O lançamento do satélite OCO-2 marcou o regresso à ribalta do foguetão Delta-2. O lançamento teve lugar às 0956:00UTC do dia 2 de Julho de 2014 e foi realizado a partir do Complexo de Lançamento SLC-2W da Base Aérea de Vandenberg, Califórnia.
O lançamento estava previsto para ter lugar às 0956:44UTC do dia 1 de Julho, mas foi adiado a T-46s devido a um problema técnico na plataforma de lançamento, nomeadamente uma válvula solenoide que impedia o fluxo de água na plataforma.
Após uma contagem decrescente bem sucedida, todas as fases do lançamento decorreram sem problemas com a ignição do motor principal do Delta-II 7320-10C a ter lugar a T-3s. O lançador abandonava a plataforma de lançamento a T=0s (com a ignição dos propulsores laterais de combustível sólido) e iniciava um voo vertical, abandonando as imediações da plataforma e tomando o azimute de voo necessário para cumprir a sua missão. A velocidade do som (Mach 1) era atingida a T+35,7s e a zona de máxima pressão dinâmica a T+49,7s.
O final da queima dos propulsores laterais de combustível sólido ocorria a T+1m 4s, com a separação a ter lugar a T+1m 39s. O final da queima do primeiro estágio (MECO – Main Engine CutOff) tinha lugar a T+4m 24,2s e a separação entre o primeiro e o segundo estágio a T+4m 32,2s. A primeira ignição do segundo estágio ocorria sem problemas a T+4m 37,7s e terminaria (SECO-1) a T+10m 20,5s. Entretanto, a separação das duas metades da carenagem de protecção ocorria a T+5m 1s.
A segunda ignição do segundo estágio ocorria a T+50m 50s e terminaria a T+51m 2,4s, com a separação do OCO-2 a ter lugar a T+56m 15s (1052UTC).
O Orbiting Carbon Observatory-2 (OCO-2)
Nascido das cinzas do OCO, o OCO-2 terá como missão proporcionar observações do carbono atmosférico, o principal elemento antropogénico nas alterações climáticas. O satélite tem 2,12 metros de comprimento e 0,94 metros de largura, tendo uma massa de 454 kg. O OCO-2 é baseado no modelo LEOStar-2 desenvolvido pela Orbital Sciences Vorporation. A sua missão primária deverá ter uma duração de dois anos.
Uma informação mais detalhada sobre o OCO-2 pode ser obtida no press-kit da missão.
A bordo encontra-se um único instrumento composto por três espectrómetros. Cada espectrómetro detecta a intensidade da radiação numa banda específica nos comprimentos de onda do vermelho próximo. Os três espectrómetros compartilham uma estrutura comum, um arrefecedor criogénico, e um telescópio. Este consiste de uma abertura de 11 cm, bem como de um espelho primário e secundário. A montagem óptica incluí espelhos, divisores de feixes dicromáticos, filtros isoladores de banda e espelhos de re-reflexão. Cada espectrómetro consiste numa fenda, um colimador de duas lentes, uma grelha e uma câmara de duas lentes. As pequenas diferenças entre os espectrómetros (tais como os substratos, as lentes e as grelhas) estão relacionadas com as diferentes bandas de passagem que são características de cada canal. Os rácios de focagem das ópticas variam de f/1.6 a f/1.9. Para implementar um sistema de medição opticamente rápido e de mais elevada resolução espectral, os instrumentos do OCO combinam técnicas ópticas de refracção e reflexão. Como a luz no telescópio e nas ópticas não é separada ainda em três comprimentos de banda distintos, estes subsistemas dos instrumentos utilizam primariamente ópticas reflectivas. Por outro lado, as bandas de passagem extremamente estreitas tornam negligiveis as potenciais aberrações cromáticas, o que permite a utilização de ópticas refractivas.
O foguetão Delta-2 7320-10C
Os foguetões Delta (Delta-2 e Delta-IV) são comercializados pela ULA (United Launch Alliance). Os Delta são construídos pela Boeing em Huntington Beach, Califórnia. As diferentes partes do lançador são montadas em Pueblo, Colorado.
A versão 7320-10C é composta por seis partes principais: o primeiro estágio que é composto pelos propulsores laterais a combustível sólido, o motor principal no corpo principal do lançador, o inter-estágio (que faz a ligação física entre o primeiro e o segundo estágio), o segundo estágio e uma ogiva de 10 pés (3,05 metros) de diâmetro fabricada em materiais compósitos.
O Delta-2 7320-10C atinge uma altura de 38,90 metros e tem um diâmetro de 2,44 metros (sem entrar em conta com os propulsores sólidos na base). No lançamento tem um peso de 151700 kg. É capaz de colocar uma carga de 2703 kg numa órbita terrestre baixa ou então 1579 kg numa órbita polar sincronizada com o Sol.
Os três propulsores laterais (GEM-40) TAS – Thrust Augmented Solids, são fabricados pela Alliant Techsystems e cada um pode desenvolver 45500 kgf no lançamento.
O primeiro estágio (Delta Thor XLT-C) tem um peso bruto de 13064 kg e um peso de 1361 kg sem combustível. Tem um comprimento de 26,1 metros e um diâmetro de 2,4 metros. Está equipado com um motor RS-27C que tem um peso de 1027 kg, um diâmetro de 1,07 metros e uma altura de 3,63 metros. No vácuo produz uma força de 1023000 kN, tendo um Ies de 264 s e um tempo de queima de 274 s. Consome LOX e querosene altamente refinado (RP-1). O RS-27C é construído pela Rocketdyne.
