Missão Transporter-8 lançada desde Vandenberg

No seu segundo lançamento orbital realizado a 12 de Junho de 2023, a Space Exploration Technologies Corp. (SpaceX) colocou em órbita 72 cargas em mais uma missão partilhada.

O lançamento teve lugar às 2135:00,178UTC a partir do Complexo de Lançamento SLC-4E da Base das Forças Espaciais de Vandenberg, Califórnia, e foi realizado pelo foguetão Falcon 9-232 (B1071.9) cujo primeiro estágio foi recuperado na zona de aterragem LZ-4, em Vandenberg. A janela de lançamento para esta missão estava disponível entre as 2119UTC e as 2216UTC.

Esta é a oitava a missão partilhada transportando uma grande variedade de satélites que permitem o lançamento de pequenas cargas a preços mais baixos do que são usualmente praticados no mercado internacional do lançamento de satélites, acomodando dezenas de pequenos satélites que podem ser colocados em diferentes órbitas. As cargas lançadas incluem CubeSats, microsats, picosats, e veículos de transferência orbital que transportam cargas que serão separadas mais tarde.

A carga da missão Transporter-8

A missão Transporter-8 encontravam-se múltiplos satélites: AFR-1, AII-DELTA, Ayris-1 e Ayris-2, Blackjack Aces-1 a Blackjack Aces-4, DROID.001, ION-SCV 011 ‘Savvy Simon, Above the Sky’ (com os satélites Istanbul, MRC-100, Platzi-Sat1, ROM-2, URESAT-1 ‘Antonio de Nebrija’, UNICORN-2I, SATLLA-2I, Outpost Mission 1, SpeiSat, EPICHyper-2 ‘Drgonette-002’, Kelpie-2 ‘AAC-AIS-SAT 2’), EIVE, FOSSASat-FEROX 1 a FOSSASat-FEROX 4, GEI-SAT Precursor, GHOSt-3, Grégoire, HotSat-1, ICEYE (x4), Orbiter SN3 (transportando os satélites MDQSAT-1C, MDQSAT-1D, Otter Pup, Pleiades-Squared e as cargas Nightingale 1, TRL11-SN3-Demo e Remora), Lemur-2 (166) ‘Aadam-Aliyah’, Lemur-2 (167) ‘Embrionovis’, Lemur-2 (168) ‘Naziyah’, MISR-A1 e MISR-B2, MuSat-1, ÑuSat-40 a ÑuSat-43, Runner-1, Skykraft Deployer 3 (com os satélites Skycraft-3A a Skycraft-3D), SpaceBEE-168 a SpaceBEE-179, Tiger-4, Tomorrow-R2, QPS-SAR-6 AMATERU-III, W-Series 1 (Winnebago-1) e XVI (Link-16).

A lista de satélites será actualizada à medida que as cargas forem sendo divulgadas.

AFR-1 (ABA First Runner-1)

O satélite AFR-1 (ABA First Runner-1) foi desenvoldido pela Azista BST Aerospace e tem uma massa de 80 kg. É baseado numa plataforma modular que transporta uma carga com uma variedade de sensores ópticos de largo varrimento. O AFR-1 é capaz de obter imagens pancromáticas e multiespectrais, sendo um dos primeiros satélites da indústria privada indiana capaz de suportar várias aplicações críticas tanto para utilização civil como militar.

AII-DELTA

O pequeno All-Delta é um CubeSat-6U construído pela NanoAvionics para testar e avaliar uma carga útil de observação espectral desenvolvida pela Aurora Insight.

A carga útil é um projeto novo de natureza experimental cujo objetivo principal da missão é a de qualificar a carga útil que é consiste por um espectrómetro e outros componentes proprietários, além de demonstrar a gestão de medições relevantes do ambiente espectral. Os resultados da experiência serão aplicadas no futuro desenvolvimento de instrumentação avançada da Aurora e no desenvolvimento de componentes da SpaceQuest. A SpaceQuest também irá testar a eficácia de um novo receptor VHF “backdoor” que a empresa projectou e construiu para receber comandos executivos e / ou reiniciar o computador de voo via satélite em caso de falha do sistema. A SpaceQuest irá testar se o receptor, com seu design de baixo custo, e peso e potência reduzidos, tem a capacidade de funcionar em satélites muito pequenos. O desafio técnico é demonstrar no espaço que um pequeno dispositivo de rádio de baixa potência pode ser usado para comandar um satélite independente de seu equipamento de rádio TT&C tradicional. O benefício para a comunidade de pequenos satélites é estabelecer a capacidade de resgatar um veículo espacial no caso de uma anomalia irrecuperável dentro de um tamanho, massa, orçamento e custo aceitáveis.

Ayris-1 e Ayris-2

Por altura da publicação deste artigo, não estava disponível qualquer informação sobre os satélites Ayris-1 e Ayris-2.

Os satélites Blackjack Aces-1 a Blackjack Aces-4

Os satélites Blackjack Aces da agência de defesa DARPA irão demonstrar a utilização de ligações ópticas para a realização de operações de processamento de dados em órbita.

A integração da carga nos satélites foi feita pela Lockheed, bem como os preparativos para o lançamento. Os satélites são baseados em modelos da Blue Canyon (Raytheon), enquanto os quatro terminais ópticos em cada satélite são fornecidos pela SA Photonics (CACI) e as unidades de processamento de dados “Pit Boss” são fornecidos pela SEAKR (Raytheon).

