
O maior orçamento da história da Agência Espacial Europeia, no valor de 22,1 mil milhões de euros, foi aprovado na reunião do Conselho a nível ministerial em Bremen, na Alemanha.
Os ministros e representantes de alto nível dos 23 Estados-Membros, Estados Associados e Estados cooperantes confirmaram o apoio a programas-chave nas áreas da ciência, exploração tecnologia, a par de um aumento significativo do orçamento para aplicações espaciais –observação da Terra, navegação e telecomunicações. Estes três elementos são também fundamentais para a iniciativa «Resiliência Europeia a partir do Espaço», uma resposta conjunta às necessidades críticas do espaço em matéria de segurança e resiliência.
«É um grande sucesso para a Europa e um momento crucial para a nossa autonomia e liderança em ciência e inovação. Agradeço o trabalho e a reflexão que permitiram alcançar estas novas subscrições por parte dos Estados-Membros, que representam um aumento de 32%, ou 17% ajustado pela inflação, em relação ao anterior Conselho Ministerial», Josef Aschbacher, Diretor-Geral da ESA, comentou.
«Perante uma situação geopolítica desafiante, todos os Estados que contribuem para o orçamento da ESA, e também a Comissão Europeia, depositaram a sua confiança na Agência Espacial Europeia para continuar a realizar programas que apoiarão a liderança europeia no espaço e ajudarão a ampliar as nossas capacidades na Terra, em órbita e no espaço profundo. Embora tenhamos celebrado 50 anos de conquistas este ano, o trabalho está apenas a começar.»
O Conselho Ministerial deste ano foi a primeira etapa da implementação da Estratégia 2040 da ESA, definindo o rumo das ambições espaciais europeias e os objetivos que devem ser alcançados para atingir as metas de longo prazo das atividades da Europa no espaço e nas aplicações na Terra.
Impulsionar a liderança europeia na ciência espacial
Coincidindo com o seu 50 aniversário, a ESA reafirmou o seu compromisso com a ciência. Os Estados-Membros garantiram um aumento substancial de 3,5% ao ano, para além da inflação, o que permitirá algumas das missões mais imaginativas da nossa história e reforçará a liderança científica europeia. O primeiro passo será executar as missões do plano Cosmic Vision — incluindo LISA e NewAthena. O próximo grande salto será dado pelo desenvolvimento tecnológico das missões do plano Voyage 2050, entre elas a ambiciosa busca por vida em Encélado com a missão de classe L à lua de Saturno (L4 Encélado). Esta missão requer avanços tecnológicos imediatos para chegar ao Polo Sul do satélite em condições ótimas de iluminação.
Reforçar a segurança e a resiliência europeias
A iniciativa Resiliência Europeia a partir do Espaço foi introduzida para ajudar a apoiar a capacidade de dupla utilização para a Europa. O financiamento inicial será destinado a um sistema que dá acesso a imagens de satélite de alta resolução temporal e espacial – através da partilha de recursos e da criação de uma rede para colmatar lacunas nas observações. Isto será apoiado por novos serviços de navegação a partir da órbita terrestre baixa e por conectividade segura. O mandato claro para a utilização de aplicações espaciais para fins de defesa não agressivos representa uma mudança histórica para a ESA. Foi decidido na CM25 que as inscrições permanecerão abertas até ao próximo ano, para permitir que os Estados participantes se adaptem ao novo programa.
A tecnologia da ESA no centro de todas as missões
A tecnologia para apoiar este programa e outras missões inovadoras da ESA será desenvolvida utilizando um orçamento substancialmente reforçado para capacidades tecnológicas habilitadoras, componentes críticos, digitalização e tecnologias emergentes. A independência tecnológica é fundamental para promover as ambições da Europa no espaço, a par do nosso acesso garantido ao espaço.
