Lançamentos orbitais em Novembro de 2020

O mês de Outubro de 2020 termina com um total de 9 lançamentos orbitais tendo sido colocados em órbita 200 satélites.

Até 31 de Outubro, terão sido realizados 517 lançamentos orbitais neste mês, o que corresponde a uma média de 8,3 lançamentos e a 9,2 % do total de lançamentos bem sucedidos realizados desde 4 de Outubro de 1957 – o mês de Janeiro é o mês com menos lançamentos orbitais com uma média de 5,5 lançamentos por mês de Janeiro, correspondendo a 6,0% do total de lançamentos e o mês de Dezembro é o mês com mais lançamentos orbitais, correspondendo a 10,4% dos lançamentos e a uma média de 9,4 lançamentos por mês de Dezembro desde 1957.

O número de lançamentos orbitais bem sucedidos levados a cabo em 2020 (77) corresponde a 1,37% do total de lançamentos orbitais realizados desde 4 de Outubro de 1957.

Nesta altura prevê-se que 2020 possa chegar aos 151 lançamentos orbitais.

Para Novembro de 2020 estão previstos 15 lançamentos orbitais com datas já definidas, podendo chegar aos 22 lançamentos.

O primeiro lançamento orbital de Novembro de 2020 está previsto para as 2258UTC do dia 3, com o foguetão Atlas-V/531 (AV-090) a levar a cabo uma missão secreta para o National Reconnaissance Office (NRO). A missão NROL-101 será lançada desde o Complexo de Lançamento SLC-41 do Cabo Canaveral AFS. Desconhece-se o tipo de carga a bordo.

Um novo satélite de navegação para a rede Global Positioning System será lançado às 2328UTC do dia 4 de Novembro. O lançamento será levado a cabo pelo foguetão Falcon 9-097 (B1062.1) a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral AFS. Este será o satélite GPS-III SV04 (Sacagawea). Os novos satélites são desenvolvidos pela Lockheed Martin e são baseados na plataforma A2100A e têm uma massa de 3.680 kg. Os satélites estão equipados com um sistema de propulsão LEROS-1C para as manobras orbitais.

O voo inaugural do foguetão privado Chinês GX-1 Gushenxing-1 deverá ter lugar a 5 de Novembro. O lançamento será levado a cabo a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan. Desconhece-se a carga a bordo. O GX-1 é um pequeno lançador a combustível sólido para o mercado comercial de lançamento de satélites desenvolvido pela Galactic Energy (Beijing Xinghe Dongli Space Technology Co. Ltd.). Este lançador é capaz de colocar cargas de 350 kg numa órbita terrestre baixa ou 270 kg numa órbita sincronizada com o Sol a uma altitude de 700 km. É composto por três estágios a combustível sólido e um último estágio a combustível líquido.

Adiado de Outubro, o lançamento de dez satélites para a constelação Aleph-1 deverá ocorrer a 6 de Novembro. O lançamento será levado a cabo por um foguetão CZ-6 Chang Zheng-6 a partir do Complexo de Lançamento LC16 do Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan. A constelação Aleph-1 é desenvolvida e operada pela empresa Argentina, Satellogic S.A.. Os satélites têm uma massa de 37,5 kg e as suas dimensões são 0,51 x 0,57 x 0,82 metros, estando equipados com um sistema de observação que opera em luz visível e infravermelhos. A constelação irá permitir a obtenção de imagens e vídeo da superfície terrestre em tempo real com uma resolução de 1 metro.

Severamente afectada pela pandemia Covid-19, a Índia irá realizar o seu primeiro lançamento orbital a 7 de Novembro pelas 0959UTC. A missão PSLV-C49 será lançada por um foguetão PSLV-DL a partir da Plataforma de Lançamento FLP do Centro Espacial Satish Dawan SHAR, Ilha de Sriharikota. A carga principal é o satélite EOS-01, também designado RISAT-2BR2. Os satélites da série RISAT-2B usam um sistema de observação SAR (Synthetic Aperture Radar) activo para fornecer a continuidade deste tipo serviço iniciado pelo satélite RISAT-2. O objectivo da missão é usar a capacidade de observação SAR durante 24 horas em todas as condições meteorológicas em aplicações como agricultura, silvicultura, humidade do solo, geologia, gelo marinho, monitorização costeira, identificação de objectos e monitorização de inundações, além de ser empregue e, vigilância militar.

