O trio de satélites LISA, para a detecção de ondas gravitacionais no espaço, foi seleccionado como a terceira missão de grande categoria no programa de Ciência da ESA, enquanto o caçador de exoplanetas Plato passa para o desenvolvimento.
Estes importantes marcos foram decididos ontem, durante uma reunião do Comité do Programa de Ciência da ESA, e asseguram a continuação do plano Visão Cósmica da ESA, durante as próximas duas décadas.
O “universo gravitacional” foi identificado em 2013 como o tema da terceira missão de grande categoria, L3, em busca de ondulações no tecido do espaço-tempo, criado por objetos celestiais com gravidade muito forte, como pares de buracos negros fundidos.
Previstas há um século atrás pela teoria geral da relatividade de Albert Einstein, as ondas gravitacionais permaneceram elusivas até a primeira deteção direta pelo Observatório de Ondas Gravitacionais de Interferómetro Laser terrestre, em setembro de 2015. Esse sinal foi desencadeado pela fusão de dois buracos negros, a cerca de 1,3 mil milhões de anos-luz de distância. Desde então, foram detetados mais dois eventos.
Além disso, a missão LISA Pathfinder da ESA também demonstrou as principais tecnologias necessárias para detectar ondas gravitacionais do espaço. Isto inclui massas de teste em queda livre ligadas por laser e isoladas de todas as forças externas e internas, excepto a gravidade, um requisito para medir qualquer possível distorção causada por uma onda gravitacional transeunte.
A distorção afeta o tecido do espaço-tempo na escala minúscula de algumas milionésimas de milhão de metros, numa distância de um milhão de quilómetros e, portanto, deve ser medida com extrema precisão.
A LISA Pathfinder irá concluir a sua missão pioneira no final deste mês, e a LISA, a Antena Espacial do Interferómetro LASER (Laser Interferometer Space Antenna), também uma colaboração internacional, entrará agora numa fase de estudo mais detalhada. Três naves, separadas por 2,5 milhões de km, numa formação triangular, seguirão a Terra na sua órbita ao redor do Sol.
Após a seleção, o projeto da missão e o cálculo de custos podem ser concluídos. Então, será proposto para ‘adoção’ antes de começar a sua construção. O lançamento está previsto para 2034.
Adoptado o caçador de planetas
Na mesma reunião, PLATO (Planetary Transits and Oscillations) – Trânsitos Planetários e Oscilações de estrelas – já foi adoptado no Programa de Ciência, após a sua selecção, em Fevereiro de 2014.
Isto significa que pode passar de um plano para a construção. Nos próximos meses, a indústria será convidada a fazer propostas para fornecer a plataforma espacial.
Após o seu lançamento em 2026, Plato irá monitorizar milhares de estrelas brilhantes numa grande área do céu, procurando porções de brilho minúsculas e regulares, quando os seus planetas se cruzam na sua frente, bloqueando temporariamente uma pequena fracção da luz das estrelas.
A missão terá uma ênfase especial na descoberta e caracterização de planetas do tamanho da Terra e super-Terras em órbita a estrelas semelhantes ao Sol, na zona habitável – a distância à estrela onde a água superficial líquida poderia existir.
Também investigará a actividade sísmica nalgumas estrelas hospedeiras, e determinará as suas massas, tamanhos e idades, ajudando a entender todo o sistema exoplanetário.
Plato irá operar a partir do ponto virtual “L2” no espaço, a 1,5 milhões de km para além da Terra, visto do Sol.
Missões de oportunidade
O Comité do Programa de Ciência também concordou em participar da missão de tecnologia Proba-3 da ESA, um par de satélites que voarão em formação a apenas 150 m de distância um do outro, onde um actua como um disco de bloqueio em frente ao Sol, permitindo ao outro observar a ténue atmosfera externa do Sol em mais pormenor do que nunca.
A ESA também participará da Missão de Recuperação de Astronomia de raios-X do Japão (XARM), projectada para recuperar a ciência do satélite Hitomi que foi perdido pouco depois do lançamento, no ano passado.
Notícia e imagens: ESA
Texto corrigido para Língua Portuguesa pré-AO90