No passado dia 10 de Março o Boletim Em Órbita noticiou que o satélite russo BLITS havia sido atingido por um pedaço de lixo espacial resultante da destruição do satélite meteorológico Chinês FY-1C Fengyun-1C num ensaio anti-satélite levado a cabo pela China a 11 de Janeiro de 2007.
O acidente entre o BLITS e o detrito espacial terá ocorrido a 22 de Janeiro de 2013, mas só foi relatado a 4 de Fevereiro quando os engenheiros do Instituto de Engenharia de Instrumentos de Precisão (IPIE), em Moscovo, notaram uma alteração na órbita do satélite.
Porém, informações recentes divulgadas pelo Pentágono parecem indicar que o impacto entre os dois objectos não terá ocorrido. Segundo Monica Matoush, porta-voz do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, "não existe qualquer evidência conclusiva para apoiar a teoria de que um detrito do satélite Chinês Fengyun-1C, ou outro qualquer objecto que seja catalogado, tenha sido a causa do impacto."
Observando os dados orbitais dos diferentes objectos, os engenheiros notaram uma aproximação entre o BLITS e um dos detritos causados pelo teste anti-míssil de cerca de 3,1 km. Esta distância é três vezes superior ao limite mínimo de aproximação necessária para que seja emitida uma notificação a um operador de uma potencial colisão. Na altura, e apesar da distância prevista indicar a não ocorrência de um impacto, o facto de este ter ocorrido a 10 segundos do previsto levou a crer que tal impacto tivesse mesmo ocorrido.
No entanto, após o aparente impacto os parâmetros orbitais do detrito espacial não se alteraram, indicando assim que a colisão não ocorreu. O satélite BLITS (Ball Lens In The Space) é seguido com precisão pelo International Laser Ranging Service (ILRS), com o IPIE a detectar uma repentina diminuição de 120 metros no eixo semi-maior da sua órbita e uma alteração na sua velocidade de rotação e atitude. Um detrito daquele tipo poderia ser o causador do impacto, porém com a actual capacidade do sistema de detecção (capaz de detectar detritos até 5 cm) é impossível de se determinar se um outro objecto resultante da nuvem de detritos do Fenyun-1C tenha atingido o BLITS.
De qualquer das formas, é certo que uma força exterior actuou sobre o BLITS, alterando a sua velocidade de rotação e parâmetros orbitais. Até ao momento só foi catalogado um objecto (39119 2009-049J) resultante desta ocorrência.
A divulgação sensacionalista que foi dada a esta ocorrência que supostamente envolvia um pedaço de lixo orbital Chinês e um satélite Russo, veio revelar a forma como os media tentam empolar estes assuntos numa tentativa de criticar a China.