Juntamente com o EOS-01 serão colocados em órbita quatro satélites KSM, quatro satélites Lemur-2 e o satélite R-2.

Os satélites KSM (Kleos Scouting Mission) da Kleos Space, serão utilizados para uma missão de patrulhamento para geolocalizar sinais de rádio marítimos para a guarda de fronteiras, protecção de bens e salvamento de vidas. Os satélites foram desenvolvidos pela GOMSpace e são baseados no modelo CubeSat-6U.

Os satélites Lemur-2 são baseados no modelo CubeSat-3U e têm uma massa de 4 kg. Os satélites constituem a constelação inicial em órbita terrestre baixa construídos pela Spire, transportando duas cargas para meteorologia e seguimento do tráfego marítimo (a carga STRATOS – ocultação do sinal rádio de GPS – e a carga AIS SENSE, respectivamente). A STRATOS permite a detecção do sinal GPS que é afectado quando passa através da atmosfera terrestre. Posteriormente, e utilizando um processo designado ‘ocultação do sinal GPS’, o satélite mede a alteração do sinal GPS para calcular os perfis precisos para a temperatura, pressão e humidade na Terra. A partir do 78.º Lemur-2, estes satélites transportam também a carga AirSafe ASD-B para seguimento de aviões.

Desenvolvido pela NanoAvionics da Lituânia, o satélite R-2 (também designado M6P-2 ou LacunaSat-2) é um CubeSat-6U que será utilizado para testar a plataforma M6P (Multipurpose 6U Platform) que é baseada num desenho modular com um desenho altamente integrado que expende o volume interno da carga.

O satélite Sentinel-6 ‘Michael Freilich’, também designado Jason-CS, será lançado às 1931UTC do dia 10 de Novembro pelo foguetão Falcon-9 (B1063.1) a partir do Complexo de Lançamento SLC-3E da Base Aérea de Vandenberg. Desenvolvido em conjunto pela Airbus Defence and Space (principal) e pela Thales Alenia Space (instrumentação), o satélite será utilizado para uma missão de altimetria por radar, sendo a continuação da parceria da missão Jason-3 entre a NOAA e NASA (EUA), a EUMETSAT, ESA e CNES (Europa e França) e a industria.

Uma nova missão espacial tripulada para a estação espacial internacional deverá ser lançada às 0049UTC do dia 15 de Novembro. Transportando a tripulação ‘SpaceX Crew-1’ a cápsula Dragon-v2 “Resilience” (na missão USCV-1) será colocada em órbita pelo foguetão Falcon-9 (B1061.1) a partir do Complexo de Lançamen to LC-39A do Centro Espacial Kennedy. A bordo estarão os astronautas Michael Scott Hopkins, Victor Jerome Glover, Shannon Walker e Soichi Noguchi. Os quatro farão parte da Expedição 64 a bordo da ISS.

Três satélites Gonets-M deverão ser colocados em órbita a 16 de Novembro. O lançamento será levado a cabo pelo foguetão 14A14-1B Soyuz-2-1b/Fregat (Kh15000-066/112-502) a partir do Complexo de Lançamento LC43/? do Cosmódromo GIK-1 Plesetsk. Sendo uma versão melhorada dos satélites Gonets, os satélites Gonets-M (Гонца-М), fabricados pela Reshetnev (antiga NPO Prikladnoi Mekhaniki (NPO PM)) e com uma massa de 280 kg no lançamento, são a versão civil dos satélites 17F13 Strela-3 que são satélites de comunicações militares com a capacidade de gravar transmissões recebidas e de as retransmitir para qualquer estação de recepção localizada por debaixo da sua órbita. Estes satélites são operados na constelação Gonets-D1M. O sistema Gonets está disponível para apoiar as organizações internacionais de saúde permitindo-lhes serviços de comunicações globais para a transferência de dados médicos e outros registos para locais remotos. Nesta missão serão colocados em órbita os satélites Gonets-M (I004/30L), Gonets-M (I005/31L) (Block-17) e Gonets-M (I006/32L), pertencentes ao grupo Blok-17. É possível que outros satélites sejam colocados em órbita nesta missão juntamente com os Gonets-M.