DROID.001

Baseado na plataforma MP42 da NanoAvionics, o satélite DROID.001 da Turion Space Corp. é projectado para missões de reconhecimento a partir da órbita terrestre baixa. O satélite, com uma massa de 32 kg e baseado na plataforma CubeSat-42U, será capaz de obter medições extremamente precisas dos objectos espaciais utilizando os sensores a bordo. Os dados obtidos serão utilizados pelos operadores e utilizadores do satélite para determinar a localização exacta dos satélites em relação a outros.  Esta informação é extremamente útil quando dois satélites estão muito próximos um do outro. As futuras gerações dos satélites DROID terão também como missão a remoção de detritos orbitais e servir para a manutenção de satélites em órbita, fornecendo a capacidade de se modificar um veículo em órbita e a sua inspecção.

ION-SCV 011 (Savvy Simon)

Desenvolvido pela empresa italiana D-Orbit, o ION-SCV (In Orbit Now – Satellite Carrier Vehicle), é uma estrutura de transporte e de demonstração tecnológica de CubeSat de voo livre, transportando vários pequenos satélites para serem colocados em órbita após se separar do estágio superior do foguetão lançador.

A missão do ION-SVC 011 (Savvy Simon) transporta o Alba Orbital Cluster 7 (composto pelos satélites Istanbul, MRC-100, Platzi-Sat1, ROM-2, URESAT-1 ‘Antonio de Nebrija’, UNICORN-21 e Satlla-21) e os satélites Outpost Mission 1 e SpeiSat. Colocado numa órbita sincronizada com o Sol a 500 km, o ION-SCV 011 irá libertar os CubeSats hospedados de forma sequencial ao longo da órbita em posições (ou slots) orbitais precisos, segundo as especificações do cliente. Após a fase de colocação em órbita dos CubeSat, que pode durar até um mês, o ION CubeSat Carrier iniciará a fase de validação em órbita de cargas úteis integradas diretamente na plataforma.

Istanbul

O satélite Istanbul é o primeiro PocketQube (PocketQube 1p) da empresa turca Hello Space. O satélite irá servir como uma missão de demonstração orbital da constelação IoT de 100 pico-satélites.

A empresa turca tem como objectivo melhorar a conectividade dos dispositivos a um baixo custo em relação às actuais soluções existentes, além de fornecer serviços de dados globais para aplicações marítimas, agricultura e indústria.

MRC-100

O satélite MRC-100 é um pequeno PocketQube 3p desenvolvido pela Universidade de Tecnologia e Economia de Budapeste, Hungria.

Esta é a continuação das missões de monitorização do espectro SMOG-P, SMOG-1 e ATL-1 com um espectro alargado entre 30MHz- 2600 MHz, focaca nas bandas HAM e ISM. O satélite é fabricado por estudantes universitários fazendo parte do seu currículo académico.

Com o MRC-100 será possível medir a poluição electromagnética não só nas bandas de frequência, mas também nas bandas HAM, ISM e WiFi. Com a ajuda de estações de rádioamador em todo o mundo podem ser recebidos dados de monitorização de espectros, podendo-se assim criar um mapa global da poluição electromagnética. As bandas de frequências monitorizadas são públicas, bem como os dados de espectros. O mapa final será publicado no sítio do GND.

Unicorn-2I

O satélite Unicorn-2I é um PocketQube 3p desenvolvido pela Alba Orbital UG. A principal missão do satélites é a de levar a cabo uma demonstração tecnológica com uma carga óptica para a observação da Terra com 16m GSD. O satélite está equipado com uma ligação rádio nas bandas amadores de UHF a 437 Mhz e a 2.4 Ghz (uplink e downlink) para receber faróis de telemetria dados que a missão é muito curta (não devendo superar os 45 dias).

O satélite romeno ROM-2

O pequeno satélite ROM-2 (Romanian Orbital Mission) é um PocketQube cujas dimensões são 5 x 5 x 5 cm e tem uma massa de 0,25 kg. Também designado ‘Space Sparrow’, este pequeno satélite não é maior do que um cubo de Rubik e é o primeiro satélite deste tipo fabricado na Roménia. Devido ao seu baixo custo, os PocketQubes estão a abrir caminho para a democratização do acesso ao espaço, abrindo as portas para pequenas organizações para comercializar a sua própria investigação.

Formada por nove estudantes entre os 15 e os 18 anos, a equipa da RomSpace integrou o seu pequeno satélite nas instalações da Alba Orbital antes de ser enviado para o lançamento.

O ROM-2 servirá como satélite de rádioamador e transporta uma carga de observação da Terra com uma câmara de 2 megapixel a bordo para obtenção de imagens da superfície terrestre.

O satélite SATTLA-2I

O satélite SATTLA-2I é um pequeno PocketQube 2p desenvolvido pela Universidade Ariel, Israel, que irá utilizar cartões WiFi para ligações de extremo longo alcance e que será utilizada para a transmissão de vídeo a mais de 600 km em condições de perda de sinal.

URESAT-1

O satélite espanhol URESAT-1 (Hades-B), também designado “URESAT-1 ‘Antonio de Nebrija'”, é um PocketQube 1.5p cuja missão irá proporcionar aos rádioamadores em todo o mundo a oportunidade de transmitir voz FM e comunicações AX.25 / APRS 300/1200 bps. Isto é possível ao se implementar um SDR baseado em FM e repetidor FSK.

O satélite é baptizado com o nome de ‘Antonio de Nebrija’ para assinalar o 500.º aniversário do falecimento deste humanista espanhol.