Será reforçada uma série de atividades fundamentais no ecossistema espacial europeu:
- Os lançadores europeus Ariane 6 e Vega-C continuarão a liderar o caminho para o espaço. A ESA continuará a apoiar a evolução do mercado europeu de lançamentos e o desenvolvimento de novos meios de transporte para a órbita, incluindo o European Launcher Challenge.
- Os mercados europeus de hardware espacial e dados espaciais serão desenvolvidos com a continuação de programas de comercialização bem-sucedidos. A ESA continuará a impulsionar o investimento privado, a estimular a inovação e a fortalecer as PME e os novos participantes na indústria espacial. Foi acordado um orçamento de 3,6 mil milhões de euros para projetos cofinanciados, que se espera atraiam um financiamento privado substancial.
- A liderança da Europa na observação da Terra será mantida com a preparação da segunda geração de satélites Copernicus (especificamente as missões Sentinel-2 Next Generation e Sentinel-3 Next Generation Optical). No âmbito do FutureEO, a ESA irá desenvolver e operar missões científicas terrestres de classe mundial, preparar futuras missões operacionais Copernicus e meteorológicas e apoiar a utilização de dados para a Earth Action.
Reforçar as capacidades europeias de exploração
Os Estados-Membros da ESA confirmaram o seu compromisso com a exploração, com planos robustos para reforçar as parcerias internacionais. A missão Rosalind Franklin, que visa aterrar um rover em Marte, está financiada com vista a um lançamento em 2028, enquanto a ESA preparará missões à Lua, sendo a mais importante delas o módulo de aterragem Argonaut. A ESA trabalhará na redução dos riscos de uma série de outras tecnologias para apoiar a presença europeia na órbita terrestre baixa e além dela nas próximas décadas. Entretanto, a ESA e os seus Estados-Membros concordaram em implementar ações de curto prazo para garantir o acesso dos astronautas europeus à Estação Espacial Internacional até ao fim da sua exploração, previsto para 2030. O desenvolvimento do serviço de retorno de carga LEO também foi confirmado na CM25, incluindo duas missões de demonstração com o objetivo de acoplar à ISS. Está prevista uma reunião intercalar a nível ministerial antes da CM28 para se ajustar às mudanças previstas na cooperação internacional.
Defensores da Terra
Três missões importantes são responsáveis pela maior parte do financiamento em matéria de segurança espacial: Ramses, Rise e Vigil. A missão Ramses, a ser construída num prazo apertado para interceptar o asteróide Apophis no seu encontro próximo com a Terra em 2029, está financiada e irá ajudar-nos a preparar-nos para futuros asteróides potencialmente perigosos. A missão meteorológica espacial Vigil, originalmente aprovada pela CM22, continuará a ser implementada, com os planos da nave espacial a seres submetidos uma revisão preliminar do projeto no início do próximo ano. Para reduzir o desperdício no espaço no futuro, os testes de manutenção em órbita serão financiados através da Rise, uma parceria com a indústria.
A nave espacial SAGA — uma missão de demonstração para comunicação quântica — passará para a fase de construção e implementação. O programa Moonlight, que prevê serviços de comunicação e navegação lunares, continuará a ser desenvolvido.
Novas atividades da ESA nos Estados-Membros
A ESA assinou cartas de intenções com vista à criação de novos centros a serem instalados em Estados-Membros. Foi assinada uma carta de intenções com a Polónia para examinar a possibilidade de acolher um novo estabelecimento especializado em segurança e aplicações de dupla utilização/multiutilização. Entretanto, uma carta de intenções entre a Noruega e a ESA permitirá a ambas as partes avaliar a criação de um Centro Espacial Ártico da ESA em Tromsø.
Duas resoluções foram aprovadas durante a reunião ministerial: a Resolução sobre Elevar o Futuro da Europa através do Espaço e a Resolução sobre o Nível de Recursos para as Atividades Obrigatórias da Agência para 2026-2030.
Texto original: Os Estados-Membros da ESA comprometem-se a aprovar o maior orçamento na reunião ministerial
Texto e imagem: ESA
Edição: Rui C. Barbosa