A Arianespace irá levar a cabo um lançamento comercial a 18 de Novembro para colocar em órbita os satélites SEOSAT-Ingenio e TARANIS. Esta será a missão VV17 e será lançada desde o Complexo de Lançamento ZLV do CSG Kourou. O Ingenio é baseado na plataforma Astrosat-250 e é o primeiro satélite Espanhol de observação da Terra, sendo o primeiro satélite construído por um consórcio industrial composto por empresas do sector espacial daquele país. O satélite tem um tempo de vida de sete anos e está equipado com um instrumento de observação óptica com uma resolução de 2,5 metros a preto e branco, e uma resolução de 10 metros em cor, combinando a melhor experiência da Thales Alenia Space. No lançamento o satélite tem uma massa de 840 kg. O satélite TARANIS (Tool for the Analysis of RAdiation from lightNIng and Sprites) foi desenvolvido pelo CNES e é baseado na plataforma Myriade, tendo uma massa de 152 kg. Este satélite irá estudar o emparelhamento da magnetosfera-ionosfera-atmosfera através de processos transitórios.

No dia 18 de Novembro deverá ter lugar uma nova missão para o NRO com o foguetão Falcon-9 (B1059.5) a ser lançado desde o Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral AFS. Esta será a missão NROL-108 cuja carga é desconhecida.

A 22 de Novembro terá lugar uma nova missão logística tendo como destino a estação espacial internacional. O lançamento da missão Dragon v2 SpX-21 (CRS-21) terá lugar às 2130UTC e será levado a cabo pelo foguetão Falcon-9 (B1058.4) a partir do Complexo de Lançamento LC-39A do Centro Espacial Kennedy.

A missão lunar da China, Chang’e-5 deverá ter lugar a 24 de Novembro com o foguetão CZ-5 Chang Zheng-5 (Y5) a ser lançado desde o Complexo de Lançamento LC101 do Centro de Lançamentos Espaciais de Wenchang. A Chang’e-5, com uma massa de cerca de 8.200 kg, é composta por quatro partes distintas: um módulo orbital, um módulo de descida, uma cápsula de regresso e um módulo de ascensão lunar. Separando-se do módulo orbital, o módulo de descida irá efectuar uma alunagem suave na superfície lunar.

Estabelecendo-se na superfície lunar, o módulo irá estender um braço robótico que irá perfurar a superfície, obtendo amostras. Estas amostras serão depois colocadas no no interior da cápsula de regresso que será lançada desde a superfície da Lua pelo módulo de ascensão lunar. Este módulo irá então acoplar com o módulo orbital que se encontra em órbita lunar. O módulo orbital inicia então a viagem de regresso à Terra e quando se encontrar perto do nosso planeta, a cápsula de regresso separa-se e realiza uma reentrada a alta velocidade. A cápsula irá realizar uma manobra de aerotravagem atmosférica e posteriormente irá aterrar em Siziwang Banner, Mongólia Interior, com a sua preciosa carga.

O foguetão Angara-A5/Briz-M (71752/88802 (88534)) deverá ser lançado a 28 de Novembro a partir do Complexo de Lançamento LC35/1 do Cosmódromo GIK-1 Plesetsk. Este lançamento deverá colocar em órbita a carga IPM-2. Esta é uma carga de avaliação representando um modelo de um satélite de comunicações geostacionário.

O Japão irá lançar o satélite Japanese Data Relay Satellite-1 (JDRS-1) às 0715UTC do dia 29 de Novembro. O lançamento será levado a cabo pelo foguetão H-2A/204 (F43) a partir da Plataforma de Lançamento LP1 do Complexo de Lançamentos Yoshinubo do Centro Espacial de Tanegashima. O satélite será utilizado para a retransmissão de dados e comunicações do sistema de informação IGS.