Speisat

O SpeiSat (Spei Satelles) é a primeira missão orbital do Vaticano sendo o satélite baseado num CubeSat-3U com uma massa de cerca de 3 kg. A missão do Spei Satelles pretende ser um sinal de esperança para a toda a Humanidade e é promovida pelo Dicastério para a Comunicação (uma divisão da Cúria Romana com autoridade sobre todos os escritórios de comunicação da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano), sendo coordenada pela Agência Espacial Italiana. Os participantes na missão incluem a Universidade Politécnica de Turim, que projectou e construiu o satélite, e a CNR que criou um nanolivro a partir do qual teve origem toda a missão.

A superfície exterior do satélite está coberta de pequenos painéis solares para o fornecimento de energia para vários componentes a bordo: dois computadores, dois sistemas de comunicações em banda UHF, uma bateria para o armazenamento de energia, pequenos magnetes para estabilização do satélite após a sua separação e um conjunto de sensores térmicos e inerciais para recolher medições sobre o ambiente espacial.

O SpeiSat também contem um pequeno nanolivro com a Bíblia na sua estrutura e um ficheiro contendo mensagens de esperança que serão espalhadas durante a sua missão.

O satélite EIVE

O objectivo do projecto EIVE (Exploratory In-Orbit Verification of an E/W-Band Satellite Communication Link) é o desenvolvimento e teste de uma ligação de comunicações em banda-E para assim permitir a utilização de novas frequências para comunicações de banda larga e para garantir a crescente demanda para grandes fluxos de dados.

Na missão está planeada uma ligação de dados nas frequências 71-76 GHz a partir do satélite para uma estação no solo, demostrando assim a possibilidade de transmissão numa largura de banda de 5 GHz utilizando uma antena compacta de dimensões realistas.

O consórcio EIVE é composto por diferentes institutos e empresas alemãs, tais como o Institute of Robust Power Semiconductor Systems da Universidade de Estugarda (desenvolvimento da carga de banda-E) e o Fraunhofer IAF bem como o Radiometer Physics GmbH (desenvolvimento do equipamento de rádio frequência de banda-E utilizando tecnologias de semicondutores GaN e GaAs), além do TESAT Spacecom (experiência no campo da radiação espacial e desenvolvimento dos sistemas electrónicos). O Instituto de Sistemas Espaciais da Universidade de Estugarda foi responsável pelo projecto, integração e teste do satélite.

FOSSASat-FEROX

FOSSASat FEROX é uma nova plataforma de nanossatélite desenvolvida pela FOSSA Systems após os demonstradores da geração FOSSASat-2E. O satélite proporciona uma conectividade de baixa energia LoRa IoT para mensagens de 80-byte e transporta também uma experiência de observação da Terra que transmite imagens de baixa resolução.

Os satélites lançados na missão Transporter-8 transmitem sinais de farol contendo informação de telemetria dos subsistemas e da experiência, sendo activado após a fase de comissionamento dos satélites. Os satélites têm capacidades comparáveis às dos CubeSat-6U a CubeSat-12U, mas numa fracção do tamanho, com a FOSSA a proporcionar conectividade IoT a todo o globo.

GEI-SAT

Desenvolvido pela espanhola Satlantis Microsats, o CubeSat-16U GEI-SAT Precursor está equipado com sistemas de observação de infravermelho próximo (VNIR) e infravermelho de onda-curta (SWIR) que serão utilizados para identificar emissões de metano. 

O sistema de observação tem uma resolução no solo de 1,8 metros e uma banda de varrimento de 14,3 km, operabndo em quatro bandas espectrais.

GHOSt-3

Os satélites GHOSt (Global Hyperspectral Observation Satellite) irão formar uma constelação de seis satélites de observação da Terra da Orbital Sidekick (OSK).

São fabricados tendo por base a plataforma Corvus-XL da Astro Digital, com a Maverick Space Systems a fornecer os serviços de integração da missão e gestão para os lançamentos com a SpaceX. A carga de observação hiperespectral é fornecida pela OSK, sendo baseada num protótipo que foi utilizado no satélite Aurora.

Os satélites GHOSt tiram partido da experiência da OSK na obtenção e análise de dados hiperespectrais com a missão HEIST na estação espacial internacional em 2019. A carga a bordo produz imagens hiperespectrais comerciais com a maior resolução no mercado com um GSD de cerca de 8 metros. Os satélites obtêm mais de 400 bandas espectrais no espectro visível até ao infravermelho de onda curta (400 nm – 2.500 nm) que são comunicados à plataforma Spectral Intelligence Global Monitoring Application (SIGMATM) da OSK.

Grégoire

Por altura da publicação deste artigo, não estava disponível qualquer informação sobre o satélite Grégoire.

HotSat-1

Desenvolvido pela Surrey Satellite Technology Ltd. e operado pela Satellite Vu, o satélite HotSat-1 (baseado na plataforma Carbonite) pretende mapear a «assinatura de calor» dos edifícios no Reino Unido, identificando estruturas com desperdício de energia e promover um isolamento melhorado para um futuro mais verde.

O HotSat-1 está equipado com um sensor infravermelho avançado, desenvolvido numa colaboração entre a agência espacial do Reino Unido e a Agência Espacial Europeia. A partir de uma órbita a cerca de 500 km de altitude e obtendo imagens de alta resolução, o satélite pode analisar telhados individuais e paredes para a determinação da eficiência energética em todo Reino Unido.

O HotSat-1 assinala o início das ambições da Satellite Vu que pretende desenvolver uma constelação de oito satélites, efectivamente criando uma rede de “termómetros no céu”. Para além de identificar a ineficiência energética, o HotSat-1 irá desempenhar um papel no combate ao efeito da ilha de calor urbano. Ao identificar estruturas e espaços abertos que contribuem para o aumento das temperaturas em cidades e vilas, os projectistas urbanos podem tomar decisões informadas acerca de onde plantar árvores de forma estratégica para arrefecer o ambiente.

