O coração da nossa galáxia

À primeira vista, esta imagem pode parecer tinta vermelha filtrada através da água ou um fluxo crepitante de electricidade, mas na verdade é uma visão única do nosso lar cósmico. Revela o plano central da Via Láctea tal como observado pelo satélite Planck da ESA e o APEX (Atacama Pathfinder Experiment), localizado a uma altitude de cerca de 5100 metros nos Andes chilenos e operado pelo Observatório Europeu do Sul.

Esta imagem foi publicada em 2016, como o produto final de uma pesquisa do APEX, onda cartografa o plano galáctico visível do hemisfério sul em comprimentos de onda submilimétricos (entre infravermelho e rádio no espectro electromagnético). Complementa dados anteriores dos observatórios espaciais da ESA, Planck e Herschel.

Planck e APEX são um par ideal. O APEX é melhor na visualização de pequenos trechos do céu em grande detalhe, enquanto os dados do Planck são ideais para estudar áreas do céu em escalas maiores. Cobrem todo o céu – não é uma tarefa fácil. Os dois trabalham bem juntos e oferecem uma perspectiva única sobre o céu.

Esta imagem revela numerosos objetos dentro da nossa galáxia. Os focos brilhantes espalhados ao longo do plano da Via Láctea, nesta imagem, são fontes compactas de radiação submilimétrica: regiões muito frias, granulosas e empoeiradas que podem ajudar a elucidar uma miríade de tópicos, desde como as estrelas individuais se formam até como todo o Universo está estruturado.

Da direita para a esquerda, fontes notáveis incluem NGC 6334 (a mancha mais à direita), NGC 6357 (à esquerda da NGC 6334), o próprio núcleo galáctico (a região central, a mais extensa e mais brilhante nesta imagem), M8 (a faixa brilhante que se ramifica do plano para o canto inferior esquerdo) e M20 (visível no canto superior esquerdo de M8). Uma imagem legendada pode ser vista aqui.

Planck foi lançado no dia 14 de maio de 2009 e concluiu a sua missão em Outubro de 2013. O telescópio retornou uma riqueza de informações sobre o cosmos; o seu principal objetivo era estudar o Fundo Cósmico de Micro-ondas (CMB), a radiação relíquia do Big Bang. Entre outros marcos, Planck produziu o primeiro mapa completo do CMB com uma sensibilidade e precisão incríveis, e tirou a “impressão digital magnética” da Via Láctea, explorando o comportamento de certa luz emitida pela poeira na nossa galáxia.

As suas observações estão a ajudar os cientistas a explorar e a entender como o Universo se formou, a sua composição e conteúdo, e como este evoluiu desde o seu nascimento até à actualidade.

O APEX é uma colaboração entre o Instituto Max Planck de Radioastronomia, o Observatório Espacial Onsala e o Observatório Europeu do Sul, ESO. O telescópio é operado pelo ESO.

Notícia e imagem: ESA

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