O lançamento do satélite de comunicações Turksat-5A está previsto para o dia 30 de Novembro e será levado a cabo por um foguetão Falcon-9 a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral AFS. Baseado na plataforma Eurostar-3000EOR e construído pela Airbus Defence and Space e pela Turkish Aerospace Industries (TAI), o satélite tem uma massa de 3.500 kg. A sua carga de comunicações é totalmente composta por transponder de banda Ku.

Estes são os lançamentos orbitais de têm datas já definidas durante o mês de Novembro de 2020. Porém, outros sete lançamentos poderão ainda ocorrer este mês.

Um novo grupo de 60 satélite Starlink v1.0 poderá ser lançado por um foguetão Falcon-9 a partir do Complexo de Lançamento SLC-40 do Cabo Canaveral AFS. Desenvolvidos pela SpaceX, os satélites Starlink v1.0 têm uma massa de cerca de 260 kg e transportam uma carga de comunicações de banda Ku/Ka além de um sistema de comunicações óptico inter-satélite.

A RocketLab deverá levar a cabo o lançamento do 24 satélites SpaceBEE para a Swarm Technology. Baseados na plataforma CubeSat-0.25 os satélites são utilizados para comunicações bidireccionais e transmissão de dados. A carga principal deste lançamento não está definida. O lançamento será levado a cabo por um foguetão Electron a partir do Complexo de Lançamento LC-1 de Máhia, Onenui – Nova Zelândia.

A RocketLab poderá ainda realizar um segundo lançamento orbital, mas desta vez desde o MARS Wallops Island. Um foguetão Electron será lançado desde o Complexo de Lançamento LC-2 (LA-0A) para colocar em órbita a missão STP-27RM Monolith. Esta é uma missão de demonstração tecnológica para a Força Aérea dos Estados Unidos.

O satélite de observação militar Falcon Eye-2 para as Forças Armadas dos Emiratos Árabes Unidos deverá ser lançado a partir do Complexo de Lançamento ELS do CSG Kourou (Sinnamary) pelo foguetão 372RN21A Soyuz-ST-A/Fregat-M (N15000-010/133-16?). Esta será a missão VS24. Baseado na plataforma AstroSat-1000 da Airbus Defence and Space, o satélite de reconhecimento militar óptico Falcon Eye-2 tem uma massa de 1.197 kg e a bordo transporta uma carga de observação desenvolvida pela Thales Alenia. O satélite tem uma vida útil de 5 anos e operando a 611 km de altitude numa órbita sincronizada com o Sol.

Adiado desde Outubro devido a problemas técnicos na plataforma de lançamento, a United Launch Alliance deverá levar a cabo uma nova tentativa de lançamento da missão NROL-44. Esta missão deverá colocar em órbita um satélite militar de inteligência electrónica “Advanced Orion”. O lançamento será levado a cabo pelo foguetão Delta-IV Heavy (D385) a partir do Complexo de Lançamento SLC-37B do Cabo Canaveral AFS.

A China deverá levar a cabo o lançamento do satélite Tianting-1 (2) a partir do Complexo de Lançamento LC3 do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang. O lançamento será levado a cabo por um foguetão CZ-3B/G Chang Zheng-3B/G2. As informações acerca dos satélites Tiantong-1 são escassas, mas crê-se que se tratam de satélites com uma carga de comunicações de banda-S. Os satélites são desenvolvido pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial e são operados pela China SatCom, sendo um descendente do projecto CMMB. Na órbita geossíncrona, os Tianting-1 fornecem serviços de comunicações móveis para a China e para o Médio Oriente, África e regiões do Oceano Pacífico e Oceano Índico. O subsistema de aplicações móveis foi desenvolvido pela Henan Communication Technology Co., Ltd., Xinxiang.

O lançamento do satélite de comunicações SiriusXM SXM-7 está previsto para Novembro e será levado a cabo por um foguetão Falcon-9 a partir do Complexo de Lançamento LC-39A do Centro Espacial Kennedy. Baseado na plataforma SSL-1300 e construído pela Maxar Technologies, o satélite tem uma massa de cerca de 7.000 kg. A sua carga de comunicações é totalmente composta por transponder de banda S.