Os dados obtidos serão também úteis nos campos das finanças, seguros e sector militar. Ao monitorizar alterações nas temperaturas ao longo do tempo, o satélite pode fornecer uma imagem do ambiente em torno de fábricas, apoiar na monitorização da poluição e proporcionar indicadores atempados de anomalias, tais como alterações súbitas na temperatura da água dos rios.

Os satélites ICEYE X

Os satélites ICEYE X fazem parte de uma constelação de microssatélites equipados com radar SAR (Synthetic Aperture Radar), desenvolvidos pela empresa finlandesa de startups ICEYE. Os satélites foram projetados para fornecer imagens de SAR em tempo quase real. Os satélites são veículos operacionais baseados no desenho do ICEYE X2.

A empresa está a trabalhar para lançar e operar uma constelação de micro satélites que possuem a sua própria tecnologia de sensor de SAR compacta e eficiente. O instrumento de radar de imagem ICEYE pode fazer imagens através das nuvens, mau tempo e escuridão.

Nesta missão foram lançados os satélites ICEYE-X23, ICEYE-X25, ICEYE-X26 e ICEYE-X30.

Orbiter

O sistema de carga Orbiter, desenvolvido pela Launcher, é uma plataforma de voo livre capaz de transportar pequenos satélites que serão separados mais tarde na sua missão.

O Orbiter tem uma capacidade de carga de até 400 kg e é capaz de ser integrado com todos os sistema de separação de CubeSat e de pequenos satélites. Com uma capacidade propulsiva de 500 m/s, o Orbiter expande a capacidade de missão de transporte partilhado, colocando os seus satélites nas órbitas exactas com maior precisão. O sistema de propulsão utiliza etano e óxido nitroso.

Na missão Transporter-8, o Orbiter SN3 transportou os satélites MDQSAT-1C, MDQSAT-1D, Otter Pup, Pleiades-Squared e as cargas Nightingale 1, TRL11-SN3-Demo e Remora.

MDQSAT-1C e MDQSAT-1D

Os satélites MDQSAT-1C e MDQSAT-1D são dois CubeSat-0.5U desenvolvidos pela Innova Space. Irão servir como demonstradores tecnológicos da nova plataforma de pico-satélites da empresa, projectadas para fornecer serviços de comunicações IoT (Internet of Things) aos sectores de agricultura, mineração e prospecção petrolífera e de gás da América Latina

Os dois primeiros satélites da constelação (MDQSAT-1A e MDQSAT-1B) foram transportados a bordo do veículo Orbiter SN1 lançado a 3 de Janeiro de 2023 a bordo da missão Transporter-6. Infelizmente, o Orbiter SN1 sofreu uma falha no fornecimento de energia em órbita, impedindo a separação dos satélites.

Otter Pup

O objectivo geral da missão Otter Pup é a de demonstrar as tecnologias RPOD (Rendezvous, Proximity Operations, and Docking) em órbita terrestre baixa utilizando um satélite de demonstração. A Starfish Space irá utilizar os resultados e experiência desta missão para desenvolver um satélite de serviço operacional em 2024-2025 para ser utilizado no prolongamento da vida de satélites em órbita e para a remoção de satélites inoperativos ou de detritos orbitais.

Transportado a bordo do Orbiter SN3, o conjunto será colocado numa órbita a 550 km de altitude. Posteriormente, o Orbiter SN3 irá alterar a sua órbita para uma altitude operacional de 475 km com uma inclinação de cerca de 97,6.º na qual o Otter Pup será separado. As transmissões a partir do satélite serão iniciadas nesta altura e irão cessar cerca de 1 ano mais tarde.

Após a fase de comissionamento, o Otter Pup irá realizar manobras de aproximação com o Orbiter SN3, realizando manobras de proximidade em torno do veículo e posteriormente, aproximar-se e realizar uma acoplagem, separando-se novamente mais tarde. As manobras de aproximação e acoplagem serão repetidas várias vezes. O atrito atmosférico irá gradualmente diminuir a velocidade do Otter Pup, reduzindo assim a sua altitude orbital até à sua reentrada natural cerca de 18 meses após o lançamento.

A massa total do Otter Pup é de 38,8 kg, e a sua massa sem propelente é de 37,88 kg. As suas dimensões são de 72,0 x 38,7 x 46,8 cm.

    Pleiades-Squared

Por altura da publicação deste artigo, não estava disponível qualquer informação sobre o satélite Pleiades-Squared.

As cargas não separáveis a bordo do Orbiter SN3 são a Nightingale 1 (desenvolvida pela Cesium Astro, para testar um computador para um sistema de comunicações de banda-Ka), a TRL11-SN3-Demo (desenvolvida pela TRL11 para testar um sistema de separação de CubeSat) e a Remora (desenvolvida pela Millenium Space Systems para testar um sistema de orientação, navegação e controlo ‘GNC’).

Os Lemur-2

Os satélites Lemur-2 são baseados no modelo CubeSat-3U e têm uma massa de 4 kg.

Os satélites constituem a constelação inicial em órbita terrestre baixa construídos pela Spire, transportando duas cargas para meteorologia e seguimento do tráfego marítimo (a carga STRATOS – ocultação do sinal rádio de GPS – e a carga AIS SENSE, respectivamente). A STRATOS permite a detecção do sinal GPS que é afectado quando passa através da atmosfera terrestre. Posteriormente, e utilizando um processo designado ‘ocultação do sinal GPS’, o satélite mede a alteração do sinal GPS para calcular os perfis precisos para a temperatura, pressão e humidade na Terra.

