Após vários adiamentos por razões técnicas e burocráticas, o satélite Sul-coreano KOMPSat-3A (Arirang-3A) foi colocado em órbita pelo foguetão 15A38 Dnepr (5108681101) a partir do Complexo de Lançamento LC370/13 da Base de Dombarovskiy, Yasniy. O lançamento teve lugar às 2208:46UTC e todas as fases da missão decorreram como previsto. A missão foi gerida pela empresa ISC Kosmotras que comercializa os foguetões Dnepr.
O satélite KOMPSat-3A (Korean Multi-purpose Satellite 3A) é um satélite de observação da Terra com uma massa de 800 kg, desenvolvido pelo Instituto de Investigação Espacial da Coreia (KARI). O satélite é igual ao KOMPSat-3, tendo no entanto uma capacidade de observação adicional em infravermelho. O satélite irá operar a uma altitude média de 685 km numa órbita sincronizada com o Sol e terá um tempo de vida útil de 4 anos. O KOMPSat-3A será capaz de observar a península Coreana numa resolução inferior a 1 metro.
O objectivo do KOMPSat-3A é o de proporcionar observações contínuas do planeta, fornecendo imagens electrópticas necessárias para sistemas de informação geográfica (GIS – Geographical Information Systems) e para outras aplicações ao nível do ambiente, agricultura e monitorização oceanográfica.
Tal como o KOMPSat-3, este novo satélite é composto por uma plataforma hexagonal e um módulo cilíndrico na posição nadir que alberga os sistemas de observação óptica. O satélite é composto por um adaptador de carga (que faz a interface com o foguetão lançador), um módulo de propulsão, um módulo de serviço e o módulo nadir ou de observação. O seu comprimento é de cerca de 3,5 metros e tem um diâmetro de 2,0 metros. Está equipado com três asas solares para o fornecimento de energia que é armazenada em baterias internas.
O foguetão Dnepr
A resposta soviética ao sistema anti-míssil americano surgiu com o míssil balístico intercontinental R-36M2, também conhecido como SS-18 Satan (ou 15A18). O míssil também era conhecido com o nome Voevoda (que significa líder de um exército, numa óbvia referência ao seu papel). No entanto o R-36M2 foi colocado em serviço num número limitado de unidades devido ao final da Guerra-Fria.
Em Julho de 1979 são emitidas as especificações técnicas e tácticas para um míssil balístico intercontinental de quarta geração com o objectivo de substituir o míssil R-36MUTTKh e que fosse capaz de derrotar o futuro escudo de defesa espacial americano. Em Junho de 1982 o projecto encontrava-se pronto e apresentava motores melhorados e mais resistentes a ataques nucleares. O projecto para o novo motor RD-274 era finalizado em Dezembro de 1982 e o desenvolvimento do motor é concluído em Maio de 1985, sendo o desenho transferido para a Yuzhnoye para futura produção.
O decreto formal que autoriza o desenvolvimento do míssil é emitido a 9 de Agosto de 1983 e nele se inclui o motor RD-0255 do estágio superior e os quatro motores vernier do segundo estágio. O míssil teria um novo sistema de lançamento a gás frio e os ensaios do veículo contendo o sistema de lançamento de múltiplas ogivas 15F173 teve início a 23 de Março de 1986.
O primeiro lançamento foi um desastre total quando o sistema de lançamento a gás foi activado e o resto da sequência de lançamento falhou, resultando na explosão do míssil no silo de lançamento. A explosão fez com que a cobertura com um peso de 100.000 kg fosse projectada no ar e criando uma enorme cratera no Complexo de Lançamento LC101 em Baikonur. Foi impossível executar qualquer trabalho de reparação no silo.
Em Maio de 1986 foi decidido que o sistema de transporte de uma única ogiva 15F175, de fabrico russo, fosse utilizado em vez do sistema 15F173 que era de origem ucraniana. Os testes com o sistema 17F173 foram finalizados em Março de 1988 enquanto que os testes do sistema 17F175 foram iniciados em Abril de 1988 e finalizados em Setembro de 1989. Finalmente a 11 de Agosto de 1988 o míssil R-36M2 e o sistema de lançamento 17F173 foram aceites para serviço, enquanto que o sistema 17F175 era aceite a 23 de Agosto de 1990.
O R-36M2 utilizava um sistema de consumo de propolente que minimizava os resíduos, proporcionando um impulso total de 8.800 kg (igualando o míssil americano Peacekeeper). A versão equipada com ogivas múltiplas poderia transportar até 36 ogivas com alvos distintos, apesar de somente haver sido planeado utilizar 10 ogivas em serviço. As ogivas eram colocadas numa estrutura especial formando dois ‘círculos de morte’. O módulo de pós-propulsão possuía quatro câmaras orientáveis que funcionavam de forma contínua durante a separação das ogivas. O míssil possuía também um novo conjunto de contra medidas que eram consideradas mais adequadas para enfrentar o sistema anti-míssil americano. O seu sistema de orientação era inercial e era resistente ás radiações nucleares ou aos feixes de partículas, podendo ser lançado mesmo após a ocorrência de deflagrações nucleares nas proximidades dos silos. O sistema de orientação estava equipado com sensores para detectar raios gama e fluxões de neutrões, manobrando o veículo durante a ascensão e afastando-o das explosões nucleares. Todo o veículo encontrava-se protegido por um escudo resistente ao calor, explosões ou raios laser.
