançamento de demonstração para transportar satélites e cargas úteis de clientes para a órbita terrestre baixa a uma altitude de 300 km.
Ao abrigo de contratos assinados com cinco clientes do Brasil, Índia e Coreia do Sul, a Innospace irá transportar um total de oito cargas úteis registadas — incluindo pequenos satélites e cargas úteis experimentais não separáveis — juntamente com um ‘item’ simbólico de marca como carga útil não registada.
Entre as cargas úteis registadas estão cinco pequenos satélites para fins práticos, como a recolha de dados climáticos e ambientais, o desenvolvimento de tecnologia e a educação, bem como três cargas úteis experimentais não separáveis para verificação de tecnologia e aquisição de dados no espaço. Além disso, através de uma colaboração com a empresa de bebidas sul-coreana BREWGURU, a Innospace levará um modelo de marca para o espaço, simbolizando o espírito pioneiro da nova era espacial.
Segundo uma nota da Força Aérea Brasileira, no dia 3 de Novembro deu-se início à fase de execução da Operação Spaceward 2025, responsável pelo lançamento do foguete sul-coreano HANBIT-Nano a partir do CLA, tendo sido mobilizados cerca de 400 profissionais. Tal como referido, a iniciativa, sob coordenação do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA/FAB), decorre até ao dia 28 de Novembro, mas o lançamento ainda não tem a sua data definida. O evento marca a entrada do Brasil no mercado global de lançamentos espaciais, abrindo novos caminhos para geração de renda e investimento no segmento.
O nome da missão, “SPACEWARD”, transmite o espírito de “Let’s Space Forward“, simbolizando o primeiro passo da Innospace em direção ao espaço com o seu veículo de lançamento de dois estágios desenvolvido de forma independente, HANBIT-Nano, levando satélites de clientes para órbita.
Anteriormente, o Boletim Em Órbita havia indicado três dos cinco satélites que estarão a bordo desta missão. Porém, surgem novos dados que permitem completar a lista definitiva dos satélites a bordo. Estes satélites são: FloripaSat-2B (GOLDS-UFSC ‘EQM’), FloripaSat-2A, Jussara-K, PIONBR2 e Solaras-S2.
Anteriormente, havia sido referido que o satélite GOLDS-UFSC estaria a bordo desta missão. Também designado “FloripaSat-2”, o satélite GOLDS-UFSC foi desenvolvido pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Este é um CubeSat-2U com o principal objetivo de validar o funcionamento do módulo EDC (Environmental Data Collector), desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Brasil.
A configuração inicial consistia na utilização de um sistema de transporte de 6U da ISIS Space, onde 3U seriam utilizados para o GOLDS-UFSC com tamanho 2U, e o outro 1U para um CubeSat do INPE. Os restantes 3U do sistema de transporte ficou para a Innospace alocar clientes deles.
Porém, há cerca de um mês, a Innospace entrou em UFSC informando que havia sido necessário reduzir a órbita inicialmente prevista de 500 km, para uma órbita a 300 km de altitude. Isto levou à redução da duração da missão originalmente prevista para 1 ano, sendo reduzida para cerca de 3 semanas.
Foi então decidido não se enviar o modelo de voo (FM) do GOLDS-UFSC, enviando-se no lugar o modelo de engenharia (EQM) do GOLDS-UFSC. Trata-se de um satélite idêntico, sendo no entanto o modelo utilizado para testes mais rigorosos, e não seria para voo. Esta cópia do satélite seria utilizada para operações com telecomandos e telemetria, antes de enviarmos telecomandos para o GOLDS-UFSC em órbita.
Por sua vez, o INPE desistiu de lançar o seu CubeSat, surgindo então a necessidade de preencher o seu slot com algo. Foi assim decidido criar um novo satélite 1U, que foi concluído em 3 semanas de trabalho. Este novo satélite foi designado “FloripaSat-2A”, uma vez que foi construído a partir da plataforma FloripaSat, cujo primeiro satélite (FloripaSat-1) foi lançado em 2019. Assim, o satélite CubeSat-2U GOLDS-UFSC EQM foi designado “FloripaSat-2B”.
O CubeSat-1U Jussara-K, foi desenvolvido pela UFMA (Universidade Federal do Maranhão), sendo concebido para recolher dados ambientais, com aplicações que vão desde a monitorização de incêndios florestais à preservação de espécies, além de testar a utilização de IA a bordo.
Desenvolvido pela Pion Labs, o PION-BR2 é um CubeSat-1U que irá testar a tecnologia do satélite e os seus módulos em órbita, incluindo sistemas de comunicação, e para servir de plataforma educativa com a transmissão de mensagens pré-gravadas das comunidades quilombolas da região de Alcântara.
A empresa indiana Grahaa Space (Akshath Aerospace) terá o satélite Solaras-S2 a bordo. Este é um CubeSat-1U cuja missão é demonstrar as capacidades de um CubeSat que consegue observar a radiação solar e transmiti-la juntamente com um sinal de localização. Trata-se de uma missão de demonstração tecnológica para fins puramente não comerciais. A missão demonstra a tecnologia de pequenos satélites para a observação da radiação solar, promovendo a utilização de satélites amadores para investigação científica e fomentando a participação global através da partilha aberta de dados.
O satélite Solaras-S2 servirá como ferramenta educativa, oferecendo oportunidades para os radioamadores interagirem com a tecnologia espacial e contribuírem para a monitorização da missão em tempo real e para a análise de dados. O CubeSat transmitirá um sinal de sinalização e dados de telemetria que os radioamadores poderão receber, descodificar e analisar, envolvendo-os ativamente na missão, indo além da simples receção de informação.
Imagem: UFSC, Innospace