A partir do 78.º Lemur-2, estes satélites transportam também a carga AirSafe ASD-B para seguimento de aviões. Alguns satélites Lemur-2 são construídos em formato CubeSat-6U para o transporte de de cargas adicionais.

Na missão Transporter-8 foram lançados os satélites Lemur-2 (165) Embrionovis, Lemur-2 (166) Naziyah e Lemur-2 (167) Aadam-Aliyah.

MISR-A 1

O satélite MISR-A 1 (Modular Intelligence, Surveillance and Reconnaissance) é um CubeSat-6U experimental que será operado pelo SOCOM (Special Operations Command). Desconhece-se a carga a bordo, podendo esta tratar-se de uma carga de detecção e análise de sinais de rádio.

MISR-B 2

O satélite MISR-B 2 (Modular Intelligence, Surveillance and Reconnaissance) é um CubeSat-6U experimental que será operado pelo SOCOM (Special Operations Command). Desconhece-se a carga a bordo, podendo esta tratar-se de uma carga de detecção e análise de sinais de rádio.

O modelo CubeSat-6U foi fornecido pela Blue Canyon juntamente com o sistema de transmissão de rádio, GPS, giroscópios, bastão de torque, sensores solares, painéis solares e baterias, sistema de navegação e controlo, e gestão de energia. O programa tem como objectivo demonstrar uma capavidade de CubeSat rocusta, responsiva e de multi-missão para satisfazer uma variedade de requisitos e fornece muito mais energia à carga a bordo.

Musat-1

Desenvolvido pela Muon Space Inc., o satélite MuSat-1 é um veículo de demonstração tecnológica para demonstrar e validar o desempenho em órbiota do conjunto de sistemas aviónicos da empresa.

Os dados obtidos pelos sensores a bordo do satélite serão processados, armazenados e transmitidos para as estações terrestres enquanto o satélite for visível a partir dessas estações.

ÑuSat-40 a ÑuSat-43 (a constelação Aleph-1)

Os satélites argentinos ÑuSat-40 a ÑuSat-43 colocados em órbita na missão Transporter-8, fazem parte da constelação de Aleph-1 que está a ser desenvolvida e operada pela Satellogic S.A..

Os satélites são quase idênticos entre si e têm uma massa de 38,5 kg, com dimensões de 510 x 570 x 820 mm. O objectivo principal da missão é fornecer comercialmente imagens de observação da Terra ao público em geral nas partes visível e infravermelha do espectro.

A constelação Aleph-1 oferece acesso exclusivo aos produtos de que as empresas precisam, sem desembolso de capital e sem risco técnico, oferecendo cobertura ininterrupta, recuperação rápida de capacidade e actualizações transparentes de hardware e software por satélite.

Os satélites permitem a gestão de áreas florestais, gestão de activos e alocação de capital, permitindo o controlo sobre o uso da terra florestal e rastreando a evolução de qualquer área com frequência; impedir o roubo e a colheita ilegal ao receber alertas geográficos sobre áreas impactadas e seus tamanhos sempre que as alterações são detectadas; ajudarão a definir stocks e fluxos de carbono para relatórios do governo por meio de modelos empíricos que fornecem uma série temporal de fluxos de carbono em escala nacional; e ajudar a avaliar variáveis do suporte florestal, optimizando as operações de negócios da empresa e estimando dinamicamente variáveis do suporte florestal, como volume, rendimento, altura, área basal e DBH usando modelos de previsão.

Em termos de gestão agrícola, a constelação de Aleph-1 ajudará a gerir terras e activos agrícolas, rastreando o uso da terra, recursos e capital ao longo do tempo, enquanto gere a cadeia de suprimentos com eficiência e desbloqueia a inteligência de mercado para os negócios da empresa; evitará o roubo e a colheita ilegal por meio de alertas geográficos sobre áreas impactadas e seus tamanhos sempre que forem detectadas alterações; irá monitorizar a saúde das culturas, pragas e ervas daninhas usando as tecnologias de segmentação semântica da Satellogic, para ajudar os clientes a ver com o que eles se importam por meio de lentes de aumento que podem destacar tudo, desde o tipo e idade da cultura até a presença de pragas; racionalize a irrigação e o uso de produtos químicos e avalie as características das terras agrícolas com uma ferramenta adaptada especificamente às localizações, experiências e necessidades de expansão de uma empresa.

Nas indústrias de energia, os satélites ajudarão a reduzir custos operacionais e melhorar a eficiência com a gestão automatizada da integridade dos ductos, evitando actividades ilícitas, cumprindo as regulamentações ambientais e monitorizando a infraestrutura e os activos.

Nos campos de Finanças e Seguros, os satélites ajudarão a avaliar o impacto, monitorizar desastres naturais e determinar os principais indicadores socioeconómicos para inteligência competitiva.

Ambos os satélites estão equipados com câmaras operando em luz visível e infravermelho, e operam em órbitas sincronizados com o Sol a uma altitude de 500 km com inclinação orbital de 97,5.º. A câmara multiespectral tem uma resolução de 1m e a câmara hiperespectral tem uma resolução de 30 metros.

Nesta missão foram lançados os satélites ÑuSat-40 (Carolyn Shoemaker), ÑuSat-41 (Cecilia Payne-Gaposchkin), ÑuSat-42 (Rose Dieng-Kuntz) e ÑuSat-43 (María Wonenburger).

Runner-1 (FASat Delta)

Operado pela FACh e pela empresa israelita ImageSat International (ISI), o Runner-1 é um pequeno satélite de observação óptica da superfície terrestre que foi desenvolvido pel Tyvak. O satélite tem a capacidade de observação em cores verdadeiras e vídeo, e será utilizado para o fornecimento de serviços a clientes governamentais e comerciais.

