À medida que o módulo ExoMars Schiaparelli desce para Marte a 19 de Outubro, irá capturar 15 imagens da superfície que se aproxima. Os cientistas simularam o ponto de vista que podemos esperar ver na descida a partir da câmara.
Schiaparelli separar-se-á da sua nave-mãe, o ‘Trace Gas Orbiter’, no dia 16 de Outubro, com cerca de seis milhões km ainda por viajar antes de entrar na atmosfera de Marte às 14:42 GMT, três dias depois.
A descida irá demorar cerca de seis minutos, usando um protetor de calor, para-quedas, propulsores e uma estrutura deformável para o desembarque.
Schiaparelli é principalmente um demonstrador de tecnologia para testar tecnologias de entrada, descida e aterragem para futuras missões e, portanto, é projetado para operar durante apenas alguns dias.
O pequeno pacote de ciência de superfície vai fazer leituras da atmosfera, mas não há nenhuma câmara científica como aquelas encontrados noutras sondas ou rovers – incluindo o rover ExoMars, cujo lançamento está previsto para 2020.
A sonda, no entanto, transporta uma pequena câmara técnica da ESA, de 0,6 kg, um modelo de voo extra remodelado do ‘Visual Monitoring Camera’ (Câmara de Monitorização Visual) que voou na nave espacial Herschel/Planck da ESA para captar a imagem da separação das duas embarcações após o seu lançamento conjunto.
O seu papel consiste em captar 15 imagens a preto e branco durante a descida que ajudarão a reconstruir a trajectória do módulo e o seu movimento, bem como dar informação de contexto para o local final de aterragem.
O amplo campo de visão de 60º vai proporcionar um olhar abrangente da paisagem abaixo, para maximizar a oportunidade de determinar características que ajudarão a identificar o local de aterragem e revelar a atitude e posição de Schiaparelli durante a descida.
A câmara começará a tirar as imagens cerca de um minuto depois do escudo frontal de Schiaparelli ser descartado, quando se prevê que o módulo esteja a cerca de 3 km acima da superfície. Isto irá resultar em imagens que cobrem cerca de 17 quilómetros quadrados da superfície.
As imagens serão tiradas em intervalos de 1,5 s, terminando a uma altitude de cerca de 1,5 km, cobrindo uma área de aproximadamente 4,6 quilómetros quadrados.
Em seguida, a uma altitude de cerca de 1,2 km, o para-quedas e tampa traseira serão descartados, e os propulsores acendidos. Os propulsores vão desligar apenas a 2 m acima da superfície, sendo a estrutura deformável do módulo a absorver a força do impacto.
Schiaparelli terá como alvo de aterragem o centro de uma elipse de 100 km x 15 km, numa área relativamente plana no Meridiani Planum, perto do equador, no hemisfério sul. Esta região foi fotografada extensivamente a partir de órbita, inclusive pela ‘Mars Express’ da ESA e pela ‘Mars Reconnaissance Orbiter’ da NASA.
Para planear a análise da descida de Schiaparelli, milhares de simulações foram feitas com variação das condições atmosféricas e da trajetória de voo para a superfície. De uma dessas simulações, que aterrou no centro da elipse, as imagens simuladas foram então feitas usando dados da ‘Orbiter’ da NASA que cobrem a região de Meridiani, como aqui apresentado.
Na realidade, a altitude a que as imagens são tiradas podem, no entanto, variar um pouco, dependendo das condições atmosféricas, o caminho final através da atmosfera e a velocidade com que Schiaparelli desce.
As imagens reais tiradas a 19 de Outubro serão armazenados na memória de Schiaparelli antes de serem transmitidas para o ‘Mars Reconnaissance Orbiter’ e enviadas à Terra a 20 de Outubro.
Mais informação
ExoMars é um projecto cooperativo entre a ESA e a Roscosmos. É composta por duas missões: a ‘Trace Gas Orbiter’ e o módulo demonstrador de entrada, descida e aterragem, Schiaparelli, que foram lançados a 14 de Março de 2016, e o ‘Rover ExoMars’ e plataforma de superfície, com lançamento previsto para 2020.
As primeiras imagens reais tiradas por DECA durante a descida de Schiaparelli à superfície a 19 de Outubro, espera-se que sejam apresentadas durante uma conferência de imprensa na manhã de 20 de Outubro, juntamente com outras informações confirmando a posição do módulo, e publicadas nos nossos canais web da ESA.
A câmara foi construída pelo OIP na Bélgica.
Notícia e imagens: ESA