No total foram construídos 190 mísseis R-36M2, com a Yuzhnoye a desenvolver programas de melhoria dos veículos de forma a prolongar a sua vida útil. No entanto o R-36M2 deveria ser eliminado de acordo com os tratados de redução de armas nucleares START-2. Em 1992 foi dado início à substituição dos R-36M2 pelos mísseis Topol-M e por volta de 1998 somente existiam 58 silos equipados com os velhos mísseis. A Rússia viu-se assim com um excedente de 150 unidades de R-36M2 que deveriam ser destruídos até 2007, porém foi decidido transformar os mísseis no lançador orbital Dnepr.
Durante os anos 90 uma variedade de versões civis dos mísseis R-36M e R-36M2 foram apresentados como lançadores orbitais comerciais. Estes lançadores utilizavam versões civis dos módulos de transporte de ogivas permitindo o lançamento de múltiplos satélites. Os mísseis que seriam utilizados sem qualquer modificação foram apresentados como RS-20K Konversaya.
A versão Dnepr apresentava modificações nos mísseis incluindo a conversão do veículo num lançador a oxigénio líquido e querosene que utilizava uma plataforma de lançamento em lugar de um silo subterrâneo. Ao contrário do que se pensava o interesse comercial neste tipo de lançadores orbitais foi muito reduzido e a designação Dnepr acabou por ser aplicada a todos os veículos descendentes do R-36M2 lançados a partir de silos em Baikonur.
O Dnepr tem um peso de 211.000 kg, sendo capaz de transportar uma carga de 4.500 kg para uma órbita a 200 km de altitude com uma inclinação de 46,2º em relação ao equador terrestre, ou então uma carga de 3.200 kg para uma órbita a 390 km de altitude com uma inclinação de 51,6º. Tem um comprimento de 42,30 metros e um diâmetro de 3,00 metros, tendo uma envergadura de 3,05 metros.
O veículo utiliza propolentes armazenáveis N2O4 / UDMH nos três estágios, estando o primeiro estágio equipado com um motor RD-274 e o segundo estágio equipado com um motor RD-0225.
O Dnepr é capaz de colocar as suas cargas em órbita com uma precisão de +/- 4,0 km no que diz respeito à altitude orbital e +/- 0,04º no que diz respeito à inclinação orbital, podendo ser lançado para inclinações orbitais de 50,5º; 64,5º; 87,3º e 98,0º. A sua fiabilidade actual é de 97%. Este lançador pode ser referido com uma variedade de nomes nomeadamente: RS-20K, Ikar e 15A18M2.
O Dnepr é ejectado por meio de pressão a gás a partir do seu silo subterrâneo com o motor do primeiro estágio a entrar em ignição após o míssil abandonar o silo.
Dados Estatísticos e próximos lançamentos
– Lançamento orbital: 5441
– Lançamento orbital com sucesso: 5092
– Lançamento orbital Rússia: 3160
– Lançamento orbital Rússia com sucesso: 3007
– Lançamento orbital desde Dombarovskiy: 10
– Lançamento orbital desde Dombarovskiy com sucesso: 10
– Lançamento orbital desde Dombarovskiy em 2015 com sucesso: 1
Ao se referir a ‘lançamentos com sucesso’ significa um lançamento no qual algo atingiu a órbita terrestre, o que por si só pode não implicar o sucesso do lançamento ou da missão em causa.
A seguinte tabela mostra os totais de lançamentos executados este ano em relação aos previstos para cada polígono à data deste lançamento (os valores referentes ao lançamentos por parte da China não são precisos).
Dos lançamentos bem sucedidos levados a cabo: 33,3% foram realizados pela Rússia; 46,7% pelos Estados Unidos (incluindo ULA, SpaceX e Orbital SC); 0,0% pela China; 6,7% pela Arianespace; 6,7% pelo Japão, 0,0% pela Índia e 6,7% pelo Irão.
Os próximos lançamentos orbitais previstos são (hora UTC):
26 Mar (0121:00) – H-2A/202 (F-28) – Tanegashima, Yoshinubo LP1 – IGS Optical-5 (Improved Optical)
27 Mar (1942:59) – 11A511U-FG Soyuz-FG (053) – Baikonur, LC1 PU-5 – Soyuz TMA-16M (Союз ТМА-16М)
27 Mar (2146:18) – Soyuz-STB/Fregat-MT (008/133-02/VS11) – CSG Kourou (Sinnamary), ZLS – Galileo-FOC FM03 (Adam); Galileo-FOC FM04 (Anastasia)
28 Mar (1300:00) – PSLV-C27 (PSLV-XL) – Satish Dawan SHAR, Sriharikota Isl., FLP – IRN
31 Mar (????:??) – CZ-3C Chang Zheng-3C/Y1 – Xichang, LC2 – Beidou-3 M01