Está equipado com um telescópio de 35 cm com uma resolução no solo de 71 cm e um varrimento de 5,6 km nas bandas espectrais de 400 nm a 670 nm. Irá operar a partir de uma órbita a 500 km de altitude sincronizada com o Sol como parte de uma constelação de satélites com alta capacidade de sobrevoo. Tem uma massa de 86 kg e o seu tempo de vida em órbita é de 5 anos.

O Runner-1 irá também servir o governo chileno no seu programa de desenvolvimento espacial que foi atrribuído à ISI após um extenso concurso internacional. O satélite, internamenteb designado “FASat Delta”, é a componente chave do progama espacial do Chile.

Skykraft-3

Desenvolvidos e operados pela Skykraft, na missão Transporter-8 são lançados quatro satélites Skykraft-3 (Skykraft-3A a Skycraft-3D) lançados no Skykraft Deployer 3 desenvolvido pela Skykraft. Os satélites são lançados numa única unidade, separando-se uns dos outros após terem sido colocados em órbita.

Os satélites são utilizados para fazer o seguimento de aeronaves e para prolongar as comunicações de controlo de trafego aéreo por uma vasta área para assim aumentar a rede de comunicações terrestre. Os satélites irão realizar testes de comunicações com as autoridades de avião da Austrália e da Nova Zelândia.

Os satélites SpaceBEE

A missão Transporter-8 colocou em órbita 12 picossatélites SpaceBEE. Anteriormente conhecidos por BEE (Basic Electronic Elements), os pequenos satélites são construídos sob a forma CubeSat-0.25 e servem para demonstrar comunicações bidirecionais de dados por satélite para a Swarm Technologies Inc..

A constelação final será composta por 150 satélites, sendo fabricados um total de 170 unidades.

Estes satélites usam banda VHF para comunicar entre si. Será também implantada uma base terrestre para operar estes satélites. Estima-se que esta missão começará a ser operada logo após o lançamento. Esta missão durará entre 6 meses a 2 anos.

Na missão Transporter-8 foram lançados os satélites SpaceBEE-168 a SpaceBEE-179.

Tiger-4

O Tiger-4 é um CubeSat-6U numa missão 5G com uma carga NB-IoT para a Internet das Coisas. Foi construído, integrado e é operado pela NanoAvionics sob contrato com a OQ Technology, uma empresa multinacional de IoT.

Esta é a mais uma missão para o fabricante de plataformas de pequeno porte e integrador de missão da Lituânia com a Tecnologia OQ e a mais recente adição à crescente constelação de nanosatélites de órbita terrestre baixa da Tecnologia OQ. A constelação pretende fornecer serviços comerciais básicos de IoT e M2M, usando conectividade 5G, para clientes com enfase na África, Médio Oriente, Ásia e América Latina.

Tomorrow-R2

A Tomorrow.io Weather Radar Spacecraft Demonstration é uma missão de detecção remota composta por dois satélites, Tomorrow-R1 e Tomorrow-R2, com o objectivo de demonstrar um sistema de previsão de tempo orbital, sendo a sua aplicação primária a monitorização da precipitação.

A Tomorrow.io construiu a carga de teste de radar, que é composta por um radar de banda-Ka integrado numa plataforma de satélite baseada do desenho Corvus-XL da Astro Digital.

O satélite tem uma massa de 86 kg.

QPS-SAR-6 AMATERU-III

Os QPS-SAR são uma serie de pequenos satélites de observação terrestre de alta resolução utilizando tecnologia SAR na banda X que são desenvolvidos e operados pelo Instituto QPS (iQPS).

Estes satélites são precursores de uma constelação de 36 unidades e estão equipados com uma antena de 3.6 metros de diâmetro e uma massa de apenas 10 kg. Os satélites podem distinguir objectos de apenas 1 metro e identificar automóveis na estrada. Os satélites QPS-SAR têm uma massa de cerca de 100 kg e estão equipados com duas asas solares para o fornecimento de energia que é armazenada em baterias internas.

O primeiro satélite, o QPS-SAR 1 Izanagi foi colocado em órbita a 11 de Dezembro de 2019 por um foguetão PSLV-QL a partir do Centro Espacial Satish Dawan SHAR, Ilha de Sriharikota.

W-Series 1 (Winnebago-1)

A missão Winnebago-1 será realizada pela Varda Space Industries para obter experiência de voo em sistemas de voo orbital de de reentrada. O satélite é baseado no modelo Photon-IP da Rocket Lab USA.

Após se separar do seu lançador, a missão culmina com a separação da cápsula de regresso que irá reentrar na atmosfera terrestre e aterrar com o auxílio de um pára-quedas no Utah Test and Training Range (“UTTR”). Após a separação da cápsula de regresso, irá iniciar a comunicação de dados de geolocalização GPS para o centro de operações da missão da empresa através de um modem Iridium 9602. Apesar do modem fornecer dados em tempo real acerca da localização da cápsula, o seguimento do veículo e sua posterior recolha serão realizados pelo UTTR.

XVI (Link-16)

O satélite XVI é um CubeSat-12U construído como um demonstrador tecnológico para a ViaSat pela Blue Canyon Technologies (que fornece a plataforma de satélite) com a missão de avaliar satélites em órbitas baixas para ligar aos terminais de comunicação Link-16 para a transmissão de comunicações militares fora do campo de visão dos terminais terrestres.