O segundo estágio do Delta 2 (Delta K) tem um peso bruto de 6905 kg e um peso de 808 kg sem combustível, tendo um comprimento de 5,9 metros e um diâmetro de 1,7 metros. No vácuo o seu motor Aerojet AJ10-118K (com um peso de 98 kg, um diâmetro de 1,7 metros e uma câmara de combustão) produz uma força de 4425 kgf, tendo um Ies 318 s e um tempo de queima de 444 s. Consome N2O4 e Aerozine-50.
O Delta-2 pode ser lançado a partir do Cabo Canaveral (Air Force Station), plataformas SLC-17A e SLC-17B, e da Base Aérea de Vandenberg, Califórnia, (plataforma SLC-2W). O Space Launch Complex-17 (SLC-17) do Cabo Canaveral foi construído pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) para o desenvolvimento do míssil balístico de alcance intermédio (IRBM) Thor, tendo a construção das plataformas A e B sido iniciada em Abril de 1956. Em Setembro desse mesmo ano a Força Aérea ocupou parcialmente a plataforma SLC-17B, tendo o primeiro lançamento sido efectuado a 25 de Janeiro de 1957 . A primeira modificação ao complexo SLC-17 teve lugar em 1960 de forma a suportar o lançamento de veículos derivados do Thor. Entre O início de 1960 e Dezembro de 1965 foram lançados 35 foguetões Delta a partir do complexo.
As plataformas foram transferidas para a NASA em 1965, pois para a USAF já não havia qualquer utilização militar para o complexo. Devido ao acidente do Challenger os lançamentos comerciais e militares foram na sua totalidade transferidos para os lançadores convencionais e em resultado a Boeing criou o lançador Delta-2. A USAF decidiu também transferir o lançamento dos seus satélites Navstar, anteriormente destinados a serem lançados pelo vaivém, para o novo Delta-2. O complexo SLC-17 foi escolhido como local de lançamento do Delta-2 e o complexo regressou novamente à responsabilidade da USAF em Outubro de 1988. O complexo teve de sofrer obras profundas com a instalação de novas plataformas de serviço, de um sistema hidráulico de elevação de cargas e de um sistema de armazenamento e fornecimento de hidrogénio líquido. A torre de serviço móvel do complexo teve de ver o seu tamanho aumentado em 3 metros de forma a acomodar o novo lançador. O primeiro lançamento do Delta-2 a partir do complexo (plataforma A) teve lugar a 14 de Fevereiro de 1989 .
A última modificação ao complexo finalizou em Outubro de 1997 e serviu para adaptar a plataforma B ao lançador Delta-3 . Assim, a plataforma B podia acomodar os lançadores Delta-2 e Delta-3.
Dados estatísticos
– Lançamento orbital: 5370
– Lançamento orbital com sucesso: 5022
– Lançamento orbital EUA: 1572
– Lançamento orbital EUA com sucesso: 1444
– Lançamento orbital desde Vandenberg AFB: 674
– Lançamento orbital desde Vandenberg AFB com sucesso: 612
A seguinte tabela mostra os totais de lançamentos executados este ano em relação aos previstos para cada polígono à data deste lançamento: 1ª coluna – lançamentos efectuados (lançamentos fracassados); 2ª coluna – lançamentos previstos à data; 3ª coluna – satélites lançados:
Baikonur – 9 (1) / 29 / 11
Plesetsk – 4 / 12 / 6
Dombarovskiy – 1 / 4 / 37
Cabo Canaveral AFS – 7 / 22 / 12
Wallops Island MARS – 1 / 3 / 34
Vandenberg AFB – 2 / 6 / 2
Kauai TF – 0 / 1 / 0
Jiuquan – 1 / 2* / 1
Xichang – 0 / 6* / 0
Taiyuan – 0 / 3* / 0
Tanegashima – 2 / 5 / 13
Kourou – 4 / 14 / 8
Satish Dawan, SHAR – 3 / 5 / 7
Odyssey – 1 / 1 / 1
Palmachim – 1 / 1 / 1
* Valores não precisos
Dos lançamentos bem sucedidos levados a cabo: 37,1% foram realizados pela Rússia; 28,6% pelos Estados Unidos (incluindo ULA, SpaceX e Orbital SC); 2,9% pela China; 11,4% pela Arianespace; 5,7% pelo Japão, 8,6% pela Índia, 2,9% por Israel e 2,9% pela Sea Launch.
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
03 Jul (1243:51) – 14A05 Rokot/Briz-KM (4929794555/72522) – GIK-1 Plesetsk, LC133/3 – Gonets-M n.º 18; Gonets-M n.º 19; Gonets-M n.º 20
08 Jul (1458:28) – 14A14-1B Soyuz-2-1B/Fregat (Л15000-011/1025) – Baikonur, LC31 PU-6 – Meteor-M n.º 2 (Метеор-М №2); MKA-PN2 (Relek) (МКА-ПН2 (Рэлек)); Ukube-1; SkySat-2; TechDemoSat-1 (TDS-1); AISsat-2
10 Jul (1855:20) – Soyuz-STB/Fregat-MT (005/1032/VS08) – CSG Kourou (Sinnamary), ZLS – O3b FM03; O3b FM06; O3b FM07; O3b FM08
10 Jul (1802:51) – Antares-120 – MARS Wallops Island, LP-0A – Cygnus Orb-2 (CRS2)
14 Jul (????:??) – Falcon-9 v1.1 (F-5) – Cabo Canaveral AFS, SLC-40 – Orbcomm-G2 3, Orbcomm-G2 4, Orbcomm-G2 6, Orbcomm-G2 7, Orbcomm-G2 9, Orbcomm-G2 11