Um dos originais sete magníficos do Programa Mercury, Malcom Scott Carpenter participou no segundo voo espacial orbital dos Estados Unidos e foi também pioneiro na exploração dos oceanos, tornando-se no primeiro astronauta / aquanauta.
O único voo espacial de Carpenter, Mercury-Atlas 7 a 24 de Maio de 1962, teve uma duração de 4 horas 56 minutos e 5 segundos, durante o qual realizou três órbitas da Terra. O voo de John Glenn três meses antes havia provado que um astronauta poderia sobreviver no espaço, então a tarefa de Carpenter seria a de provar que um astronauta poderia trabalhar no espaço. O seu plano de voo estava cheio com experiências científicas que incluíam a observação de sinais luminosos na superfície e a separação de um balão preso por um cabo.
Carpenter descobriu os misteriosos pirilampos de John Glenn quando embateu nas paredes da sua cápsula espacial, dando origem a uma nuvem de partículas luminosas. Tentou reproduzir a desorientação relatada pelo cosmonauta soviético Gherman Titov (mais tarde revelado como o primeiro caso de enjoo espacial ou síndrome de adaptação espacial), mas o conseguiu. E transmitiu saudações via rádio – em Castelhano – para os controladores no solo localizados em Guaymas, México.
Constantemente distraído e atrasado em relação às suas tarefas previstas para a missão ao longo do voo, Carpenter utilizou muito do combustível de controlo de atitude e foi forçado a executar a ignição dos seus retro-foguetões de forma manual. Foi bem sucedido nesta tarefa, porém um pouco atrasado, levando a que a cápsula Aurora-7 viesse a amarar a mais de 370 km de distância da zona prevista. Carpenter saiu da sua cápsula flutuante para um bote salva-vidas para esperar pelos nadadores salvadores e pelas embarcações de recolha, que começariam a chegar 40 minutos mais tarde. Os minutos de incerteza acerca da sobrevivência de Carpenter criaram um momento de tensão para o programa espacial americano. O repórter da CBS, Walter Cronkite, referiu que temia que a América havia ‘perdido um astronauta’.
A performance de Carpenter levou a que não fosse designado para outra missão espacial (surgiram rumores de que o director de voo Christopher Kraft o havia informado de que não haveria de voar mais no espaço). Foi designado para o programa de desenvolvimento do módulo lunar e também trabalhou como assistente executivo do director do Centro Espacial Tripulado.
Na Primavera de 1968 Carpenter deixou a NASA para participar no programa Man-in-the-Sea da Marinha dos Estados Unidos e no Verão passou 30 dias a viver e a trabalhar no leito oceânico a bordo do Sealab-II. Carpenter foi o líder de duas das três equipas que passaram um total de 45 dias a uma profundidade de mais de 60 metros.
Regressando ao programa espacial, Carpenter era responsável pela ligação com a Marinha norte-americana para o treino de gravidade zero em ambiente subaquático quando sofreu uma lesão num cotovelo num acidente de mota nas Bermudas. Com o seu status de voo sendo mais questionado, Carpenter deixou de vez a equipa de astronautas a 10 de Agosto de 1967.
Scott Carpenter nasceu a 1 de Maio de 1925, em Boulder – Colorado, e frequentou aí o ensino secundário. Os seus pais separaram-se quando tinha 3 anos de idade e quando a sua mãe foi institucionalizada para tratamento da tuberculose, Carpenter foi criado por uma família amiga. Mais tarde descrever-se-ia como um adolescente de «trato infernal».
Após terminar o ensino secundário em 1943, Carpenter ingressou no programa de treino V-5 da Marinha dos Estados Unidos, que tinha como objectivo fornecer aos potenciais pilotos treino académico avançado ao mesmo tempo que lhes era fornecida experiência básica de pilotagem. A Segunda Guerra Mundial terminou antes de Carpenter finalizar o programa e após várias permanências no Iowa e na Califórnia, terminou como estudante na Universidade do Colorado, formando-se em Engenharia Aeroespacial. Recebeu o seu bacharelato em ciências em 1962.
Regressou à Marinha em 1949 e finalmente obteve as suas asas, seguindo o treino na Florida e no Texas. Nomeado para o Esquadrão de Patrulhamento nº 6, tripulou missões anti-submarinas, vigilância naval e colocação de minas no Mar Amarelo, no Mar do Sul da China e no Estreito da Formosa durante a Guerra da Coreia. Regressando aos Estados Unidos em 1954, frequentou a Escola Naval de Pilotos de Teste em Patuxent River, Maryland, e permaneceu no seu Centro Naval de Testes até 1957. Depois, frequentou a Escola Geral da Marinha e a Escola de Inteligência Aérea da Marinha em 1957 e 1958, e foi nomeado como oficial de inteligência a bordo do porta-aviões USS Hornet quando foi seleccionado para a NASA em Abril de 1959.
Como astronauta, Carpenter serviu como suplente de John Glenn para a missão Mercury-Atlas 6, e foi nomeado para a missão MA-7 quando o seu piloto original, Donald Slayton, foi removido do voo.
Como piloto Carpenter acumulou mais de 3.500 horas de experiência de voo, incluindo 700 horas em aviões a jacto.
Após deixar a NASA serviu como assistente para as Operações de Aquanautas para o Sealab-III até se reformar da Marinha dos Estados Unidos com a patente de comandante a 1 de Julho de 1969. Desde então foi Engenheiro Aeronáutico e Consultor Ambiental para lá de estar envolvido na criação de abelhas.
Em 1989 serviu com o seu filho Marc como porta-voz comercial para os automóveis Buick. A sua novela “The Steel Albatross” foi publicada em Janeiro de 1991, obtendo boa críticas.
Scott Carpenter foi o 4.º ser humano e 2.º astronauta norte-americano a realizar um voo espacial orbital quando tripulou a cápsula espacial Aurora-7 a 24 de Maio de 1962 (Scott Carpenter foi o 6.º ser humano a viajar no espaço).
Recentemente Carpenter havia sofrido um acidente vascular cerebral que o havia deixado bastante incapacitado. No entanto, não foi adiantada a causa do seu falecimento.