A Link-16 é uma frequência de rádio encriptada utilizada pelos militares norte-americanos e pelos seus aliados da NATO para a partilha de informação crítica. Os seus terminais estão colocados a bordo de aeronaves, veículos terrestre e navios para facuilitar a troca de dados e imagens em formato de mensagens standard. O projecto piloto testa a fiabilidade de utilizar pequenos satélites em órbitas tersestres baixas para a transmissão de mais e melhor informação para as unidades no terreno. A tecnologia Link-16 somente tem sido capaz de comunicações dentro do seu campo de visão. Assim, ao se demonstrar que a Link-16 pode operar num ambiente espacial em pequenos satélites, os militares norte-americanos adquirem vantagens tácticas no campo de batalha.

Em Maio de 2019, a o directorado da Air Force Research Laboratory Space Vehicles atribuiu um contrato à Viasat para testar a fiabilidade do sistema em pequenos satélites para servirem como rede de comunicações num programa denominado “XVI”.

Lançamento

A cerca de dez horas do lançamento procede-se à activação eléctrica do foguetão Falcon-9. Tanto o lançador como a sua carga são submetidos a uma série de verificações testes antes do início do abastecimento do querosene RP-1. O Director de Voo consulta os controladores a T-38m, determinando assim se tudo está pronto para o início do abastecimento do lançador. O processo de abastecimento de RP-1 inicia-se a T-35m no primeiro estagio, seguindo-se o início do abastecimento do oxigénio líquido (LOX) na mesma altura. O abastecimento de LOX ao segundo estagio inicia-se a T-16m.

A fase terminal da contagem decrescente inicia-se com os motores a serem condicionados termicamente para o lançamento a T-7m. A T-1m é enviado um comando para o computador de voo para iniciar as verificações pré-lançamento e o sistema de supressão sónica é activado na plataforma de lançamento que é inundada por milhões de litros de água. Por esta altura os tanques de propelente também são pressurizados. A T-45s o Director de Lançamento da SpaceX verifica se todos os parâmetros estão prontos para a missão, sendo também verificado que o espaço aéreo está pronto para o lançamento. A sequência de ignição é iniciada a T-3s. A T=0s o foguetão abandona a plataforma.

Abandonando a plataforma de lançamento, o Falcon-9 inicia uma série de manobras para se colocar na trajectória de voo correcta. A fase MaxQ, de máxima pressão dinâmica, é atingida a T+1m 5s, sendo nesta altura que o lançador atinge o ponto mais elevado de ‘stress’ mecânico na sua estrutura.

O final da queima do primeiro estágio (MECO – Main Engine Cut-Off) ocorre a T+2m 14s, dando-se dois segundos depois a separação entre o primeiro e o segundo estágio, com este a entrar em ignição a T+2m 26s.

O primeiro estágio executa a manobra de regresso ao local de lançamento que decorre entre T+2m 31s e T+3m 25s. A ejecção das duas metades da carenagem de protecção ocorre a T+2m 56s. A queima de reentrada do primeiro estágio ocorre entre T+6m 17s e T+6m 32s, e a queima de aterragem ocorre entre T+7m 25s e T+7m 42s, sendo recuperado com sucesso.

O final da primeira queima do segundo estágio ocorre T+8m 24s. A segunda queima do segundo estágio ocorre entre T+56m 52s e T+56m 55s.

A T+59m 59s inicia-se a sequência de separação dos diversos satélites, com a separação do satélite FOSSASat-FEROX. Esta sequência vai-se desenrolar por longos minutos, terminando a T+1h 24m 48s com a separação do satélite Blackjack Aces-3.

O foguetão Falcon-9

Baptizado em nome da nave Millenium Falcon da saga cinematográfica “Guerra das Estrelas”, o foguetão Falcon-9 v1.1 é um lançador a dois estágios projectado e fabricado pela SpaceX para o transporte seguro e fiável de satélites e do veículo Dragon para a órbita terrestre. Sendo o primeiro foguetão completamente desenvolvido no Século XXI, este lançador foi projectado desde o início para ter a máxima fiabilidade. A sua simples configuração de dois estágios minimiza o número de eventos de separação (staging) e com nove motores no primeiro estágio, pode completar a sua missão em segurança mesmo na possibilidade de perda de um motor.

O Falcon-9 fez história em 2012 quando colocou a cápsula Dragon na órbita correcta para uma manobra de encontro com a estação espacial internacional, fazendo da SpaceX a primeira companhia comercial a visitar a ISS. Desde então, a SpaceX realizou múltiplas missões para a ISS transportando e recolhendo carga para a NASA. O Falcon-9, bem como a cápsula Dragon, foram desenhados na base do desenvolvimento de um sistema de transporte de astronautas para o espaço e num acordo com a NASA, a SpaceX está activamente a trabalhar para atingir esse objectivo.

O foguetão Falcon-9 Upgrade, ou Falcon-9 FT, (a seguir designado simplesmente como ‘Falcon-9’) representa a mais recente evolução deste lançador. De forma geral o Falcon-9 tem 68,4 metros de comprimento, 3,7 metros de diâmetro e uma massa de 541.300 kg. O veículo é capaz de colocar uma carga de 13.150 kg numa órbita terrestre baixa ou 4.850 kg numa órbita de transferência geossíncrona.

O primeiro estágio do Falcon-9 está equipado com nove motores Merlin (Merlin-1D) e tanque de liga de alumínio e lítio que contêm oxigénio líquido e querosene RP-1. Após a ignição, um sistema de segurança fixa o veículo na plataforma de lançamento e garante que todos os motores são verificados como estando na força máxima antes de libertar o foguetão para o seu voo. Então, com uma força superior a cinco aviões Boeing 747 em potência máxima, os motores Merlin lançam o foguetão para o espaço. Ao contrário dos aviões, a força de um foguetão vai aumentando com a altitude – o Falcon-9 gera 6.806 kN ao nível do mar mas atinge 7.426 kN no vácuo espacial. Os motores do primeiro estágio vão sendo aumentados em potência perto do final da queima do estágio para assim limitar a aceleração do veículo à medida que a massa do lançador vai diminuindo com a queima do combustível. O tempo total de queima do primeiro estágio é de 162 segundos.

Com os seus nove motores agrupados juntos na configuração ‘octaweb’, o Falcon-9 pode aguentar a falha de até dois motores durante o lançamento e mesmo assim conseguir atingir a órbita terrestre com sucesso. O Falcon-9 é o único lançador na sua classe com esta característica chave.

O motor Merlin foi desenvolvido internamente pela SpaceX, mas vai encontrar as suas raízes aos motores das missões Apollo, nomeadamente o sistema de injecção baseado no motor do módulo lunar. O propelente é alimentado através de uma única conduta, com uma turbo-bomba de dupla pá que opera num ciclo de gerador a gás. A turbo-bomba também fornece o querosene a alta pressão para os actuadores hidráulicos, que depois recicla para a entrada a baixa pressão. Isto elimina a necessidade de um sistema hidráulico separado e significa que não é possível ocorrer uma falha no controlo de vector de força por falta de fluido hidráulico. Uma terceira utilização da turbo-bomba é o fornecimento de controlo de rotação ao actuar no escape da turbina de exaustão (no segundo estágio). Combinando-se estas características num só dispositivo aumenta-se assim de forma significativa o nível de fiabilidade do sistema.

O motor é capaz de desenvolver uma força de 654 kN ao nível do mar, 716 kN no vácuo, com um impulso específico de 282 segundos (nível do mar) e 311 segundos (vácuo).

A secção interestágio é uma estrutura compósita que liga o primeiro e o segundo estágio e alberga os sistemas de libertação e separação. O Falcon-9 utiliza um sistema de separação totalmente pneumático para uma separação de baixo impacto e altamente fiável que pode ser testado no solo, ao contrário dos sistemas pirotécnicos utilizados na maior parte dos lançadores.

O segundo estágio é propulsionado por um único motor Merlin de vácuo e coloca a carga a transportar na órbita desejada. O motor do segundo estágio entra em ignição poucos segundos após a separação entre o segundo e o primeiro estágio, e pode ser reiniciado várias vezes para colocar múltiplas cargas em diferentes órbitas. Para máxima fiabilidade, o segundo estágio está equipado com sistemas de ignição redundantes. Tal como o primeiro estágio, o segundo estágio é feito a partir de uma liga de alumínio e lítio.

O motor Merlin de vácuo (Merlin-1D de vácuo) desenvolve uma força de 934 kN e o seu tempo de queima é de 397 segundos.

A carenagem compósita é utilizada para proteger a carga durante a passagem do Falcon-9 pelas camadas mais densas da atmosfera. Quando a missão do Falcon-9 é o lançamento do veículo de carga Dragon, a carenagem não é utilizada, pois a cápsula possui o seu próprio sistema de protecção.

A carenagem tem 13,1 metros de comprimento e 5,2 metros de diâmetro. Fabricada em fibra de carbono, separa-se em duas metades utilizando um sistema de separação de actuadores pneumáticos semelhantes aos que são utilizados para a separação entre o primeiro e o segundo estágio.

A sequência de lançamento para o Falcon-9 é um processo de precisão ditada pela janela de lançamento tendo em conta a posição orbital a ser ocupada pela carga a bordo. Se a janela de lançamento é perdida, a missão é então adiada para a próxima janela de lançamento disponível.

Cerca de quatro horas antes do lançamento, inicia-se o processo de abastecimento – primeiro oxigénio líquido seguindo-se o querosene altamente refinado (RP-1). O vapor que se observa a sair do lançador durante a contagem decrescente é na realidade oxigénio a ser libertado dos tanques, sendo esta a razão pela qual o abastecimento de oxigénio líquido se mantém até quase ao final da contagem decrescente.

Lançamento Veículo 1.º estágio Local Lançamento Data Hora (UTC) Carga Recuperação
2023-065 223 B1067.11 CCSFS, SLC-40 14/Mai/23 05:03:50 Starlink G5-9 JRTI
2023-067 224 B1076.5 CCSFS, SLC-40 19/Mai/23 06:19:30 Starlink G6-3 ASOG
2023-068 225 B1063.11 VSFB, SLC-4E 20/Mai/23 13:16:33 OneWeb-L19 (x15) JoeySat Iridium-NEXT 174 Iridium-NEXT 177 Iridium-NEXT 178 Iridium-NEXT 179 Iridium-NEXT 181 LZ-4
2023-070 226 B1080.1 KSC, LC-39A 21/Mai/23 21:37:09 Freedom Ax-2 LZ-1
2023-075 227 B1062.14 CCSFS, SLC-40 27/Mai/23 03:25 Arabsat-7B (Badr-8) JRTI
2023-078 228 B1061.14 VSFB, SLC-4E 31/Mai/23 06:02:30 Starlink G2-10 OCISLY
2023-079 229 B1078.3 CCSFS, SLC-40 04/Jun/23 12:20:00 Starlink G6-4 JRTI
2023-080 230 B0177.5 KSC, LC-39A 05/Jun/23 15:47 Dragon v2 SpX-28 ASOG
2023-083 231 B1073.9 CCSFS, SLC-40 12/Jun/23 07:10:50 Starlink G5-11 JRTI
2023-084 232 B1071.9 VSFB, SLC-4E 12/Jun/23 21:35:00,178 Transporter-8 LZ-4